Religião, Identidade e Dominação na Síria Um conflito global e secular

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Religião, Identidade e Dominação na Síria Um conflito global e secular"

Transcrição

1 Religião, Identidade e Dominação na Síria Um conflito global e secular Melissa Bevilaqua Sampaio Contreiras Brasília, 2019.

2 Sumário 1. Introdução Erro! Indicador não definido.período colonial 3Pós-ind território 14Consequências no Presente 16Conclu 1. Introdução Para uma boa compreensão do conflito que ocorre na Síria é necessário elucidar dois pontos cruciais e nem sempre óbvios. O primeiro deles é o fato de que a Guerra na Síria começou muito antes de 2011, no sentido de que para o seu entendimento é de suma importância uma análise de sua historiografia, que expõe como se deu toda a construção do conflito. O segundo é que o que chamamos de guerra civil é, na verdade, uma guerra que envolve um Estado-nação e todos os seus segmentos, interesses político-econômicos das grandes potências mundiais, além de uma disputa de poder regional. A história da Síria permeia os caminhos de antigos impérios e civilizações. Seu território, contendo importantes rotas de comercialização, foi palco de muitos

3 acontecimentos. Presenciou os feitos de grandes impérios como o romano e o persa, estando, assim como grande parte dos territórios do Oriente Médio, sob posse do Império Turco Otomano até o fim da chamada Primeira Guerra Mundial. A origem do conflito a ser estudado encontra-se no momento em que os interesses das potências modernas passam a afetar o oriente. Após a decisão dos europeus de expandirem não só o seu mercado consumidor, mas suas áreas de exploração de recursos e mão de obra barata, as sociedades orientais se tornam vítimas do imperialismo europeu. A partir desse momento, os ocidentais colocam em prática suas estratégias de dominação, que têm como objetivo a submissão dos povos dominados à forma de organização colonial. Um exemplo dessas estratégias é a construção de uma narrativa na qual a grandiosidade do oriente está atrelada ao passado e, no momento presente, devem aceitar sua intrínseca inferioridade em relação aos europeus. Com um passado tão grandioso, o que sobra para o futuro? Segundo a lógica colonial, nada sobra. Dessa forma, muitas vezes, nem mesmo os povos subjugados acreditavam ter o que era necessário para vencer seus dominadores. A Síria não compõe a seleta parte da história europeia que os ocidentais decidiram chamar de mundial. A principal consequência disso, nos dias atuais, é o seu apagamento do cenário político internacional e do cotidiano social. Uma vez superada a antiguidade, pouco se difunde sobre o que aconteceu e vem acontecendo naquela região. Perceba que é interessante para as grandes potências que o resto do mundo não tenha entendimento do que acontece na Síria, das razões e consequências do conflito para aquele povo e para sua terra, ou seja, que não descubram a lógica de dominação por trás disso. Tal lógica caracterizou o oriente como um problema, estigmatizando seu povo, governo e ações. Um problema exige soluções e é com base nessa justificativa que até hoje as grandes potências do mundo continuam interferindo ativamente nos processos de modernização de suas antigas colônias. 2. Período colonial O período colonial criou as condições e desenhou o mapa no qual se estabelece o conflito. As fronteiras criadas pelos colonizadores através de um complexo processo de tratados, acordos e conflitos não faziam sentido para os povos que ali viviam.

4 Territórios eram fragmentados ou agrupados de acordo com os interesses europeus, ignorando por completo as questões religiosas, culturais, sociais e históricas de suas ditas colônias. Os mesmos países que ajudaram os sírios a conquistar sua independência do Império Turco Otomano, em 1916, paralelamente firmavam acordos secretos que permitiam a partilha do Oriente Médio entre as duas principais potências da época, o Reino Unido e a França. É o caso do acordo Sykes-picot, que não chegou a definir as fronteiras atuais, mas representa o espírito das ambições coloniais que permaneceu por um longo período. Assim, em 1920 a França recebe da Liga das Nações o mandato dos locais que chamamos atualmente de Líbano e Síria. Objetivando a manutenção da dominação, a política de dividir para governar foi um fator central que guiou o período colonial. Inicialmente, os franceses proporcionaram à maioria sunita do território uma maior participação política, devido ao seu caráter moderado. Com o tempo perceberam que a criação desse núcleo de poder fomentava um sentimento de nação, relembrando o projeto de criação de um grande estado árabe da época em que conquistaram sua independência do império Turco Otomano, interrompido pelo acordo Sykes-Picot. Entendendo que sua autoridade estava em risco, a França decide por dividir a área de predominância sunita nas províncias de Damasco e Aleppo. O sentimento nacionalista árabe que vinha se construindo se fortaleceu com a decisão da divisão gerando uma revolta controlada e vencida pelos franceses em Entretanto, as constantes divisões não foram capazes de alterar a organização política que se configurou, posteriormente, como uma república unificada. Cada vez mais Estados, que antes eram autônomos, eram anexados à principal entidade política, durante o longo processo de independência iniciado em meados da década de trinta. Gradualmente a França passou a reduzir sua presença militar e sua interferência nos assuntos internos. Até que em 1946 foi formalizada a independência da República da Síria. Obrigada a se inspirar em um projeto de estado francês, nasce essa nova república, cuja a sociedade é marcada pela tentativa de unificação de diversas minorias étnicas e religiosas.

5 3. Pós-independência A história política da Síria pós independência é marcada por disputas de poder, gerando uma série de golpes e contragolpes até 1971, momento em que Hafez al Assad se estabelece, também por meio de um golpe militar. Uma característica predominante em todo o Oriente Médio durante esse período foi a dificuldade em integrar a enorme diversidade que formava a população de cada país e a consequente crise de legitimidade de poder dos líderes em relação às sociedades. Assim, a Síria em um período de 35 anos contou com quase vinte presidentes ocupando o cargo mais alto do executivo. Um ideal não imperialista se sobressaiu na formação dos Estados que temiam por sua recém conquistada autonomia. Essa ideia traduzida para o cenário do mundo árabe se configurou como o movimento pan-arabista. A partir desse momento nota-se a formação de diversos partidos de cunho socialista e nacionalista no Oriente Médio, dentre eles, o partido de maior influência na Síria, o partido Baath. Os ideais socialistas juntamente com a ideia da unificação dos países de língua e civilização árabe trazia uma onda de esperança e possibilidades para a região. E foi acreditando neste instrumento transnacional de formação de uma identidade que a Síria decide se unir ao Egito ocorrendo, em 1958, a criação da República Árabe Unida. Entretanto, a RAU, sob a

6 liderança de Nasser, priorizava os interesses egípcios em detrimento das necessidades sírias. Dessa forma, em 1961, um golpe militar encabeçado pelo partido Baath, põe fim a República Árabe Unida. Poucos anos depois o partido sobe ao poder oficialmente, difundindo uma ideologia que implicava na remoção da burguesia tradicional do poder e na implementação de reformas sociais. Internamente, passam a ser pensadas políticas de distribuição igualitária de terras e no que diz respeito à política externa adotada, a Síria juntou-se na guerra contra Israel pela libertação do povo palestino. A Síria perdeu a guerra e alguns territórios para Israel, o que, mais uma vez, colocou em risco a estabilidade política do país. É então que Hafez al Assad assume o controle político da Síria. Com grande carisma, o novo presidente, sendo parte da minoria alauíta, insere em seu discurso e na vida política as diversas minorias étnicoreligiosas sírias. Somado esse apoio das minorias Hafez foi capaz de consolidar seu poder ao institucionalizar uma visão militarizada no partido Baath. O modelo de Estado que se estabeleceu veio acompanhado de uma estabilidade autoritária. A permanência de Hafez no poder por vinte e nove anos, até a data de sua morte em 2000, foi caracterizada por sua dominação dos instrumentos de poder, pela criação de uma base social ampla capaz de sustentar-lhe e a instauração de um sistema presidencial centralizado acompanhado do culto à sua personalidade. Consequentemente, sua autoridade, tornou possível converter os principais aparatos do poder estatal em instrumentos de poder pessoais. O elemento minoritário, sempre presente em seu regime, buscava a ascensão socioeconômica e política, não somente dos alauítas, mas de outras minorias próximas, como os drusos, os xiitas e os cristãos. Dessa maneira, Hafez conseguiu com que os diversos setores do poder, ressaltando aqui o exército, fossem extremamente leais a ele. Enquanto isso, cedia à maioria sunita alguns direitos a participação na vida política e econômica do país, evitando revoltas e mantendo-os sob seu controle. A constituição promulgada em 1973 e o regime parlamentarista sírio refletiam com clareza a execução da autoridade não só de Hafez al Assad, mas do Partido Baath como um todo. O parlamento unicameral possuía a maioria de suas cadeiras destinadas aos representantes da Frente Nacional de Progresso, criada pela constituição e tendo como seu principal membro o partido Baath. Pode-se concluir que os quase trinta anos do governo de Hafez foram marcados por um profundo temor da perda da estabilidade. A via desesperada escolhida pelo presidente para manter o controle foi a repressão de todos que se opunham às suas

7 políticas por meio da violência. Um dos maiores exemplos desses atos violentos foi o chamado Massacre de Hama. Em 1982, as Forças Armadas da Síria bombardearam a cidade de Hama, a fim de exterminar a campanha sunita contra o regime. Muitas decisões no âmbito econômico também foram tomadas com único objetivo de se manter a estabilidade do governo. As concessões à burguesia sunita se materializaram nas políticas que garantiam o ressurgimento do setor privado e promoviam as exportações. Entretanto, a presença de classes divergentes no país e a burocracia estatal juntamente com as medidas voltadas para o desenvolvimento econômico, fizeram surgir uma nova burguesia, dividida entre uma burguesia comercial e os aliados do regime que enriqueceram. Em contrapartida, muitos benefícios das políticas de Assad chegaram ao campo. A equalização das posses de terra, a propagação da educação e o aumento da renda rural tornaram possível um aumento da produtividade do campo. Assim, a atividade rural permaneceu, até os últimos anos de governo de Hafez como segunda principal atividade exportadora do país. Os anos 90 impulsionaram em todo o Oriente Médio uma liberação econômica. Nesse momento, a Síria se encontrava em uma situação na qual seu serviço público estava inflado e ineficiente e o setor privado estagnado devido às rígidas regulações do estado. Além disso, o país não foi capaz de estreitar suas relações internacionais. Isolado e com a economia pouco diversificada, na última década do mandato de Hafez, sua economia crescia a depender da exportação de petróleo. O setor petrolífero ocupava dois terços das exportações e quase a metade dos gastos governamentais. Depois da morte de Hafez, as elites estatais mostraram que não estavam dispostas a abrir mão do poder. Eleições foram realizadas, mas só existia uma candidatura e era proibido qualquer tipo de oposição política. Dessa forma, Bashar al Assad assume a posição de seu pai. 4. O governo de Bashar No instante em que assumiu o cargo presidencial haviam dois caminhos que poderiam ser seguidos: o de uma política reformista ou seguir as estratégias de seu pai. Formado em medicina, até então, não era conhecido por sua vocação política, mas inspirava na população síria uma sensação de que uma nova fase estava por vir. Bashar estava inclinado a reformar e modernizar diversos setores do país, nunca, entretanto, deixando de prezar pelo legado de seu pai. Seu regime pode, assim, ser caracterizado

