Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade
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1 Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade Depoimento de João Abel Peças Lopes Doutor Engenheiro Eletrotécnico, FEUP Professor Catedrático da FEUP Diretor Associado do INESC TEC Presidente do Júri do Concurso para Atribuição de Capacidade de Injeção de Potência Eólica ( ) Fellow do IEEE 19 de julho de 2018
2 RACIONAL Ameaças Ambientais Eletrificação da Sociedade e Economia Sist. El. Pt Descarbonização via Energias Renováveis Sobrecustos? Mudança de Paradigma / Gestão do Sistema Reservas de Backup Atração de Investimento Tarifas FIT Remunerações Excessivas / Insuficientes? Sobrecustos? Armazenamento Mercado 2
3 INTRODUÇÃO A AMEAÇA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS A temperatura média da superfície da Terra aumentou 2,5 graus C em 250 anos Verifica-se atualmente uma redução da superfície dos gelos das calotes polares reduzindo a energia refletida do Sol e provocando o aumento acelerado da temperatura da Terra e o aumento do nível da água do mar. 3
4 INTRODUÇÃO A ELETRIFICAÇÃO DA ECONOMIA Alterações Climáticas Eletrificação crescente da economia e da sociedade Substituição da produção termoelétrica por fontes de energia primária que não conduzam a emissões de CO2 (renováveis). Forças Motoras da Mudança na Indústria Elétrica: 1) Questões ambientais: Cumprir as metas do Acordo de PARIS, Metas do Plano Energia / Clima (2030) 2) O problema da mobilidade Mobilidade elétrica 3) Substituição de infraestruturas envelhecidas (produção e rede) 4) Segurança de Abastecimento 5) Melhoria da qualidade do serviço 6) Liberalização dos mercados de eletricidade (energia e serviços) 7) O empowerment dos consumidores 8) Disponibilidade de soluções eficazes e baratas de TIC / Digitalização 4
5 A MUDANÇA DE PARADIGMA NO SECTOR ELÉTRICO Ontem Central power station Amanhã: produção distribuída / on-site com uma integração completa nas redes Transmission Network Storage Photovoltaics power plant Storage Participação ativa do consumo na gestão do sistema Flow Control House Factory Distribution Network Commercial building Local CHP plant Storage Power quality device Storage Wind power plant Power quality device House with domestic CHP Smart Grid Flexibilidade Produção eólica e solar PV caracterizada por variabilidade temporal 5 5
6 O SISTEMA ELÉTRICO PORTUGUÊS 2016 CAPACIDADE INSTALADA CONSUMO FINAL 6
7 O SISTEMA ELÉTRICO PORTUGUÊS CAPACIDADE INSTALADA 2017 CONSUMO FINAL Eólica: MW; Hídrica: MW; CCGT: MW; Carvão: MW 7
8 ENERGIAS RENOVÁVEIS A VARIABILIDADE DA PRODUÇÃO RENOVÁVEL From REN: Novas soluções de gestão do sistema e a utilização de conceitos de flexibilidade na produção e consumo de eletricidade 8
9 GESTÃO ATIVA DA PROCURA FLEXIBILIDADE NO CONSUMIDOR / PRODUTOR Microgeneration µgen Module Electricity and Reserve Services Markets Smart Appliances (kw) State of Operation Control Signals HEMS Central Unit Flexibility (h) Aggregator Energy and Reserve Prices Consumer comfort preferences Energy Box (Gateway) Smart Meter DSO Network Remuneração da flexibilidade 9
10 ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO - REMUNERAÇÃO DA PRE EÓLICA No arranque da instalação da PRE foram definidas remunerações bonificadas (tarifas), baseadas em custos evitados e benefícios ambientais, e indexadas à evolução do índice de preços ao consumidor para promover o investimento na PRE; Para as centrais ao abrigo dos DL nº168/99 ou 339-C/2001, o limite máximo de remuneração bonificada foi de 144 meses (12 anos)(dl 168/99, 1999)(DL 339- C/2001, 2001). Para as centrais ao abrigo do DL n.º 33-A/2005 ou 225/2007 (DL 33- A/2005, 2005)(DL 225/2007, 2007), o limite máximo de remuneração bonificada para centrais eólicas é de 15 anos, ou até aos primeiros 33 GWh entregues à rede (por MW de potência instalada). Após este prazo passam para o mercado. As remunerações que foram sendo definidas estavam em linha com as praticadas em outros países Europeus, e traduziam o grau de maturidade tecnológica. Remuneração média atual de aproximadamente 90 /MWh Sobrecustos (Tarifa regulada preço mercado) x Energia eólica 10
