30 MEDALHAS Melhor desempenho brasileiro em mundiais de atletismo. UM NOVO DESAFIO Superar quer mostrar ao mundo a vocação e o talento de Natal

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1 30 MEDALHAS Melhor desempenho brasileiro em mundiais de atletismo UM NOVO DESAFIO Superar quer mostrar ao mundo a vocação e o talento de Natal UNICIRCO Um circo que não pede malabarismos A GRANDE BATALHA Acostumada a grandes desafios desde criança, a mesa-tenista goiana Jane Karla está enfrentando hoje o seu maior adversário. PING PONG Dois grandes nomes do esporte brasileiro contam um pouquinho das suas histórias 2011 / 05

2 UNIMED-RIO

3 Editorial Chegamos à quinta edição da Revista Superar em um momento singular do esporte paraolímpico brasileiro e do próprio Instituto Superar. Nossos atletas conquistaram todas as 12 medalhas de ouro no Mundial de Atletismo da Nova Zelândia e 80% do total de 30 medalhas da delegação brasileira. Medalhas que levaram o país ao inédito e incrível terceiro lugar na classificação geral. Resultado de muito treino, talento e de muito trabalho nos bastidores também. Para continuar contribuindo com os excelentes resultados do Brasil no paradesporto internacional, o Superar amplia a sua atuação por regiões brasileiras. O modelo de gerenciamento esportivo criado pelo Instituto passa a ser replicado em Natal, no Rio Grande do Norte, local escolhido para a nova sede do Superar Nordeste. Um primeiro braço estratégico em uma região conhecida pelos grandes talentos do paradesporto nacional. Estes e outros assuntos compõem o saboroso conteúdo desta edição para quem quer entender um pouco mais e se aproximar do mundo paraolímpico. Tenham uma boa leitura! MARCOS MALAFAIA 3

4 12 30 MEDALHAS: MELHOR DESEMPENHO BRASILEIRO EM MUNDIAIS 4 EXPEDIENTE PRESIDENTE: Marcos Malafaia DIRETOR SUPERAR NORDESTE: Marcos Arnaud DIRETOR DE MARKETING: Luís Fernando Pozzi GERENTE DE MARKETING: Mônica Leal SUPERINTENDENTE: Vital Severino Neto GERENTE ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO: Artur Brandt GERENTE ESPORTIVO: Erinaldo Chagas (Pit) GERENTE DE IMPRENSA: Gisela Andreata GERENTE DE RELACIONAMENTO: Thereza Xavier APOIO LOGÍSTICO E ADMINISTRATIVO: Nívia Lemos, Valdério Rodrigues e Yago Marques COLABORADORES: Caio Lemos e Pedro Nogueira EDITORA-CHEFE: Júlia Censi COLUNISTAS: Marcos Malafaia, Vital Severino e Fabiano Machado FOTOGRAFIA: Saulo Cruz, Natale Martins, Beto Monteiro PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Yeah!

5 06 NOTAS 11 COLUNA Marcos Malafaia 16 COLUNA Marcos Arnaud 18 UM NOVO DESAFIO 22 COLUNA Vital Severino 24 CAMPEONATO MUNDIAL DE ATLETISMO IPC CHRISTCHURCH NOVA ZELÂNDIA 31 COLUNA Fabiano Machado 32 UNICIRCO: UM CIRCO QUE NÃO PEDE MALABARISMOS 34 A GRANDE BATALHA 36 COLUNA Luis Fernando Pozzi 38 PING PONG 5 Revista Superar é uma publicação trimestral do Instituto Superar CARTAS À REDAÇÃO: faleconosco@institutosuperar.com.br PUBLICIDADE: julia@institutosuperar.com.br PRESIDENTE: Marcos Malafaia

6 NOTAS NADADORES COM AGENDA CHEIA EM 2011 O ano dos nadadores brasileiros não será nada fácil. A agenda dos atletas da natação está repleta de eventos, como os abertos de Sheffield e Berlim, que já acontecem agora, entre abril e março. Além disso, haverá etapas nacionais do Circuito Caixa de Natação, o Parapan Pacífico, o Open Internacional de Paranatação... Todo esse sacrifício é para garantir grandes resultados no Parapan de Guadalajara, que acontece em novembro. JERUSA SANTOS SE TORNA ATLETA SUPERAR O Instituto Superar aumentou seu panteão de estrelas paraolímpicas com a chegada da velocista Jerusa Santos. No Mundial de Atletismo de Christchurch ela conquistou três medalhas um ouro (revezamento 4x100m) e duas pratas (100m e 200m) na classe T11. O guia (e marido) de Jerusa, Luiz Henrique Silva, também será integrante da equipe Superar e continuará editando essa parceria de sucesso. 6 SUPERAR CLUBE É CRIADO PARA FILIAR ATLETAS PATROCINADOS Buscando oferecer um suporte cada vez melhor aos seus atletas, o Instituto Superar decidiu criar seu próprio clube. O Superar Clube entra em cena recebendo nomes como Lucas Prado, Terezinha Guilhermina, Phelipe Rodrigues, Daniel Dias, Yohansson Nascimento e Shirlene Coelho, entre outros. Apesar da criação do SC, o Instituto Superar seguirá apoiando clubes como a SADEF e a CADEF, ambos de Natal, e buscará ampliar essa parceria de sucesso ainda mais.

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8 SONHO DO SEGUNDO LAUREUS DE DANIEL DIAS É ADIADO Na cerimônia do Laureus, uma das premiações mais importantes do esporte internacional, Daniel Dias tinha a chance de se tornar o primeiro brasileiro bicampeão do prêmio. A conquista, porém, acabou adiada, já que na categoria Melhor atleta paraolímpico quem se deu bem foi a alemã Verena Bentele, do esqui. Durante a festa, Daniel teve a chance de se encontrar com algumas figuras mundialmente conhecidas, como o ator Morgan Freeman, o tenista Rafael Nadal, vencedor do prêmio de Melhor atleta do ano e o ex-jogador de futebol Zinedine Zidane, que foi homenageado na cerimônia com um prêmio especial por sua carreira. 8 COMITÊ PARAOLÍMPICO INTERNACIONAL APROVA OBRAS DO PARAPAN O encontro entre o IPC e Comitê Organizador do Parapan de Guadalajara deixou os dois lados felizes. Xavier Gonzalez, diretor executivo do IPC, se disse satisfeito com a evolução das obras nessa reta final de preparação da cidade para receber os Jogos. As únicas ressalvas foram as pequenas adaptações que precisam ser feitas nos estádios e na Vila Paraolímpica para atender melhor às necessidades dos atletas. O Parapan de Guadalajara será realizado entre os dias 12 e 21 de novembro.

