Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Relatório de Atividades em Evento de Sustentabilidade FIESC 2012
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- Maria do Mar Carvalhal Arruda
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1 Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa Relatório de Atividades em Evento de Sustentabilidade FIESC 2012 Julho de 2012
2 A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem. Monteiro Lobato
3 1. Introdução A atual pressão humana sobre os sistemas naturais não tem precedentes; a perda da biodiversidade compromete o complexo sistema de ciclos naturais dos quais a vida na terra depende. As mudanças climáticas promovem impactos profundos e de longa duração no planeta. Suas consequências representam um novo vetor de pressão nos ecossistemas, que já se encontram expostos a outros impactos, como por exemplo, mudanças no uso do solo, excesso de extração de recursos naturais e introdução de espécies exóticas. De acordo com cientistas do clima, nos próximos 40 anos, as emissões globais de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em até 85% com base no ano de 2000, para que se possa limitar o aumento da temperatura média terrestre a no máximo 2 graus Celsius em relação aos tempos préindustriais 1. Estima-se que um aquecimento global acima do nível estipulado resultará em mudanças imprevisíveis no comportamento do clima, expondo ecossistemas e pessoas a altos riscos. No cenário atual, em que pressões políticas continuam a impedir que a emissão de GEE seja regulamentada por governos, a aceleração de esforços pró-ativos advindos de entidades comprometidas em identificar e gerir o impacto de suas atividades sobre o clima é de extrema importância. O ato de procurar conhecer as próprias interferências negativas sobre o ambiente, e voluntariamente mitigá-las, demonstra a busca por um novo tipo de relacionamento, mais consciente e responsável, com o meio ambiente e, consequentemente, com a sociedade. Promover este ideal requer a busca incessante pelo aperfeiçoamento de sistemas humanos, através de abordagens criativas e inovadoras. A ação de buscar o atendimento das necessidades de consumo de maneira ambientalmente eficiente faz parte desta abordagem. A principal vantagem corporativa da elaboração do Inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) é a disponibilização de informações que permitem a criação de iniciativas voltadas para o aumento da sustentabilidade nos negócios e melhoria na eficiência de processos e atividades. Quantificar as emissões de GEE é a melhor maneira de diagnosticar os reais e mensuráveis impactos da empresa em relação ao aquecimento global. A partir destas informações é possível avaliar possíveis medidas de redução e compensação destas emissões. 1 IPCC, Summary for Policy Makers (Table SPM.5: Characteristics of post-tar stabilization scenarios) in Clima Change 2007: Mitigation. Contribution of Working Group III to the Forth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, ed. B. Metz, O>R> Davidson, P>R> Bosch, R. Dave, L.A. Meyer (Cambridge, United Kingdom: Cambridge University Press, 2007)
4 2. Objetivo O principal objetivo da elaboração do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa é identificar as principais fontes de emissão de GEE relativas à realização do Evento de Sustentabilidade FIESC, no dia 1 o junho de 2012, possibilitando uma maior compreensão a respeito da contribuição dessa atividade para as mudanças climáticas. Assim, os responsáveis terão as ferramentas necessárias para identificar as estratégias mais eficazes para a redução das emissões de GEE em eventos futuros, ou para realizar a compensação das mesmas. O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa tem outras finalidades descritas nos itens abaixo: Gestão dos riscos de GEE e identificação de oportunidades de redução Identificar riscos associados à limitação de emissões de GEE no futuro; Identificar oportunidades de redução menos dispendiosas; Estabelecer metas para redução de emissões de GEE, medindo e comunicando os progressos. Relatórios públicos e participação em programas de GEE voluntários Produzir relatórios voluntários de emissões de GEE a grupos de interesse e medir o progresso em relação a metas de redução de GEE; Enviar programas de registro ao governo e às ONGs; Obter selos ambientais e certificação de GEE. Reconhecimento de ações voluntárias pioneiras Providenciar informações para caracterizar procedimentos de referência e/ou crédito por ações pioneiras. 3. Inventário de Emissão de GEE No inventário, todas as emissões de GEE contabilizadas são expressas na forma de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO 2 e), seguindo o padrão mundial estipulado pelo Intergovernmental Pannel on Climate Change (IPCC), órgão científico para assuntos de mudanças climáticas da ONU. O CO 2 e é uma medida utilizada para comparar as emissões de vários gases de