8 como modernizador e autoritário ao mesmo tempo. Realmente muitas reformas foram realizadas, mas sem que a estrutura do regime se alterasse. Conhecia a lógica ocidental por ter morado na Grã-Bretanha e trouxe para ocupar as principais posições políticas ao seu lado técnicos formados no ocidente. Dessa forma, começou a explorar os sistemas ocidentais. Direcionou a economia para o mercado, o setor privado foi extremamente estimulado e começaram a ser realizados acordos internacionais. Todavia, alguns elementos estruturais dificultavam a entrada da Síria por completo no sistema capitalista. A corrupção e os grandes monopólios desaceleravam os processos de introdução da competição em setores importantes da economia e desestimulavam acordos econômicos internacionais. O desejo de Bashar em prol de uma liberalização da economia por um breve momento pareceu anteceder o que viria a ser uma liberalização da política. Em seus primeiros meses de governo reduziu o culto à personalidade e tomou decisões que implicavam em uma relativa abertura da mídia e em um fortalecimento da sociedade civil. Essas políticas a favor da liberdade de expressão duraram até o momento em que se intensificaram os protestos por uma democracia multipartidária. A liberalização política não se concretizou, já em 2002 o autoritarismo violento caracterizava o regime de Bashar al Assad. 5. Questões regionais O terreno já estava preparado e as condições internas formadas para o que viria a ser a Guerra na Síria. É importante que se entenda este conflito como proveniente de um sistema de ações mundiais. As relações que as novas repúblicas e reinos do Oriente Médio desenvolviam, refletiam suas inimizades ou afeições históricas. Assim, os principais atores regionais que participam e fomentam a guerra, agem no sentido de assegurar suas convicções, reforçar suas alianças e se opor ao seu inimigo. Hoje, as nações tardiamente independentes do Oriente Médio, associaram suas convicções à diretrizes ideológicas das grandes potências mundiais, permitindo que os interesses destas permeassem suas ações. As principais nações nas disputas regionais eram a Turquia, o Egito, Irã e Arábia Saudita, e juntamente com Israel e Iraque fazem parte da principal teia de relações da Síria. Foram agentes de sua história e consequentemente ajudaram na construção do conflito. A posição anti-imperialista do partido Baath levou a Síria a se aliar à nações de

9 orientação nacionalistas e anti-estadunidense, como foi o caso da união com o Egito em 1958, que acaba deixando de ser um dos protagonistas na crise síria do século XXI, focando em questões internas. Esse posicionamento do governo sírio era atrativo para o Irã que, além de ser aliado da Rússia, era xiita, sendo assim, se opunha aos grupos sunitas da região, principalmente à Arábia Saudita. E enquanto o governo do Partido Baath se inclinava em direção a ideais não imperialistas, automaticamente virava um problema para Israel e para a Turquia, que representavam os ideais estadunidenses no Oriente Médio. A conquista do status de nação independente por vários países do Oriente Médio ocorreu paralelamente ao fim da Segunda Guerra Mundial e ao início do período conhecido como Guerra Fria. Isto posto, percebe-se que em um momento pós independência as potências coloniais, França e Inglaterra, que antes exerciam grande influência sobre a região perdem seu posto para os novos líderes da polarização mundial, a União Soviética e os Estados Unidos. 6. Guerra Fria Os efeitos da nova ordem mundial foram sentidos no Oriente Médio principalmente após a crise do Canal do Suez em 1956, e mais especificamente na Síria, a partir da década de setenta, período no qual Hafez al Assad estreita as relações do governo sírio com a União Soviética. As marcas dessa aliança traduziram-se em um aumento dos acordos comerciais entre as duas nações, na garantia de apoio político e em alianças militares que envolviam a importação de equipamentos soviéticos. Simultaneamente, os Estados Unidos reforçaram suas alianças com Israel e Iraque para se contrapor a revolução iraniana e alguns anos mais tarde firmaram importantes parcerias com o governo saudita. A Guerra Fria continuava a se sustentar na velha dinâmica colonial que implicava em uma disputa por um maior número de zonas de influência pelas grandes potências. União Soviética e Estados Unidos, através de estratégias expansionistas, competiam pela e às custas da dominação de outros povos. As aproximações das potências com as nações árabes, muitas vezes não eram nem mesmo ideológicas, na realidade, se resumiam a interesses militares e geopolíticos. Uma boa relação com a União Soviética significava problemas com os Estados Unidos. Para o regime sírio, esses problemas se materializaram em dois conflitos, na, já mencionada, guerra contra Israel e na guerra civil do Líbano. A Síria, em 1976,

10 mobilizou contingentes a fim de serem transpostos para a capital libanesa, com o objetivo de interferir na guerra civil iniciada no ano anterior. Seis anos mais tarde, Israel, sob a égide estadunidense, desloca efetivos para territórios libaneses, que lá permaneceram por dois anos. A justificativa era a de completar uma missão de paz e garantir a soberania do Líbano. Assim como ocorreu na guerra do Vietnã, Afeganistão e guerra Irã-Iraque, estas nações agiam como representantes de uma disputa mais ampla entre norte-americanos e soviéticos. Alimentar esses conflitos era extremamente benéfico para as potências mundiais que, além de garantir um mercado consumidor para sua produção bélica, viam nesses espaços uma oportunidade para demonstrar seu poderio político e militar. 7. O Neo-Imperialismo Norte Americano e a Guerra ao Terror Com a queda da União Soviética e, consequente, o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos puderam reforçar sua presença e diminuir a zona de influência da então Federação Russa na região, antes bipolarizada, do Oriente Médio. O período que se seguiu e se estende até os dias atuais é marcado por uma série de intervenções políticas e militares do governo estadunidense nos territórios e nas relações entre as nações asiáticas. As principais justificativas a favor dessas ações norte-americanas foram a luta contra o terrorismo, principalmente depois do ataque de 11 de setembro, e a luta pela preservação dos direitos humanos, que eram ignorados pelas ditaduras árabes. Malgrado, o regime de Hafez al Assad possuísse todas as características ditatoriais que o ocidente passou a condenar e estivesse estritamente ligado à União Soviética, ele foi capaz de manter sua estabilidade até a data de sua morte. Nos dez anos que precederam o governo de Bashar, a nação foi classificada como maléfica à sociedade juntamente com outros países de cunho socialista. E, diferentemente de alguns desses países que possuíam relevante importância econômica em escala mundial, a Síria manteve suspensa sua relação com o governo norte-americano. Nesse momento, é necessário salientar como as práticas de dominação se renovam e se adaptam ao seu tempo e às especificidades do local onde estão sendo introduzidas. Possuem, no entanto, uma característica em comum, o uso da via militar - e, consequentemente, da violência - que está sempre pairando os processos de dominação, esperando o momento que será utilizada. No período colonial uma tática efetiva consistia em obrigar os povos dominados a renegar importantes aspectos de sua

11 cultura e história, sendo esse o único meio de alcançar o progresso em direção à modernidade. Na Guerra Fria, o ocidente apenas soube utilizar uma situação que já estava determinada. A submissão vinha da ideia difundida de uma necessidade de se lutar contra um inimigo comum. Impedir o crescimento do comunismo justificava qualquer ação, por mais autoritária que fosse. No início do século XXI os EUA já haviam se estabelecido como a mais importante e poderosa potência mundial e para se manter como tal, perceberam que deveria ser construída uma nova dinâmica de dominação. O inimigo comum a ser combatido passou a ser o terrorismo, e com esse objetivo foram justificadas diversas sanções, intervenções militares e operações secretas em territórios do Oriente Médio. E, garantir os direitos humanos, passou a amparar, muitas vezes, a permanência física de norte-americanos na região, ou seja, um controle mascarado de tutela. A campanha militar conhecida como Guerra ao Terror, de George W. Bush, iniciada como resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, fundamentou legalmente a invasão tanto do Afeganistão, em 2001, quanto do Iraque, em Ambas as invasões resultaram em guerras e na morte de milhares de civis. O combate ao Talibã e a al-qaeda fracassou, visto que foram capazes de ressurgir, fortificados, para continuar a disputa da região. Enquanto isso, o governo norte-americano desviando seu foco para o Iraque, visa tirar do poder o ditador Saddam Hussein, seu antigo aliado na guerra contra o Irã. A guerra do Iraque perdurou ainda por mais oito longos anos. Nesse período, mesmo depois da morte de Saddan, o exército estadunidense permaneceu no território. A ineficiência dessa ocupação gerou uma onda de violências, permitindo que grupos, como a própria al-qaeda, se fortificassem. Em resposta à violência, Bush aumentou a presença militar no Iraque, até a sua retirada em Com o fim da Guerra Fria, no século XXI, diversos regimes pró-soviéticos viraram alvos das potências ocidentais. Em vários locais do leste europeu e da Ásia surgiram oposições, originárias de manifestações populares, financiadas, principalmente, pelos Estados Unidos. As tentativas de derrubada de governos antiocidentais no Oriente Médio ficaram conhecidas como Primavera Árabe. 8. Estopim do Conflito O regime de Bashar al Assad optou por uma liberalização de sua economia, o que, em um país tão diverso quanto a Síria, apenas acentuou as desigualdades

