do Conde Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na
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1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito do Tribunal do Judicial de Vila do Conde 1º Juízo Cível Processo nº 2543/12.4TBVCD V/Referência: Data: Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que vai ser junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 15 de Novembro de 2012 Página 1 de 1
2 I Identificação do Devedor António Armando Salema Bento, N.I.F , divorciado, residente na Rua Padre José Abreu Martins, 112, R/C, freguesia de Guilhabreu, concelho de Vila do Conde. II Actividade do devedor nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O devedor foi supervisor na TAP até 1987, ano em que cessou o seu contrato de trabalho por mútuo acordo. Desde então até à data da sua reforma, o devedor desenvolveu a actividade de importação e exportação como empresário em nome individual. No decurso desta actividade e do seu casamento com Bettina Luiza Bentfeldt Vogt Lopes Bento, de quem se divorciou, o devedor realizou diversos contratos de crédito. Vejamos: 1- Em 1997 o devedor realizou um contrato de adesão a cartão de crédito com o Banco Espírito Santo, S.A.. Desde Janeiro de 2005 encontra-se em dívida o valor de Euros 826,28, sendo que actualmente este valor ascende a Euros 3.077,41 devido aos juros acumulados; 2- Em Julho de 1998 o devedor contratou com o Citibank um cartão de crédito. Este contrato, incumprido desde Março de 2006, gerou a interposição de injunção em Outubro de 2009 e da execução nº 1310/09.7TBMAI 1 em Fevereiro de Está actualmente em dívida o valor de Euros ,70; 3- Em Abril de 2001 o devedor realizou um contrato de crédito em conta corrente, em incumprimento pelo menos desde 2006, encontrando-se actualmente em dívida Euros 868, Em Março de 2002 o devedor realizou um contrato de mútuo com o Banif no valor de Euros ,00. Este contrato encontra-se em incumprimento 1 Juízos de Execução do Tribunal Judicial de Maia Página 1 de 6
3 desde Março de 2006, ascendendo a dívida actualmente a cerca de Euros ,00. Durante alguns anos o devedor foi conseguindo cumprir com todas estas obrigações. No entanto, quando ficou reformado, o devedor viu o seu rendimento mensal reduzir-se, passando a ter maiores dificuldades no cumprimento pontual de todos os contratos realizados antes. Entre 2005 e 2006 o devedor entra em incumprimento com a generalidade dos seus credores, o que gerou, ao fim de algum tempo, a interposição de diversas acções executivas. A prorrogação no tempo desta situação gerou a penhora dos poucos bens que o devedor possui e da sua reforma. Sem rendimentos nem bens para responder pelas obrigações em atraso, o devedor viu-se na obrigação de se apresentar em tribunal, requerendo que fosse declarada a sua insolvência. Conforme foi referido, o devedor encontra-se actualmente reformado, auferindo uma valor mensal bruto de Euros 625,84. A casa onde habita é arrendada, pagando o devedor um valor mensal de Euros 200,00 a título de renda. O devedor tem ainda despesas com aquisição de medicamentos que, em média, ascendem a Euros 45,00. III Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. IV Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) O devedor apresentou, com a petição inicial, o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Página 2 de 6
4 Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que o devedor venha a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título ao devedor com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 485,00. Conforme atrás foi referido, o devedor aufere actualmente um rendimento mensal de Euros 625,84, pelo que o seu rendimento disponível poderá ser fixado, legalmente, entre os Euros 140,84 e os Euros 0,00. De acordo com a alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE, o pedido de exoneração é liminarmente indeferido se o devedor tiver incumprido o dever de apresentação à insolvência ou, não estando obrigado a se apresentar, se tiver abstido dessa apresentação nos seis meses seguintes à verificação da situação de insolvência, com prejuízo em qualquer dos casos para os credores, e sabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva séria de melhoria da sua situação económica. No caso em apreço, há muito que a situação do devedor é gravosa e irreversível. Vejamos: 1- Conforme foi referido, a generalidade dos incumprimentos do devedor respeitam aos anos de 2005 e 2006; 2- Nesta data o devedor apresenta já um passivo de cerca de Euros e um activo que se resume aos seus rendimentos mensais; 3- Perante a incapacidade para honrar as suas obrigações, os credores intentaram diversas acções executivas; 4- O devedor continua, no entanto, sem se apresentar à insolvência, não obstante não existir qualquer indicador que evidencie a melhoria dos seus Página 3 de 6
5 rendimentos: recorde-se que o devedor está aposentado, sem perspectivas de ter uma melhoria na sua situação patrimonial; 5- Com o passar do tempo o devedor apenas consegue um acumular de juros e das despesas inerentes às diversas execuções contra si intentadas. 6- Na verdade, a partir do momento em que fica reformado, o devedor deveria perceber (ou não poder ignorar) da impossibilidade de cumprir com os compromissos que tinha assumido anteriormente e que vinha cumprindo com os rendimentos obtidos no exercício da sua actividade profissional; 7- Ainda assim, apenas em 2012 o devedor inicia os procedimentos necessários para a sua apresentação à insolvência, mais de cinco anos depois da sua situação se ter tornado verdadeiramente irreversível. É, portanto, óbvio para o signatário que o devedor incumpriu o seu dever de apresentação à insolvência nos termos descritos no artigo 238º, nº 1, alínea d) do CIRE. Da análise desta alínea verifica-se que, para além do incumprimento de apresentação à insolvência, se torna necessário que disso advenha prejuízo para os credores e, ainda, que o devedor saiba, ou não possa ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva séria de melhoria da sua situação económica. Tal significa que, se do atraso na apresentação não