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10 BRASILEIROS GANHAM OURO E PRATA NO MUNDIAL DE REMO INDOOR André Dutra e Josiane Lima garantiram medalhas para o Brasil no Mundial de Remo Indoor, disputado na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Chamado de Remo Ergômetro, a modalidade - que utiliza aparelhos que simulam os movimentos e o esforço de uma prova feita na água - teve André ficando com a prata na categoria LTA (para atletas com mobilidade nas pernas, tronco e braços). Na categoria TA, de competidores com movimento no tronco e braços, Josiane levou o ouro. O bom resultado dá esperanças para o Brasil na disputa do Campeonato Mundial, que acontecerá na Eslovênia entre os dias 24 de agosto e 4 de setembro. Lá serão disputadas oito vagas para atletas de várias categorias para os Jogos de Londres VENDA DE INGRESSOS PARA LONDRES 2012 Quem quiser assistir as Paraolimpíadas de Londres ao vivo vai ter que esperar um pouco mais. Para garantir os ingressos, é preciso primeiro se inscrever no site do evento e participar de uma espécie de "sorteio" pelo direito de comprar as entradas, seguindo modelo utilizado em outras competições de grande porte, como a Copa do Mundo. As inscrições no site abrem no dia 9 de setembro e o preço dos ingressos ainda não foi definido pela organização.. 10 PHELIPE RODRIGUES E OS LOCAIS DE TREINAMENTO PARA 2016 Nadador do Instituto Superar, Phelipe Rodrigues participou de um vídeo que fala sobre a importância dos locais de treinamento para os atletas paraolímpicos na fase final de preparação para os Jogos do Rio Além de Phelipe, Nathalia Falavigna e Adriana Behar são alguns dos convidados a falar sobre o assunto.vale lembrar que ainda em 2011 será inaugurado o Centro de Treinamento Superar, que poderá ser utilizado como uma das instalações que servirá aos atletas na etapa pré- Jogos. O CT Superar será o primeiro totalmente adaptado na América Latina visando apenas a preparação dos paraolímpicos do país. O vídeo pode ser visto acessando o site

11 COLUNA Marcos Malafaia Marca: o ouro do século. Desde que comecei a tentar entender um pouco do mundo do marketing e seus desdobramentos, uma coisa está claríssima pra mim: as marcas são os instrumentos mais espetaculares para se mudar a história de uma pessoa, uma empresa, um segmento da sociedade, um país e até o mundo. Num entendimento da minha cabeça, que nunca li ou estudei em lugar nenhum (e que nem sei se está tecnicamente correto, nem me interessa), marca para mim é tudo aquilo que se consegue dar de valor aparente a qualquer coisa. Repito: pessoa, empresa, produto, segmento, país. Ao acreditar nisso, passei a tentar impor sobre tudo o que faço um trabalho de marca. A minha marca pessoal, que tenho certeza ser inconfundível tanto para os meus amigos quanto para os inimigos ou adversários; e o desenvolvimento das marcas para as quais trabalho. Uma delas, o paradesporto. Primeiro, ao liderar e decidir sozinho as estratégias de divulgação da existência do setor paraolímpico no país, capitaneando o trabalho de comunicação e marketing do Comitê Paraolímpico Brasileiro entre 2004 e 2008, incluindo os Jogos de Atenas, o Parapan e Pequim. Hoje, com o esporte paraolímpico muito mais conhecido e respeitado, muitos batem no peito para dizer que participaram dessa liderança, dessas decisões, mas na verdade mal sabiam o que estava acontecendo. E ainda não sabem. Mais tarde o caminho que achei mais adequado para mim e para o paradesporto no Brasil era desenvolver uma marca própria, sem as amarras da política esportiva deste país. Foi quando nasceu o Superar, uma marca que podem ter certeza que ainda está só engatinhando e terá um crescimento forte, saudável e independente, além de uma longa vida pela frente. Ok, vamos à prática do que estou falando. O Instituto Superar, através de seu novo departamento de marketing, dirigido pelo meu amigo Luís Fernando Pozzi, em conjunto com a agência de publicidade Yeah! e com nossos parceiros (gente muito competente e do bem, o que hoje faz a diferença), está criando uma nova fase para a marca Superar. Nós vamos lançar produtos próprios para venda no mercado e estamos associando a marca Superar a produtos já existentes que querem ter a sua imagem ligada ao sentido de superação de nossos atletas. Ou seja, muito em breve, qualquer pessoa poderá adquirir produtos Superar ou certificados pelo Superar através de um selo, usufruir de sua qualidade e ainda de quebra contribuir significativamente para a melhor performance dos atletas brasileiros nas competições paraolímpicas mundo a fora. Este será mais um momento de quebra de barreiras. O sucesso de vendas da marca Superar vai coroar definitivamente o que já temos demonstrado nos últimos anos em casos isolados, como a campanha Dia de Sonho do Prezunic, por exemplo: o potencial do paradesporto para sensibilizar o consumidor e alavancar vendas. E mais: vamos tornar a marca conhecida através de nossa própria força de imagem, porque a partir de agora vamos patrocinar nossos atletas diretamente para que eles mesmos nos divulguem,com seus estratosféricos números de mídia espontânea. 11 Marcos Malafaia é Presidente do Instituto Superar.

