NOTA TÉCNICA N.º 01 /DMSC/DSST/SIT Brasília, 14 de janeiro de 2005.
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- Amadeu Sabrosa Ribas
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1 NOTA TÉCNICA N.º 01 /DMSC/DSST/SIT Brasília, 14 de janeiro de ASSUNTO: Médico do Trabalho. Definição. INTERESSADO: Associação Nacional de Medicina do Trabalho - ANAMT EMENTA: Médico do Trabalho. NR 04. Curso de especialização em medicina do trabalho. Resoluções 1.634/02 e 1.666/03 do Conselho Federal de Medicina. Competência do conselho profissional para editar normas relativas aos requisitos necessários ao exercício da profissão. A definição de médico do trabalho posta na NR 04 apenas preserva sua eficácia se interpretada estritamente e compatibilizada com as resoluções retro citadas; de modo a que se compreenda que o certificado do curso de especialização a que alude é aquele que concede ao portador o status de especialista em medicina do trabalho. 1. Considerações Iniciais A Associação Nacional de Medicina do Trabalho ANAMT encaminhou expediente ao Senhor Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho DSST, em que formula pleito no sentido de que o Ministério do Trabalho e Emprego abstenha-se de definir médico do trabalho em seus atos
2 regulamentadores. Para tanto, argumenta que essa atribuição pertence hoje ao Conselho Federal de Medicina, à Associação Médica Brasileira e, no caso específico da medicina do trabalho, também à Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT). A ANAMT acrescenta que os requisitos para a caracterização do especialista em medicina do trabalho foram definidos, ao lado de outras 55 especialidades médicas, nas Resoluções e do Conselho Federal de Medicina CFM (anexas ao expediente). Assinala ainda a necessidade de eliminar-se a distorção histórica que insiste em confundir médico do trabalho e especialista em medicina do trabalho, haja vista o fato de que pessoas e entidades de forma inescrupulosa têm tirado proveito da confusão entre os dois conceitos para auferir vantagens econômicas a partir da oferta de cursos de formação rápida (360 horas ou um pouco mais) de médicos do trabalho, tomando como fundamento legal a previsão que consta no item b. da Norma Regulamentadora NR Análise expediente da ANAMT: Inicialmente, cumpre transcrever o item b da NR 04, referido no Para fins desta NR, as empresas obrigadas a constituir Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
3 deverão exigir dos profissionais que os integram comprovação de que satisfazem os seguintes requisitos: (...) b) médico do trabalho - médico portador de certificado de conclusão de curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de certificado de residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em Medicina; Para que possamos melhor delimitar a questão, é preciso que tenhamos em mente alguns fatores que justificaram a edição do conceito prescrito na NR 04. De plano, cabe recordar que, à época da edição da referida norma regulamentadora, não havia uma normativa específica dos conselhos profissionais de medicina acerca da especialidade em medicina do trabalho, isto é, o então Ministério do Trabalho jamais pretendeu instaurar uma dualidade conceitual. Em segundo lugar, a fixação de requisitos para que um médico pudesse então assumir a função de médico do trabalho no SESMT tinha por fundamento o interesse público de que esse profissional pudesse ter a formação necessária para o desempenho de suas atribuições. Portanto, ao estabelecer requisitos a serem atendidos para ocupar a função de médico do trabalho no SESMT, não se pode afirmar que o Ministério do Trabalho tenha criado um conceito concorrente ou paralelo àquele que,
4 posteriormente, surgiu por intermédio do Conselho Federal de Medicina CFM. Ao contrário, a racionalidade da NR 04 é a de uma cautela no interesse público, ou seja, fixar requisitos cuja sobrevida futura certamente dependeria de sua compatibilização com a normativa posterior editada pelo respectivo conselho profissional. Aliás, não nos parece haver dúvidas de que o Conselho Federal de Medicina CFM possui competência para tanto, uma vez que lhe cabe zelar e fiscalizar pela ética e pelo bom exercício profissional, podendo editar normas que tornem mais seguro e criterioso o exercício da profissão. Nesse sentido, na medida em que a Medicina do Trabalho foi reconhecido com uma especialidade (item 27 do Anexo II da Resolução n.º 1.634/2002 do Conselho Federal de Medicina), não nos parece possível advogar a tese de que seja possível admitir-se médico do trabalho com curso de especialização em medicina do trabalho (NR 04) fora dos parâmetros ditados pelo conselho profissional. Note que o referido anexo da resolução citada foi objeto de extenso e meritório trabalho realizado por uma Comissão Mista de Especialidades formada pelo Conselho Federal de Medicina, pela Associação Médica Brasileira e pela Comissão Nacional de Residência Médica. Acresça-se a isso o fato de que o artigo 4º da Resolução 1.634/02 é absolutamente claro ao determinar que a vinculação do médico com a especialidade apenas poderá ser admitida quando o título ou certificado for reconhecido e registrado no Conselho Regional de Medicina. Vejamos:
5 Art. 4º O médico só poderá declarar vinculação com especialidade ou área de atuação quando for possuidor do título ou certificado a ele correspondente, devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina. A Resolução n.º 1.666/03 altera a redação do Anexo II da Resolução n.º 1.634/02 e estabelece na alínea f do item 1 (Normas Orientadoras e Reguladoras) que toda especialidade médica terá, no mínimo, dois anos de formação, tanto para a CNRM como para a AMB. Desse modo, a titulação especialista em medicina do trabalho exigirá em qualquer caso, 2 anos de formação, sem prejuízo das demais exigências dos órgãos reguladores da profissão. Restaria, por fim, a questão terminológica, vale dizer, a NR 04 fala do médico do trabalho como aquele que porte certificado de curso de especialização em medicina do trabalho; ao passo que as resoluções citadas do CFM remetem à titulação de especialista do trabalho. Com o devido respeito a entendimentos diversos, entendemos que só há uma interpretação que, sob a perspectiva sistemática e teleológica, preserva a unidade e a segurança do ordenamento. A NR 04 apenas poderá ser utilizada se entendermos que o curso de especialização ali referido é aquele que confere ao médico a efetiva especialidade. Do contrário a NR 04 perderia seu efeito já desde a edição das resoluções do CFM, sob pena de que se passasse a admitir que um médico, para tratar da saúde dos trabalhadores nos SESMTs, poderia ter formação inferior à de um especialista na área, o que frustraria a abrangência da norma editada pelo conselho profissional como também seria um
6 notório absurdo, eis que o Estado exigiria um padrão inferior ao ditado pelo conselho para tratar da saúde dos trabalhadores. Em face do exposto, concluímos que a NR 04, sem prejuízo de que venha a ser futuramente revogada, apenas preserva sua eficácia se interpretada estritamente de modo a compatibilizar-se com as normas reguladoras editadas pelo Conselho Federal de Medicina, ou seja, que certificação ali exigida seja aquela que confere ao seu portador o status de especialista. Daniel de Matos Sampaio Chagas Auditor-Fiscal do Trabalho
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