48 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS IDOSOS DIABÉTICOS CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA NO ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL
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1 RAS doi: /ras.vol16n ISSN PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS IDOSOS DIABÉTICOS CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA NO ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF DIABETIC SENIORS REGISTERED IN THE HIPERDIA PROGRAM IN THE STATE OF PIAUÍ, BRASIL artigo original Gleyson Moura dos Santos a *, Paulo Víctor de Lima Sousa b *, Nara Vanessa dos Anjos Barros c * a g_leyson_moura@hotmail.com, b paulovictor.lima@hotmail.com, c nara.vanessa@hotmail.com *Universidade Federal do Piauí Teresina (PI), Brasil Data de recebimento do artigo: 14/12/2007 Data de aceite do artigo: 02/04/2018 RESUMO Introdução: O envelhecimento é um processo inerente ao curso natural da vida e no qual ocorre modificações biológicas, psicológicas e sociais no indivíduo, deixando-o mais vulnerável à ocorrência de enfermidades. Dentre as doenças mais prevalentes, destaca-se o diabetes mellitus. O Ministério da Saúde lançou o Hiperdia com objetivo de monitorar a distribuição de medicamentos. Objetivo: Descrever o perfil de idosos diabéticos cadastrados no programa Hiperdia no estado do Piauí entre os anos de 2005 e Métodos: Estudo transversal descritivo/retrospectivo de base populacional, utilizando dados secundários sobre informações de idosos com diabetes mellitus registrados no Hiperdia e disponibilizadas no site do Datasus. As variáveis foram categorizadas em três grupos: 1) caracterização dos idosos: sexo e idade; 2) complicações: acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, outras cardiopatias, doença renal, pé diabético e amputação por diabete; 3) fatores de risco: tabagismo, sobrepeso e sedentarismo. Resultados: Verificou-se maior prevalência de idosos com diabetes mellitus do tipo 2 (76,1%). A presença de diabetes mellitus 1 e 2 foi predominante nos idosos do sexo feminino (61,9% e 61,2%, respectivamente) e na faixa etária dos sessenta a 64 anos (31,5% e 35,1%). No ano de 2007 houve mais casos de diabetes mellitus 1 em idosos do sexo feminino; já em 2009 a maior prevalência foi em idosos do sexo masculino. A diferença estatística foi mais significativa nas variáveis amputação por diabetes, sobrepeso e obesidade. Conclusão: Maior prevalência de idosos com diabetes mellitus 2, principalmente, na população feminina, destacandose a presença de sobrepeso e o sedentarismo como os principais fatores de risco. Palavras-chave: Idoso; diabetes mellitus; doença crônica; epidemiologia; saúde pública. ABSTRACT Introduction: Aging is an intrinsic process in the natural course of life in which biological, psychological and social changes occur, leaving the individual more vulnerable to disease occurrences. Among the most prevalent diseases, Diabetes mellitus stands out. The Ministry of Health launched the Hypertension and Diabetes Program (Hiperdia) to monitor the distribution of medications. Objective: To describe the profile of diabetic elderly people enrolled in the Hiperdia in the state of Piauí, between 2005 and Methods: A cross-sectional descriptive/retrospective population-based study using secondary data on seniors with diabetes mellitus recorded in Hiperdia and available on the Datasus website. The variables were categorized into three groups: 1) characterization of the elderly: sex and age; 2) complications: cerebrovascular accident, acute myocardial infarction, other cardiopathies, renal disease, diabetic foot and diabetes amputation; 3) risk factors: smoking, being overweight and sedentary. Results: Higher prevalence of elderly with diabetes mellitus type 2 (76.1%). The presence of diabetes mellitus 1 and 2 was predominant in female elderly (61.9% and 61.2%, respectively) in the age group from 60 to 74 years. In 2007, there were more cases of diabetes mellitus in female seniors, while in 2009 the highest prevalence was in elderly male. The statistical difference was more significant for the variables diabetes amputation, overweight and obesity. Conclusion: Higher prevalence of elderly people with diabetes mellitus 2, mainly in the female population, emphasizing the presence of overweight and sedentary lifestyle as the main risk factors. Keywords: Elderly; diabetes mellitus; chronic disease; epidemiology; public health.