12 existentes. A dificuldade em realizar acordos internacionais para impulsionar as exportações e importações e com o setor rural em crise devido a uma seca, a economia se estagnou. O empobrecimento da população, o desamparo do governo com relação ao campo e o desemprego fomentaram insatisfações sociais. Além disso, o caráter ditatorial e autoritário do governo não correspondia com os ideais de democracia e de formação de um Estado inspirado no ocidente que haviam, nas últimas décadas, se espalhado pelo globo. O advento da tecnologia e dos meios de comunicação foi de suma importância nesse momento. As redes sociais possibilitaram um maior contato, com fins de organização social, não somente entre a população de uma nação, mas entre diferentes países. E foi assim que em 2011 eclodiram revoltas populares que clamavam pela derrubada de seus governos ditatoriais na Tunísia, Egito, Líbia e Síria. A função da mídia, no ocidente, era propagar a ideia de que qualquer ação era justificada na luta em prol da democracia e nos países árabes, deveria comunicar e organizar a sociedade em torno de revoluções. Na Tunísia e no Egito os regimes ditatoriais cederam. A Líbia enfrentou uma guerra civil que só foi vencida pelos rebeldes após o início da intervenção militar estrangeira. Na Síria, dois fatores principais vão impedir que o seu destino se pareça com o dos outros países que integraram a primavera árabe. O primeiro é o, já mencionado, caráter minoritário do governo da família Assad, que foi capaz de construir um exército extremamente leal. Além dessa força militar, muitos setores da população o apoiavam, isso fica claro ao se perceber que paralelamente às manifestações que ocorreram em oposição, ocorriam marchas civis pró-governo. O segundo é o exacerbado uso de violência por parte do governo para conter revoltas populares. Manifestações pacíficas começaram a ser realizadas em A população síria reivindicava o fim do estado de emergência, vigente desde 1963, a legalização dos partidos políticos e a condenação dos corruptos. No início, Bashar pareceu se mostrar conivente com algumas dessas reivindicações, sem, no entanto, deixar de mostrar que a qualquer momento poderia fazer uso da força física. Em março, alguns estudantes picharam um muro na cidade de Daraa, ao sul do país, com dizeres que supunham a queda do presidente. Os jovens foram presos e com isso as manifestações populares inflaram. Nesse momento, como de praxe, o governo de Assad opta pela repressão violenta. Os óbitos gerados a partir de então causaram ainda mais revolta na população,

13 nacionalizando por completo o movimento, que estava inspirado com o fim de outras ditaduras árabes. A violência que só aumentava por parte do Estado desencadeou, no âmbito internacional, a adoção, a mando dos Estados Unidos, de diversas sanções ao regime sírio, proibindo, principalmente, a importação do petróleo, que continuava a ser o setor mais lucrativo do país. Internamente, cada vez mais pessoas pegavam em armas, se organizando em torno do que chamaram de Exército Livre da Síria. Estava formada a oposição e, assim, iniciou-se, oficialmente, a guerra que perdura até hoje na Síria. Em 2012, o fluxo de capital estrangeiro que entrava para armar a oposição, fortalecia grupos que seguiam correntes extremistas, garantindo uma divisão eminente daqueles que lutavam contra Assad. As três vertentes principais que desmembraram a oposição são, primeiramente, os rebeldes que persistem nos ideais liberaisdemocráticos, mantendo vivo o sentimento que iniciou a Primavera Árabe; os grupos que, ideologicamente, se baseavam em uma interpretação extremada do wahabismo, uma ideologia difusora de uma versão fundamentalista do Islã; e, por fim, grupos étnicos com ideais separatistas, sendo essencialmente representados no conflito pelos curdos. Na medida em que ambos faziam alianças militares e políticas, a oposição seguia conquistando territórios e Bashar se mantinha com o forte apoio das Forças Armadas. A guerra ganhava força e atraía cada vez mais a atenção internacional, a Síria estava se preparando para ser o palco de guerras que não eram dela. Enquanto isso a população sofria, no final de 2013 já contabilizavam-se mais de 100 mil mortes e 2 milhões de refugiados. Enquanto o ELS e o regime de Assad ocupavam-se um com o outro, o grupo conhecido como Estado Islâmico instalou-se em território sírio, anunciando a criação de um novo califado em julho de O Estado saudita juntamente com outros países aliados ao ocidente, cuja ideologia - o wahabismo - implica na perseguição de não muçulmanos da região, incluindo xiitas, financiaram e armaram qualquer um que estivesse disposto a lutar contra Bashar. Possibilitando, assim, a criação do EI, uma vez que faz parte dos grupos ramificados da oposição que receberam essa ajuda. A partir desse momento, seu rápido crescimento sustentou-se no capital de entes privados - que financiavam o grupo por medo, no caso de empresas localizadas em território do califado, ou por afinidade - na grande adesão estrangeira, principalmente de iraquianos

14 sunitas marginalizados e na sua inédita estratégia de guerra que envolvia uma exacerbada crueldade. Seus meios de obtenção de recurso possibilitaram a conquista de diversos territórios na Síria e no Iraque - em 2014 possuíam uma área com as mesmas dimensões da Grã-Bretanha - e a realização de ataques terroristas assumidos em cidades da Europa e no Líbano, nos anos de 2015 e Rapidamente se tornaram uma ameaça para a segurança internacional e chamaram a atenção, principalmente, dos Estados Unidos ao ameaçar o território iraquiano, no qual o governo norte-americano havia gastado 2 bilhões de dólares para combater o terrorismo. Adentrar o território ocupado pelo grupo - que chegou a controlar a oposição sunita em Damasco, a cidade de Raqqa e as periferias de Aleppo - tornou-se perigoso, consequentemente, havia pouca cobertura da mídia. O que beneficiava os Estados Unidos por não mostrar o fracasso da Guerra ao Terror. Além disso, sem muitas possibilidades de se retratar o que estava acontecendo em grande parte do território sírio, tornava-se mais fácil para a grande mídia construir o pensamento que fosse conveniente, apagando, dessa forma, as questões de cunho político que estruturavam as ações do EI do seu discurso. Os atos extremamente violentos e cruéis do grupo passaram a ser atrelados somente a uma questão de extremismo religioso. Os países que haviam ajudado a oposição sem prestar atenção em quem era esse grupo e no que ele estava se tornando, como os EUA e a Arábia Saudita, passaram a temer por seus territórios e áreas de influência, desviando sua atenção para o combate ao Estado Islâmico. Essa mudança de estratégia dos atores internacionais após 2014 teve grandes consequências no desenrolar da guerra. A oposição, agora representada pela Coalizão Nacional, sofreu um enfraquecimento. Por conseguinte, os riscos que Assad representava foram relativizados. Assim, sem deixar de se preocupar com as ameaças do EI e com o risco que ele representava para o seu regime, afinal a família Assad é de origem alauíta e seu modelo de Estado é laico, Bashar dispôs de tempo para recuperar o fôlego e reestruturar suas estratégias. 9. Curdos: um povo sem território Enquanto isso, no norte da Síria os curdos haviam declarado, em 2012, uma república autônoma, que passou a ser regida como uma Federação em E, embora mantenham relações com outras nações, nenhum país ou organização reconhece a

15 autonomia da Federação Curda. Com história milenar, os curdos ocuparam territórios sob a influência dos mais diversos povos. No momento presente, a situação não poderia ser diferente, os curdos encontram-se alojados em vários países - na Turquia, Síria, Irã e Iraque - e esse é um ponto crucial para o entendimento da problemática que envolve o Curdistão. Não existe uma única solução, pois esta depende dos interesses de diferentes governos e grupos étnicos. Devido à sua posição geográfica,a área reivindicada pelos curdos sofreu diversos ataques. Entretanto, foi em 1925 que foi negada a existência do povo curdo, principalmente pela Turquia. Os curdos viam sua tentativa de criação de uma nação se afastar a cada passo que dava a humanidade, a política colonial que estrutura as bases do capitalismo exclui a maioria dos integrantes desse grupo do mundo moderno. A construção ideológica derivada do imperialismo dividiu o território curdo e deu legitimidade ao poder de outras nações exercidos sob o Curdistão. O sentimento nacionalista que emergia, quando transferido para a política, criou uma classe que se percebia como um poder hegemônico sobre qualquer outro grupo étnico. Os exércitos nacionais engajavam-se em conter atos de resistência popular e para reprimir qualquer avanço econômico ou social do grupo, sua identidade foi negada pelo mundo árabe e políticas assimilacionistas implantadas. Seguindo uma conduta socialmente emancipadora, foi criado, inicialmente, por um pequeno grupo de curdos residentes em território turco o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Entendiam que só teriam sua cultura respeitada no momento em que o Oriente Médio passasse por uma mudança política prezando por um ideal de democracia. É necessário que nas respectivas constituições das potências que abrigam o curdistão estejam assegurados os direitos do povo curdo. A soluc a o para a questa o curda deve ser tentada em conjunto com um processo de democratizac a o de todos os pai ses que exercem seu poder sobre o Curdista o de maneira hegemo nica. Este processo, pore m, na o e limitado a tais pai ses, mas deve estender-se por todo o Oriente Me dio. A paz no Curdista o esta intimamente ligada a democracia no Oriente Me dio. Um Curdista o livre somente e concebi vel como um Curdista o democra tico. (ÖCALAN, Abdullah. Guerra e paz no Curdistão. Köln: International Initiative Edition, 2008; P.35) A única maneira de fazer parte da sociedade moderna árabe incluía a negação da própria identidade curda. Assim, em meados dos anos 2000, na Síria, os curdos

16 passaram a se organizar de forma mais contundente e a criar seus próprios partidos políticos. Em 2003, iniciou-se uma onda de protestos que demandavam a descriminalização da língua curda, direito a exercer sua cultura e a participação política. Tais protestos eram inicialmente pacíficos, afinal, todos temiam a repressão violenta característica do governo de Bashar, que tendia a ser pior com os curdos do que com outros grupos de oposição ao regime. No ano seguinte, a violência por parte do exército sírio aumentou e leis que restringiam ainda mais os direitos dos curdos foram aprovadas. Entretanto, por mais que tenham sofrido uma derrota, estes acontecimentos possibilitaram o reconhecimento dos curdos como uma força importante de oposição ao governo, uma vez que eram capazes de levar milhares de pessoas às ruas. Inicia-se a formação de uma frente unificada da oposição. 10. Consequências no Presente Percebe-se, dessa forma, que a Primavera Árabe é a resultante de uma série eventos histórico-políticos que começam com a queda do império Turco Otomano e tem suas consequências nos dias atuais. Já em 2011, no início da onda de protestos, tanto

