Domingo de Páscoa. Homilia meditada para a Família Salesiana. Jo 15, 1-8. V Domingo de Páscoa

Transcrição

1 Domingo de Páscoa Homilia meditada para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb V Domingo de Páscoa Jo 15, Jesus Ressuscitado Os textos de todo este Tempo Pascal dão testemunho da presença de Jesus Ressuscitado, do envio do Espírito Santo e também do envio dos discípulos a anunciar a Boa Nova até aos confins do mundo (Mt 28,16-20). Inicia-se assim a grande arrancada de uma Igreja Missionária. O livro dos Atos dos Apóstolos, proclamado ao longo do Tempo Pascal, dá testemunho de uma comunidade cristã primordialmente evangelizadora. Os textos deste 5º Domingo podem ser fonte inspiradora para despertar em nós um novo dinamismo para uma Nova Evangelização no seu ardor, nos seus métodos e na sua expressão. 2. Situação histórica O Evangelho do 5º domingo da Páscoa situa-nos em Jerusalém, numa noite de quinta-feira, um dia antes da festa da Páscoa do ano 30. É proclamado o testamento de Jesus. É explicado aos discípulos como devem continuar no mundo a missão de Jesus.

2 Eram muitas as passagens do Antigo Testamento que apresentavam Israel como a videira transplantada do Egito para a Terra Prometida, tratada com amor, mas depois abandonada e queimada no fogo (SL 80,9-17), amada e cantada, mas depois entregue aos animais para que a devastassem (Is 5,1-7), guardada, regada, cuidada, mas depois pisada e queimada (Is 27,2-4; JR 2,21; Ez 19,10-14). Videira antiga, fracassada, que dá lugar à Videira nova, a verdadeira, que é Jesus. Salta à vista que a única solução para a videira brava, que é Israel, passa por uma enxertia na videira, a verdadeira, que é Jesus. (A. Couto) 3. Permanecer na videira e dar muitos frutos Jesus usa palavras simples, claras, iluminantes, e serve-se de exemplos quotidianos para nos revelar a imensa beleza da vida divina que parte do Pai, passa pelo coração do Filho e chega até nós para dar fruto, como a seiva na videira. Jesus diz-nos que nós somos a Sua vinha: Ele é a videira e nós somos os ramos prontos a dar o vinho da Sua alegria! Todos existimos pelo mesmo amor que irriga a todos. Eu sou a videira, vós sois os ramos. Maravilhosa vida interior que nos coloca entre Deus e os outros, nesta relação e circulação íntima. Misteriosamente, desde as raízes do mundo, através do tronco dos séculos, Deus chega a todos os ramos, como potência e energia, como milagre que faz desabrochar o amor, qual néctar delicioso e perfumado que inebria a existência. 4. Dar muito fruto é ser glória de Deus Jesus continua a oferecer ao mundo e aos homens os Seus frutos e fá-lo através dos Seus discípulos.

3 Jesus não criou um gueto fechado mas criou uma comunidade aberta para testemunhar o amor e a salvação e a glória de Deus. A glória de Deus reside nos pequenos ramos, capazes de uma riqueza de cachos amadurecidos pelo sol e de bagos de mel. A Sua glória é dar muito fruto como se a nossa única vocação fosse a fecundidade. Não interessam a Deus os números dos defeitos ou dos pecados, mas sim os cestos cheios de fruta, os cabazes de alegria e de brilho, os açafates de pão partilhado e de lágrimas enxugadas, os cestos de palavras e de gestos que alimentam a vida de doce sabor! Deus gloria-se na fecundidade de frutos novos e de gestos de esperança que antes não existiam, enaltece-se na criatividade de encontros e de sorrisos que podam solidões e desânimos, glorifica-se na entrega de Si mesmo que sacia anseios e fomes. O sonho de Deus, bem como a nossa felicidade, não é a poda ou o desbaste, mas é o fruto abundante e multiplicado, a dilatação de mais vida, a participação na seiva vital divina, deixando circular nas nossas veias a linfa da vida de Cristo. Dar fruto é sentir, no nosso coração, o pulsar do amor de Deus, até podermos dizer: já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim (S. Paulo) (Semente do Evangelho). 1 Jo 3, Segunda Leitura O maior fruto é o ágape. Acreditar e amar. «Ágape» é uma palavra grega que apela para o amor mais sublime, o amor que leva a amar à maneira de Deus: «Deus é maior que o nosso coração».

