Londres. Amor & Ódio. O que precisei deixar para trás e o que precisei fazer para conseguir entrar na Inglaterra A verdade nua e crua sem cortes!

Transcrição

1 Londres Amor & Ódio O que precisei deixar para trás e o que precisei fazer para conseguir entrar na Inglaterra A verdade nua e crua sem cortes!

2 Encontre seu guia sobre dia-a-dia em Londres, que inclui: empregos, estudos, transportes; como funcionam os benefícios e muito mais. Londres, janeiro de ª Edição [ 2 ]

3 Eclezio MF 2014 por Eclezio MF Design da Capa Zelalem Bekele Londres Revisão Rivaldo Cândido Brazil Web Design Eclezio Mendes Londres Título: Londres: Amor e Ódio Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito do autor e/ou editores. 156 páginas Formato: 14 x 21 cm Escritório de Direitos Autorais (EDA) nº ISBN: a retirar [ 3 ]

4 Visite nosso site: Facebook: Contato: INTRODUÇÃO Este livro descreve minha trajetória desde a preparação para deixar o Brasil, os problemas enfrentados, venda dos meus pertences, viajar para Londres, problemas na imigração londrina, como sobreviví no país, meu 1º emprego, como encontrei minha alma gêmea, nosso casamento, mudança para a Hungria, nascimento do nosso filho, retornos para Londres, desemprego de sete meses e até os dias de hoje, 2014 em Londres. Este livro será seu guia de dicas em Londres! Saibam as vantagens e desvantagens de morar aqui, e de estar longe do Brasil, da língua portuguesa, e da profissão. Leia sobre as roubadas de amigos e empregadores que enfrentei por aqui; a verdade e mentiras sobre Londres, vida em Londres, como estudei e trabalhei aqui, [ 4 ]

5 locais exóticos e diferentes que visitei tais como balada straight and GLS. A outra parte do livro é um manual de sobrevivência em Londres, que cobre: locais para visita, custo de vida, passeios, viajens, trabalho dentre outros assuntos. Por favor, pegue seu café, sente relaxadamente, leia, comente, critique, e se delicie com as histórias verídicas aqui contadas. Eclezio Dedicatória Dedico este livro, primeiramente, à minha esposa Cecilia e sua família que sempre nos ajudaram na Hungria. Também agradeço à minha família do Brasil que e aos meus amigos, pois eles sempre estiveram comigo nos momentos alegres e difíceis desta trajetória, seja com suas orações ou com pensamentos positivos. [ 5 ]

6 Também ofereço esta dedicatória para os meus amigos do meu bairro de origem, amigos da faculdade Oswaldo Cruz, amigos da Embratel, à S.R.G. em especial que sempre esteve ao meu lado nos momentos árduos da vida em São Paulo e a todos aqueles que me ajudaram um dia ou continuam a me ajudar. ÍNDICE CAPITULO O PONTAPÉ INICIAL... 9 CAPÍTULO POR ONDE TUDO COMEÇOU LONDRES, NOVO PROJETO DE VIDA CAPÍTULO SÃO PAULO A PONTE DO BRASIL PARA INGLATERRA E HUNGRIA CAPÍTULO VENDENDO TUDO [ 6 ]

7 CAPÍTULO O QUE TIVE QUE SABER PARA PASSAR PELA TEMIDA IMIGRAÇÃO INGLESA CAPÍTULO SAÍ DO BRASIL SEM FALAR NADA PARA QUASE NINGUÉM CAPÍTULO CHEGADA À TEMIDA IMIGRAÇÃO INGLESA! CAPÍTULO DEPOIS DA INTERROGAÇÃO VEM A REVISTA DA MINHA MALA! CAPÍTULO NO METRÔ DE LONDRES CHEGANDO À NOVA CASA CAPÍTULO CONVIVÊNCIA COM ESTRANHOS NA MESMA CASA CAPÍTULO O PRIMEIRO EMPREGO CAPÍTULO SORTE OU DESTINO? O 2º E EMPREGO DEFINITIVO CAPÍTULO FAZENDO BICOS PARA PODER ME MANTER CAPÍTULO ENCONTREI MINHA ALMA GÊMEA CAPÍTULO QUERIA DEIXAR LONDRES CAPÍTULO MUDANDO PARA A HUNGRIA [ 7 ]