5 efeito estufa baseado no potencial de aquecimento global de cada um. O dióxido de carbono equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas do gás pelo seu potencial de aquecimento global. A Iniciativa Verde, a fim de calcular e publicar as emissões de GEE de seus parceiros da maneira mais fiel, real, transparente e justa possível utiliza-se dos princípios e procedimentos propostos pelo GHG Protocol. Este protocolo de boas práticas é fruto de uma parceria entre empresas, ONGs e governos de diversos países e foi produzido pelo World Resources Institute (WRI), uma ONG ambiental americana, e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), órgão baseado em Genebra e formado por uma coalizão de 170 companhias internacionais. Lançado em 1998, a missão do GHG Protocol é desenvolver um padrão de contabilização e divulgação de emissões de GEE internacionalmente aceitas e promover sua ampla adoção. Em conjunto com o GHG Protocol, são utilizadas metodologias e fatores de emissão desenvolvidos pelo IPCC (2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories) e pelo Ministério de Ciências e Tecnologia (MCT). Para a produção deste inventário, foram utilizados dados fornecidos pelos organizadores do evento. Os dados foram requeridos através de um levantamento prévio produzido pela Iniciativa Verde e coletados pelos organizadores do evento com o auxílio de um questionário oferecido aos participantes do evento. Da quantidade total de participantes, que ultrapassou 200 pessoas, 96 responderam o questionário. Onde necessário, médias e modas foram calculadas a partir dos dados existentes e foram utilizadas para estimar emissões de GEE associadas à participantes do evento que optaram por não responder ao questionário (e.x. distância média percorrida durante transporte viário ou modelo de carro e opção de combustível mais comuns entre os participantes). 3.1 Fronteiras do Projeto De acordo com as metodologias propostas pelo GHG Protocol e atividades relatadas pela FIESC, a Iniciativa Verde contabilizou no projeto as emissões relativas às seguintes fontes: Transporte Viário Transporte Aéreo
6 Produção de Resíduos Energia Elétrica Combustíveis (gás) Materiais de Consumo Figura 1: Fonte de gases de efeito estufa incluídas no inventário 4. Resultados O resultado final do inventário, dividido pelas diferentes fontes de emissão contabilizadas, segue abaixo: Tabela 1: Emissões totais estimadas por fonte analisada no inventário. Fonte Emissões Totais de CO2e (toneladas) Transporte Viário 7,66 Transporte Aéreo 0,35 Lixo 0,01 Energia Elétrica & Água 0,01 Combustíveis (gás) 0,06 Material de consumo 0,22 Total 8,31
7 A participação de cada fonte de emissão pode ser melhor visualizada no gráfico abaixo. Figura 2: Contribuição relativa de cada fonte para as emissões totais. Pelos dados apresentados na tabela e gráfico acima, percebe-se que o transporte dos particiantes foi responsável pela grande maioria das emissões de gases de efeito estufa associadas ao evento (96%). Segundo dados fornecidos, estes percorreram uma média de 205,24 km para chegarem até o evento. Em sua maior parte, essa distância foi percorrida por veículos de médio porte, com motores entre 1.6 e 2.0 litros movidos à gasolina, levando um único passageiro. Portanto, iniciativas que incentivem a utilização de meios de transporte coletivos ou o compartilhamento de veículos privados para o transporte de participantes (e.x. fornecimento de informações sobre impacto climático dos transportes, localização mais central do evento ou próxima a uma rodoviária para fácil acesso). Para a quantidade de gases de efeito estufa que já foi emitida para a atmosfera, existe ainda a possibilidade de compensação através do financiamento e implantação de projetos que evitem
8 emissões de GEE que ocorreriam na ausência do mesmo (e.x. substituição do uso de combustíveis carbono intensivos para fontes de energia mais limpas) ou através da realização de projetos de resultem na absorção de carbono presente na atmosfera (e.x. projetos de reflorestamento). A Iniciativa Verde oferece para seus parceiros a opção da neutralização de suas emissões através de projetos de restauro florestal no bioma Mata Atlântica, pelo programa Carbon Free. A tabela 2 contém dados sobre o número de árvores e o custo de compensação específicos para o evento de sustentabilidade da FIESC. Tabela 2: Proposta de compensação das emissões por meio de restauro florestal em Mata Atlântica pelo programa Carbon Free da Iniciativa Verde. Proposta de Compensação: Total emitido 8,31 toneladas de CO 2 e Número de arvores a serem plantadas 53 Custo de compensação R$ 1.534,05 5. Referências GHG PROTOCOL. Product Life Cycle Accounting and Reporting Standard. Metodologia disponível em: IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Disponível em: MCT Ministério de Ciência e Tecnologia. Fatores de Emissão de CO 2 pela geração de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional do Brasil. Disponível em: SIMA PRO. LCA Software. Banco de Dados de estudos de análise de ciclo de vida.
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