Conselho da União Europeia Bruxelas, 31 de março de 2017 (OR. en) Projeto de conclusões do Conselho sobre uma estratégia da UE para a Síria

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1 Conseil UE Conselho da União Europeia Bruxelas, 31 de março de 2017 (OR. en) 7650/17 NOTA de: Comité Político e de Segurança data: 31 de março de 2017 para: Assunto: LIMITE Comité de Representantes Permanentes PUBLIC MAMA 64 COPS 105 CFSP/PESC 290 COHAFA 17 RELEX 270 SY 2 Projeto de conclusões do Conselho sobre uma estratégia da UE para a Síria 1. Na sua reunião de 31 de março de 2017, o Comité Político e de Segurança acordou no projeto de conclusões do Conselho sobre uma estratégia da UE para a Síria, conforme consta do anexo. 2. Assim sendo, convida-se o COREPER a confirmar e aprovar o projeto de conclusões do Conselho e a transmiti-lo ao Conselho para adoção. 7650/17 mpm/nb/ml 1 DGC 2B LIMITE PT

2 ANEXO PROJETO DE CONCLUSÕES DO CONSELHO SOBRE UMA ESTRATÉGIA DA UE PARA A SÍRIA 1. Recordando as conclusões do Conselho de 23 de maio e 17 de outubro de 2016 e as conclusões do Conselho Europeu de 15 de dezembro de 2016, o Conselho manifesta a sua consternação com a gravíssima situação na Síria e a persistência dos problemas humanitários, políticos e de segurança decorrentes do conflito. São agora 13,5 milhões de sírios que necessitam de assistência humanitária na Síria, entre os quais 6,3 milhões de pessoas deslocadas internamente, 1,5 milhões que vivem em condições de cerco, e ainda 5 milhões de refugiados sírios acolhidos pelos países vizinhos e no resto da região. 2. O regime sírio é o primeiro responsável pela proteção da população síria. Por conseguinte, o Conselho apela ao regime sírio e aos seus aliados, em particular à Rússia, nomeadamente na sua qualidade de Copresidente do Grupo Internacional de Apoio à Síria, que envidem todos os esforços no sentido de assegurar a cessação total das hostilidades; o levantamento dos cercos; e o acesso da ajuda humanitária a todo o país, sem restrições e de forma sustentável. O Conselho condena veementemente as contínuas, sistemáticas, generalizadas e flagrantes violações e abusos dos direitos humanos e as violações do direito internacional humanitário por todas as partes, em especial pelo regime sírio. Estes atos têm de cessar e os responsáveis têm de prestar contas. O Conselho condena a tática de guerra que consiste em deixar civis passar fome sitiando áreas povoadas, bem como as deslocações forçadas de populações, podendo ambas as práticas constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade. A UE continuará a analisar a possibilidade de novas medidas restritivas contra a Síria enquanto durar a repressão. A UE recorda que não pode haver paz duradoura na Síria sob o atual regime. 3. O Conselho recorda que o conflito na Síria afeta diretamente a UE e concorda com a necessidade de a UE desenvolver um quadro estratégico específico para a sua abordagem em relação à Síria enquanto país que se inscreve especificamente na Estratégia regional da UE para a Síria e o Iraque, bem como para a ameaça representada pelo Daexe, adotada em maio de Por conseguinte, saúda a Comunicação conjunta da Alta Representante e da Comissão e subscreve os objetivos seguidamente apresentados. Essa comunicação, juntamente com as presentes conclusões, constituem a Estratégia da UE para a Síria. Os objetivos estratégicos da UE na Síria centram-se em seis domínios fundamentais: 7650/17 mpm/nb/ml 2

3 a) Pôr fim à guerra através de uma verdadeira transição política, de acordo com a Resolução 2254 do CSNU, negociada pelas partes no conflito, sob os auspícios do Enviado Especial das Nações Unidas para a Síria e com o apoio dos principais intervenientes internacionais e regionais. A UE está firmemente convicta de que não pode haver uma solução militar para o conflito e está empenhada na unidade, soberania, integridade territorial e independência do Estado sírio. Só uma solução política credível, tal como definido na Resolução 2254 do CSNU e no Comunicado de Genebra de 2012, garantirá a estabilidade da Síria e permitirá derrotar de forma decisiva o Daexe e outras organizações terroristas designadas pela ONU na Síria. A UE continua a apoiar os esforços desenvolvidos pela coligação internacional contra o Daexe na Síria e no Iraque. A UE apoia firmemente o trabalho do Enviado Especial das Nações Unidas e o reatamento das conversações em Genebra. Reafirmando a primazia do processo de Genebra liderado pela ONU, a UE continuará a prestar apoio político a este processo através da iniciativa regional da Alta Representante que fomenta o diálogo político com os principais intervenientes da região para identificar pontos de convergência no âmbito do mandato conferido pelo Conselho Europeu de dezembro. O Conselho acorda em aumentar os esforços da UE a fim de garantir tanto a plena e efetiva participação das mulheres, como a consulta e o diálogo sustentados com a sociedade civil no processo político. 7650/17 mpm/nb/ml 3

