ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO CONSULTORIA

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1 PARECER Nº A PARCELA RELATIVA A ADICIONAL NOTURNO INCORPORADA AO VENCIMENTO DO SERVIDOR EXTRANUMERÁRIO INTEGRANTE DO QUADRO ESPECIAL COMPOSTO DOS SERVIDORES DA EXTINTA CAIXA ECONÔMICA ESTADUAL É HÁBIL PARA O CÁLCULO DAS FÉRIAS. Requerimento formulado por servidor da extinta Caixa Econômica Estadual em que postula a inclusão do adicional noturno incorporado na base de cálculo das férias e o pagamento das respectivas diferenças relativas a 2007 e 2008, no seu entender e em razão da circunstância apontada, lhe creditadas em patamar inferior ao efetivamente devido motiva esta consulta. Diz o servidor que obteve, ainda ao tempo em que existia a Caixa, a incorporação a seus estipêndios da parcela correspondente ao adicional noturno que percebera com habitualidade por período superior a dois anos, tempo suficiente, na forma da orientação daquela autarquia, para a agregação remuneratória.

2 Todavia, segundo apurou, a remuneração de férias não lhe estava sendo creditada da forma que entende correta dado que ausente desse montante o valor correspondente ao adicional noturno incorporado. Esse equívoco ocorrera nos meses em que esteve em gozo de férias nos anos de 2007 e 2008, razão pela qual está a postular as diferenças pretéritas e, por óbvio, a correção futura. Levado a diligências o processo administrativo por iniciativa da Assessoria Jurídica de Secretaria de Administração e dos Recursos Humanos - SARH, a ele foram acostados os comprovantes de pagamento que atestam, a teor do pronunciamento daquela repartição, a ausência da parcela nos cálculos das férias. Opinando pela procedência do requerimento, por cautela se posiciona a Assessoria pela formulação de consulta, apondo três específicos questionamentos: 1º) O adicional noturno incorporado pelo servidor da extinta Caixa é passível de integrar a base de cálculo do acréscimo de 1/3 de férias? Ou seja, integra a remuneração do servidor? 2º) Se positiva a resposta anterior, deve a Administração proceder o pagamento das diferenças dos períodos pretéritos observando o prazo prescricional qüinqüenal com base em que marco inicial? A contagem deve se dar do requerimento do servidor ou da aprovação da orientação dessa Procuradoria? 3º) Por fim, sobre o eventual pagamento das diferenças deve incidir qual o padrão de atualização monetária? É o relatório. Não há controvérsia acerca da percepção ordinária e regular pelo servidor do adicional noturno incorporado, assim como

3 inexiste qualquer dúvida quanto ao fato de não se estar considerando tal parcela para o cálculo das férias e do terço constitucional, ao que se deduz da informação prestada pelo Departamento de Despesa Pública, posta à fl. 71 do processo, de cujo teor se destaca: A partir de maio de 2003, a GOI Gratificação Ordinária Incorporada e, a partir de outubro de 2003, o auxílio-rancho, passaram a compor o salário para férias, porém o adicional noturno incorporado, não. Muito bem lançada a manifestação da Assessoria Jurídica da Secretaria, com a qual compartilho, especialmente quando se sustenta no Parecer n.º 13895, de 9 março de 2004, de autoria da Procuradora do Estado ADRIANA MARIA NEUMANN: Contudo, embora a regra geral a ser observada seja a da não inclusão do auxílio-rancho na base de cálculo das demais vantagens, de modo que não integra o cálculo de vantagens como triênios, gratificação adicional, gratificação por serviço extraordinário, gratificação por exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas e gratificação por serviço noturno, necessário registrar que o 13o vencimento e as férias merecem tratamento distinto. E isto porque a base de cálculo do 13º vencimento, por força do disposto nos artigos 39, 3º c/c o art. 7º, VIII, da Constituição Federal e 104 da Lei Complementar n.º /94, é a remuneração integral devida no mês de dezembro, enquanto a remuneração de férias, que compõe a base de cálculo do acréscimo constitucional de 1/3 e do abono pecuniário (art. 41 do quadro de carreira), é composta de todas as vantagens [remuneratórias] inerentes ao cargo, como previsto nos artigos 68 e 69 da Lei Complementar n.º /94 e art. 39, 3º c/c o art. 7º, XVII, da Constituição Federal, cujas normas prevalecem sobre as normas internas da extinta autarquia regulamentadoras do auxílio-rancho. Desse modo, pois, o auxílio-rancho integra a base de

4 cálculo das férias e do 13º vencimento. Em relação à gratificação ordinária incorporada, cumpre observar que também constitui espécie de gratificação e, como tal, integrante da remuneração dos servidores do Quadro Especial, apta a integrar, pelas mesmas razões antes expostas, a base de cálculo da remuneração de férias e, por conseguinte, do acréscimo constitucional de 1/3 e do abono pecuniário. Contudo, em face do disposto no artigo 37, XIV, da Constituição Federal, não pode compor a base de cálculo da gratificação por serviços extraordinários (horas extras). A parcela integrada à remuneração mensal do servidor deve servir como base de incidência para a contribuição previdenciária e também por isso não pode ser excluída do cálculo das férias e de seu terço constitucional, inexistindo fundamento para que se o desconsidere do conceito de remuneração. Por isso, há que ser aproveitada a porção vencimental correspondente ao adicional noturno que é percebido sob a qualidade incorporada para o cálculo das férias a que fizer jus o servidor, resguardadas e valorizadas, em todas as hipóteses análogas, as nuances que outras situações funcionais possam conter. concluo: Relativamente ao questionamento, portanto, deduzo e a) o adicional noturno incorporado percebido pelo servidor requerente deve ser considerado para o cálculo de férias e do terço de férias; b) a prescrição é a quinquenal mas, no caso, esse aspecto é irrelevante, dado que o próprio servidor limita seu pedido às férias fruídas em 2007 e 2008;

5 c) a atualização deve obedecer ao critério utilizado pelo Estado para o atendimento de diferenças salariais, posto no artigo 36 da Constituição Estadual. É o Parecer. Porto Alegre, 2 de julho de 2009 LEANDRO AUGUSTO NICOLA DE SAMPAIO, PROCURADOR DO ESTADO. Processo Administrativo n

6 Processo nº /08-0 Acolho as conclusões do PARECER nº , da Procuradoria de Pessoal, de autoria do Procurador do Estado Doutor LEANDRO AUGUSTO NICOLA DE SAMPAIO. Restitua-se o expediente à Secretaria da Administração e dos Recursos Humanos. Em 15 de dezembro de Eliana Soledade Graeff Martins, Procuradora-Geral do Estado.