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13 medalhas garantem melhor desempenho brasileiro em Mundiais de Atletismo Os atletas da delegação verde e amarelo arrasaram no Mundial de Atletismo disputado em janeiro na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia. O 3º lugar no quadro geral de medalhas entrou para a história do paradesporto do Brasil como o melhor resultado de todos os tempos. As 30 medalhas conquistadas mostraram a importância e a competitividade dos atletas brasileiros no cenário internacional. Foram 12 ouros, 10 pratas e 8 bronzes, em nove dias de competição, e a sensação de dever mais do que cumprido. A meta estabelecida de repetir o desempenho de Pequim 2008, quando ficou na décima colocação na classificação geral, foi superada com sobras, e o País desta vez ficou atrás apenas da China e da Rússia, superando potencias históricas como Inglaterra, EUA, Austrália e Ucrânia. Os 12 ouros brasileiros foram todos conquistados por atletas do Instituto Superar, que ainda foram responsáveis por 24 das 30 medalhas brasileiras. Terezinha Guilhermina foi o grande nome da competição, voltando para casa com quatro medalhas douradas na bagagem e dois recordes mundiais. A cega mais rápida do mundo venceu os 100m, 200m e 400m, ao lado do guia Guilherme. As marcas superadas aconteceram nas provas dos 100m (12seg13) e 200m, esta última pertencia à também brasileira Ádria Santos. O tempo de 24seg99 resistiu quase 11 anos, mas finalmente foi superado por Terezinha, que estabeleceu o novo tempo de 24seg74. O último ouro veio no revezamento 4x100m livre T11-13, com a equipe formada por Ádria dos Santos, Ana Tércia Soares e Jerusa Santos. Mas não foi só Terezinha quem brilhou. Os cegos do Brasil deram um show à parte neste Mundial, provando que o país conta com alguns dos principais nomes da classe T11. Jerusa Santos, a mais nova atleta do Superar, fez dobradinha no pódio com Terezinha ao conquistar duas pratas nos 100m e 200m rasos. Lucas Prado e Daniel Silva também estiveram juntos no pódio dos 100m, 200m e 400m. Lucas confirmou o seu favoritismo ao cruzar a linha de chegada em primeiro nas três provas. Daniel ficou com a prata nos 200m e 400m e o bronze nos 100m. Carlos Bartô levou a prata nos 800m T11. Odair dos Santos teve uma grande participação na competição. O atleta de Limeira, São Paulo, fez o hino brasileiro tocar três vezes no Estádio Queen Elizabeth II ao vencer os 1.500m, com recorde mundial (4min04seg70), 5.000m e m. O rendimento impressiona ainda mais por conta da reclassificação recente do campeão mundial, que até metade do ano passado competia na T12, para atletas com baixa visão. O sucesso brasileiro, porém, não veio com poucos nomes. Da delegação de 25 atletas 17 subiram ao pódio em Christchurch, o que mostra a força do grupo que viajou à Nova Zelândia. Yohansson Nascimento faturou três medalhas para o Brasil e quebrou dois recordes mundiais. O ouro veio nos 100m T46 (11seg01). Correndo a prova dos 200m multiclasse T45/T46, o alagoano também bateu o recorde mundial da T45 com o tempo de 22seg35, mas levou para casa a medalha de prata. A terceira medalha foi o bronze conquistado no revezamento 4x100m T42-46 com o time formado por Alan Fonteles, Emicarlo de Souza e André de Oliveira. Shirlene Coelho também trouxe para casa duas medalhas. Ela ficou com o ouro no lançamento de dardo e o bronze no lançamento de disco, ambos na classe F37. Paulo Douglas transformou seu suor em prata no arremesso de dardo, classes F35/36 (paralisia cerebral). Jonathan Santos, o Romarinho, fez a segunda melhor marca no lançamento de disco F40, garantindo a prata, assim como André Oliveira no salto em distância da F44. 13

14 O Mundial de Atletismo ainda deixou em evidência o jovem velocista Alan Fonteles, da classe T44. Numa das provas mais emocionantes da competição, Alan, de 18 anos, ficou com o bronze nos 100m em que monstros sagrados do atletismo paraolímpico, como o norte americano Jerome Singleton e o sul-africano Oscar Pistorius, ficaram com o ouro e a prata respectivamente. A disputa foi tão acirrada que todos os lugares do pódio tiveram que ser decididos no photofinish (sistema que paralisa a imagem no instante da chegada para apurar quem teve partes do corpo à frente do adversário). Tito Sena teve um papel fundamental para o Brasil ao conquistar a prata na maratona T46, última prova do Mundial. A medalha de Tito foi a que decidiu a terceira colocação do País no quadro geral, ultrapassando ninguém menos do que a Grã-Bretanha, que sediará as próximas Paraolimpíadas, deixando em evidência que o Brasil já é uma grande potência do atletismo paraolímpico mundial. Ozivam Bonfim ficou com o bronze também na maratona. Completando a lista de medalhas, Edson Pinheiro nos 100m T38 e João dos Santos no lançamento de disco F46 levaram um bronze cada e colaboraram para o sucesso brasileiro em Christchurch. As credenciais para Londres 2012 são boas ou não são? 14 Medalhas de Ouro Terezinha Guilhermina (atleta Superar) 100m T11 (Recorde Mundial - 12seg13) 200m T11 (Recorde Mundial - 24seg74) 400m T11 Odair dos Santos (atleta Superar) 1.500m T11 (Recorde Mundial - 4min04seg70) 5.000m T m T11 Lucas Prado (atleta Superar) 100m T11 200m T11 400m T11 Yohansson do Nascimento (atleta Superar) 100m T46 (Recorde Mundial - 11seg01) Shirlene Coelho (atleta Superar) Lançamento de dardo F37 Revezamento 4x100m T11-13 Terezinha Guilhermina (atleta Superar) Ádria dos Santos Jerusa Santos (atleta Superar) Ana Tércia Soares Medalhas de Prata Paulo Douglas (atleta Superar) Lançamento de dardo F35 Yohansson do Nascimento (atleta Superar) 200m T46 (Recorde Mundial 22seg35) Jonathan Santos (atleta Superar) Lançamento de disco F40 Tito Sena (atleta Superar) Maratona T46 Jerusa Santos (atleta Superar) 100m T11 200m T11 André de Oliveira Salto em Distância F44 Daniel Silva 200m T11 400m T11 Carlos Bartô 800m T11