advier prejuízo para os credores, o mesmo não deve ser negativamente valorado. E ainda é necessário que o devedor saiba que a sua situação é definitiva, no sentido de não ser alterável a curto prazo, ou que não possa deixar de disso estar consciente, a não ser por inconsideração grave. Tais requisitos são cumulativos. A nível doutrinal e jurisprudencial têm existido diferentes entendimentos sobre o segundo requisito (advir prejuízo para os credores): enquanto uma corrente defende que a omissão do dever de apresentação atempada à insolvência torna evidente o prejuízo para os credores pelo avolumar dos seus créditos, face ao vencimento dos juros e consequente avolumar do passivo global do insolvente, outra corrente defende que o conceito de prejuízo pressuposto no normativo em causa consiste num prejuízo diverso do simples vencimento dos juros, que são consequência normal do incumprimento gerador da insolvência, tratando-se assim dum prejuízo de outra ordem, projectado na esfera jurídica do credor em consequência da inércia do insolvente (consistindo, por exemplo, no abandono, degradação ou dissipação de bens no período que dispunha para Página 4 de 6
6 se apresentar à insolvência), ou, mais especificamente, que não integra o prejuízo previsto no artigo 238º, nº 1, d) do C.I.R.E. o simples acumular do montante dos juros. O signatário tem defendido esta última posição, entendendo que não basta o simples decurso do tempo para se considerar verificado o requisito em análise (pelo avolumar do passivo face ao vencimento dos juros). Tal entendimento representaria uma valoração de um prejuízo ínsito ao decurso do tempo, comum a todas as situações de insolvência, o que não se afigura compatível com o estabelecimento do prejuízo dos credores enquanto requisito autónomo do indeferimento liminar do incidente. Enquanto requisito autónomo do indeferimento liminar do incidente, o prejuízo dos credores acresce aos demais requisitos é um pressuposto adicional, que aporta exigências distintas das pressupostas pelos demais requisitos, não podendo por isso considerar-se preenchido com circunstâncias que já estão forçosamente contidas num dos outros requisitos. O que se pretende valorizar neste quesito, como acima foi posto em evidência, é a conduta do devedor, de forma a apurar se o seu comportamento foi pautado pela licitude, honestidade, transparência e boa-fé no que respeita à sua situação económica, devendo a exoneração ser liminarmente coarctada caso seja de concluir pela negativa. Ao estabelecer, como pressuposto do indeferimento liminar do pedido de exoneração, que a apresentação extemporânea do devedor à insolvência haja causado prejuízo aos credores, a lei não visa mais do que penalizar os comportamentos que façam diminuir o acervo patrimonial do devedor, que onerem o seu património ou mesmo aqueles comportamentos geradores de novos débitos (a acrescer àqueles que integravam o passivo que estava já impossibilitado de satisfazer). São estes comportamentos desconformes ao proceder honesto, lícito, transparente e de boa-fé cuja observância por parte do devedor é impeditiva de lhe ser reconhecida possibilidade (verificados os demais requisitos do preceito) de se libertar de algumas das suas dívidas, e assim, conseguir a sua reabilitação económica. O que se sanciona são os comportamentos que impossibilitem (ou diminuam a possibilidade de) os credores obterem a satisfação dos seus créditos, nos termos em que essa satisfação seria conseguida caso tais comportamentos não ocorressem. No caso em apreço o atraso prolongado do devedor na sua apresentação à insolvência gerou diversos prejuízos para os credores. Desde logo, a acumulação de Página 5 de 6
7 passivo decorrente do avultado montante de juros acumulados ao longo dos anos e das despesas inerentes às diversas acções executivas intentadas. Mas, principalmente, a penhora que ocorreu da reforma do devedor, único rendimento do mesmo que, já de si escasso, passou a ser canalizado unicamente para o pagamento da dívida de um credor. Não podemos esquecer que, neste caso, além do seu rendimento (pensão), o único activo que o mesmo dispõe são os bens móveis que compõem o recheio da habitação do devedor, bens com um valor bastante diminuto. Assim, o principal activo do devedor, o seu salário, passa a estar canalizado unicamente para o pagamento do crédito de um credor, dificultando as possibilidades dos restantes de verem ressarcidos os seus créditos. Por tudo o que foi exposto sou do parecer que o pedido de exoneração deve ser indeferido, nomeadamente por violação do dever de apresentação à insolvência, conforme previsto na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Os credores deverão ainda deliberar no sentido do encerramento do processo por insuficiência da massa insolvente, nos termos do artigo 232º do CIRE, considerando o reduzido valor dos bens constantes do inventário elaborado nos termos do artigo 153º do CIRE. Castelões, 15 de Novembro de 2012 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 6 de 6
8 Inventário (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)
9 () Inventário (artigo 153º do Código da Insolvência e da Recuperação das Empresas) Relação dos bens e direitos passíveis de serem apreendidos a favor da massa insolvente: Verba Espécie Localização Descrição Valor Única Móvel Rua Padre José Abreu Martins, 112, R/C, freguesia de Guilhabreu, concelho de Vila do Conde Recheio da habitação onde reside o devedor, composto por: 1 Guarda fatos em madeira em cor preta com 3 portas; 1 Mesinha de centro em vidro; 1 Mesinha de cabeceira com 4 gavetas; 1 Cama de solteiro; 1 Sofá de três lugares em tecido verde; 1 Mesinha de centro redonda de madeira; 1 Televisor marca Crown; 1 Frigorífico de marca Whirlpool; 1 Forno micro ondas de marca LG; 1 Quarto de casal composto de cama, uma mesinha de cabeceira com 3 gavetas de cor branca e um guarda fatos com 4 portas. Euros 1.000,00 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 15 de Novembro de 2012 Página 1 de 1 do Inventário
Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta
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