CRENÇAS DE GRADUANDOS DE INGLÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA SOBRE A PRÓPRIA PRONÚNCIA
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- Thalita do Amaral Borja
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1 CRENÇAS DE GRADUANDOS DE INGLÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA SOBRE A PRÓPRIA PRONÚNCIA Neide Cesar CRUZ Universidade Federal de Campina Grande Resumo: Este estudo de pequeno porte focaliza as crenças que graduandos de Inglês Língua Estrangeira (ILE) têm sobre a própria pronúncia. Especificamente, o estudo tenciona responder a duas questões: (1) Quais as crenças que graduandos de ILE têm sobre a própria pronúncia? e (2) Quais as razões que levam os graduandos a terem essas crenças? Oito graduandas do curso de letras, com habilitação em língua inglesa, de uma universidade federal, localizada em um estado da região nordeste do Brasil, participaram da pesquisa. A coleta de dados foi realizada em duas etapas. Na primeira, as graduandas foram solicitadas a responder duas questões: (1) Como você descreveria a pronúncia que você tem?; e (2) Como você descreveria a pronúncia que você gostaria de ter?. A segunda etapa, realizada alguns dias após as respostas às duas perguntas terem sido fornecidas, envolveu entrevistas semi-estruturadas individuais. Os resultados revelam três crenças evidentes. Na descrição da pronúncia das participantes, elas acreditam que têm uma pronúncia inteligível, como também uma com sotaque brasileiro. Ao descreverem a pronúncia que gostariam de ter, as alunas valorizam a do falante nativo da língua inglesa, e acreditam que esta é o modelo que todos os graduandos de ILE devem seguir. As razões que justificam tais crenças estão principalmente relacionadas a experiências anteriores em que as graduandas usaram o inglês em interações orais. Palavras-chave: crenças; pronúncia; graduandos de ILE. Introdução Estudos a respeito de crenças de professores e aprendizes de ILE têm sido amplamente realizados e discutidos na área de formação de professores no Brasil. Como nos mostra Barcelos (2006, p.15), Nunca se publicou tanto a respeito de crenças no Brasil e no exterior desde As crenças focalizadas em alguns desses estudos incluem: crenças de professores de inglês de escola pública sobre ensino e aprendizagem de inglês (Felix, 1999; Coelho; 2006); crenças sobre a gramática e o ensino da gramática (Carazzai & Gil; 2005); crenças e concepções de professores e educadores da prática de ensino de línguas estrangeiras sobre formar um futuro professor (Araújo; 2003); crenças de professores de ILE sobre a linguagem lúdica (Finardi & Gil; 2005); dentre outras. Apesar da existência dos vários estudos envolvendo crenças, nenhum deles focalizou especificamente, até o momento, a pronúncia de aprendizes de ILE. Considerando a escassez de pesquisas envolvendo crenças sobre a pronúncia de ILE, este estudo de pequeno porte focaliza crenças sobre a pronúncia de graduandos de ILE. Especificamente, o estudo tenciona responder a duas questões: (1) Quais as crenças que
2 graduandos de ILE têm sobre a própria pronúncia? e (2) Quais as razões que levam os graduandos a terem essas crenças? 1. Metodologia 1.1. Participantes Oito graduandas do curso de letras, com habilitação em língua inglesa, de uma universidade federal, localizada em um estado da região nordeste do Brasil, participaram da pesquisa 1. As participantes tinham idades variando entre 22 e 26 anos. Cinco delas estavam no sétimo período e cursavam língua inglesa VII, e três cursavam língua inglesa VI, no sexto período do curso. Quatro lecionavam inglês em escolas de idiomas, duas em escolas públicas, e duas em escolas particulares. Duas estudavam um outro idioma estrangeiro, o espanhol, e apenas uma havia tido experiência