15 Medalhas de Bronze Edson Pinheiro (atleta Superar) 100m T38 Shirlene Coelho (atleta Superar) Lançamento de disco F37 Daniel Silva 100m T11 João dos Santos Lançamento de disco F46 Ádria dos Santos 400m T11 Ozivam Bonfim Maratona T46 Alan Fonteles (atleta Superar) 100m T44 Revezamento 4x100m T42-46 Alan Fonteles (atleta Superar) Yohansson do Nascimento (atleta Superar) Emicarlo de Souza (atleta Superar) André de Oliveira Dilma Rousseff recebe delegação brasileira de atletismo Os atletas brasileiros que representaram o Brasil no Mundial de Atletismo da Nova Zelândia foram recebidos pela Presidente Dilma Rousseff em Brasília. O desempenho excepcional da delegação foi alvo de elogios pela Presidente, que cumprimentou os atletas um a um. Terezinha Guilhermina quebrou o protocolo e deu à Dilma um Kiwi de pelúcia, animal nativo da Nova Zelândia. Durante o encontro, Dilma Rousseff falou sobre o interesse do governo em desenvolver o esporte paraolímpico, que já vem em franco crescimento no país. O Ministro do Esporte, Orlando Silva, demonstrou toda sua confiança ao dizer que acredita em um resultado ainda melhor nas Paraolimpíadas de Londres

16 COLUNA Marcos Arnaud Enxergando no escuro Sinto-me privilegiado em ser o responsável por esse braço do Instituto Superar no Nordeste. É recompensador poder contribuir para realizar ações que façam parte de nossas convicções e nos permitam aprender com mais sensibilidade. O desenvolvimento do paradesporto na região vem quebrando paradigmas antigos e o Rio Grande do Norte foi escolhido para esse primeiro momento de atuação do Instituto Superar devido ao grande número de praticantes de algum esporte adaptado e de atletas paraolímpicos profissionais existentes no estado. Empresas como a UNP- Universidade Potiguar e a UNIMED Natal há tempos vêm se empenhando e apoiando os atletas paraolímpicos, acreditando no surgimento de um pólo desportivo específico de excelência na região. Profissionais dessas empresas têm abraçado essa causa buscando solucionar inúmeras questões técnicas, objetivando uma trajetória positiva do paradesporto no Brasil. Em parceria com dois dos maiores clubes paraolímpicos do país, SADEF e CADEF, sediados em Natal, o Instituto Superar NE pretende, neste momento, desenvolver dois grandes projetos de base que além de dar visibilidade às ações desenvolvidas pelos patrocinadores, visam também detectar e desenvolver novos talentos paraolímpicos, divulgando e mantendo a característica do Estado do Rio Grande do Norte em formar campeões nacionais e mundias. Tendo como alvo crianças e adolescentes, o NADANDO CONTRA COR- RENTE, voltado para a natação e o CORRENDO PARA O FUTURO, voltado para o atletismo, além de serem projetos de inclusão social selecionarão, por avaliação técnica, no tempo próprio, crianças e adolescentes a serem preparadas para competir como profissionais do paradesporto nacional e internacional. O nosso maior objetivo no momento é investir em um potencial que já se destaca no Rio Grande do Norte e sinalizar para um mundo melhor, em que qualquer portador de deficiência física poderá praticar esportes, transitar em sua cidade, viver livre de preconceitos e ter uma melhor qualidade de vida. Vamos olhar para 2016 e entender a oportunidade do momento que vivemos e que beneficiará não só a Região Nordeste como também cada um de nós, colaboradores do Instituto Superar. Vamos enxergar no escuro, aprender a viver com a sensibilidade de quem não enxerga ou tem alguma outra limitação, mas que se supera, se torna vitorioso e adquire habilidade de apontar novos caminhos. Que venham os desafios e que sejam criadas as oportunidades para o Rio Grande do Norte nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro em Marcos Arnaud é diretor do Instituto Superar Nordeste

17 SENTADO NUMA CADEIRA VOCÊ PODE APRENDER. E PODE VENCER. 17 A UnP parabeniza todos os nossos atletas paraolímpicos pela força de vontade, superação e pela lição que representam. Uma homenagem àqueles que ultrapassam qualquer limite e sempre acreditam em um futuro melhor, com muito aprendizado e vitórias. Com você para um futuro melhor.

18 Um Novo SUPERAR QUER MOSTRAR AO MUNDO A VOCAÇÃO E O TALENTO DE NATAL 18 Quando o juiz apitou o fim do primeiro tempo entre ABC e América, o maior clássico do futebol do Rio Grande do Norte, no estádio Machadão, quase 15 mil pessoas ficaram atentas a dois atletas, um na cadeira de rodas e outro de muletas, que foram para o meio do campo com seus arcos e flechas. Alguns minutos depois, todos aplaudiam fervorosamente a impressionante habilidade e pontaria dos dois melhores arqueiros paraolímpicos da região, Severo Cavalcanti e Francisco Dantas, que numa iniciativa do Instituto Superar fizeram uma emocionante e inédita apresentação para divulgar a sua modalidade, o tiro com arco, e o paradesporto como um todo. Golaço! Esta foi mais uma ação do Superar em Natal, onde o Instituto está abrindo um escritório para abrigar a sua nova filial Nordeste. A intenção é aproveitar o grande número de atletas paraolímpicos existente na cidade para ampliar a visibilidade da capital potiguar nacional e internacionalmente como um pólo natural de detecção e desenvolvimento de talentos do paradesporto. Nós entendemos que Natal e sua rede de empresários poderão entrar definitivamente no cenário dos grandes incentivadores do esporte, se beneficiando da excelente imagem dos atletas paraolímpicos que já vivem na cidade e dando em troca condições ideais de treinamento e qualidade de vida a esses atletas, disse o presidente do Instituto Superar, Marcos Malafaia.