8 CAPITULO CHEGADA À HUNGRIA E O NASCIMENTO DE NOSSO FILHO CAPÍTULO DIA-A-DIA NA HUNGRIA TRABALHAR E ESTUDAR NA HUNGRIA CAPÍTULO RETORNO A LONDRES CAPÍTULO MEU DESEMPREGO POR OITO MESES HOJE EM DIA (2014) PLANOS PARA 2014 OU GUIA DE TURISMO E SOBREVIVÊNCIA EM LONDRES BALADAS IR ÀS COMPRAS SOBREVIVÊNCIA EM LONDRES DIRIGINDO EM LONDRES DOCUMENTOS EMPREGO LONDRES É SEGURA? SAÚDE CUIDADOS! MORADIA EM LONDRES [ 8 ]

9 CAPITULO 1 O PONTAPÉ INICIAL O meu desejo incontrolável de sair do Brasil nasceu logo após eu ter iniciado o curso de inglês na Wizard Idiomas, o que faz sentido porque eu passei a olhar mais para a cultura inglêsa/americana de uma forma [ 9 ]

10 diferenciada; as fotos destes locais, revistas, guias de viagem e outros fizeram despertar o desejo de me aventurar em terras estrangeiras. Um outro motivo (e engraçado) foi na época em que eu trabalhava como Customer Service (atendimento técnico e comercial coorporativo na Embratel) que eu tive que ligar para o diretor de uma empresa multinacional, mas essa pessoa era um norte-americano que não falava português, foi então que seu funcionário entrou em linha e perguntou a mim com um tom bastante sarcástico: - Ei você!? Meu chefe não é brasileiro, você fala inglês? ; e eu lhe respondí com humildade: - Não. Desculpe, mas eu infelizmente não falo. Então ele me respondeu: - Mas saiba que eu falo!!! A forma como ele me respondeu não foi das melhores, mas é a vida, e considero que ele teve sorte, pois ele já falava inglês naquela época que já era um diferencial na procura de um cargo melhor. Esse incidente me deixou com muito triste e acho que com raiva porém eu tirei esse incidente como uma catapulta que me impulsionou mais ainda para aprender o inglês. Logicamente que eu também sabia que ter fluência na língua inglêsa era ter um diferencial a mais para me [ 10 ]

11 candidatar a uma vaga de nível melhor ou pelo menos aumentar meus ganhos mensais. Mesmo naquela época falar inglês já era importante, então nem preciso citar hoje em dia, não é? E quais foram os impedimentos para poder realizar este sonho? Bem, meus pais foram os primeiros a duvidar dos meus planos, e que minha aventura seria perigosa e talvez não desse certo, porém eu não os culpo por pensarem assim, mesmo porque eles não viajaram para lugares longes em suas vidas, tanto por falta de verbas quanto por falta de tempo. Suas desconfianças eram normais porque eu era o pioneiro da família por parte da minha mãe que estava para fazer isso. Os EUA também eram um destino escolhido por mim, porém eu não conhecia ninguém que já morasse naquele país para que pudesse me ajudar com informações, dentre outros ( com exceção de duas primas minhas, a Patrícia e a Daniela) que já moravam nos EUAs por mais de 6 anos, porém nós não tínhamos mais contato desde que éramos crianças. Eu escolhi Londres para morar, ou creio eu, que Londres tenha me escolhido, porque eu já conhecia um amigo, o James, que morava lá há 1 ano; portanto, ficaria [ 11 ]

12 mais seguro para eu ir a Londres com certeza. E foi em Londres que tudo aconteceu comigo, foi aqui que eu aprendí a conviver com pessoas de comportamento extranho na mesma casa, a dividir o quarto, o banheiro, viver com pessoas de outros países e culturas, foi aqui onde adquirí experiência internacional, absorví a cultura, aprendí a língua, fiz muita amizade, aproveitei bastante da noitada londrina, amei, odiei e onde eu construí minha linda família. E porque eu não fui para onde país como por exemplo a Austrália? Bom, porque ela fica muito distante, pois eu não gostaria de morar tão longe ou tão isolado, quero dizer, se comparada à Europa você está cercado por diversos países e poderá viajar de país em país gastando pouquíssimo; você poderá ir de trêm, ônibus ou tomar um avião que o levará por apenas 2 horas e meia para alcançar seu destino. CAPÍTULO 2 [ 12 ]