2 perfil epidemiológico de idosos diabéticos no piauí 49 Introdução O envelhecimento é um processo inerente ao curso natural da vida e no qual ocorrem modificações biológicas, psicológicas e sociais no indivíduo, deixando-o mais vulnerável à ocorrência de enfermidades com o passar dos anos 1. Essas modificações estão associadas à idade e ao acúmulo de danos ao longo da vida, entre eles os de fatores genéticos e os hábitos de vida não saudáveis 2. No Brasil, segundo o Censo de 2016, a proporção de idosos de sessenta anos ou mais na população do Brasil passou de 9,8% em 2005 para 14,3% em 2015, demonstrando que, proporcionalmente, essa é a parcela de população que mais faz uso dos serviços de saúde 3. Com essas mudanças no perfil epidemiológico, bem como o aumento da expectativa de vida, as mudanças fisiológicas, aliadas a não adoção de práticas saudáveis, favorecem a ocorrência das doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) na população idosa, que se torna o grupo etário mais fragilizado 4. O crescimento no número de DCNT nesse grupo etário favorece o aumento da procura por serviços de saúde, o que ocasiona altos custos, uma vez que esses usuários ocupam os leitos hospitalares por mais tempo, quando comparados aos outros grupos etários 5. Dentre as DCNT mais prevalentes, destaca-se o diabetes mellitus (DM), que se caracteriza por uma série de distúrbios metabólicos. Apesar de possuir em comum com outras doenças desse grupo o efeito da hiperglicemia, no diabetes se sobressaem complicações como lesão de vários órgãos e sistemas do organismo, como os sistemas cardíaco, renal, nervoso e visual 6. Para organizar a assistência às pessoas com DM, o Ministério da Saúde lançou em 2001 o Plano de Reorganização da Atenção ao Diabetes, materializado no Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes (Hiperdia), que constitui um sistema de cadastro que permite o monitoramento e gera informações para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e organizada 7. Com a utilização do Hiperdia, espera-se aumento da longevidade da população brasileira, bem como melhoria da qualidade de vida, por meio de intervenções que favoreçam a diminuição da morbimortalidade por hipertensão e diabetes 7,8. Além disso, o acompanhamento e a identificação de fatores que interferem na não adesão do usuário diabético ao tratamento permite direcionar a seleção de condutas terapêuticas voltadas para a obtenção de resultados satisfatórios por parte da Equipe da Saúde da Família. Com isso, torna-se de suma importância que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) tenham conhecimento do perfil de seus usuários, com a finalidade de adotar medidas mais efetivas para essa população. Diante disso, este estudo teve por objetivo descrever o perfil de idosos diabéticos cadastrados no programa Hiperdia no estado do Piauí entre os anos de 2005 a Metodologia A pesquisa foi conduzida no estado do Piauí, localizado no Nordeste do Brasil (entre e de latitude sul e e de longitude oeste), com base em dados de um total de 224 municípios e, aproximadamente, habitantes 9. Trata-se de um estudo transversal descritivo/retrospectivo de base populacional, utilizando dados secundários sobre informações de idosos com DM registrados no Hiperdia e disponibilizadas no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). A população do estudo é constituída de idosos do estado do Piauí cadastrados no supracitado sistema no período de janeiro de 2005 a dezembro de Esse intervalo de tempo foi determinado por abranger o período em que os dados se apresentaram completos, visto que após o ano de 2012 deu-se início à implantação do sistema e-sus Atenção Básica, a qual ainda não havia sido concluída até o momento da pesquisa. As variáveis escolhidas para a análise foram categorizadas em três grupos: 1) relacionadas à caracterização do grupo estudado (idosos): sexo e idade; 2) relacionadas às complicações: acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio (IAM), outras cardiopatias, doença renal, pé diabético e amputação por diabete; 3) variáveis relacionadas aos fatores de risco: tabagismo, sobrepeso e sedentarismo. Para tabulação e análise dos dados foram utilizados os programas Tabwin 3.6 e Microsoft Office Excel O software Tabwin 3.6 foi obtido no site do Datasus. Para as comparações das diferenças nas frequências das variáveis entre os sexos utilizou-se o teste do qui-quadrado com correção de Yates para tabelas 2 2. O tratamento dos dados foi feito através do programa BioEstat 5.0, sendo considerado significativo p<0,05. Os dados foram analisados mediante estatísticas descritivas (frequência e percentual) e expressos em tabelas. Por se tratar de uma análise fundamentada em banco de dados secundários e de domínio público, o estudo não foi encaminhado para apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa, mas ressalta-se que foram tomados os cuidados éticos que preceitua a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, a qual regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos 10.