19 Desafio A primeira medida do novo gestor do Superar no Nordeste, Marcos Arnaud, foi a renovação de contrato com a Universidade Potiguar UnP e com a Unimed Natal, dando sequência ao trabalho científico de apoio aos atletas que vem sendo feito por um grupo interdisciplinar da Universidade, com o patrocínio da Unimed. Agora estamos trabalhando na ampliação desta parceria e na captação de novas empresas apoiadoras para solidificarmos o Superar em Natal. Nosso plano é do de inaugurarmos rapidamente os projetos Nadando Contra a Corrente, de detecção de talentos na natação, e Correndo para o Futuro, o mesmo no atletismo, para replicarmos aqui o sucesso desses dois projetos no Rio de Janeiro, informou Arnaud. Com a implementação destes dois projetos, Natal sairá na frente de praticamente todas as cidades do Brasil (fora o Rio de Janeiro), como um berço de talentos para os Jogos Paraolímpicos do Brasil em Esta tem sido uma tentativa de grandes capitais, como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, mas no esporte olímpico. No paraolímpico, Natal seria a primeira e maior de todas. Esta é uma oportunidade. No mundo dos negócios, não se pode perder oportunidades. Natal tem tudo, absolutamente tudo para se tornar um centro de referência na formação e desenvolvimento de atletas paraolímpicos. A hora é essa. Se perder o trem, alguém vai pegar e esses atletas que hoje estão aqui vão acabar se transferindo pra outra cidade, alerta Marcos Malafaia. 19

20 O Nadando Contra a Corrente começou no Rio de Janeiro, também patrocinado pela Unimed Rio (este ano ganhou mais três patrocinadores: IBM, White Martins e Redecard), atendendo em torno de 30 crianças e adolescentes. Em menos de dois anos, criou história. Quatro meninos e meninas do projeto já se destacaram e estão disputando competições nacionais e um deles, Marcelo Cardoso, que conquistou 5 medalhas de ouro no último campeonato brasileiro escolar, vai disputar a primeira competição internacional no mês que vem, na Alemanha. São atletas entre 16 e 18 anos de idade, com enorme potencial para brilharem em 2016, no Rio de Janeiro. Uma fábrica de talentos e medalhas. A idéia é reproduzir fielmente o projeto em Natal. Para implementar o Nadando Contra a Corrente será ampliada a parceria existente entre o Superar e a escolinha de natação Tutubarão, da CADEF. Assim, será possível atender a mais de 40 crianças no primeiro momento e até crescer de acordo com a entrada de novas empresas na parceria. O Correndo para o Futuro segue o mesmo modelo. No Rio, está sendo implementado este ano, numa parceria entre o Superar e o clube Botafogo, que cederá simplesmente a melhor instalação esportiva do Brasil para atletismo: o estádio do Engenhão. A madrinha e idealizadora do projeto é Terezinha Guilhermina, atleta cega mais importante da atualidade em todo o planeta e que pertence aos quadros do Superar. Quero dar a outras pessoas, principalmente crianças e jovens, a chance de seguir um caminho no esporte. Isso mudou a minha vida e quero contribuir para que mude a de outras pessoas também. Sinto necessidade de fazer isso, diz Terezinha. Em Natal, o projeto será operado pela SADEF, que também mantem relação com o Instituto Superar e terá esta parceria ampliada para poder atender às necessidades do novo trabalho. O que precisamos agora é que as empresas de Natal acreditem nesse plano. Acreditem na enorme capacidade de superação do povo nordestino e no excelente trabalho que já vem sendo feito no Rio Grande do Norte. Não só as empresas. Creio que essa é uma ação que deveria sensibilizar também o poder público: Prefeitura e Estado. Espero que a gente consiga mostrar-lhes o tamanho do benefício geral desses projetos, insiste Marcos Malafaia. Criatividade e visibilidade 20 Há até uma certa obcessão do Instituto Superar por dar visibilidade aos atletas paraolímpicos e, consequentemente, às marcas patrocinadoras. Por isso, não para de criar novas ações com este objetivo. Na Feira Expo Saúde, por exemplo, o Superar fez um stand para concentrar ali seus atletas e convidados, com demonstrações de vídeos e transmissões ao vivo pela CajuTV, novo canal de conteúdo na internet, no qual a marca Superar tem grande destaque. O presidente do Instituto, Marcos Malafaia, e a atleta Edênia Garcia, única mulher brasileira com um título de tricampeã mundial, participaram da feira e deram uma palestra para os colaboradores da Unimed Natal. Foi uma noite emocionante e de grande valor para a empresa. Também na CajuTV foi criado o programa Momento Paraolímpico, que vem mostrando todas as semanas perfis dos principais atletas da região, iniciando um trabalho de familiarização destes atletas com o público em geral. Muito mais vem por aí. Montamos o nosso planejamento estratégico e vamos agora começar a implementá-lo. Acredito no empresariado de Natal e sei que vamos fazer essa cidade ser famosa em todo o país como a maior formadora de talentos paraolímpicos, finalizou o gestor do Superar no Nordeste, Marcos Arnaud.

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22 COLUNA Vital Severino Resultados Andei quebrando a cabeça nos últimos dias, para definir o assunto a ser abordado neste número da Revista Superar. Dentre os assuntos que fervilham atualmente no mundo dos esportes, em especial do esporte paraolímpico, não encontrei nenhum que ao meu juízo, seja suficientemente interessante, para merecer uma coluna. Entretanto, acontece que a coluna existe na diagramação da revista, está inserida e a revista está prestes a ir para a gráfica e por via de conseqüência, para as mãos dos leitores. Portanto, algo precisa ser feito. Paraolimpíada de Atlanta Os Cegos e/ou Deficientes Visuais formavam um contingente inferior a 20% do total da Delegação Brasileira. Coube ao Grupo de Atletas Cegos e/ou Deficientes Visuais em Atlanta, 50% das medalhas de ouro e também, 50% das medalhas de prata. Paraolimpíada de Sidney Assim como na Paraolimpíada anterior, em Sidney, os Atletas Cegos e/ou Deficientes Visuais, somavam menos de 20% do total da Delegação Brasileira. Este Grupo conquistou nada mais, nada menos, que mais de 50% do total de todas as medalhas ganhas pelo Brasil. Recentemente, no Campeonato Mundial Paraolímpico de Atletismo, realizado na Nova Zelândia, o Grupo de Atletas Cegos e/ou Deficientes Visuais, somou algo entorno de 30% da Delegação Brasileira. Coube aos Atletas Cegos e/ou Deficientes Visuais na Nova Zelândia, 10, das 12 medalhas de ouro e mais da metade de todas as medalhas conquistadas pelo Brasil neste evento. Esses resultados ficam na conta do acaso, ou, querem dizer alguma coisa? No próximo número, faremos algumas considerações acerca do tema. Que tal, caro leitor, levantarmos alguns fatos, no mínimo curiosos, acerca de resultados técnicos, conquistas de medalhas, nos eventos paraolímpicos, num certo lapso de tempo. Desta vez, coube ao Grupo de Atletas Cegos e/ou Deficientes Visuais, 4 das 6 medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil e 3 das 10 medalhas de prata alcançadas. Tomaremos o período que se inicia a partir da fundação do Comitê Paraolímpico Brasileiro CPB. Para levantarmos esses fatos, compartilhando com você, caro leitor, num debate que possivelmente possa ocorrer na seqüência, sobre dúvidas, conjecturas e constatações, relativas a tais fatos. Paraolimpíada de Atenas Em Atenas, o número de Cegos e/ou Deficientes Visuais teve um considerável acréscimo, representou quase 40% do total da Delegação do nosso País. 22 Vital Severino é ex-presidente do CPB e atual superintendente do Instituto Superar.