13 POR ONDE TUDO COMEÇOU LONDRES, NOVO PROJETO DE VIDA. Vamos iniciar com a explicação da frase: "Brasileiro não desiste nunca!. Eu sempre fui muito esforçado para conseguir alcançar os meus objetivos, e sempre fui apaixonado pela língua inglesa; por tal razão que eu me matriculei em um curso de inglês na escola de idiomas com ênfase em conversação, chamada Wizard. Fiquei muito satisfeito por ter tido a chance de investir em mim, mas a felicidade estava prestes a terminar, pois como todos sabem a vida do trabalhador não é fácil em muitos países e logicamente que a do brasileiro não é nem um pouco fácil, principalmente se comparada com a do europeu. Nós, no Brasil, trabalhamos em tempo integral, fazemos faculdade das 19h às 22h50 de segunda a sexta-feira, e com isso só sobram os finais de semana para cursar um curso extracurricular, ou um de idioma. Entretanto, vale lembrar: de que na Europa se estuda apenas dois dias integralmente, ou todos os dias em meio período. [ 13 ]

14 Infelizmente, por não ter muito tempo e por falta de dinheiro, eu fui obrigado a trancar o curso de inglês no segundo semestre. Não pensem que eu desistí ou abrí mão dos meus projetos! Não, não, não! Eu apenas os coloquei em "stand by for a while". Sabiam que existe uma frase para descrever os brasileiros no exterior? Sim. Alguns pessoas dizem: "Brasileiro nunca desiste!", e foi com essa garra, determinação, jogo de cintura e flexibilidade da minha cultura encarnada na minha essência, que não permitiu que eu desistisse do inglês, mesmo sabendo que eu não dispunha de verbas para bancar um curso de 2,5 anos no Brasil, quem diria na Europa! Para não perder contato com a lingua, eu tive a ousadia de pedir a uma pessoa na escola, para me emprestar os seus cinco livros do curso completo, para que eu pudesse tirar cópias e estudar em casa por mim mesmo. Foi com essa ousadia que eu estudei "on my own", mesmo sem ter a noção se a minha pronúncia estava correta ou não. Uma outra forma que encontrei para tentar aprender inglês a qualquer custo foi tentar praticar o idioma nos fins de [ 14 ]

15 semana com meu amiguíssimo Luciano Aparecido que com certeza ele foi uma pessoa que realmente me aconselhou muito, me apoiou nos meus projetos em torno da lingua e com quem eu trocava cartas em inglês para não perder contato com a lingua. Sua ajuda foi imensurável para que eu não abandonasse meu sonho de ir para o exterior e aprender inglês. Então, no ano de 2001, já não aguentava mais o meu trabalho na antiga Cosipa (hoje Usiminas), pois, em meu íntimo, sentia que não me levaria a patamar nenhum, via que não me oferecia nenhum desafio. Diante de tal reflexão, tomei a iniciativa de ir ao RH da empresa, e pedí a eles que me mandassem embora. E eles assim o fizeram. Isso me possibilitou ter verba para fazer algo no futuro, já que eles pagaram todos os meus direitos. Morar em São Paulo sempre foi o meu foco, porque eu sabia que lá eu teria mais desafios e melhores ganhos, e também porque aquela imensa e vibrante cidade me ofereceria uma vida mais estabilizada. [ 15 ]