17 potências regionais quanto globais já possuíam suas principais justificativas para interferir mais do que financeira ou politicamente no conflito da Síria. Todos os atores envolvidos diretamente no conflito possuem seus próprios interesses e objetivos de guerra. Entende-se, assim, que as coligações que se formam durante a guerra não são de matriz ideológica e nem partilham das mesmas estratégias. Os principais atores regionais do conflito foram o Irã, o aliado fundamental de Bashar; a Turquia e a Arábia Saudita, ambas se posicionando contrárias ao governo, alinhadas com os EUA, sendo que a primeira assume um importante papel na questão curda - entende-se como o ápice de seu envolvimento no conflito a invasão ao território sírio para combater as forças curdas ligadas ao PKK - e a segunda na oposição que faz tanto ao governo das minorias religiosas de Assad, quanto ao seu aliado - o Irã - cujo Estado se organiza em torno de práticas xiitas. No que se estende para além do Oriente Médio, as principais interferências ficam a cargo da Rússia e dos Estados Unidos, embora ainda possam ser citadas as antigas potências coloniais, França e Inglaterra em menor medida. Em 2013, ao afirmar que Bashar utilizava armas químicas no conflito, os EUA fizeram sua primeira ameaça de um ataque unilateral, o que foi repreendido por Moscou. No entanto, é em 2014, com a justificativa de enfraquecer o EI, que uma coalizão liderada pelo governo norte americano começa a realizar ataques aéreos em território sírio-iraquiano. No ano seguinte, a Rússia inicia o seu bombardeio, sem deixar de mostrar sua prioridade de apoiar a administração síria. O que fica evidente no discurso de Vladimir Putin que preza pela estabilização da autoridade legítima e pelo estabelecimento de condições para atingir um acordo político. Todavia, esse posicionamento perpassa o apoio histórico ao regime de Bashar. A Rússia tem forte interesse em demarcar sua posição no sistema internacional enquanto pólo de poder relevante, e o faz indo de encontro a securitização da agenda internacional pautada pelos Estados Unidos. Afirmando que as incursões estadunidenses no Oriente Médio são contrárias ao modelo de fóruns multilaterais de negociação e ao papel concedido à Organização da Nações Unidas, que deveria ser a responsável pela manutenção da paz mundial. Além disso, a presença do contingente norte-americano no entorno russo representa uma afronta e uma ameaça às suas áreas de influência. Sua posição se consolida no momento em que participa das Negociações de Viena, em 2015, ao lado das principais potências regionais e extrarregionais.

18 A atuação desses dois pólos ideológicos pode ser definida através do conceito de guerra híbrida. As Guerras Hi bridas sa o conflitos identita rios provocados por agentes externos, que exploram diferenças históricas, étnicas, religiosas, socioeconômicas e geográficas em países de importância geopolítica por meio da transição gradual das revoluções coloridas para a guerra não convencional, a fim de desestabilizar, controlar ou influenciar projetos de infraestrutura multipolares por meio de enfraquecimento do regime, troca do regime ou reorganizac a o do regime. (KORYBKO, Andrew. Guerras Híbridas: das revoluções coloridas aos golpes. Editora Expressão Popular; Entrevista concedida à mídia alternativa TUTAMEIA, em 19 de outubro de 2018.) Além das estratégias militares convencionais e não-convencionais que são utilizadas, a dominação, no momento presente, soube manusear a seu favor os instrumentos dispostos na era da informação. A primeira fase organizacional da Guerra Híbrida acontece na internet. Isso fica evidente na análise de um primeiro momento da primavera árabe, no qual percebe-se uma rápida disseminação de informação e aumento de discussões políticas online. Além das pessoas se sentirem mais confortáveis de expressarem o que pensam através da tela de seus celulares, os articuladores desses movimentos políticos buscaram informações importantes sobre seus alvos, conectandose com eles por meio de campanhas informativas direcionadas. O sistema de comunicação também permite que quem o detenha transmita a mensagem que desejar. A verdade sobre as motivações do conflito não pode ser encontrada nas televisões e redes sociais. A todo momento são criadas imagens falsas tanto do que é e do que faz o Oriente, como do Ocidente. 11. Conclusão Agora, em 2019, depois de aproximadamente 360 mil mortes, começam a surgir preocupações com consequências reais no sentido de encontrar uma solução para o conflito. Foram iniciadas, há dois anos as negociações que ficaram conhecidas como o processo de Paz de Astana. Os atores internacionais presentes nas conversas são o governo russo e iraniano, como aliados de Damasco; e o governo turco, colocando-se do lado dos rebeldes. Segundo a Rússia, uma nova cúpula para que se possa discutir a questão síria com os presidentes destas três nações está prevista para o início deste ano. Ressalta-se aqui o não envolvimento direto do governo norte americano nas negociações de paz, o que, gradualmente, ofusca as promovidas pela ONU.

19 Em dezembro de 2018, autoridades estadunidenses informaram que planejam uma retirada completa dos 2 mil militares ainda presentes em território sírio. Isso supostamente irá ocorrer uma vez que o Estado Islâmico foi derrotado, segundo Donald Trump. A decisão anima o governo russo, embora este afirme que possui dúvidas quanto ao seu cumprimento. Afinal, é possível afirmar que a saída dos Estados Unidos levará a uma perda de sua influência, mesmo que ainda possuam bases militares no Iraque. Em contrapartida, a retirada dos militares dos EUA preocupa a população curda, que recebe o apoio da potência desde o início do conflito. Sem o apoio físico de seu aliado, temem que a tensão com a Turquia possa se agravar. As milícias curdas liderando a aliança intitulada de Forças Democráticas Sírias tiveram um papel central na luta contra o EI, que perdeu mais de 90% do território que ocupava em Contudo, os curdos e outras nações, majoritariamente aliadas dos EUA, afirmam ainda existir a necessidade de se continuar lutando com o mesmo vigor contra o terrorismo. A França e o Reino Unido, por diferentes motivos, seguem a mesma linha de discurso, afirmando que mesmo com a retirada dos norte-americanos, continuarão em território sírio. Um conflito que já vem sendo desenhado há um século se complexifica ainda mais em Dessa maneira, para entender o que ocorre no Oriente Médio e consequentemente na Síria é necessária a compreensão de que as questões que revestem os conflitos não podem ser analisadas como políticas, religiosas e econômicas separadamente. Diferentemente de como foi estruturado o pensamento ocidental que levou a formação dos Estados Democráticos de Direito na Europa e na América do Norte, no Oriente, a formação do Estado está intimamente ligada à religião e à existência de diversos grupos étnicos. Essa especificidade construída, também, pelo seu passado colonial, determinou as ações que eclodiram na Primavera Árabe. As de cadas de dominac a o por ditaduras seculares ou religiosas, de orientaça o socialista ou na o, na o apagaram o desejo de autodeterminaça o da maioria dos a rabes. (SCHIOCCHET, Leonardo. 2011; P. 74). Entretanto, essas lutas populares e seus atores acabaram mostrando-se mais uma vez peças de xadrez no jogo das grandes potências ocidentais. As implicações dos acontecimentos históricos do Oriente Médio mostram como a guerra na Síria pode ser considerada uma guerra verdadeiramente mundial e compreender os processos de dominação que são o pano de fundo da crise permite a percepção de que o conflito não ocorre de forma isolada no tempo e espaço. Os

20 princi pios desencadeadores da guerra na o provêm de ideais pre -modernos, o povo árabe e todas as outras etnias envolvidas no conflito não pertencem ao passado. [...] o Oriente Me dio hoje na o pode ser visto como politicamente atrasado em relac a o ao Ocidente, [...] para se entender o Oriente Me dio deve-se antes de tudo entendê-lo como moderno, tal qual se compreende o Ocidente. Isto porque o Oriente Me dio participou ativamente de praticamente todos os processos sociais geralmente elencados como desencadeadores da modernidade no Ocidente. [...] entre estes principais processos sociais esta o: a construc a o territorial de identidades sociais ligadas aos Estados Nacionais que começa no ini cio do se culo XX; revoltas populares em favor de autodeterminac a o que em muitos casos teve cara ter democra tico ainda que democracia no Oriente Me dio possa significar algo bastante diferente que o ca none liberal propo e; o reordenamento ideolo gico trazido pela Guerra Fria e, depois, pelo mundo po s-polarizado entre os Estados Unidos e a URSS [...] (SCHIOCCHET, Leonardo. Extremo Oriente Médio, admirável mundo novo: a construção do Oriente Médio e a Primavera Árabe P. 72) Isto posto, entende-se que uma análise historiográfica permite que possam ser pensadas respostas para questionamentos sobre o futuro. O aparente caminho que segue a guerra indica o fim do seu ápice de violência. Entretanto, isso não significa o fim do conflito. As mais diversas questões sociais que construíram a história da região continuarão pairando sobre o globo. Como ocorrerá, não somente, a reconstrução física do território sírio, mas da identidade de seu povo? Como se reorganizará espacialmente o território? Há, ainda, a ameaça de ataques de grupos extremistas? Bashar continuará possuindo a mesma força e apoio? Como se organizará o Estado após os longos anos de guerra? Como irá se comportar a oposição ao governo, uma vez que Bashar continue no poder? Quais hão de ser as consequências do conflito para a região do Oriente Médio como um todo? Até que ponto as grandes potências irão intervir? Qual será o papel da tecnologia nos próximos anos, tanto como um instrumento de comunicação de massas, como um instrumento militar? Os curdos irão conseguir o tão almejado reconhecimento internacional, e mais especificamente, a turquia reconhecerá o Curdistão? O povo sírio conseguirá ser livre?

21 Referências Bibliográficas ARRAES, Virgílio Caixeta. Estados Unidos e Síria: do final da Guerra Fria à contemporaneidade COCKBURN, Patrick. A Origem do Estado Islâmico: O Fracasso da" Guerra ao Terror" e a ascensão jihadista. Editora Autonomia Literária LTDA-ME, COSTA, Renata Parpolov. Uma história da Síria do Século XXI para além do sectarismo religioso Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. FUJII, William. O Estado Islâmico e o xadrez geopolítico dos conflitos na Síria e no Iraque. São Carlos: III Semana de Ciência Política, Universidade Federal de São Carlos, FURTADO, Gabriela; RODER, Henrique; AGUILAR, Sérgio LC. A guerra civil síria, o oriente médio e o sistema internacional. Série Conflitos Internacionais, v. 1, n. 6, p. 1-6, KORYBKO, Andrew. Guerras Híbridas: das revoluções coloridas aos golpes. Editora Expressão Popular; Entrevista concedida à mídia alternativa TUTAMEIA, em 19 de outubro de ÖCALAN, Abdullah. Guerra e paz no Curdistão. Köln: International Initiative Edition, PICCOLLI, Larlecianne; MACHADO, Lauren; MONTEIRO, Valeska Ferrazza. A Guerra Híbrida e o Papel da Rússia no Conflito Sírio. Revista Brasileira de Estudos de Defesa, v. 3, n. 1, 2016.

