Auditor Relator:Dr. Manuel Márcio Bezerra Torres. Denunciante: Procuradoria de Justiça Desportiva

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1 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA BRASILEIRO -STJDF. DESPORTIVA DO FUTEBOL Processo nr. 153 /2017 Orgão Julgador: 3a. Comissão Disciplinar Auditor Relator:Dr. Manuel Márcio Bezerra Torres Denunciante: Procuradoria de Justiça Desportiva Denunciados: AA Ponte Preta, incursa nos Arts. 191 inciso III e 213 inciso III do CBJD; João Alves de Assis, atleta do SC Corinthians, incurso no Art. 254-A inciso II do CBJD.. EMENTA Denúncia da Procuradoria com base em relatório do árbitro da partida.infração cometida. Atitude não condizente para gandula. Club é responsável por ato de seus comandados durante a partida

2 de futebol, a teor do artigo 7 o.. VIII, do RGC. Correta fixação de multa. Arremesso de objeto. Autor identificado e detido. Boletim de Ocorrencia Policial isenta o clube de pena. Procuradoria tem poder de denunciar infração quanto na partida o árbitro não presencia o ato infracional. Infração sem maior gravidade. Correta a desclassificação para ato hostil. RELATÓRIO 1.Trata-se de denúncia ofertada pela Procuradoria de Justiça Desportiva do Futebol Brasileiro contra AA Ponte Preta, incursa nos Arts. 191 inciso III e 213 inciso III do CBJD; João Alves de Assis, atleta do SC Corinthians, incurso no Art. 254-A inciso II do CBJD. 2.A petição inicial onde constam os documentos de fls. 3. Às folhas, constam Certidões, onde atesta a reincidência do primeiro denunciado e a primariedade do segundo. 4. Documentos fls., onde constam a súmula, relatório do árbitro, relação de atletas das equipes. 5. Consta o despacho do Exmo. Sr. Presidente desta 3ª. Comissão Disciplinar, onde nomeia este signatário como Relator, designando o dia do julgamento. Citações e intimações de estilo. 6.Em sessão de julgamento foram apresentados documentos apenas pelo segundo denunciado, prova de vídeo da procuradoria e pen drive por parte do advogado do mesmo. 7. Houve sustentação oral de defesa do Dr. João Zanforlim, por parte do atleta denunciado, onde ao final pediu a lavratura de acórdão. Já a defesa da AA Ponte Preta enviou defesa escrita onde pede a absolvição do denunciado apenas quanto a infração do

3 arremesso do copo, ficando silente quanto a primeira denuncia. A Procuradoria também pediu o Acórdão. 8. A Procuradoria ratifica todos os termos da denúncia. 9. Destarte, todas as formalidades foram devidamente cumpridas e certificadas pela Secretaria, estando o processo apto para julgamento. É o Relatório. VOTO 10.Li atentamente os presentes autos e passo a proferir o voto. 11.Quanto ao Primeiro denunciado Retenção de bola pelo gandula A Procuradoria teve por base o relatório do árbitro, onde o mesmo atesta que o gandula Sr. Valdeci José Rodrigues, veio a reter a bola. Ao nosso ver, a atitude do gandula não é condizente numa partida de futebol. A obrigação do mesmo é repor a bola o mais rápido possível, a fim de que o futebol tenha uma maior celeridade. 12. A equipe da Ponte Preta é responsável pelo recrutamento, seleção e treinamento dos profissionais que trabalham numa partida de futebol, nos termos do artigo 7 o. VIII, do RGC. Fatos como esse do gandula podem gerar um conflito numa partida de futebol. 13. Infelizmente a Procuradoria não denunciou o autor do fato, o gandula, a fim de que viesse a responder pela sua ação. Na sessão de julgamento a equipe sequer veio a se defender de tal fato. Portanto, merece uma reprimenda, para que não mais venha a ocorrer. 14.Por tudo, voto no sentido de aplicar uma multa de R$2.000,00 (dois mil reais) ao denunciado, determinando o retorno dos autos à