4 O amor de Deus não destrói ninguém; respeita o outro, deixa o outro ser outro. João mais uma vez está preocupado em fornecer critérios objetivos para verificar a autenticidade do percurso de fé da sua comunidade. A oração que brota de um coração renovado e que vive em conformidade com os Mandamentos do Senhor, desejando cumprir o que Lhe agrada, tem a certeza de ser acolhida e atendida. Só no amor é que o homem encontra finalmente a si mesmo e dá sentido à sua vida. Act 9, Contou-lhes como, no caminho, tinha visto o Senhor Depois do encontro com Cristo na estrada de Damasco, Paulo é introduzido na comunidade de Jerusalém por Barnabé. Vencidas as perplexidades dos cristãos ainda receosos, ele começa o seu ministério de anunciador do Evangelho, experimentando logo incompreensões e hostilidades da parte dos judeus de língua grega. Não obstante as dificuldades, a caminhada da Igreja não para; pelo contrário, repleta da presença do Espírito, a comunidade cristã cresce e espalha-se. 7.Os dois amores da Beata Alexandrina (Santa de Balazar). Alguns meses antes de morrer, Nossa Senhora confiou-lhe esta missão: Fala às almas! Fala da Eucaristia! Fala-lhes do Rosário! Que se alimentem do Corpo de Cristo, da oração e do meu Rosario todos os dias (1955).

5 Alexandrina aceita o convite de Jesus e começa a fazer de si mesma e da sua vida um dom contínuo ao Senhor através do Coração Imaculado de Maria para reparar o abandono de Jesus nos Tabernáculos e para a salvação das almas. Amar, sofrer, reparar é o programa da sua vida espiritual. Minha filha, luz e estrela eucarística, tu serás para o mundo o que outrora fui Eu e continuo a ser. Fui Redentor, morri para dar o Céu às almas, fiz-me o alimento das mesmas. Criei-te para de tal forma te assemelhar a Mim. 8. Dia da mãe Homenagem dos filhos. Canção O teu rosto mãe. O teu rosto mãe, dá-me esperança. O teu rosto mãe é de uma santa. Ainda que o espaço nos separe, ainda que a vida se acabe! Ainda que eu de ti me afaste, ainda que o perigo me persiga! Ainda que de mim maldigam, ainda que eu me veja perdido! És mãe sempre mãe, és mãe minha mãe!... (Disco Fogo de Deus)

6 Seiva divina Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor... Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós... Experiência, mistério, proximidade, Fecundo rio até à eternidade, Ardor de poeta pela divina flor, Caule de videira ardente de amor. Eu sou a videira, vós os ramos; Segredo nas mãos de agricultor. Minhas raízes, arcos de catedral, Troncos de séculos do meu Redentor. Minha cepa, agarra a Palavra, A seiva, dádiva celeste numa só voz; O Espírito nos dons que descem E enriquecem, perfumados, todos nós. Habitar n Ele e a Ele dar-lhe glória, Permanecer a repartir pão e alegria. Chão serei, porta, janela e terraço, Tentação, luta, agitação e fracasso. Mimado pelo sopro de Deus, Tecido de húmus, de humildade. Ao permanecer o rosto do homem beija, Sopro nas narinas, nova vida almeja. A Bíblia não ensina como vai o céu, Tão pouco como se vai para o céu; Simplesmente como vem o céu A mim, ao meu jardim, ao meu céu.

7 Permanecer em Jesus é levar Sua cruz; Permanecer em Jesus é amar tanto; Permanecer em Jesus é sentir Sua luz; Permanecer em Jesus é ser santo. Minha mãe de maio, Senhora encantada, Por Deus criada minha divina rosa; Ai que saudades tenho daquelas flores Que em pequenino lançava aos teus andores. Melodia da videira, ó Mãe, eu serei; Em gotas de seiva me transformarei; Cantos, serenatas te inventarei, Loas para Ti eternamente cantarei. Jesus, outra vez me lava os pés e a alma, Modela meu corpo que há tanto dura, No horizonte deixo meu mundo de encantos, Para em Deus descansar com a alma pura. J. Rocha Monteiro in Palavra ardente