4 Os progressos alcançados em Genebra dependerão dos esforços envidados para reduzir a violência e criar confiança no terreno. Neste contexto, o Conselho reconhece o contributo prestado para restabelecer a cessação total das hostilidades e regista a criação do mecanismo trilateral nas reuniões em Astana para observar e assegurar o pleno respeito do cessar-fogo. Manifesta profunda preocupação com os continuados atos de violência cometidos por terroristas, e com as ações militares contra alvos civis e alvos não terroristas, inclusive por parte do regime e dos seus aliados. O Conselho exorta todas as partes a respeitarem o cessar-fogo e insta a Rússia, a Turquia e o Irão a honrarem os seus compromissos enquanto garantes, a fim de assegurar a sua aplicação integral. Neste contexto, a realização de reuniões suplementares deverá permitir alcançar progressos no sentido de assegurar um acesso humanitário, total, sem obstáculos e seguro em todo o país, o levantamento dos cercos nas localidades em causa e a libertação de todas as pessoas detidas de forma arbitrária, em particular mulheres e crianças, em conformidade com a Resolução 2268 do CSNU. b) Promover uma transição significativa e inclusiva na Síria, em conformidade com a Resolução 2254 do CSNU e o Comunicado de Genebra, através do apoio ao reforço da oposição política. A UE continuará a apoiar a oposição síria e, em particular, o Alto Comité de Negociações, na qualidade de delegação da oposição nas conversações mediadas pela ONU em Genebra. A UE apoiará o desenvolvimento da visão do Alto Comité de Negociações sobre a transição, bem como nos esforços por este já efetuados para consolidar a plataforma de negociação para a oposição síria. O Conselho encoraja as partes sírias a participarem, de forma construtiva e sem condições prévias, na agenda definida pelo Enviado Especial das Nações Unidas e saúda a abordagem positiva adotada pelo Alto Comité de Negociações na conclusão de um acordo sobre uma delegação mais inclusiva e na definição de propostas moderadas e pragmáticas. O Conselho congratulou-se com a integração do Alto Comité de Negociações no Women's Advisory Board e a promoção progressiva da sua participação plena e efetiva. A UE insta o regime sírio a apresentar os seus próprios planos para uma verdadeira transição política inclusiva. 7650/17 mpm/nb/ml 4

5 O processo político tem de ser plenamente inclusivo a fim de assegurar que todos os segmentos da sociedade síria participem na configuração da futura unidade e reconciliação da Síria. c) Salvar vidas, dando resposta às necessidades humanitárias dos cidadãos sírios mais vulneráveis em todo o país de uma forma atempada, eficaz, eficiente e baseada em princípios. A UE manifesta grande preocupação com as restrições deliberadas que entravam a prestação de ajuda humanitária e reitera o seu apelo para que seja concedido às Nações Unidas e a outras organizações humanitárias um acesso humanitário total, sem obstáculos, seguro e sustentável em todo o país. O acesso humanitário não é uma medida de reforço da confiança mas sim uma obrigação. A UE, que representa a maior fonte de financiamento dos esforços humanitários na Síria, continuará a desenvolver uma diplomacia humanitária intensiva e procurará formas de melhorar o acesso e a proteção, bem como de promover os princípios humanitários. A UE continuará a esforçar-se por conseguir a plena aplicação das isenções e autorizações por motivos humanitários nas suas medidas restritivas contra a Síria. Continuará ainda a apoiar a assistência prestada às vítimas de minas e a promover a sensibilização para os riscos das minas. d) Promover a democracia, os direitos humanos e a liberdade de expressão, reforçando as organizações da sociedade civil síria. A UE continuará a prestar um apoio substancial às organizações da sociedade civil síria, inclusivamente ao trabalho do Civil Society Support Room e do Women's Advisory Board. A sociedade civil terá de desempenhar um papel de destaque na Síria após o conflito e no apoio ao processo de reconciliação. O Conselho acordou em intensificar os esforços da UE para promover a liberdade de expressão, nomeadamente através do apoio aos meios de comunicação social livres e independentes. 7650/17 mpm/nb/ml 5

