1ª COMISSÃO DISCIPLINAR

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1 1ª COMISSÃO DISCIPLINAR PROCESSO Nº 158/2018 Jogo: Operário Ferroviário EC (PR) X Cuiabá EC (MT) - categoria profissional, realizado em 16 de setembro de 2018 Campeonato Brasileiro - Série C Denunciados: a) Operário Ferroviário Esporte Clube, incurso nos Arts º e 258-D ambos do CBJD; b) Cuiabá Esporte Clube, incurso no Arts. 206, 257 3º e 258-D todos do CBJD; c) Thiago Maier Santos, atleta do Operário Ferroviário EC, incurso no Art º do CBJD; d) Danilo Ferreira dos Santos, atleta do Operário Ferroviário EC, incurso no Art º do CBJD; e) Bruno Alves de Souza, atleta do Cuiabá EC, incurso no Art º do CBJD; f) Leandro Pedro Vuaden, arbitro, incurso no Art. 266 do CBJD. ACÓRDÃO Vistos, relatado e discutido o processo em epígrafe, acordam os Auditores da Primeira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol, em sessão realizada no dia 08 de outubro de 2018, por maioria de votos, absolver o Operário Ferroviário Esporte Clube, quanto à imputação ao Art º do CBJD, contra os votos do Auditor Relator Dr. Rafael Feitosa e do Auditor Presidente que aplicavam multa de R$ ,00 (quinze mil reais), e do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de realização de inquérito para apuração dos envolvidos; absolver o Operário Ferroviário Esporte Clube, quanto a imputação ao Art. 258-D do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de realização de inquérito para apuração dos envolvidos no caso. Por unanimidade de votos multar em R$ 2.000,00 (dois mil reais) o Cuiabá Esporte Clube, por infração ao Art Por maioria de votos absolver o Cuiabá Esporte Clube, quanto a imputação aos Arts º e 258-D ambos do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de realização de inquérito para apuração dos envolvidos; suspender por 06 partidas Thiago Maier Santos, atleta do Operário Ferroviário EC, incurso no Art º do CBJD, contra os votos do Auditor Relator Dr. Rafael Feitosa, que aplicava suspensão por 02 partidas, por infração ao Art. 254-A n/f Art. 157, II do CBJD, face a desclassificação do Art º e do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de realização de inquérito para apuração dos envolvidos; absolver Danilo Ferreira dos Santos, atleta do Operário Ferroviário EC, quanto a imputação ao Art º do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de realização de inquérito para apuração dos envolvidos; absolver Bruno Alves de Souza, atleta do Cuiaba EC, incurso no Art º do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de 1

2 realização de inquérito para apuração dos envolvidos; absolver Leandro Pedro Vuaden, arbitro, incurso no Art. 266 do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Alexandre Magno, que deixou de conhecer a denúncia neste ponto, pela necessidade de realização de inquérito para apuração dos envolvidos. Relatório: Gustavo Koch Pinheiro Relator para o acórdão A Procuradoria da Justiça Desportiva narra a ocorrência de uma briga generalizada ao final da partida provocada por atletas e membros da comissão técnica de ambas as equipes. Sustenta que não foi possível determinar o fato que ocasionou o tumulto, e nem identificar todos os seus protagonistas. Pede a condenação dos clubes e atletas por rixa, conforme capitulação no art. 257 do CBJD. Pede ainda a condenação do árbitro da partida na forma do art. 266 do CBJD, eis que não relatou de forma completa o ocorrido, não identificando os envolvidos. O Cuiabá também é denunciado na forma do art. 206 do CBJD por ter dado causa ao atraso de quatro minutos ao início da partida. Apenas os clubes não são primários. A Procuradoria juntou a súmula da partida, vídeo e fotos do tumulto. O Operário Ferroviário EC juntou prova de vídeo e documental. Houve depoimento pessoal de Thiago Maier Santos, atleta do Operário Ferroviário EC e do Sr. Rodrigo Sautchuk, que foi gravado. O Clube Atlético Paranaense juntou prova de vídeo. É o breve relatório. 2

3 VOTO: I) Cuiabá Esporte Clube, incurso no art. 206 do CBJD Prefiro examinar inicialmente o atraso, eis que se trata de tema simples. Conforme se verifica pela súmula da partida, a equipe do Cuiabá entrou em campo às 15:25, quando o jogo estava marcado para iniciar às 15:30. Portanto, em cumprimento do RGC, a equipe denunciada deveria ter ingressado em campo às 15:21. Consta ainda que a partida iniciou às 15:34, com atraso de quatro minutos. Por fim, a súmula refere que o atraso para o início se deu em razão do atraso da equipe denunciada para entrar em campo. Em face dos fatos verificados, merece ser acolhida a denúncia para condenar o Cuiabá EC pelo art. 206 do CBJD ao pagamento de multa no valor de R$ 2.000,00 pelos quatro minutos de atraso, considerando o fato de que não é primário e que a partida foi disputada pela Série C do Campeonato Brasileiro. II) Operário Ferroviário Esporte Clube e Cuiabá Esporte Clube, incurso nos arts º e 258-D ambos do CBJD traz: Os clubes estão denunciados com base no art. 257, 3º do CBJD, que Art Participar de rixa, conflito ou tumulto, durante a partida, prova ou equivalente. PENA: suspensão de duas a dez partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. 1º No caso específico do futebol, a pena mínima será de seis partidas, se praticada por atleta. 2º Não constitui infração a conduta destinada a evitar o confronto, a proteger outrem ou a separar os contendores. 3º Quando não seja possível identificar todos os contendores, as entidades de prática desportiva cujos atletas, treinadores, membros de comissão técnica, dirigentes ou empregados tenham participado da rixa, conflito ou tumulto serão apenadas com multa de até R$ ,00 (vinte mil reais). É condição para que o clube responda pela infração que reste caracterizada a impossibilidade de identificação de todos os contendores na rixa. No entanto, não foi feita nenhuma prova pela Procuradoria nesse sentido. Em nenhum momento demonstrou porque seria impossível identificar a todos. Aliás, nenhum esforço foi feito no 3