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24 CAMPEONATO MUNDIAL DE ATLETISMO IPC CHRISTCHURCH - NOVA ZELÂNDIA FOTOS POR NATALE MARTINS 24

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31 COLUNA Fabiano Machado Desafios Olá amigos da Revista Superar! Gostaria de falar nessa edição da grande performance da galera do atletismo no Mundial da Nova Zelândia e também sobre os desafios que o esporte paraolímpico brasileiro terá pela frente neste ano! Sobre a seleção de atletismo, achei fantástica a inédita terceira colocação no Mundial realizado na acolhedora cidade de Cristchurch, que logo após foi devastada por um terremoto. Uma pena! Estive lá no mundial da IWAS em 1999 e foi fantástico! A cidade e as pessoas de lá são incríveis e gostam muito do esporte adaptado. Um motivo a mais pra todos sentirmos muito o fato ocorrido. Tenho a certeza que todos os nossos campeões do atletismo também comungam deste sentimento! Voltando ao Mundial, tivemos apresentações incríveis dos sempre competentes Rosinha, Odair, Lucas Pardo, Terezinha Guilhermina e gratas surpresas como os garotos Yohansson do Nascimento e Daniel Mendes. Tenho certeza que o trabalho está sendo bem feito e que em casa, com o apoio da nossa torcida, teremos chances reais de sermos campeões da modalidade no Rio É continuar neste caminho que chegaremos lá! Mas antes vamos ao imediato! Este ano teremos várias competições importantes nas mais diversas modalidades. Muitas definirão vagas para Londres Outras serão a base importante para consolidar o caminho trilhado pelos atletas desde Pequim para finalmente chegar a tão aguardada Paraolimpíada. Quero destacar o Parapan de Guadalajara, no México, que será o segundo disputado nos moldes olímpico/paraolímpico. Como todos sabem, o Rio 2007 foi o precursor neste aspecto. Será o Parapan ideal para o Brasil se reafirmar como potência no continente americano. Mostrar que o primeiro lugar geral obtido no Rio há quatro anos não foi por acaso ou só porque estávamos em casa. Esta é a hora de mostrar aos concorrentes diretos: Canadá, México e Estados Unidos que o Brasil veio para ficar. Que somos grandes não só por natureza, mas por nossa qualidade e seriedade no trabalho e planejamento esportivo que vem sendo realizando. Pra fechar, não poderia deixar de lembrar que dia 23 de janeiro completou um ano que perdemos o grande campeão e meu amigo de longa data Luiz Algacir! O primeiro medalhista paraolímpico do tênis de mesa do Brasil e tricampeão das Américas, como gostava de ser chamado! Saudades de você amigo! 31 Fabiano Machado é jornalista e nadador paraolímpico.

32 UM CIRCO QUE NÃO PEDE MALABARISMOS Parceria entre Superar e Secretaria da Pessoa com Deficiência garante total acessibilidade na Unicirco 32 A ideia não poderia ter surgido em um momento mais oportuno. Foi durante o planejamento para o espetáculo Somos todos brasileiros da Unicirco, que conta com a participação de deficientes físicos. Em dezembro, atletas do Superar foram convidados para conferir a apresentação de perto, e o encontro entre dois Marcos fez com que o plano de melhorar a acessibilidade do local tomasse forma. Marcos Frota, idealizador e fundador da Unicirco, e Marcos Malafaia, presidente do Instituto Superar, decidiram se unir para a colocação de um piso especial que auxiliaria deficientes visuais durante as visitas ao circo. A obra também só foi possível com o apoio extra da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, que deu consultoria de qualidade para o projeto. O resultado é descrito por Frota como nada menos do que fantástico. As novas obras de acessibilidade tornaram a Unicirco uma referência. Já possuíamos uma estrutura boa para cadeirantes, mas agora estamos totalmente adaptados para receber qualquer tipo de deficiente. Só tenho a agradecer tanto à Secretaria da Pessoa com Deficiencia quanto ao Instituto Superar por esse projeto, disse o ator e diretor. O Instituto Superar tem ampliado sua área de atuação. Quando a secretária Isabel Gimenes me contou sobre a ideia e o Marcos Frota me falou de seu projeto com pessoas com deficiência, o Superar não tinha mais opção: precisava entrar nesse projeto. É com muito sacrifício que levantamos nossos recursos, por isso precisamos saber muito bem onde aplicálos. Fazer isso com a Unicirco foi muito acertado. Estamos muito felizes, explicou o presidente do Superar, Marcos Malafaia. O melhor de tudo é que com toda essa estrutura, que facilita muito a vida dos portadores de deficiência, quem visitar a Unicirco agora pode ter certeza de que os malabarismos só vão acontecer no picadeiro.