11 ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO O CONCURSO PARA ATRIBUIÇÃO DE CAPACIDADE DE INJEÇÃO DE POTÊNCIA EÓLICA Em Junho de 2005 é organizado um concurso para atribuição de potência eólica. O concurso foi realizado nos termos do disposto no artigo 14º do Decreto-Lei n.º 312/2001, na redação que lhe foi dada pelo artigo 8º do Decreto-Lei nº 33-A/2005. Foram colocados a concurso até 1600 MVA, sobre-equipamento incluído, divididos por 2 fases: A e B Caraterísticas principais: Desconto na remuneração de até 5% sobre a tarifa; Criação de um cluster industrial alargado; Imposição de requisitos técnicos especiais para garantir a robustez de exploração do Sistema Elétrico (Previsão de Produção Eólica, Centros de Controlo e Despacho, Interruptibilidade, armazenamento de energia, ); Criação de um Fundo de Apoio à Inovação com 2x35 M. Procedimento concursal exemplar. 11
12 SOBRECUSTOS DA PRE 12
13 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE Caso Real 13
14 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE Caso Real 14
15 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE Caso Real 44,75 15
16 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE Caso Real Efeito da ordem de mérito 16
17 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE Caso Real Efeito da ordem de mérito 44,75 17
18 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE Caso Real 63,44 Efeito da ordem de mérito 44,75 Fernando Lopes, João Sá and João Santana, Renewable Generation, Support Policies and the Merit Order Effect: A Comprehensive Overview and the Case of Wind Power in Portugal 18
19 O IMPACTO DA PRE NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO DE ELETRICIDADE PREÇOS DOS MERCADOS DE ELECTRICIDADE NA EUROPA Quando a Produção Renovável aumenta preço do Mercado grossista reduz 19
20 SOBRECUSTOS (REAIS) DA PRE EÓLICA Na avaliação dos sobrecustos no mercado grossista é esquecido o efeito da ordem de mérito Fonte: INTEGRAÇÃO DA PRODUÇÃO RENOVÁVEL E DE COGERAÇÃO NO MIBEL E NA OPERAÇÃO DOS RESPECTIVOS SISTEMAS ELÉCTRICOS - Conselho de Reguladores do MIBEL Sobrecusto aprox. sem EOM = Ewind x (97-30)=314M Fernando Lopes, João Sá and João Santana, Renewable Generation, Support Policies and the Merit Order Effect: A Comprehensive Overview and the Case of Wind Power in Portugal Correção significativa dos sobrecustos (CIEG) em algumas centenas de milhões de Euros por ano, a que acresce uma significativa redução da importação de combustíveis fósseis e poupança com emissões de CO2. 20
21 VENDA DA PRE NO MIBEL - PREÇO ZERO? 29 de Dezembro de 2015 MW A produção eólica pode exceder o consumo, mas o preço de venda (exportação) não é zero, pois é definido pelo preço da pool do mercado Ibérico. Imports Natural gas Hydro reservoirs Hydro run-of-river Coal Other non-dispat. Wind Load + Pumping Load Nº horas preço mercado Espanha <5 /MWh h Nº horas preço mercado Portugal <5 /MWh h % horas preço mercado Espanha a <5 /MWh % 5,68 0,91 1,74 8,40 6,20 0,35 1,15 0,05 % horas preço mercado Portugal a <5 /MWh % 5,66 0,71 0,89 8,09 6,56 0,25 1,18 0,00 A preço zero 5,42% 2,23% Fonte REN Nesta situação o grande volume de PRE deprimiu o preço de mercado bombagem (armazenamento) para ser entregue ao mercado na horas de ponta Situação com valor residual + Simetria de comportamento: a PRE Espanhola subsidia também os consumidores Portugueses 21
22 O ARMAZENAMENTO HIDRO-ELÉTRICO E SEUS BENEFÍCIOS MW MW Load diagram 28 th December 2015 MW O papel do armazenamento hidro-elétrico MW MW Imports Natural gas Hydro reservoirs Hydro run-of-river Coal Other non-dispat. Wind Load + Pumping Load MW MW Fonte REN Rendimento médio CBomb = 80% P1 Preço de mercado com armazenamento às horas de ponta Preço de mercado sem armazenamento P2<P1 P2 A produção eólica e o armazenamento são complementares e todos ganham! 22