6 e) Promover a responsabilização por crimes de guerra para facilitar o processo de reconciliação nacional e a justiça transicional. A UE continuará a esforçar-se por ajudar a garantir a responsabilização dos culpados de crimes de guerra, de violações dos direitos humanos e de violações do direito internacional humanitário, incluindo a utilização confirmada de armas químicas. A UE condena com a máxima veemência as violações sistemáticas cometidas na Síria documentadas pela Comissão de Inquérito Internacional Independente criada pelas Nações Unidas, nomeadamente no estudo detalhado sobre os crimes cometidos em Alepo no ano passado. O Conselho apoia as recomendações da Comissão de Inquérito. O Conselho acorda em continuar a recolher informações para fins de ações judiciais futuras, nomeadamente no Tribunal Penal Internacional, contra todos os responsáveis por violações do direito internacional. Neste contexto, o Conselho manifesta o seu apoio ao Mecanismo Internacional, Imparcial e Independente criado para este fim pela Assembleia Geral das Nações Unidas e salienta a importância de disponibilizar recursos suficientes para que prossiga o seu trabalho fundamental. A UE apoia todos os esforços para a reconciliação nacional e continuará a apelar à instauração de uma justiça transicional. O Conselho condena também a utilização de armas químicas pelo regime sírio e pelo Daexe, confirmada pelos relatórios do mecanismo conjunto de investigação das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas, e recorda a sua decisão, em março, de adotar medidas restritivas adicionais contra os responsáveis. O Conselho apoia todos os esforços para identificar as pessoas desaparecidas. 7650/17 mpm/nb/ml 6

7 f) Apoiar a resiliência da população síria e da sociedade síria. A UE continuará a apoiar a resiliência através da oferta de formação, da criação de postos de trabalho e do apoio às estruturas de governação civil local em zonas controladas pela oposição, inclusivamente através de um trabalho conjunto com o Governo Provisório da Síria. Esforçar-se-á também por evitar o colapso da administração estatal. A UE procurará aumentar a assistência, combinando a assistência transfronteiras com o apoio a partir do interior do território sírio, com o objetivo de prestar ajuda enquanto parte integrante do esforço mais amplo para fazer face às necessidades da população em toda a Síria, para prevenir o extremismo violento e o sectarismo e para desenvolver a resiliência local. A UE não empreenderá esforços de recuperação rápida ou de estabilização que sejam passíveis de promover a engenharia social ou demográfica. 4. A UE reitera que só estará disposta a contribuir para a reconstrução da Síria quando estiver efetivamente em curso uma transição política genuína, abrangente e inclusiva, negociada pelas partes no conflito sírio com base na Resolução 2254 (2015) do Conselho de Segurança das Nações Unidas e no Comunicado de Genebra de O Conselho analisará, nessa fase, uma eventual assistência pós-conflito, tal como descrita na Comunicação conjunta. Neste contexto, a UE poderá rever as medidas restritivas atualmente em vigor, procurar retomar a cooperação com as autoridades de transição, mobilizar fundos para apoiar a recuperação e a reconstrução pós-guerra, inclusive do património cultural, e utilizar os instrumentos adequados, no âmbito da Política Europeia de Vizinhança e de outros programas, para dar resposta aos desafios da transição e dar às comunidades estabilidade por via do desenvolvimento económico. A UE apoia ativamente as Nações Unidas nos seus esforços de coordenação do planeamento da estabilização civil uma vez alcançado um acordo, e trabalhará com as Nações Unidas, as instituições financeiras internacionais e outros doadores. Aqueles que alimentaram o conflito devem também assumir uma responsabilidade especial pelos custos da reconstrução. 7650/17 mpm/nb/ml 7

8 5. A UE está ciente dos efeitos que o conflito sírio teve nos Estados vizinhos e confirma o seu empenho em prestar apoio à Jordânia, ao Líbano e à Turquia, bem como ao Iraque e ao Egito, que têm demonstrado empenho e resiliência ao acolherem milhões de refugiados sírios ao longo dos últimos anos. O Conselho congratula-se com estes esforços e está de acordo quanto à necessidade de manter esse apoio através da implementação dos pactos UE-Jordânia e UE-Líbano, bem como da Declaração UE-Turquia, que contribuem para assegurar o respeito pelos compromissos acordados em Londres em relação a estes países. 6. O Conselho aguarda com expectativa a realização da Conferência de Bruxelas sobre o apoio ao futuro da Síria e dos países da região, em 4 e 5 de abril de 2017, na sequência da conferência de Londres de fevereiro de 2016, das conferências de doadores realizadas no Koweit entre 2013 e 2015 e das conferências de Berlim e de Helsínquia realizadas em 2014 e A Conferência reforçará o apoio internacional ao processo político liderado pelas Nações Unidas e mobilizará financiamento para dar resposta às necessidades identificadas nos apelos coordenados pelas Nações Unidas. Além disso, apoiará a resiliência dos países que acolhem refugiados. O Conselho assinala que a estratégia da UE constitui a orientação estratégica que será seguida pela UE na Conferência. 7650/17 mpm/nb/ml 8