22 Rússia e Turquia acertam coordenação após retirada dos EUA da Síria, Reportagem por Agence France-Presse em 29 de dezembro de SCHIOCCHET, Leonardo. Extremo Oriente Médio, admirável mundo novo: a construção do Oriente Médio e a Primavera Árabe ZAHREDDINE, Danny. A crise na Síria ( ): uma análise multifatorial. Conjuntura Austral, v. 4, n. 20, p. 6-23, 2013.

Aula 8 - Síria, Iraque, EI/ISIS e questão curda

Aula 8 - Síria, Iraque, EI/ISIS e questão curda Aula 8 - Síria, Iraque, EI/ISIS e questão curda Síria - quadro geral Ditador: Bashar Al Assad (islâmico alauíta). Governo laico. Diversidade étnica e religiosa torna a crise complexa. Etnias principais:

Leia mais

ATUALIDADES. AL ASSAD, PUTIN E A GUERRA NA SÍRIA Parte 1. Profª Eulália Ferreira

ATUALIDADES. AL ASSAD, PUTIN E A GUERRA NA SÍRIA Parte 1. Profª Eulália Ferreira ATUALIDADES AL ASSAD, PUTIN E A GUERRA NA SÍRIA Parte 1 Profª Eulália Ferreira Al Assad, Putin e a Guerra na Síria De como uma guerra civil se torna uma questão internacional Parte 1 Distribuição de

Leia mais

ATUALIDADES. Atualidades Conflito s do Mundo Contemporâneo Oriente Médio. Prof. Marcelo Saraiva

ATUALIDADES. Atualidades Conflito s do Mundo Contemporâneo Oriente Médio. Prof. Marcelo Saraiva ATUALIDADES Atualidades 2017 Conflito s do Mundo Contemporâneo Oriente Médio Prof. Marcelo Saraiva Oriente Médio Conflitos do Mundo Contemporâneo Oriente Médio Porque o Oriente Médio é a zona de maior

Leia mais

Aula 7 - Primavera Árabe

Aula 7 - Primavera Árabe Aula 7 - Primavera Árabe Árabe ou muçulmano? Árabe: Etnia majoritária na península arábica e norte da África. Podem ou não ser muçulmanos. Há importantes minorias cristãs entre os árabes, podendo chegar

Leia mais

Aula 9 - Irã, Arábia Saudita e Iêmen

Aula 9 - Irã, Arábia Saudita e Iêmen Aula 9 - Irã, Arábia Saudita e Iêmen A disputa regional entre Irã e Arábia Saudita Irã e Arábia, de muitas formas, representam de forma extremada as divisões que existem no mundo islâmico. O Irã é um

Leia mais

GOLFO PÉRSICO GEOGRAFIA E GEOPOLÍTICA

GOLFO PÉRSICO GEOGRAFIA E GEOPOLÍTICA GOLFO PÉRSICO GEOGRAFIA E GEOPOLÍTICA ANTECEDENTES Pressão Internacional sobre o Irã = proibição ao PROJETO NUCLEAR Teerã ameaça criar obstáculos para a travessia de navios petroleiros pelo Estreito de

Leia mais

Seu objetivo era enfraquecer o movimento fundamentalista que varria o Irã

Seu objetivo era enfraquecer o movimento fundamentalista que varria o Irã Guerra Irã e Iraque Conflito que por cerca de 8 anos, mais precisamente de 1980 a 1988, envolveu as duas nações do Oriente Médio. Irã e Iraque possuem diferenças históricas. Apesar de ambos seguirem a

Leia mais

O cenário das revoltas no Norte da África e no Oriente Médio

O cenário das revoltas no Norte da África e no Oriente Médio O cenário das revoltas no Norte da África e no Oriente Médio O mundo árabe é formado por um conjunto de países localizados no norte da África e no Oriente Médio. A maneira mais usual de identificar as

Leia mais

1.(Unicamp 2014) O cartaz abaixo foi usado pela propaganda soviética contra o capitalismo ocidental, durante o período da Guerra Fria.

1.(Unicamp 2014) O cartaz abaixo foi usado pela propaganda soviética contra o capitalismo ocidental, durante o período da Guerra Fria. 1.(Unicamp 2014) O cartaz abaixo foi usado pela propaganda soviética contra o capitalismo ocidental, durante o período da Guerra Fria. O texto diz: Duas infâncias. Na URSS (parte superior) crianças são

Leia mais

Questão Palestina x Israel. Resgate dos conflitos da origem aos dias atuais!

Questão Palestina x Israel. Resgate dos conflitos da origem aos dias atuais! Questão Palestina x Israel Resgate dos conflitos da origem aos dias atuais! Origens!!!! 1897: Fundação do movimento sionista, que visa o retorno dos judeus à Palestina. No início do século XX, já existiam

Leia mais

Povos do Oriente Médio

Povos do Oriente Médio Oriente Médio Povos do Oriente Médio Árabes Os árabes são o maior grupo étnico do Oriente Médio. São maioria no Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, nos países da península Arábica e nos territórios

Leia mais

Esse grupo étnico é formado por aproximadamente 25 milhões de pessoas, possuem uma organização social alicerçada no sistema de clãs.

Esse grupo étnico é formado por aproximadamente 25 milhões de pessoas, possuem uma organização social alicerçada no sistema de clãs. CURDOS O povo curdo é um grupo étnico que se julga nativo de uma região do Oriente Médio chamada de Curdistão, que abrange parte dos territórios do Irã, Iraque, Síria e Turquia. Esse grupo étnico é formado

Leia mais

CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO

CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO OBJETIVO 2016 1º ANO E. M. MÓDULO 28 CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO O Oriente Médio, mais especificamente a área do GOLFO PÉRSICO, é uma região estratégica no cenário mundial. Encontram-se no seu subsolo as

Leia mais

GUERRA FRIA. Professor Daniel Fonseca

GUERRA FRIA. Professor Daniel Fonseca GUERRA FRIA Professor Daniel Fonseca O que é, afinal, a Guerra Fria O conceito de Guerra Fria vem de algo sem conflito direto, o que seria uma guerra quente como foi a II Guerra. Sendo assim, a Guerra

Leia mais

O CURDISTÃO a) Localização/territórios ocupados: O Curdistão é b) Quem são os curdos? Autonomia e identidade autonomia no norte do Iraque

O CURDISTÃO a) Localização/territórios ocupados: O Curdistão é b) Quem são os curdos? Autonomia e identidade autonomia no norte do Iraque O CURDISTÃO a) Localização/territórios ocupados: O Curdistão é uma região cultural e geográfica majoritariamente composta pelos curdos. Com cerca de 500.000 km² concentra-se, em sua maior parte, na Turquia,

Leia mais

PERCURSO 1 Do mundo multipolar para o bipolar da Guerra Fria. Prof. Gabriel Rocha 9º ano - EBS

PERCURSO 1 Do mundo multipolar para o bipolar da Guerra Fria. Prof. Gabriel Rocha 9º ano - EBS PERCURSO 1 Do mundo multipolar para o bipolar da Guerra Fria. Prof. Gabriel Rocha 9º ano - EBS 1 O mundo multipolar e as guerras mundiais do século XX Entre meados do século XIX e o final da Segunda Guerra

Leia mais

O conflito entre Israel e Palestina

O conflito entre Israel e Palestina O conflito entre Israel e Palestina Importância estratégica do Oriente Médio Localizado no sudeste da Ásia, entre três continentes: Europa, Ásia e África Pontos importantes Canal de Suez: ligação artificial

Leia mais

Aula 10 - Israel e Questão Palestina

Aula 10 - Israel e Questão Palestina Aula 10 - Israel e Questão Palestina Primeira Guerra Mundial Região era parte do Império Turco Otomano 1917: Declaração de Balfour : buscando apoio para vencer o Império Turco na Primeira Guerra Mundial,

Leia mais

A ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR E.U.A:

A ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR E.U.A: A ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR E.U.A: Capitalismo U.R.S.S: Socialismo Antecedentes Panorama geopolítico (2ª Guerra Mundial); Choque entre as potências europeias (Inglaterra, França, Alemanha); Formação de

Leia mais

Mundo árabe: países localizados no norte da África e no Oriente Médio Liga árabe: 22 países membros, formada em 1945 Fatores que ajudam a determinar

Mundo árabe: países localizados no norte da África e no Oriente Médio Liga árabe: 22 países membros, formada em 1945 Fatores que ajudam a determinar A primavera árabe Mundo árabe: países localizados no norte da África e no Oriente Médio Liga árabe: 22 países membros, formada em 1945 Fatores que ajudam a determinar se um indivíduos é árabe ou não Político:

Leia mais

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS RAFAEL GIOVANAZ GARCIA

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS RAFAEL GIOVANAZ GARCIA CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS RAFAEL GIOVANAZ GARCIA CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade. Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento

Leia mais

Fronteiras políticas e soberania Parte II

Fronteiras políticas e soberania Parte II Fronteiras políticas e soberania Parte II CANADÁ Quebec 80% da população do Quebec é descendente de franceses e católica Em 1969 ocorreu a oficialização da língua francesa no Quebec. Onze anos depois ocorreu

Leia mais

Professor João Paulo Bandeira

Professor João Paulo Bandeira Professor João Paulo Bandeira A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo. A

Leia mais

Aula 6 - Rússia e Ucrânia

Aula 6 - Rússia e Ucrânia Aula 6 - Rússia e Ucrânia Rússia Histórico de expansão e conquista sobre diversos outros povos. Governos autoritários. Século XX: colapso do Império Russo, formação da URSS (União das Repúblicas Socialistas

Leia mais

a primavera arabe Ditaduras Pobreza Corrupção Radicalismo religioso Internet Desemprego Direitos Humanos Caminhos da Democracia do Mundo Muçulmano

a primavera arabe Ditaduras Pobreza Corrupção Radicalismo religioso Internet Desemprego Direitos Humanos Caminhos da Democracia do Mundo Muçulmano a primavera arabe Corrupção Pobreza Ditaduras Radicalismo religioso Internet Desemprego Direitos Humanos Caminhos da Democracia do Mundo Muçulmano Mapa dos Levantes Os acontecimentos iniciaram na Tunísia

Leia mais

02. ORDEM OU DESORDEM MUNDIAL?

02. ORDEM OU DESORDEM MUNDIAL? 02. ORDEM OU DESORDEM MUNDIAL? O que foi a Guerra Fria Disputa pelo poder em escala global Estados Unidos (capitalista) x União Soviética (socialista) Sem conflito armado direto guerra econômica, diplomática

Leia mais

Geopolítica. foi criado pelo cientista. político sueco Rudolf Kjellén, no início do século. XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel,