33 As novas obras de acessibilidade tornaram a Unicirco uma referência. Já possuíamos uma estrutura boa para cadeirantes, mas agora estamos totalmente adaptados para tipo receber de deficiente. qualquer 33 Visitando a Unicirco Parque da Quinta da Boavista, próximo ao Jardim Zoológico São Cristovão Rio de Janeiro Mais informações em:

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35 a grande BATALHA Acostumada a grandes desafios desde criança, a mesa-tenista goiana Jane Karla está enfrentando hoje o seu maior adversário. Diagnosticada com câncer de mama em julho do ano passado, a atleta voltou ao esporte quatro meses após iniciar o tratamento e hoje divide seu tempo entre os treinos e as sessões de radioterapia. Câncer não significa morte. Ficamos com muito medo no início, inclusive de não poder mais jogar. Mas a gente aprende, cresce muito. Agora quero aproveitar tudo ao máximo e ser feliz. Luto desde criança e isso me ensinou a enfrentar os problemas e transformá-los em força pessoal e força para o esporte. Meu organismo está reagindo bem e espero chegar 100% para as seletivas do Parapan de Guadalajara, conta Jane. Considerada uma das melhores mesastenistas paraolímpicas do mundo, Jane, aos 35 anos, estava no auge da sua carreira, iniciando o ano de 2010 com a 3º colocação no ranking mundial. Por causa da doença, a goiana não pôde participar das etapas nacionais e do Campeonato Mundial da Coreia do Norte, em agosto, e acabou perdendo posições. Além dos meus longos cabelos, perdi também a minha colocação no ranking. Mas tenho muita fé de que vou voltar aos meus bons resultados. Assim como os cabelos crescem, a vontade de ganhar também só aumenta, diz a atleta que conheceu o tênis de mesa em 2003 e nunca imaginou chegar tão longe com o esporte. A paixão pelas raquetes e bolinhas trouxe além das medalhas, outra grande conquista: o casamento com o atual técnico Joachim Voight. Eu nunca imaginei que fosse me adaptar tão bem a um esporte. Só ganhei coisas boas e acabei conhecendo o meu marido, lembra Jane, que já havia tentado a natação, aos 18 anos. A deficiência física apareceu aos seis anos de idade quando Jane Karla teve poliomielite. As sequelas nos membros inferiores e as inúmeras cirurgias não tiraram de Jane o bomhumor e o sonho de ser mãe. Seus dois filhos, Lucas, de onze anos, e Letícia, de 8, são os maiores incentivadores nesse período de recuperação. Não tem jeito, a deficiência sempre deixa a gente mal no primeiro momento. Com o esporte, a minha vida se transformou e ganhei auto-estima. Aprendi a buscar meus objetivos com mais determinação e hoje não tenho a menor dúvida de que posso conseguir tudo que eu quero. Jane, que compete na classe 8 (mesatenistas andantes), participou de sua primeira competição em novembro, quatro meses após o início das sessões de quimioterapia e recomeçou bem: duas medalhas de ouro e uma de bronze no Aberto Brasil Paraolímpico de Tênis de Mesa que aconteceu no Rio de Janeiro e valia pontos para o ranking internacional. Foi uma grande emoção quando subi ao pódio. Chorei muito, mas de felicidade por ter conseguido jogar e ter conquistado esses resultados, conta. Lembrei de toda a minha carreira naquele momento e foi como se estivesse recebendo a primeira medalha da minha vida, revela a atleta emocionada. 35

36 COLUNA Luís Fernando Pozzi A Sedução da Causa Como profissional que milita no marketing esportivo há mais de uma década, posso afirmar que essa poderosa ferramenta de comunicação vem sendo subutilizada em nosso mercado por conta da incapacidade de compradores e vendedores em bolar propriedades que extrapolem a visibilidade de mídia e atendam aos reais objetivos de marketing do patrocinador. Acredito que farão diferença nesse mercado, repleto de oportunistas sedentos por surfar na onda dos megaeventos esportivos que sediaremos nos próximos anos, aqueles que conseguirem conciliar resultados efetivos de negócio com ganhos qualitativos na imagem da marca, que vêm justamente desse sentimento favorável que costumamos ter em relação a quem propicia o desenvolvimento do esporte, a oferta de entretenimento relevante e a sensação de que uma marca apóia uma causa nobre e/ou justa. Por conta desse cenário, o convite de fazer parte do Instituto Superar me seduziu, já que alia a satisfação pessoal de contribuir efetivamente para uma causa mais do que nobre com a possibilidade efetiva de crescimento profissional, dadas as parcerias que vêm sendo construídas ao longo do tempo. Ao longo da minha carreira, nunca me deparei com tamanha possibilidade de fazer a diferença, ajudando a criar condições para que os atletas do paradesporto sigam inspirando, através do seu exemplo, a milhares de deficientes sem perspectiva de uma vida sem limitações. Através de cases bem sucedidos, nosso trabalho tem sido o de mostrar às empresas que não estamos oferecendo assistencialismo, mas uma maneira delas se associarem a uma bela história de superação, ao mesmo tempo em que se beneficiam concretamente através de oportunidades de negócio criativas. Agradeço a oportunidade de fazer parte desse Movimento do Bem e dar minha parcela de contribuição para que o esporte paraolímpico ocupe o lugar de destaque que merece em nossa sociedade já, que, ao contrário de outras modalidades, que contam com atletas, os nossos são SUPER-ATLE- TAS, ou alguém duvida disso? 36 Luís Fernando Pozzi é diretor de marketing do Instituto Superar e autor do livro A Grande Jogada: Teoria e Prática do Marketing Esportivo

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38 PING PONG Nessa edição, dois grandes nomes do esporte brasileiro contam um pouquinho das suas histórias e das grandes conquistas de Vencedores do Prêmio Brasil Paraolímpico 2010, a nadadora Edênia Garcia, medalhista paraolímpica, e Jonathan Souza, prata no Mundial de Atletismo no lançamento de disco, revelam algumas curiosidades de suas carreiras. Integrantes da equipe Superar, eles provam que vida de atleta não é fácil não. Vale a pena conferir! JONATHAN SOUZA EDÊNIA GARCIA 38

39 EDÊNIA GARCIA Edênia começou na natação por orientações médicas aos 13 anos. Rapidamente a jovem mostrou ótimos resultados e garantiu uma vaga nas Paraolimpíadas de Atenas, onde conquistou uma medalha de prata nos 50m costas. Hoje ela é tricampeã mundial dos 50m costas, campeã mundial nos 50m livre, bicampeã parapanamericana nos 50m costas e 50m livre, e detentora do recorde parapanamericano dos 50m costas. Como a natação apareceu em sua vida? Apareceu, como um acaso providencial. Desde criança, procurávamos um tratamento eficaz para minha doença e nunca encontramos, até conhecer o neurologista Mario Emilio e o mesmo foi bem especifico quando falou que somente um tratamento mais agressivo poderia me dar uma qualidade de vida melhor. A solução era entrar para uma escolinha de natação e por um acaso providencial meu pai encontrou um atleta paraolímpico na mesma rua em que morávamos. Foi quando tudo começou.. O que te motiva a continuar competindo? O que mais me motiva a continuar competindo é a busca de uma constante qualidade de vida e o amor pelo esporte e pela ideologia do esporte paraolímpico. O que significa a natação para você? A natação para mim significa a busca por um sentido maior em minha vida que é o da transformação. 39