16 Eu saí da Siderúrgica, localizada em Cubatão, que eu trabalhava há cinco anos, juntei minhas coisas e me mudei para São Paulo sem ter nada em vista, sem ter trabalho. Contudo, acreditava que tudo daria certo. Se eu não arriscasse, eu não teria tido a chance de estar em Londres até hoje. Claro que, no ano de 2001 eu não me mudei sozinho para São Paulo mas tive o apoio de uma pessoa importante, inteligente, de coração bondoso, a S.R.G. que já estava ao meu lado por muito tempo, e também não posso deixar de mencionar as pessoas que cruzaram o meu caminho naquela época e que me ajudaram com moradia, conselhos e suporte (não citarei nomes de pessoas para manter a privacidade de cada um). Em termos de estudo, eu já estudava eletrônica na Escola Federal de Cubatão a CEFET-SP; porém, eu pedí transferência para a Federal de São Paulo, e ingressei no curso de Telecomunicações que se encontrava em seus melhores momentos. Por causa desta mudança de curso, é que a ponte Brasil-Inglaterra começara a ser construída. [ 16 ]

17 Para ser honesto, eu não me julgo uma pessoa de sorte, mas uma pessoa ousada, e que sempre chuta a bola prá ver no que dá, e dessa forma eu tenho vencido alguns desafios colocados pela vida em minha caminhada. [ 17 ]

18 CAPÍTULO 3 SÃO PAULO A PONTE DO BRASIL PARA INGLATERRA E HUNGRIA Estágio na Embratel No ano de 2001, já no curso de Telecom, eu sonhava humildemente, pelo menos, entrar em alguma empresinha de telecomunicação; para então, quem sabe, tentar a Telefônica para que eu finalmente pudesse alcançar um emprego na "tão sonhada Embratel" que era a empresa TOP na época na área das telecomunicações. Mas como eu costumo dizer, que: "O impossível de conseguir, é tudo aquilo que você ainda não tentou"! Na sala de aula, do 1º módulo do curso de Telecom, um funcionário da escola anunciava uma vaga de estágio na Embratel, porém, o requerimento para tal vaga era que a pessoa estivesse pelo menos no 3º módulo do curso de Telecom, porém esse não parecia o meu caso, pois eu estava ainda no 1º módulo. Entretanto, mesmo assim, eu decidí tentar, ou seja, chutar a bola e ver se sairá um gol! [ 18 ]

19 Eu praticamente corrí para perguntar ao funcionário se eu poderia me candidatar, no entanto ele tentava me desanimar dizendo que seria impossível a Embratel me escolher porque eu estava no 1º módulo, mas eu repliquei: - Posso tentar? Eu estudei dois módulos do curso de eletrônica no passado e por esta razão eu acredito que poderia ter uma chance! E eu não tenho nada a perder! Então ele olhou para mim com uma cara feia, e finalmente colocou a folha de candidatura em minhas mãos. Depois desse dia, apenas uma semana se passou para que a Embratel me chamasse para participar da entrevista junto com mais três candidatos. Tudo foi muito rápido, eu recebí a resposta no mesmo dia quando me disseram que a vaga era minha! A felicidade foi tão imensa que eu gritei ao telefone: - Obrigado! Só não chorei porque me faltaram lágrimas. A vaga era para o despacho que tinha como supervisor o Alex que até hoje é um grande amigo. Depois do Alex o Eduardo passou a ocupar o cargo e posso dizer para os 4 cantos do mundo que eles foram os melhores chefes que eu já tive na minha vida profissional. Mesmo na Hungria e [ 19 ]

20 Inglaterra eu não tive chefes como eles. Aqui ficam meus parabéns para eles. Depois de estagiar por 12 meses, eu fui efetivado por uma contratada da Embratel e passei a ocupar o cargo de supervisor junto com meus colegas Marcos José, Marcos Dias, Robson, Max, Edevaldo e outros que hoje em dia são meus melhores amigos. Depois de 12 meses eu concorrí a uma vaga no GATE (GATE era considerado a gerência de configuração de redes lógicas de alto nível da Embratel) onde eu tive a honra de trabalhar com pessoas inteligentes, cordiais e que me ajudaram em momentos difíceis como o Marcos Pires, Kléber, Ana Paula, Márcio, Kênia, Fabiano Lopes, Willian Pedroso dentre outros. Depois de trabalhar no Gate eu me candidatei a uma vaga para CS (Customer Service) com experiência técnica, que logo após me permitiu adquirir experiência comercial, que sem saber, essa experiência me ajudaria a arranjar um emprego na Hungria e mais tarde em Londres. Eu havia ficado tão feliz, mas tão feliz com esta conquista que eu já planejava ficar na empresa por muitos anos e, se possível, fazer carreira. Mas, só Deus sabe do futuro que para nós é incerto. [ 20 ]