4 Procuradoria para analisar se oferta denuncia contra o gandula Sr. Valdeci José Rodrigues Arremesso de copo descartável no campo de jogo. Este Superior Tribunal de Justiça Desportiva tem tentado de tudo para acabar com a violência no futebol, tendo como um exemplo recente, o Simpósio todos contra a violência, realizado recentemente na sede da CBF. 16. Naquela partida de futebol, o árbitro relatou a infração, inclusive disse que foi informado pela Policia Militar que o infrator foi identificado como sendo o Sr.Marcelo Carvalho, RG , tendo sido lavrado o BO PM Apesar da equipe não ter apresentado cópia do Boletim de Ocorrência, entendo que a autoridade policial tem fé para atestar que prendeu o infrator e lavrou o BO-PM. Portanto, resta demonstrado que o clube é isento de pena. 18.Voto no sentido de absolver o denunciado quanto a infração do arremesso do copo no campo de futebol. 19.Quanto ao segundo denunciado A Procuradoria após a realização da partida colheu material e com fundamento no artigo 58-B, parágrafo único do CBJD, ofertou denuncia contra o atleta Sr. João Alves de Assis, atleta do SC Corinthians, incurso no Art. 254-A inciso II do CBJD. PRELIMINARMENTE REJEIÇÃO DA DENUNCIA 20. O advogado do denunciado arguiu em sede de preliminar que deveria haver a rejeição da denúncia, visto que o árbitro viu a infração e não tomou nenhuma medida naquele momento. Entendeu que não poderia ter o atleta sido denunciado, visto que o árbitro presenciou tudo. 21.A prova cabe a quem alega. A defesa não trouxe aos autos nenhuma prova que o árbitro presenciou a infração no momento da partida e não

5 tomou nenhuma medida, a fim de punir o atleta naquele ato. 22.Na sessão de julgamento foi exibido o vídeo onde resta demonstrado que no momento da infração o árbitro estava com o campo visual encoberto, visto que à sua frente observa-se vários jogadores. 23. A fim de uma melhor análise, o Auditor Wanderson Macullo solicitou que fosse exibido o vídeo novamente, e mais uma vez, restou demonstrado que realmente o árbitro naquele momento não visualizou a infração praticada pelo denunciado. 24.Portanto, entenderam os Auditores rejeitar a preliminar arguida pela defesa. Quanto ao mérito 25.O atleta foi denunciado com tendo praticado uma agressão física. Na sessão de julgamento foi exibido vídeo onde se vê a infração, bem como, o depoimento do mesmo gravado, onde o atleta alega que não agrediu o adversário. 26.Após toda a prova material e a defesa em sessão de julgamento, observamos que de fato a infração ocorreu. Observa-se claramente o denunciado cometendo a infração quando se encontrava sentado após queda ao solo, porém, sem maior gravidade que pudesse caracterizar uma agressão física. 27.Ao nosso ver, pelo conjunto probatório, observa-se que de fato não ocorreu uma agressão física grave, onde a pena miníma é de 04 (quatro) jogos de suspensão. A infração deverá ser enquadrada como um ato hostil. 28.Vale dizer, que nos autos não se encontra demonstrado se o atleta atingido necessitou de atendimento médico e muito menos deixou o campo de jogo. Caso isso tivesse ocorrido, com certeza, teria sido uma infração grave ou até gravíssima, se não reunisse mais condições de voltar ao jogo.

6 29.Ficou demonstrado nos autos que o denunciado é primário, nunca tendo passado por este Tribunal e que a infração não foi de tamanha gravidade. 30. Portanto, desclassifico a infração para o artigo 250 do CBJD, e tendo em vista a primariedade do mesmo, voto no sentido de aplicar 01 (uma) partida de suspensão. Diante do acima exposto,preliminarmente, por unanimidade de votos, foi indeferido o pedido de rejeição da denúncia; quanto ao mérito, por maioria de votos, multar em R$ 2.000,00 a AA Ponte Preta, por infração ao Art. 191 inciso III do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Vanderson Maçullo que absolvia e; absolve-la quanto à imputação ao Art. 213 inciso III do CBJD, contra os votos dos Auditores Dr. Otacílio Araújo e Dr. Sérgio Martinez que aplicavam multa de R$ 3.000,00;por maioria de votos, suspender por 01 partida João Alves de Assis, atleta do SC Corinthians, por infração ao Art. 250, face a desclassificação do Art. 254-A inciso II do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Jurandir Ramos de Sousa que mantinha a suspensão por 01 partida, desclassificando para o Art. 254 do CBJD. Fica ainda determinada a baixa dos autos

7 a Douta Procuradoria, para análise da súmula referente ao gandula. Fortaleza-Ce, 10 de Novembro de Dr. MANUEL MARCIO BEZERRA TORRES Auditor Relator

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