Contacto: UNI MEI 40, rue Joseph II 1000 Bruxelas, Bélgica.
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- Glória Mota Guterres
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1 UNI Médias, Espetáculo & Artes (UNI MEI) e os seus afiliados representam mais de 140 sindicatos, alianças, mais de criadores, técnicos e muitos mais outros trabalhadores nas médias, artes e espetáculo em mais de 70 países, incluindo os 25 Estados Membros da União Europeia. Contacto: UNI MEI 40, rue Joseph II 1000 Bruxelas, Bélgica uni-mei@uniglobalunion.org 3
2 Manifesto da UNI MEI a favor de um Serviço Público de Radiodifusão independente e de grande qualidade 1 de outubro de 2014 O presente manifesto dirige-se aos governos, às autoridades regionais, às direções dos organismos públicos de radiodifusão, ao público em geral e a todos os trabalhadores da comunicação social. É essencial um Serviço Público de Radiodifusão independente e de grande qualidade para garantir a liberdade de expressão e a liberdade de informação, bem como a tomada de decisões por parte dos cidadãos numa sociedade democrática. Os organismos públicos de radiodifusão também têm um papel central na produção de programas em todos os meios de comunicação social, refletindo assim a rica diversidade cultural das sociedades. 4 1
3 2 1 Independência do Serviço Público de Radiodifusão Assegurar a independência económica e política As condições de funcionamento de um Serviço Público de Radiodifusão democrático e independente em todo o mundo agravaram-se e têm de ser melhoradas e adaptadas aos desafios de uma economia digital mundial. As políticas de austeridade impostas pelos governos aos organismos públicos de radiodifusão ocultam muitas vezes uma tentativa de controlar, silenciar ou liberalizar o Serviço Público de Radiodifusão como voz independente e crítica na paisagem audiovisual. Estas políticas nunca podem justificar o encerramento de um organismo público de radiodifusão e devem ser combatidas. A excessiva comercialização da prestação do Serviço Público de Radiodifusão põe em perigo a sua independência editorial. Enfraquece a oferta de uma programação equilibrada entre notícias, entretenimento, desportos, documentários, filmes e outros géneros e esbate as distinções entre radiodifusão comercial e pública. Os conselhos de radiodifusão e as direções dos organismos públicos de radiodifusão têm de ser independentes. É preciso criar uma regulação efetiva a nível regional, nacional e internacional para proteger os organismos públicos de radiodifusão da influência indevida dos governos, dos partidos políticos ou dos agentes económicos. A independência económica e política dos organismos públicos de radiodifusão é indissociável da garantia de liberdade e pluralismo dos meios de comunicação social. Defender o pluralismo dos meios de comunicação social e promover a diversidade cultural e uma programação de grande qualidade Os organismos públicos de radiodifusão desempenham um papel importante na contribuição para o pluralismo da comunicação social, fornecendo notícias e informação de grande qualidade, imparcial e independente e uma programação diversificada. Um jornalismo imparcial, ético e de investigação, a proteção dos jornalistas e dos trabalhadores da comunicação social e um acesso sem restrições às fontes de informação constituem um requisito prévio para este trabalho. Também é necessário que os governos e os organismos públicos de radiodifusão garantam a independência de todos os profissionais da comunicação social, especialmente dos editores, no exercício da sua profissão. Os governos têm de respeitar as normas nacionais, internacionais e regionais em matéria de direitos humanos, tal como definidas pela ONU, pela OSCE e pelo Conselho da Europa 1. Um Serviço Público de Radiodifusão de grande qualidade deve ser universal e chegar a todos os grupos da sociedade e às minorias com conteúdos diversos, fomentando a expressão da diversidade cultural 2. Os conteúdos dos programas de radiodifusão pública devem defender os valores universais dos direitos humanos, promover a igualdade dos géneros e combater todas as formas de discriminação. Por último, os organismos públicos de radiodifusão têm também de empenhar-se na promoção e na produção de conteúdos de grande qualidade e investir em todos os géneros de programação original, internamente e através de produções independentes. A regulação a nível nacional e internacional precisa de ser adaptada às realidades da globalização e à distribuição em linha de conteúdos, a fim de manter e desenvolver a capacidade dos organismos públicos de radiodifusão para produzirem, encomendarem 1 Ver, em especial: Resolução 1920 (2013) da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre A situação da liberdade dos meios de comunicação social na Europa, 24 de janeiro de 2013; Recomendação do Conselho da Europa CM/Rec (2007) 3 do Comité de Ministros aos Estados membros Sobre a Missão dos Meios de Comunicação Social de Serviço Público na Sociedade da Informação, 31 de janeiro de Tal como definida na Convenção da UNESCO sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. 3