40 O que passa na sua cabeça durante o tempo da prova? E depois, no pódio recebendo uma medalha ou no palco recebendo um Prêmio? Sempre penso a mesma coisa: que eu já treinei, que todas as minhas adversárias estão treinadas e que agora devo fazer minha parte. Quando estou no pódio, só penso em agradecer a Deus com o sentimento de dever cumprido e o mesmo se aplica aos prêmios. O que é mais difícil na vida de um atleta? E o mais gratificante? O mais difícil é se superar sempre, querer ser e ter que ser melhor em tudo. O mais gratificante é poder representar uma nação tão amada como o Brasil e tentar mudar uma situação social em nosso país, poder ajudar outras pessoas com sua histórias e vitórias. Qual o momento mais marcante de 2010? O momento mais marcante foi quando eu soube que minha principal prova, os 50m costas, estaria no programa de provas das próximas Paraolimpíadas de Londres Foi emoção pura, chorava eu minha mãe e minha irmã. Como foi ganhar o Prêmio Brasil Paraolímpico? Você acha que demorou para ter esse reconhecimento? Foi como coroar todas as medalhas e resultados que conquistei em Lembro bem que tremia e mal conseguia acreditar no prêmio do Superar. O reconhecimento chegou na hora certa. Acredito muito que o reconhecimento vem na hora certa para as pessoas certas. Planos para 2011? O plano maior e mais ousado para 2011 é estar em Guadalajara e estabelecer um novo recorde parapanamericano dos 50m costas. Sei que é muita ousadia, mas é para isso que treino todos os dias: para ser e querer ser a melhor nas piscinas. 40 Um ídolo... Meus ídolos são muitos, mas meu principal é minha amada mãe, Maria das Graças. Como atletas são: Fabiana Sugimori, Andre Brasil e Verônica Almeida Uma mensagem para os leitores... Acreditar em si próprio é o principio para se tonar capaz de mudar qualquer situação. Acreditem e continuem acreditando...

41 JONATHAN SOUZA A história de Jonathan no esporte começa antes de seu ingresso no mundo paraolímpico. O jovem já praticava surf regularmente quando, em 2007, foi convidado para competir no atletismo. Em menos de um mês, Jonathan passou a atingir marcas excepcionais e viu que levava jeito para a modalidade. O nordestino e único anão da delegação brasileira já bateu diversas vezes o recorde mundial no lançamento de disco (foi batido no Mundial da Nova Zelândia, em janeiro, e ficou com a prata), além de ter outras ótimas marcas no dardo e arremesso de peso. Ele ainda arruma tempo para andar de skate e surfar nas horas vagas, mas sem nunca se desviar do seu sonho: conquistar uma medalha paraolímpica. Como o atletismo apareceu em sua vida? O atletismo apareceu na minha vida por acaso, quando eu estava indo à praia surfar em A Walquiria Campelo, que hoje é minha treinadora, me encontrou na rua e achou que eu tinha o perfil e potencial para crescer no esporte paraolímpico. Treinei um mês e acabei desistindo. Continuei só no surfe mesmo. Novamente encontrei a Walquíria e ela insistiu para que eu voltasse, pois em 2007 teria o Parapan e em 2008 os Jogos Paraolímpicos. Logo na minha primeira competição quebrei dois recordes brasileiros, no disco e no dardo. Qual o momento mais marcante de 2010? Foram dois momentos: o primeiro, ganhar duas medalhas de ouro com dois recordes mundiais na Espanha e na Alemanha e o Prêmio Brasil Paraolímpico do Instituto Superar. Ser eleito o melhor atleta do Brasil foi um momento único na minha vida. O que te motiva a continuar competindo? O que me motiva é saber que estou podendo ajudar minha mãe com o dinheiro que eu ganho como atleta e a paixão pelo atletismo. Tenho um objetivo pessoal que é comprar uma casa e isso também me dá força e determinação para buscar bons resultados. 41

42 O que significa o atletismo para você? O atletismo pra mim é superação. É um esporte muito difícil de praticar, no qual o atleta tem que se superar diariamente para chegar ao objetivo desejado. Treinar todos os dias, na chuva ou no sol. Mas acaba virando um vício: quando estou de férias, já fico com saudade dos treinos. Planos e conquistas em 2011? Todo meu foco agora é para o Parapanamericano no México. Ter um bom desempenho nas competições e melhorar minhas marcas. Como foi ganhar o Prêmio Brasil Paraolímpico? É uma sensação de dever cumprido maravilhosa. Do reconhecimento de um trabalho árduo feito com a minha treinadora, de todo um trabalho em equipe. Não é fácil ser o melhor atleta paraolímpico do Brasil, a concorrência era muito grande. A felicidade é imensa, não tem como explicar. O que passa na sua cabeça durante o tempo da prova? E depois, no pódio recebendo uma medalha ou no palco recebendo um Prêmio? Na hora da prova eu tento visualizar como estou competindo e no que estou errando para melhorar minha técnica de arremesso ou lançamento. Agora, ganhar uma medalha é uma felicidade muito grande, é a realização de mais um objetivo em minha carreira. Eu penso nas pessoas que me ajudaram a estar ali, nos patrocinadores,... O que é mais difícil na vida de um atleta? E o mais gratificante? Mais difícil na vida de um atleta é não ter uma boa estrutura de treinamento, nem ter material para treinar ou treinar sem ter a certeza de que vai participar de uma boa competição. O mais gratificante é o conseguir chegar ao seu objetivo e ser reconhecido pelo seu trabalho, representar o Brasil e chegar a uma Paraolimpiada. É a melhor competição de mundo, o limite de todos os atletas. 42 Um ídolo... Reese Hoffa, o melhor arremessador de peso do mundo. Uma mensagem para os leitores... Gostaria de dizer para que nunca desistam dos seus sonhos, porque se vocês buscarem e lutarem um dia vão realizá-los, porque nada é impossível pra Deus.

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