Geopolítica. foi criado pelo cientista. político sueco Rudolf Kjellén, no início do século. XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel, Geopolítica O termo foi criado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, no início do século XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel, Politische Geographie (Geografia Política), de 1897. Geopolítica

Leia mais

Oriente Médio. Do surgimento as tensões atuais

Oriente Médio. Do surgimento as tensões atuais Oriente Médio Do surgimento as tensões atuais A Região A região do Oriente Médio é uma das áreas mais conflituosas do mundo. Diversos fatores contribuem para isso, entre eles: a sua própria história; origem

Leia mais

CAPÍTULO 2 O MUNDO DIVIDIDO PELO CRITÉRIO IDEOLÓGICO PROF. LEONAM JUNIOR COLÉGIO ARI DE SÁ CAVALCANTE 8º ANO

CAPÍTULO 2 O MUNDO DIVIDIDO PELO CRITÉRIO IDEOLÓGICO PROF. LEONAM JUNIOR COLÉGIO ARI DE SÁ CAVALCANTE 8º ANO CAPÍTULO 2 O MUNDO DIVIDIDO PELO CRITÉRIO IDEOLÓGICO PROF. LEONAM JUNIOR COLÉGIO ARI DE SÁ CAVALCANTE 8º ANO O MUNDO DIVIDIDO P. 23 Existem vários critérios para regionalizar um território. Critério ideológico:

Leia mais

Correio Braziliense - DF 26/01/2011 Opinião 17

Correio Braziliense - DF 26/01/2011 Opinião 17 Correio Braziliense - DF 26/01/2011 Opinião 17 Intelog - RS 26/01/2011 Artigos / Entrevistas Online O grande jogo de Barack Obama (José Luís Fiori) Nos últimos dois meses de 2010, o presidente Barack

Leia mais

AFEGANISTÃO Contexto:

AFEGANISTÃO Contexto: AFEGANISTÃO Contexto: O Afeganistão, por sua posição geopolítica, marca-se na história como um centro intermediário de relações comerciais e migrações da humanidade ao longo da história. Os fluxos migratórios

Leia mais

FIM DA URSS E A DEMOCRATIZAÇÃO DO LESTE EUROPEU

FIM DA URSS E A DEMOCRATIZAÇÃO DO LESTE EUROPEU FIM DA URSS E A DEMOCRATIZAÇÃO DO LESTE EUROPEU A CRISE ECONÔMICA DA URSS Aumento de gastos com produção de armas, espionagem, repressão; Diminuição do investimento interno, provocando escassez de habitações,

Leia mais

ATIVIDADES 9º ANO. Do texto, depreende-se que a Rússia

ATIVIDADES 9º ANO. Do texto, depreende-se que a Rússia ATIVIDADES 9º ANO 1) (FUVEST-2008) Há oitenta anos, a Rússia era forte por causa do dinamismo revolucionário do comunismo, incluindo o poder de atração da sua ideologia. Há quarenta anos, a Rússia Soviética

Leia mais

Oriente Médio. Palco de instabilidade da política mundial

Oriente Médio. Palco de instabilidade da política mundial Oriente Médio Palco de instabilidade da política mundial Conhecido como Oriente Próximo Está limitado pelo Oceano Índico e pelos mares Mediterrâneo, Negro, Vermelho e Cáspio. Paisagem marcado por áreas

Leia mais

Entre 1871 e 1914 a sociedade européia - liberal e capitalista, passou por uma das fases de maior prosperidade devido ao desenvolvimento industrial

Entre 1871 e 1914 a sociedade européia - liberal e capitalista, passou por uma das fases de maior prosperidade devido ao desenvolvimento industrial 1914-1918 Entre 1871 e 1914 a sociedade européia - liberal e capitalista, passou por uma das fases de maior prosperidade devido ao desenvolvimento industrial que trouxe conforto e a ciência e a técnica

Leia mais

II GUERRA MUNDIAL

II GUERRA MUNDIAL II GUERRA MUNDIAL 1939-1945 ASCENSÃO DOS REGIMES TOTALITÁRIOS EUROPA NO PÓS GUERRA Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa teve de enfrentar uma de suas piores crises econômicas. O uso do território

Leia mais

Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro

Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro Perfil de aprendizagem de História 3.º CICLO DO ENSINO BÁSICO Das sociedades recolectoras às primeiras civilizações Das sociedades recolectoras às primeiras sociedades produtoras 1. Conhecer o processo

Leia mais

Cristina Soreanu Pecequilo Professora de Relações Internacionais Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Pesquisadora NERINT/UFRGS e UnB

Cristina Soreanu Pecequilo Professora de Relações Internacionais Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Pesquisadora NERINT/UFRGS e UnB Brasil e Oriente Médio: Os Caminhos da Política Externa Brasileira Cristina Soreanu Pecequilo Professora de Relações Internacionais Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Pesquisadora NERINT/UFRGS

Leia mais

GEOPOLÍTICA NO MUNDO ATUAL. Prof: Judson Lima

GEOPOLÍTICA NO MUNDO ATUAL. Prof: Judson Lima GEOPOLÍTICA NO MUNDO ATUAL Prof: Judson Lima OBJETIVO DA AULA Traçar um panorama do mundo contemporâneo pós-atentado de 11 de setembro; Analisar as consequências econômicas Crise econômica de 2008 e seus

Leia mais

Atividades de Recuperação Paralela de Geografia

Atividades de Recuperação Paralela de Geografia Atividades de Recuperação Paralela de Geografia 8º ano Ensino Fundamental II Leia as orientações de estudos antes de responder as questões Comece revisando a aula através dos apontamentos relembrando,

Leia mais

[Gabarito] SEMANA 09

[Gabarito] SEMANA 09 [Gabarito] SEMANA 09 LÍNGUA PORTUGUESA QUESTÃO 01. Letra C. QUESTÃO 03. Letra B. QUESTÃO 04. Letra A. QUESTÃO 05. Letra C. QUESTÃO 06. Letra D. QUESTÃO 07. Letra C. QUESTÃO 08. Letra D. QUESTÃO 09. Letra

Leia mais

OS CONFLITOS MUNDIAIS NA ATUALIDADE

OS CONFLITOS MUNDIAIS NA ATUALIDADE OS CONFLITOS MUNDIAIS NA ATUALIDADE Hoje existem cerca de 30 regiões no mundo onde ocorrem conflitos armados. - Os principais motivos dos conflitos são: Étnicos ETNIA grupo de identidade unido por fatores

Leia mais

Questões Geopolíticas Contemporâneas

Questões Geopolíticas Contemporâneas Questões Geopolíticas Contemporâneas Questões Geopolíticas Contemporâneas 1. no século XXI como grande foco de tensão mundial: lá se desenvolvem intrincados e importantes conflitos desta nossa época. Suas

Leia mais

EMENTÁRIO HISTÓRIA LICENCIATURA EAD

EMENTÁRIO HISTÓRIA LICENCIATURA EAD EMENTÁRIO HISTÓRIA LICENCIATURA EAD CANOAS, JULHO DE 2015 DISCIPLINA PRÉ-HISTÓRIA Código: 103500 EMENTA: Estudo da trajetória e do comportamento do Homem desde a sua origem até o surgimento do Estado.

Leia mais

Dividir para dominar

Dividir para dominar ÁFRICA Contexto histórico África século XV: -Grandes navegações -Estabelecimento de feitorias na África A partir do século XIX: -Colonialismo europeu -Partilha da África (Conferência de Berlim, em 1885)

Leia mais

Síria vive uma "miniguerra mundial": quem são os protagonistas desse conflito?

Síria vive uma miniguerra mundial: quem são os protagonistas desse conflito? Síria vive uma "miniguerra mundial": quem são os protagonistas desse conflito? COMENTE Família síria deixa área de al-muasalat após bombardeio em Aleppo, na Síria Pontos-chave A guerra civil da Síria começou

Leia mais

CADERNO DE EXERCÍCIOS 3D

CADERNO DE EXERCÍCIOS 3D CADERNO DE EXERCÍCIOS 3D Ensino Fundamental Ciências Humanas Questão Conteúdo Habilidade da Matriz da EJA/FB 1 Oceania H8 2 Oriente Médio H8 3 Campanha das Diretas Já H33 4 FHC Neoliberalismo e Privatizações

Leia mais

GEOGRAFIA ENSINO MÉDIO PROF. JEFFERSON OLIVEIRA 3 ANO PROF.ª LUDMILA DUTRA

GEOGRAFIA ENSINO MÉDIO PROF. JEFFERSON OLIVEIRA 3 ANO PROF.ª LUDMILA DUTRA GEOGRAFIA 3 ANO PROF.ª LUDMILA DUTRA ENSINO MÉDIO PROF. JEFFERSON OLIVEIRA CONTEÚDOS E HABILIDADES Unidade III Geopolítica e Poder 2 CONTEÚDOS E HABILIDADES Aula 12.2 Conteúdo Americanos no Iraque e Afeganistão

Leia mais

IDADE CONTEMPORÂNEA A ERA NAPOLEÔNICA

IDADE CONTEMPORÂNEA A ERA NAPOLEÔNICA ERA NAPOLEÔNICA (1799 1815) Prof. João Gabriel da Fonseca joaogabriel_fonseca@hotmail.com 1 - O CONSULADO (1799 1804): Pacificação interna e externa. Acordos de paz com países vizinhos. Acordo com a Igreja

Leia mais

Movimentos Nacionalistas

Movimentos Nacionalistas Movimentos Nacionalistas Questão da Ucrânia Questão do Cáucaso Questão dos Bálcãs Esfacelamento da Iugoslávia Questão Irlandesa Questão Basca A Criméia é uma península ucraniana, e a Ucrânia por sua vez,

Leia mais

PROFESSOR: Anderson José Soares. DISCIPLINA: Geografia SÉRIE:9º. Antes de iniciar a lista de exercícios leia atentamente as seguintes orientações:

PROFESSOR: Anderson José Soares. DISCIPLINA: Geografia SÉRIE:9º. Antes de iniciar a lista de exercícios leia atentamente as seguintes orientações: GOIÂNIA, / / 2016 PROFESSOR: Anderson José Soares DISCIPLINA: Geografia SÉRIE:9º ALUNO(a): No Anhanguera você é + Enem Antes de iniciar a lista de exercícios leia atentamente as seguintes orientações:

Leia mais

CONFLITOS ENTRE JUDEUS E ÁRABES

CONFLITOS ENTRE JUDEUS E ÁRABES CONFLITOS ENTRE JUDEUS E ÁRABES Conflitos entre Judeus e Árabes 2 Início dos conflitos Os conflitos ocorrem desde tempos bíblicos; A Diáspora quando os judeus foram expulsos de seu território no ano de