4 e distribuírem programas originais. Os organismos públicos de radiodifusão devem preservar um vasto conjunto dos programas produzidos para poderem refletir a história e a cultura da sua sociedade 3. No ambiente digital o acesso a estes arquivos constitui uma parte importante da sua função, exigindo um financiamento adequado. Garantir uma governação e gestão responsáveis dos organismos públicos de radiodifusão As estruturas de governação dos organismos públicos de radiodifusão devem prestar contas aos cidadãos e ao seu pessoal pelas decisões importantes que afetam a independência do Serviço Público de Radiodifusão. Incluem-se aqui as decisões sobre a reestruturação e externalização de trabalhadores dos organismos públicos de radiodifusão, bem como as principais decisões que afetam a independência política e económica do Serviço Público de Radiodifusão. A independência e a propriedade dos meios de comunicação social devem ser transparentes e ser controladas regularmente. A prestação de contas diz respeito a um vasto conjunto de questões, ultrapassando a gestão financeira e a governação. Inclui igualmente o compromisso dos organismos públicos de radiodifusão de assegurarem programas que respeitem a diversidade e igualdade, a igualdade de acesso, os direitos fundamentais dos cidadãos, a liberdade de expressão e a proteção dos conteúdos. 4 3 As expressed for example in the Amsterdam Protocol on Public Service Broadcasting. 5
5 2 3 Financiamento sustentável do Serviço Público de Radiodifusão na economia digital mundial Empregos de qualidade para um Serviço Público de Radiodifusão de qualidade Financiamento sustentável e previsível Os organismos públicos de radiodifusão devem ser dotados de um financiamento adequado e sustentável que lhes permita cumprir a sua missão de serviço público com um elevado grau de profissionalismo e de independência. Independentemente dos diferentes modelos de financiamento democráticos do Serviço Público de Radiodifusão que existem em todo o mundo, o seu financiamento tem de salvaguardar a capacidade dos organismos públicos de radiodifusão para adaptarem e desenvolverem a sua programação e os seus serviços de acordo com as alterações tecnológicas, económicas e estruturais na economia digital mundial. Empregos de grande qualidade Um Serviço Público de Radiodifusão sustentável e com serviços de grande qualidade depende de pessoal qualificado e que beneficie de boas condições de trabalho. Isto implica uma remuneração justa para os criadores e outros trabalhadores da comunicação social, acordos adequados que assegurem o equilíbrio entre a vida privada e profissional, respeito das normas em matéria de saúde e segurança e um investimento contínuo no desenvolvimento das competências de todos os trabalhadores. As boas condições de trabalho são essenciais para manter um pessoal altamente qualificado e a capacidade dos organismos públicos de radiodifusão para produzirem programas de grande qualidade. O trabalho não declarado, os baixos salários, o emprego precário e uma gestão orientada para o lucro prejudicam o desenvolvimento de pessoal qualificado e de um Serviço Público de Radiodifusão de grande qualidade. 6 7
6 As decisões que regem os organismos públicos de radiodifusão devem contar com a participação ativa dos trabalhadores e, enquanto serviço público, devem ser abertas às opiniões e propostas dos cidadãos. Investimento nas competências e acesso a programas de aprendizagem ao longo da vida Num tempo de enormes e rápidas mudanças tecnológicas, devem ser oferecidos aos trabalhadores do Serviço Público de Radiodifusão meios para melhorarem constantemente as suas competências e capacidades, independentemente do seu estatuto profissional e contrato de trabalho. O investimento nas aptidões e nas competências dos trabalhadores constitui uma condição prévia para um Serviço Público de Radiodifusão de grande qualidade e cria as condições para o êxito da inovação nos serviços públicos de radiodifusão. Todos os trabalhadores do Serviço Público de Radiodifusão devem ter direito a formação ao longo da vida e a licenças para formação remuneradas. Diálogo social efetivo A qualidade do emprego exige igualmente um empenhamento firme por parte dos governos e dos gestores dos organismos públicos de radiodifusão quanto a um verdadeiro diálogo social e à negociação coletiva com os sindicatos. O diálogo social deve ser aberto a todos os tipos de trabalhadores, incluindo os que estão em situações atípicas de emprego, como os que trabalham em regime independente e em freelance e a tempo parcial. O diálogo social tem um papel importante na estruturação do mercado de trabalho e permite adaptações às necessidades específicas das direções e dos trabalhadores em todo o setor e a nível de empresa. 8 9
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