23 NECESSIDADE DE RESERVA ESTÁTICA E OPERACIONAL A integração de produção renovável no sistema requer capacidade de backup para disponibilizar reservas estática de substituição (devido a avarias) e reserva operacional que resulta da variabilidade temporal do recurso primário. A necessidade de reserva (backup) não é exclusiva da produção renovável (eólica) O sistema electroprodutor Português tem uma grande componente hídrica variação inter-anual de produção elevada (anos secos / anos húmidos) Níveis de reserva elevados A definição das reservas é feita com base em critérios de risco admissível (análises tipo LOLP) O aumento de produção variável no tempo (em substituição de potência térmica) aumenta o risco operacional (exigindo portanto mais reserva operacional); Em sistemas semelhantes (Hydro-Québec) a introdução de grandes volumes de produção eólica conduziu a acréscimos de risco (5%) reforço de potência de reserva. 23
24 NECESSIDADE DE RESERVA ESTÁTICA E OPERACIONAL O aumento do volume de produção com características de variabilidade temporal não tem provocado aumento da utilização de reservas operacionais serviços de sistema Fonte: INTEGRAÇÃO DA PRODUÇÃO RENOVÁVEL E DE COGERAÇÃO NO MIBEL E NA OPERAÇÃO DOS RESPECTIVOS SISTEMAS ELÉCTRICOS - Conselho de Reguladores do MIBEL Resulta da melhoria da qualidade da previsão de PRE 24
25 M BENEFÍCIOS ADICIONAIS DA PRODUÇÃO EÓLICA Rendas dos Terrenos & 2,5 % Faturação para os municípios (Eólica) Rendas terrenos [M ] (2% facturação) Câmaras Municipais [M ] (2,5% facturação) Emprego Gerado Concurso Nº de Empregos directos gerados pelas FER Nº de Empregos indirectos gerados pelas FER 25
26 M BENEFÍCIOS ADICIONAIS DA PRODUÇÃO EÓLICA Exportações do Setor Industrial Renovável Concurso Custos evitados com Importações de Combustíveis Fósseis Carvão Gás Natural 26
27 M BENEFÍCIOS ADICIONAIS DA PRODUÇÃO EÓLICA Custos evitados com Licenças de CO2 e Emissões Evitadas Total de custos evitados com licenças de CO2 devido à produção das FER [M ] 27
28 CONCLUSÕES O combate às alterações climáticas passa pela exploração sistemática e generalizada das energias renováveis para a produção de eletricidade. Sem prescindir: Estão controlados os problemas técnicos resultantes da integração de grandes volumes de produção renovável; No caso português os recursos renováveis são completamente endógenos; Têm vindo a ser exagerados os sobrecustos da produção eólica ao nível do mercado grossista; Verifica-se uma diminuição significativa dos custos das importações de combustíveis fósseis, contribuindo para melhorar a balança de transações correntes; Verifica-se uma diminuição significativa dos volumes de emissões de GEE; Grande volume de criação de emprego qualificado; Aumento do volume de exportações de produtos industriais (cluster industrial renovável); Desenvolvimento de conhecimento científico avançado, transferido para a indústria, já exportado e com potencial adicional de exportação. Remuneração: A remuneração, via FIT, tem de ser suficiente para atrair investimento (sobretudo na fase de arranque). Os valores iniciais estavam em linha com os praticados na Europa. Não parece possível demonstrar que uma remuneração manifestamente mais baixa conduziria a resultados semelhantes em termos de atração de investimento. 28
29 CONCLUSÕES Desafios e Oportunidades para o Presente e Futuro: Há uma mudança profunda em curso no setor elétrico e que é imparável (produção distribuída renovável, os consumidores produtores, a mobilidade elétrica, as microredes, ); Devemos ser protagonistas ativos e liderar a mudança, utilizando o SCTN, explorando as TIC e gerindo a flexibilidade do lado da procura, aumentando a eficiência global do sistema, transformando conhecimento em valor industrial para exportação; É necessário promover alterações regulatórias e regulamentares para aumentar a eficiência do mercado perante este cenário de mudança (redesenho dos mercados de eletricidade no MIBEL); É ainda necessário redesenhar o sistema tarifário; Cria mecanismos regulatórios de incentivo à inovação na redes elétricas (modelo RIIO - Ofgem). 29
30 CUSTOS NIVELADOS DE PRODUÇÃO E O INVESTIMENTO FUTURO EM PRODUÇÃO RENOVÁVEL Situação atual Início do século 30
31 A ESTRUTURA TARIFÁRIA E PREÇOS DA ELETRICIDADE Tarifas reguladas BTN (2018) 31
32 A ESTRUTURA TARIFÁRIA E PREÇOS DA ELETRICIDADE O IVA tem grande responsabilidade no elevado preço final da energia elétrica em PT 32
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