Leia mais

A ANTIGA ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR

A ANTIGA ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR A Nova Ordem Geopolítica Mundial A ANTIGA ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR Propriedade privada; Lucros destinados aos proprietários das empresas; Salários definidos pelos proprietários das empresas e pelo mercado;

Leia mais

1. POVOS E PAÍSES NO MUNDO ATUAL. Páginas 02 à 23

1. POVOS E PAÍSES NO MUNDO ATUAL. Páginas 02 à 23 1. POVOS E PAÍSES NO MUNDO ATUAL Páginas 02 à 23 Trajetória humana no globo terrestre Os primeiros registros de seres humanos foram encontrados na África; Nossos ancestrais começaram a expandir suas explorações

Leia mais

MATRIZ DE PROVA DE AVALIAÇÃO - ENSINO SECUNDÁRIO RECORRENTE (Portaria 242/2013) REGIME NÃO PRESENCIAL

MATRIZ DE PROVA DE AVALIAÇÃO - ENSINO SECUNDÁRIO RECORRENTE (Portaria 242/2013) REGIME NÃO PRESENCIAL AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX Um novo equilíbrio global - A geografia política após a Primeira Guerra Mundial. A Sociedade das Nações. - A difícil recuperação económica da Europa

Leia mais

Rev. Liberais do Século XIX e Período Regencial

Rev. Liberais do Século XIX e Período Regencial Rev. Liberais do Século XIX e Período 1. (PUC-RJ) O Congresso de Viena, concluído em 1815, após a derrota de Napoleão Bonaparte, baseou-se em três princípios políticos fundamentais. Assinale a opção que

Leia mais

HISTÓRIA. aula Era Napoleônica, Congresso de Viena e Revoluções Liberais

HISTÓRIA. aula Era Napoleônica, Congresso de Viena e Revoluções Liberais HISTÓRIA aula Era Napoleônica, Congresso de Viena e Revoluções Liberais Era Napoleônica Do Golpe do 18 Brumário (nov/1799) até a Queda de Napoleão (jun/1815) Três fases: Consulado (1799-1804) Império (1804-1815)

Leia mais

HISTÓRIA. Professores: André, Guga, Pedro

HISTÓRIA. Professores: André, Guga, Pedro HISTÓRIA Professores: André, Guga, Pedro Questão esperada sobre Mundo Islâmico (Idade Média). A resposta correta, letra A, fala sobre o expansionismo da cultura islâmica. A obra de Avicena, muito famosa,

Leia mais

A Segunda Guerra Mundial: Antecedentes Apresentado por:

A Segunda Guerra Mundial: Antecedentes Apresentado por: A Segunda Guerra Mundial: Antecedentes Apresentado por: Amabilli Caroline n 1 Gabryela Jesus n 10 Isabella Araújo n 14 Isabella Nunes n 15 Luiza Vernacci n 22 Thalles Henrique n 29 Introdução O grande

Leia mais

ALCIDES COSTA VAZ * IMPLICAÇÕES GEOPOLÍTICAS DA CRISE NA TURQUIA

ALCIDES COSTA VAZ * IMPLICAÇÕES GEOPOLÍTICAS DA CRISE NA TURQUIA * Ademais de sua bem conhecida condição de ponte entre a Europa, o Oriente Médio e a Ásia Central, o território da Turquia e seu entorno constituem-se no espaço para o qual convergem dinâmicas de três

Leia mais

Escola Básica Carlos Gargaté - Mais de 20 Anos a Educar. Departamento de Ciências Sociais e Humanas 2017/ História 7º/8º Ano

Escola Básica Carlos Gargaté - Mais de 20 Anos a Educar. Departamento de Ciências Sociais e Humanas 2017/ História 7º/8º Ano Escola Básica Carlos Gargaté - Mais de 20 Anos a Educar 2017/ 2018 História 7º/8º Ano Informação aos Encarregados de Educação Descritores localização no tempo Instrumentos de Avaliação Fichas de Avaliação

Leia mais

PERFIL DE APRENDIZAGENS 7 ºANO

PERFIL DE APRENDIZAGENS 7 ºANO 7 ºANO No final do 7º ano, o aluno deverá ser capaz de: DISCIPLINA DOMÍNIO DESCRITOR Das Sociedades Recoletoras às Primeiras Civilizações A Herança do Mediterrâneo Antigo 1. Conhecer o processo de hominização;

Leia mais

ATIVIDADES COMPLEMENTARES PB4/4B

ATIVIDADES COMPLEMENTARES PB4/4B COLÉGIO ALMIRANTE TAMANDARÉ Credenc. e autorização de funcionamento do Ens. Fundamental. 2002 Deliberação CEE/MS Nº 10.278, de 19 de dezembro de 2013. Educ. Infantil Aut. Del. CEE/MS Nº 1872 de 04 de fevereiro

Leia mais

Com aplausos e entoando estrofes do hino nacional, políticos, militantes dos direitos humanos, vítimas da ditadura e familiares dos mortos e desaparecidos do regime saudaram a instalação da Comissão Nacional

Leia mais

HISTÓRIA. aula Imperialismo e Neocolonialismo no século XIX

HISTÓRIA. aula Imperialismo e Neocolonialismo no século XIX HISTÓRIA aula Imperialismo e Neocolonialismo no século XIX Origens do imperialismo Resultado da 2ª Revolução Industrial na Europa e nos EUA Características gerais: Novidades tecnológicas Aumento da produção

Leia mais

A ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR

A ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR A ORDEM GEOPOLÍTICA BIPOLAR CAPITALISMO X SOCIALISMO Economia de mercado lei da oferta e procura; Propriedade privada dos meios de produção; Obtenção de lucro; Sociedade dividida em classes sociais; Trabalho

Leia mais

A Globalização e a Nova Ordem Mundial. A Geografia Levada a Sério

A Globalização e a Nova Ordem Mundial.   A Geografia Levada a Sério A Quais são as modificações ocorridas no cenário mundial com a Nova Ordem imposta no final do século XX? Será uma Nova Ordem ou desordem? Características da nova ordem mundial As alianças entre nações

Leia mais

ATUALIDADES. Atualidades Conflito s do Mundo Contemporâneo Ásia. Prof. Marcelo Saraiva

ATUALIDADES. Atualidades Conflito s do Mundo Contemporâneo Ásia. Prof. Marcelo Saraiva ATUALIDADES Atualidades 2017 Conflito s do Mundo Contemporâneo Ásia Prof. Marcelo Saraiva Ásia Afeganistão A invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos ocorreu após os ataques de 11 de setembro no final

Leia mais

TEMA 3. Prof. Janderson Barros

TEMA 3. Prof. Janderson Barros TEMA 3 Prof. Janderson Barros Oriente Médio é um termo que se refere a uma área geográfica à volta das partes leste e sul do mar Mediterrâneo. Prof. Janderson Barros Local estratégico em termos econômicos

Leia mais

B8-0136/2015 } B8-0137/2015 } B8-0138/2015 } B8-0139/2015 } B8-0140/2015 } B8-0142/2015 } RC1/Alt. 1

B8-0136/2015 } B8-0137/2015 } B8-0138/2015 } B8-0139/2015 } B8-0140/2015 } B8-0142/2015 } RC1/Alt. 1 B8-0142/2015 } RC1/Alt. 1 1 N. 3-A (novo) 3-A. Alerta para o risco de desencadeamento de uma guerra religiosa; salienta, no entanto, que autoridades muçulmanas rejeitam o EI, por não o considerarem nem

Leia mais

Da Modernidade à Modernização. Prof. Benedito Silva Neto Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPGDPP/UFFS

Da Modernidade à Modernização. Prof. Benedito Silva Neto Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPGDPP/UFFS Da Modernidade à Modernização Prof. Benedito Silva Neto Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPGDPP/UFFS Introdução Da Modernidade à Modernização: As transformações ideológicas das sociedades

Leia mais

ORIENTE MÉDIO: SUA IMPORTÂNCIA GEOESTRATÉGICA

ORIENTE MÉDIO: SUA IMPORTÂNCIA GEOESTRATÉGICA ORIENTE MÉDIO: SUA IMPORTÂNCIA GEOESTRATÉGICA ORIENTE MÉDIO: REGIÃO GEOESTRATÉGICA Oriente Médio: região geoestratégica É a porção sudoeste da Ásia Área de encontro entre os continentes asiático, africano

Leia mais

QUAL O MOTIVO DA EXPRESSÃO ORIENTE MÉDIO?

QUAL O MOTIVO DA EXPRESSÃO ORIENTE MÉDIO? ORIENTE MÉDIO QUAL O MOTIVO DA EXPRESSÃO ORIENTE MÉDIO? LOCALIZAÇÃO APECTOS FÍSICOS Clima árido é o mais presente no território Na porção norte uma franja de clima Mediterrâneo A região sobre com a carência

Leia mais

PEP/2016-2ª AVALIAÇÃO DE TREINAMENTO FICHA AUXILIAR DE CORREÇÃO HISTÓRIA. 1ª QUES TÃO (Valor 6,0)

PEP/2016-2ª AVALIAÇÃO DE TREINAMENTO FICHA AUXILIAR DE CORREÇÃO HISTÓRIA. 1ª QUES TÃO (Valor 6,0) 1 PEP/2016-2ª AVALIAÇÃO DE TREINAMENTO FICHA AUXILIAR DE CORREÇÃO HISTÓRIA 1ª QUES TÃO (Valor 6,0) Estudar a conformação política do Oriente Médio, a partir do término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Leia mais

CHINA Política e Economia

CHINA Política e Economia China séculos XIX e XX Exportadora de produtos primários para países capitalistas mais desenvolvidos Canela, seda, chá (produtos de exportação chineses) Guerra do Ópio contra a Inglaterra (1839 1842, 1856

Leia mais

MATRIZ DE PROVA DE AVALIAÇÃO - ENSINO SECUNDÁRIO RECORRENTE (Portaria 242/2013) ÉPOCA DE JUNHO/2018 REGIME NÃO PRESENCIAL

MATRIZ DE PROVA DE AVALIAÇÃO - ENSINO SECUNDÁRIO RECORRENTE (Portaria 242/2013) ÉPOCA DE JUNHO/2018 REGIME NÃO PRESENCIAL AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX Um novo equilíbrio global - A geografia política após a Primeira Guerra Mundial. A Sociedade das Nações. - A difícil recuperação económica da Europa

Leia mais

EUROPA SÉCULO XIX. Revoluções Liberais e Nacionalismos

EUROPA SÉCULO XIX. Revoluções Liberais e Nacionalismos EUROPA SÉCULO XIX Revoluções Liberais e Nacionalismos Contexto Congresso de Viena (1815) Restauração do Absolutismo Princípio da Legitimidade Santa Aliança Equilíbrio Europeu -> Fim Sacro I. Romano Germânico

Leia mais

História. Guerra Fria. Professor Cássio Albernaz.