21 Telmex compra a Embratel e demite 100+ Minha alegria durou apenas sete meses; porque, infelizmente, a Embratel anunciou sua venda à Mexicana Telmex que anunciou "adaptação gentil de cortes de gastos" que pôs fim a minha expectativa, eu fui jogado no vala da demissão em massa onde mais de 100 pessoas foram demitidas. Na sala do RH Recursos Humanos verdadeiramente falando, eu me sentí como um animal na fila do matadouro, esperando a minha vez para ser cortado. Todas as pessoas estavam com seus papéis nas mãos só esperando a hora de entrar na sala e dizer adeus à Embratel, pois eu não desejo isso nem para meu pior inimigo. Demissão da Embratel, trampolim para Londres Depois de deixar a Embratel, eu tentei arranjar outro bom trabalho, o que não era fácil em Mas se fosse hoje em dia, ano de 2014, acredito que eu teria conseguido. Infelizmente ou felizmente eu posso dizer que eu não conseguira achar outro emprego que pagasse o mesmo salário de R$ 2.200,00 (com benefícios). Mas, ao [ 21 ]

22 contrário, eu recebia propostas de emprego que queriam me pagar R$ 520,00 (eu procurei trabalho como músico, customer service, eletricista, técnico, dentre outros). Convite para me mudar para Londres (início das roubadas e da alegria) Naquela época, eu já tinha um amigo James, que havia se mudado para Londres há 8 meses, e nós mantínhamos contato de vez em quando por telefone, e toda vez que nos falávamos, eu pensava comigo: - Ahh! Ele está lá! Ah se ele me convidasse... Era véspera de Natal, quando eu resolví ligar para ele e desejar-lhe Feliz Natal. Ele ficou tão feliz com a minha ligação que meu amigo perguntou se eu não queria ir pra Londres, e eu respondí: - Claro! Você está perguntando se defunto quer caixão!?" (esta expressão é da minha mãe rsrsrsrrs). Ele ainda ofereceu ajuda com informações, ajuda com a matrícula do curso de inglês, moradia, dentre outros e assim que eu estivesse empregado, pagaria de volta o valor gasto. Fica aqui registrado o meu eterno obrigado ao James de São Paulo. [ 22 ]

23 CAPÍTULO 4 VENDENDO TUDO Depois do convite do meu amigo, logicamente que eu não hesitei, e a partir daí comecei a vender tudo que tinha, pois precisava juntar o dinheiro para a passagem e a minha estadia em Londres. Note que em 2005, não era tão fácil viajar para o exterior como hoje em dia porque a libra estava valendo cinco vezes mais o valor do Real, e o Brasil não estava tão bem como hoje em dia, o que facilita e muito a saída de brasileiros para o exterior. Naquela época brasileiro era discriminado na entrada do país no setor de imigração e muitos deles eram deportados por motivos injustos. O único dinheiro que eu tinha estava investido em um Corsa (que por sinal comprei com muito, muito esforço na época). Como a libra estava altíssima em 2005, isso tornava a viagem para a Europa caríssima, e uma dor de cabeça terrível porque eu teria que mostrar à imigração [ 23 ]

24 que eu tinha fundos suficientes para me manter, pois eu precisaria entrar com pelo menos 1,500 em dinheiro + passagem + cartão de crédito com um limite alto no cartão de crédito, mostrar provas que ainda teria laços com Brasil etc... etc... Mais isso e aquilo... Imagine você pegar R$ ,00 e ver se transformar em apenas 3.260,00. Parece muito? Não, não é. Esse valor era suficiente para eu me manter por três ou seis meses apenas, e isso se eu tivesse a sorte de encontrar pelo menos um trabalho de faxineiro no início. Naquela época quem vinha à Londres tinha que mentir ou otimir um pouco para poder driblar a imigração, senão a probabilidade de ser deportado era alta. [ 24 ]