4 sentido de tentar identificar os contendedores. Nas provas de imagem trazidas aos autos é possível visualizar com clareza o rosto dos envolvidos no tumulto, em número maior do que dez pessoas. No entanto, a denúncia traz apenas o atleta que a súmula apontou e outros dois. No depoimento prestado pelo atleta denunciado e pelo informante, foram apontados outros três nomes de envolvidos na rixa. Apenas com um exame um pouco mais cuidadoso do vídeo juntado, este auditor pode verificar que participaram das agressões o nº 7 do Cuiabá e goleiro reserva do Ferroviário, nº 12, apenas para citar alguns. A teor do disposto no art. 58-B do CBJD, compete à Procuradoria a produção da prova da infração. Se a infração é caracterizada pela impossibilidade de determinação da autoria de todos os envolvidos, é indispensável que seja demonstrado quais as medidas tomadas para a identificação e porque a mesma restou impossível. Embora tivesse ao seu dispor importante ferramenta para uma determinação mais cuidadosa da autoria, a Procuradoria não a utilizou. Estabelece o art. 81 do CBJD: Art. 81. O inquérito tem por fim apurar a existência de infração disciplinar e determinar a sua autoria, para subsequente instauração da ação cabível, podendo ser determinado de ofício pelo Presidente do Tribunal competente (STJD ou TJD), ou a requerimento da Procuradoria ou da parte interessada. Ao contrário do voto ora lançado por nosso ilustre colega, Auditor Dr. Alexandre Magno, penso que não se trata de caso de inépcia da denúncia. A denúncia contém os elementos essenciais para seu desenvolvimento válido. Apenas carece de provas de suas alegações, eis que não foi precedida de uma investigação mais completa. Aponto ainda que foram juntados aos autos julgados que rejeitaram a aplicação do 3º do art Apenas para que se tenha uma ideia do que consiste um processo onde há rixa, no processo nº 160/2014 4CD, mais de 25 pessoas foram identificadas e denunciadas. Por tais razões, entendo que a Procuradoria não tomou providências no sentido de determinar os autores da infração, pelo que não há como se estabelecer se é possível identificar todos os contendedores. Assim sendo, voto pela absolvição de ambos os clubes pela infração ao art. 157, 3º, eis que não restou configurada. Quanto à infração ao art. 258-D, é entendimento dessa comissão de que a pena deve ser cominada à entidade apenas em casos de elevada gravidade, ou quando a pena de suspensão, por si só, tenha limitada eficácia. Considerando que sequer foi verifica a infração por parte dos integrantes da entidade, não há de se falar em aplicação de tal norma, pelo que entendo pela 4

5 absolvição de ambos os clubes. III) Thiago Maier Santos, atleta do Operário Ferroviário EC, incurso no Art º do CBJD; Pela prova produzida nos autos, seja pela súmula ou ainda pelos vídeos juntados, verifica-se de forma clara a participação do denunciado na rixa relatada. O mesmo salta sobre orientadores e membros de sua equipe desferindo socos e pontapés. Não se trata de uma mera atitude reflexa de quem foi agredido, restando clara a intenção de participar ativamente da rixa. Considerando a sua primariedade e a gravidade da infração, entendo por aplicar a pena em sua base, para suspendê-lo por seis partidas na forma do art. 257, 1º do CBJD. IV) Danilo Ferreira dos Santos, atleta do Operário Ferroviário EC e Bruno Alves de Souza, atleta do Cuiabá EC, ambos incursos no Art º do CBJD Pela prova produzida foi possível verificar que ambos os denunciados foram apenas agredidos e sua participação na rixa ficou limitada a tentar evitar o confronto ou separar os contendedores. Danilo é atingido na cabeça por trás, o que faz recomeçar o tumulto, mas apenas os outros que estão a sua volta partem para agressões. Já Bruno recua com os braços levantados, tentando evitar o confronto. Por tais razões entendo pela absolvição de ambos os denunciados, com base no art. 257, 2º do CBJD. V) Leandro Pedro Vuaden, arbitro, incurso no Art. 266 do CBJD A Procuradoria pede a condenação do árbitro no art. 266 do CBJD alegando que o mesmo deixou de registrar as pessoas responsáveis pelo tumulto, o que dificultaria a persecução dos responsáveis. O árbitro faz elaborado relatório, onde apresenta justificativas plausíveis para não referir nominalmente os envolvidos: não conhece os jogadores, pois não costuma atuar na série C; durante o tumulto o policiamento estava longe, implicando em risco direto para a equipe de arbitragem; trata-se de tumulto, ou seja, diversas ações simultâneas, dificultando a identificação dos agressores. Entendo que as justificativas são plausíveis, sobretudo pela rapidez e 5

6 inusitada forma como os fatos se sucederam. Mesmo com a análise de vídeo a identificação é complexa, demandando várias repetições para uma melhor compreensão. Por tais razões, entendo que o árbitro desempenhou suas funções dentro da sua capacidade, não sendo razoável esperar dele identificação mais detalhada dos contendedores. Nesse sentido, rejeito a denuncia para absolver o árbitro da partida. É como voto. Gustavo Koch Pinheiro Relator 6