com o inglês em país estrangeiro, EUA, por quatro meses Coleta de dados A coleta de dados foi realizada em duas etapas. Na primeira, as graduandas foram solicitadas a responder por escrito duas questões: (1) How would you describe the pronunciation you have? e (2) How would you describe the pronunciation you would like to have? 2. Demos às participantes a opção de responderem as perguntas em inglês ou português, e de entregarem as respostas pessoalmente ou por . Todas as participantes responderam as perguntas em inglês e as enviaram por . A segunda etapa, realizada alguns dias após as respostas às duas perguntas terem sido fornecidas, envolveu entrevistas semi-estruturadas individuais. As entrevistas foram feitas para que as participantes pudessem oferecer mais detalhes a respeito das respostas dadas às perguntas da primeira etapa, e foram, portanto, baseadas nessas perguntas. Uma vez que havia nas respostas da primeira etapa referências à forma de pronunciar das graduandas, decidimos realizar as entrevistas em inglês para que pudéssemos ouvir a pronúncia das participantes e compreender melhor suas crenças. Apesar das graduandas terem ficado à vontade durante a entrevista, e terem sido capazes de fornecer informações, entendemos que essa estratégia pode ter limitado suas respostas, uma vez que elas teriam que se expressar na língua inglesa. No entanto, a fim de tentar suprimir essas possíveis limitações, as transcrições das entrevistas foram dadas para que cada participante pudesse fazer comentários e, se necessário, adicionar explicações 3. 1 A pesquisadora atua como professora de língua inglesa nesta universidade. 2 Essa metodologia foi adaptada do estudo realizado por Freire e Lessa (2003) que identificou as representações que professores de inglês da rede pública têm sobre linguagem e sobre prática docente. Aos professores foi solicitado que finalizassem, apresentando esclarecimentos, três afirmações incompletas: (1) O professor que eu sou...; (2) O professor que eu gostaria de ser...; e (3) O professor que eu temo ser Este procedimento foi realizado por Coelho (2006), quando investigou as crenças de professores sobre o ensino de inglês em escolas públicas. 361
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4 pronúncias. Com isso, a prática da pronúncia poderia ser mais incentivada, e os alunos poderiam discernir entre um sotaque brasileiro forte e fraco, e tentar adquirir um mais fraco, que envolveria evitar a produção de aspectos de pronúncia que possam comprometer a inteligibilidade de suas falas. A aquisição de um sotaque fraco seria um objetivo mais realista, e poderia preservar a inteligibilidade da fala de graduandos de ILE. Considerações finais Como mencionado na introdução, o presente estudo é de pequeno porte, e, por essa razão, os resultados apresentados aqui, apesar de corroborarem com aqueles revelados no estudo de Timmis (2002), não podem representar as crenças sobre a pronúncia de aprendizes brasileiros de ILE. Apesar dessa limitação, acreditamos que um dos aspectos relevantes deste estudo é apresentar, através de suas crenças sobre a própria pronúncia, as opiniões de graduandos sobre a pronúncia que têm e a que gostariam de ter. Escutar essas opiniões é importante, uma vez que, atualmente, o inglês está sendo cada vez mais usado como língua internacional, e questões relacionadas a normas do nativo e sotaque estrangeiro estão sendo mais enfaticamente discutidas. Nessas discussões, os estudiosos da área de pronúncia estão sugerindo a pronúncia que, na opinião deles, aprendizes e falantes de ILE e ILI devem ter. Acreditamos que antes de seguir as sugestões dos estudiosos, formadores de professores de ILE devem ouvir as crenças dos seus alunos. Esperamos, então, que outros estudos envolvendo crenças e pronúncia