25 CAPÍTULO 5 O QUE TIVE QUE SABER PARA PASSAR PELA TEMIDA IMIGRAÇÃO INGLESA Ir a Londres significa: Obter muita, mas muita informação para não ser deportado! Antes de vir a Londres, eu fui alertado por muita gente e por sites de informação de que eu deveria obter muita, mas muitas informações para que fosse evitado qualquer tipo de constrangimento na imigração, para não voltar ao Brasil com vergonha e sem dinheiro. Há muito casos de pessoas que prepararam tudo, venderam tudo, fizeram uma festa de qualidade e robusta para celebrar a despedida com seus amigos e familiares no Brasil, para então viajar para Londres, porém, no aeroporto essas mesmas pessoas tiveram a entrada recusada e perderam tudo que investiram, e passaram [ 25 ]

26 vergonha no seu retorno à terra natal, e eu obviamente queria evitar isso para mim. A primeira etapa, eu teria que ser liberado pelos oficiais de imigração, considerados a "barreira de fogo" do país (no aeroporto de Heathrow), mas mesmo assim, eu ainda teria o risco de que eles pudessem fazer mais perguntas na hora da checagem da mala (eles poderiam não gostar de algo, e então me mandar de volta). Dica postadas na internet me ajudou a passar pela imigração Muitos sites oferecem muita informação para ajudar as pessoas a terem respostas na ponta da língua para poder responder com coerência aos oficiais, e mostrar claramente que você é um turista ou estudante, e que você não tem intenção de trabalhar no país (se for o caso). Eu obtive muita informação do tipo: quanto dinheiro deveria levar; o que deveria falar na hora (apesar de não falar NADA de inglês na época); o que levar na mala e o que não levar; o que fazer assim que chegasse à "cidade maravilhosa"; quais documentos eu deveria lhes mostrar, para que fosse provado que eu ainda possuia laços com o Brasil, e que não ficaria além do tempo [ 26 ]

27 permitido por eles (visto de seis meses ou um ano para estudante) e etc. Obter toda essa informação eu sabia que isso consumiria muito tempo e dinheiro, mas de outra forma eu estava ciente que essa aventura valeria a pena, afinal estava indo para Londres! Nos sites eles mencionavam que seria "de boas práticas" se você tivesse um guia de Londres em mãos (seja um livro contando as experiências de alguém ou um guia sobre Londres) uma máquina fotográfica, e mostrasse sempre um sorriso no rosto para disfarçar o medo na hora da interrogação, pois isso já seria um motivo para eles desconfiarem de você. Eu fui obrigado a utilizar o jeitinho brasileiro para vencer Em junho de 2005, eu já estava munido de todos os documentos necessários, para provar que eu dispunha de fundos para me manter, e para provar que eu ainda teria ligações com o Brasil e que eu não iria trabalhar no país (o visto de estudante permitia trabalhar 20 horas por semana, mas eles preferem que você não trabalhe). [ 27 ]

28 Existem duas formas de entrar em certos países, que são: ou você tem dinheiro para bancar uma viagem cara, ou você mente ou omite um pouco para poder ser aceito (pelo menos no passado porque hoje em dia a imigração abre os portões para pessoas de países que estão bem de saúde financeira que não era o caso do Brasil em 2005). Para poder passar pela imigração eu teria que ter os documentos e dinheiro para mostrar para eles então eu vendí meu único bem, que era um carrinho Corsa para ter as libras em dinheiro, e para comprar a passagem do avião; mas para provar aos oficiais que eu ainda tinha bens no Brasil, eu simplesmente tirei uma cópia em cores do documento do carro e guardei comigo, ou seja, para eles, eu tinha um carro no Brasil. Na minha pasta de documentos eu já tinha o extrato bancário da minha conta que mostrava que eu tinha fundos no banco" porque o valor da venda do meu carro estava lá. Antes de ser demitido da Embratel, eu requisitei, ao RH da empresa, uma declaração constando que eu trabalhava lá e esta carta estava na minha pasta também. [ 28 ]