História. Guerra Fria. Professor Cássio Albernaz. História Guerra Fria Professor Cássio Albernaz www.acasadoconcurseiro.com.br História GUERRA FRIA Introdução - o que foi e definição A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os

Leia mais

Os Impérios e o Poder Terrestre. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila

Os Impérios e o Poder Terrestre. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila Os Impérios e o Poder Terrestre Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila A opção terrestre do poder militar Ao estudarmos a história dos impérios, percebe-se

Leia mais

EUA: A CONQUISTA DA HEGEMONIA POLITICA E ECONOMICA PROF. NENO

EUA: A CONQUISTA DA HEGEMONIA POLITICA E ECONOMICA PROF. NENO EUA: A CONQUISTA DA HEGEMONIA POLITICA E ECONOMICA PROF. NENO - 2011 Os primeiros colonizadores chegaram à costa atlântica da América do Norte no século XVI. No nordeste, foi introduzida a policultura

Leia mais

CENTRO DE ESTUDOS PSICOPEDAGÓGICOS DE MACEIÓ PROFA. MÔNICA GUIMARÃES GEOGRAFIA - 9º ANO

CENTRO DE ESTUDOS PSICOPEDAGÓGICOS DE MACEIÓ PROFA. MÔNICA GUIMARÃES GEOGRAFIA - 9º ANO CENTRO DE ESTUDOS PSICOPEDAGÓGICOS DE MACEIÓ PROFA. MÔNICA GUIMARÃES GEOGRAFIA - 9º ANO DIVISÃO REGIONAL (REGIONALIZAÇÃO) *Europa Ocidental *Europa Centro Oriental *Europa Setentrional *Europa Mediterrânea

Leia mais

PROFESSORA: KEURELENE CAMPELO DISCIPLINA: HISTÓRIA GERAL CONTEÚDO: REVISANDO

PROFESSORA: KEURELENE CAMPELO DISCIPLINA: HISTÓRIA GERAL CONTEÚDO: REVISANDO PROFESSORA: KEURELENE CAMPELO DISCIPLINA: HISTÓRIA GERAL CONTEÚDO: REVISANDO 2 A descolonização da África ocorreu durante no século XX quando as populações dos territórios africanos ocupados conseguiram

Leia mais

03) Explique os conceitos de espaço vital e pangermanismo existentes na política externa da Alemanha nazista.

03) Explique os conceitos de espaço vital e pangermanismo existentes na política externa da Alemanha nazista. COLÉGIO PEDRO II CAMPUS HUMAITÁ II EXERCÍCIOS - Revisão 9ºANO PROFESSOR Cristiano Campos QUESTÃO 01 01) Cite algumas características dos movimentos e governos fascistas. QUESTÃO 02 02) Identifique as características

Leia mais

O que é uma Ordem Geopolítica?

O que é uma Ordem Geopolítica? O que é uma Ordem Geopolítica? Potência Mundial: país com capacidade de intervir no espaço mundial devido à força política, econômica, militar e tecnológica Equilíbrio temporário das relações políticas,

Leia mais

IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO

IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO Resultado da 2ª Revolução Industrial CONTEXTO: 2ª Revolução Industrial; Necessidade de novos mercados; Nacionalismo; Produção de armas; O CAPITALISMO MONOPOLISTA Setor industrial

Leia mais

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA Causas da Hegemonia atual dos EUA Influência Cultural: músicas, alimentações, vestuários e língua Poderio Econômico: 20% do PIB global Capacidade Militar sem paralelo Os EUA representam

Leia mais

Século XVIII. Revolução francesa: o fim da Idade Moderna

Século XVIII. Revolução francesa: o fim da Idade Moderna Século XVIII Revolução francesa: o fim da Idade Moderna Marco inicial: tomada da Bastilha Assembleia Nacional Consituinte 1789-1792 Nova Constituição (liberal) para a França; Alta burguesia assume o comando

Leia mais

ÁFRICA: DA COLONIZAÇÃO A INDEPENDÊNCIA. Módulo 28 - Frente 03 (segunda parte) página 194 a 196 ( segunda parte)

ÁFRICA: DA COLONIZAÇÃO A INDEPENDÊNCIA. Módulo 28 - Frente 03 (segunda parte) página 194 a 196 ( segunda parte) ÁFRICA: DA COLONIZAÇÃO A INDEPENDÊNCIA Módulo 28 - Frente 03 (segunda parte) página 194 a 196 ( segunda parte) Desde o século XVI, devido ao tráfico de escravos, os europeus já conheciam e exploravam algumas

Leia mais

Origem. Talvez as condições naturais da história viessem a. conduzir a uma demolição gradativa do sistema

Origem. Talvez as condições naturais da história viessem a. conduzir a uma demolição gradativa do sistema Origem Os esperavam que depois de superadas as contradições do capitalismo apareceria naturalmente o socialismo, como uma nova fase de um sistema econômico, político e social mais avançado. O mesmo seguiria

Leia mais

Prof. Esp. Franciane Borges

Prof. Esp. Franciane Borges Prof. Esp. Franciane Borges ... religiosos, políticos e econômicos. Autoridade passada por descendência. Seguem o alcorão e a sharia. Fiéis são independentes. Hoje: São os mais radicais, guiados por

Leia mais

REVOLUÇÃO RUSSA. Situação Política: Até início do séc. XX a Rússia ainda era um país Absolutista, governada por um Czar.

REVOLUÇÃO RUSSA. Situação Política: Até início do séc. XX a Rússia ainda era um país Absolutista, governada por um Czar. Antecedentes: REVOLUÇÃO RUSSA Situação Política: Até início do séc. XX a Rússia ainda era um país Absolutista, governada por um Czar. Situação Econômica: era um país extremamente atrasado, economia agrária,

Leia mais

AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL ÁSIA E ÁFRICA SÉCULO XX COLÉGIO PEDRO II PROFESSOR: ERIC ASSIS

AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL ÁSIA E ÁFRICA SÉCULO XX COLÉGIO PEDRO II PROFESSOR: ERIC ASSIS AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL ÁSIA E ÁFRICA SÉCULO XX COLÉGIO PEDRO II PROFESSOR: ERIC ASSIS A partilha do Continente Africano após a Conferência de Berlim (1885) O NEOCOLONIALISMO ENTRE OS SÉCULOS XIX

Leia mais

REVOLUÇÕES SÉCULO XIX. 8 º A N O P R O F. ª B I A N C A H I S T Ó R I A

REVOLUÇÕES SÉCULO XIX. 8 º A N O P R O F. ª B I A N C A H I S T Ó R I A REVOLUÇÕES LIBERAIS DO SÉCULO XIX. 8 º A N O P R O F. ª B I A N C A H I S T Ó R I A INÍCIO OséculoXIXfoinaEuropaumperíododerevoltaserevoluções.Cadaumdessesmomentos OséculoXIXfoinaEuropaumperíododerevoltaserevoluções.Cadaumdessesmomentos

Leia mais

GUERRA FRIA: INTRODUÇÃO E CONTEXTO

GUERRA FRIA: INTRODUÇÃO E CONTEXTO GUERRA FRIA GUERRA FRIA: INTRODUÇÃO E CONTEXTO Com o final da Segunda Guerra Mundial a Europa estava destruída pelos conflitos da guerra, todos os países estavam com a economia fragilizada, e isso facilitou

Leia mais

ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA. Professor: Eustáquio Vidigal

ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA. Professor: Eustáquio Vidigal ERA NAPOLEÔNICA E CONGRESSO DE VIENA Professor: Eustáquio Vidigal ERA NAPOLEÔNICA Domínio Frances na Europa Os processos revolucionários provocaram certa tensão na França, de um lado estava a burguesia

Leia mais

A ocupação africana e suas consequências

A ocupação africana e suas consequências A ocupação africana e suas consequências Introdução Contato europeus X africanos: século XV (criação de entrepostos comerciais no litoral, áreas de descanso e atracadouro). Período marcado pelo povoamento

Leia mais

Importante acontecimento do século XX. Surgimento do modelo socialista em oposição dominante Profundas transformações no país e no mundo

Importante acontecimento do século XX. Surgimento do modelo socialista em oposição dominante Profundas transformações no país e no mundo 03. REVOLUÇÃO RUSSA Importante acontecimento do século XX Surgimento do modelo socialista em oposição dominante Profundas transformações no país e no mundo ao capitalismo Rússia no início do século XX

Leia mais

DISCIPLINA: Geografia PROFESSOR(A): Bernardo e Thiago Curso: E.F II TURMA: 901/902/903 DATA: / /

DISCIPLINA: Geografia PROFESSOR(A): Bernardo e Thiago Curso: E.F II TURMA: 901/902/903 DATA: / / Lista de Exercícios 1º Bimestre DISCIPLINA: Geografia PROFESSOR(A): Bernardo e Thiago Curso: E.F II TURMA: 901/902/903 DATA: / / NOME: Nº.: QUESTÃO 1 Relacione os países às suas respectivas regiões. 1-Europa

Leia mais

EGIPTO. O QUE ESTÁ À VISTA? MUDANÇA DE LIDERANÇA OU DE REGIME? (ACTUALIZAÇÃO 1)

EGIPTO. O QUE ESTÁ À VISTA? MUDANÇA DE LIDERANÇA OU DE REGIME? (ACTUALIZAÇÃO 1) 2011/02/01 EGIPTO. O QUE ESTÁ À VISTA? MUDANÇA DE LIDERANÇA OU DE REGIME? (ACTUALIZAÇÃO 1) Até há nove dias atrás - ainda não tinham começado as manifestações de protesto - a grande prioridade da comunidade

Leia mais

ATUALIDADES. Atualidades do Ano de Conflitos do Mundo Contemporâneo África. Prof. Marcelo Saraiva

ATUALIDADES. Atualidades do Ano de Conflitos do Mundo Contemporâneo África. Prof. Marcelo Saraiva ATUALIDADES Atualidades do Ano de 2017 Conflitos do Mundo Contemporâneo África Prof. Marcelo Saraiva África A maior parte do continente africano tem sua identidade construída através do sofrimento e das

Leia mais