de ILE sejam realizados. Referências bibliográficas ABERCROMBIE, D. Problems and principles in language study. London: Longman, ARAÚJO, A D. Crenças e concepções do professor-educador sobre a formação do professor de língua estrangeira. In: GIMENEZ T. (Org.) Ensinando e aprendendo inglês na universidade: Formação de professores em tempos de mudança. Londrina: ABRAPUI, P BARCELOS, A. M. F. Cognição de professores e alunos: Tendências recentes na pesquisa de crenças sobre ensino e aprendizagem de línguas. In: BARCELOS, A. M. F. & ABRAHÃO, M. H. V. Crenças e ensino de línguas: Foco no professor, no aluno e na formação de professores. Campinas: Pontes, P What is wrong with a Brazilian accent? In: Horizontes de Lingüística Aplicada, vol. 2, n. 1, P Metodologia de pesquisa das crenças sobre aprendizagem de línguas: Estado da arte. In: Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 1, n. 1. FALE: UFMG, P CARAZZAI, M. R. & GIL, G. A gramática e o ensino da gramática: Um estudo qualitativo das crenças e práticas de professores de inglês-le. In: GIL, G.; RAUBER, A. S.; CARAZZAI, M. R. P.; BERGSLEITHNER, J. M. ; (Org.) Pesquisas qualitativas no ensino e aprendizagem de inglês: A sala de aula e o professor de LE. Florianópolis: Palotti, P
5 COELHO, H. S. H. É possível aprender inglês na escola? Crenças de professores sobre o ensino de inglês em escolas públicas. In: BARCELOS, A. M. F. & ABRAHÃO, M. H. V. Crenças e ensino de línguas: Foco no professor, no aluno e na formação de professores. Campinas: Pontes, P CRUZ, N. C. Pronunciation intelligibility in Brazilian learners English. Claritas, v. 12, n. 1 (no prelo).. Intelligibility: Have you ever cared about the way your students are likely to pronounce the word culture? In: BRAZ-TESOL Newsletter, pp CRUZ, N. C. & PEREIRA, M. A. Pronúncia de aprendizes brasileiros de inglês e inteligibilidade: um estudo com dois grupos de ouvintes. Revista Virtual de Estudos da Linguagem ReVEL, Ano 4, n. 7, { CRUZ, N. C. Pronunciation intelligibility in spontaneous speech of Brazilian learners English. Florianópolis: UFSC, 2004, 210 p. Tese (Doutorado) Programa de Pós- Graduação em Inglês, Universidade Federal de Santa Catarina. FÉLIX, A. Crenças de duas professoras de uma escola pública sobre o processo de aprender língua estrangeira. In: ALMEIDA FILHO (Org). O professor de língua estrangeira em formação. Campinas: Pontes, P FIELD, J. The fuzzy notion of intelligibility : A headache for pronunciation teachers and oral testers. In: IATEFL Special Interest Groups Newsletter, p FINARDI, K. R. & GIL, G. Crenças de professores sobre o uso da linguagem lúdica na sala de aula de língua estrangeira (LE). In: GIL, G.; RAUBER, A: S.; CARAZZAI, M. R. P.; BERGSLEITHNER, J. M. (Orgs.) Pesquisas qualitativas no ensino e aprendizagem de inglês: A sala de aula e o professor de LE. Florianópolis: Palotti, P FREIRE, M. & LESSA, A. B. Professores de inglês da rede pública: Suas representações, seus repertórios e nossas interpretações. In: BARBARA, L. & RAMOS, R. C. G. (Orgs.). Reflexão e ações no ensino-aprendizagem de línguas. São Paulo: Mercado de Letras, P JENKINS, J. Phonology of English as an international language: New models, new norms, new goals. Oxford: Oxford University Press, Changing priorities. In: Speak out! A Newsletter of the IATEFL Pronunciation Special Interest Group, v. 18, p KENWORTHY, J. Teaching English pronunciation. London: Longman, SEILDHOFER, B. Habeas corpus and divide et impera: Global English and applied linguistics. In: K Spelman Miller & P Thompson (eds) Unity and diversity in language use. London: Continuum, pp TIMMIS, I. Native-speaker norms and International English. In: ELT Journal, Oxford: Oxford University Press, v. 56, n. 3, p
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