3 50 Santos GM, Sousa PVL, Barros NVA Resultados Foram avaliados neste estudo casos de idosos com diabetes registrados no banco de dados do sistema Hiperdia. Na Tabela 1, demonstra-se a quantidade anual de casos de diabetes em indivíduos idosos cadastrados no sistema. O levantamento revelou uma maior prevalência de idosos com DM tipo 2, com 76,1% dos cadastrados; apenas 23,9% foram diagnosticados com diabetes mellitus tipo 1. Verificou-se também que grande parte dos eventos ocorridos foi prevalente no ano de Tabela 1: Número de idosos diabéticos segundo classificação da doença entre os anos de 2005 a 2012 no estado do Piauí. Ano Classificação Diabetes mellitus tipo 1 Diabetes mellitus tipo 2 n=438 % n=1391 % , , , , , , , , , , , , , , , ,6 A Tabela 2 apresenta as variáveis segundo sexo e faixa etária dos idosos diabéticos cadastrados no sistema Hiperdia de acordo com o tipo da doença. Os diagnosticados com diabetes mellitus tipo 1 (n=438) foram em sua maioria idosos do sexo feminino (61,9%) e de faixa etária entre sessenta a 69 anos (55,9%). Com relação aos idosos com diabetes mellitus tipo 2 (n=1391), também houve maior predominância do sexo feminino (61,2%), e a faixa etária mais frequente foi de sessenta a 74 anos (78,9%). Na Tabela 3, verifica-se o número de idosos cadastrados no sistema Hiperdia com diabetes mellitus tipo 1 segundo estratificação por sexo. Verifica-se que houve diferença estatística significativa para o número de casos entre os sexos para os anos de 2007 e 2009, diferentemente de outros anos estudados. Já na Tabela 4, observa-se o número de idosos cadastrados no sistema Hiperdia com diabetes mellitus tipo 2 segundo estratificação por sexo. Tais resultados demonstram que não houve diferença estatística significativa para o número de casos entre os sexos para nenhum dos anos estudados. Tabela 2: Variáveis epidemiológicas dos idosos diabéticos segundo a classificação da doença entre os anos de 2005 a 2012 no estado do Piauí. Variável Diabetes mellitus tipo 1 Diabetes mellitus tipo 2 n=438 % n=1.391 % Sexo Masculino , ,8 Feminino ,2 Faixa etária 60 a 64 anos , ,1 65 a 69 anos , ,3 70 a 74 anos 91 20, ,5 75 a 79 anos 59 13, ,3 80 anos 43 9, ,8 Tabela 3: Número de idosos diabéticos tipo 1 segundo o sexo entre os anos de 2005 a 2012 no estado do Piauí. Ano Sexo Valor Masculino Feminino de p n=167 % n=271 % , , , , ,8 21 7,8 <0.0054* ,1 26 9, , ,3 <0.040* , , ,2 21 7, , , *Teste qui-quadrado significativo (p<0,05). Tabela 4: Número de idosos diabéticos tipo 2 segundo o sexo entre os anos de 2005 a 2012 no estado do Piauí. Ano Sexo Masculino Feminino n=540 % n=851 % Valor de p , , , , , , , , , , ,1 81 9, , , , ,
4 perfil epidemiológico de idosos diabéticos no piauí 51 Na Tabela 5, demonstra-se a presença de complicações e a distribuição dos fatores de risco nos idosos diabéticos cadastrados no sistema Hiperdia por classificação da patologia. Observa-se que houve diferença estatística significativa para as variáveis amputação por pé diabético, sobrepeso e obesidade. Tabela 5: Presença de complicações e fatores de risco em idosos diabéticos, entre os anos de 2005 a 2012 no estado do Piauí. Variável Presença de complicações AVC Diabetes mellitus tipo 1 Classificação Diabetes mellitus tipo 2 n=438 % n=1.391 % Valor de p Sim 19 4,3 35 2, Não , ,5 IAM Sim 05 1,1 16 1, Não , ,8 Outras coronopatias Sim 06 1,4 24 1, Não , ,3 Doença renal Sim 13 3,0 29 2, Não , ,9 Pé diabético Sim 11 2,5 28 2, Não , ,0 APD Sim 05 1,1 17 1,2 <0.0001* Não , ,8 Fatores de risco Tabagismo Sim 73 16, , Não , ,8 Sobrepeso Sim 58 13, ,0 <0.0001* Não , ,0 Sedentarismo Sim , ,8 <0.0001* Não , ,2 *Teste qui-quadrado significativo (p<0,05). Legenda: AVC: acidente vascular cerebral; IAM: infarto agudo do miocárdio; APD: amputação por diabetes. Na mesma tabela, verifica-se que no grupo de idosos com diabetes mellitus tipo 1 (n=438): 4,3% relataram o AVC; 1,1% referiram ter sofrido IAM; 1,4%, outras cardiopatias; 3%, doença renal. Em referência a quadros de pé diabético e amputação em decorrência do diabetes, foi observado percentual de 2,5% e 1,1%, respectivamente. Quanto aos fatores de risco, 16,7% dos idosos eram tabagistas no momento do cadastro; 13,2% estavam com sobrepeso e 27,6% caracterizavam-se como sedentários. Em relação aos idosos com diabetes mellitus tipo 2 (n=1.391), 2,5% dos cadastrados apresentaram complicações de AVC; 1,2% sofreu de IAM; 1,7%, outras cardiopatias; 2,1% referiram ter sofrido de doença renal. Quanto a quadros de pé diabético e amputação em decorrência do diabetes, foi observado percentual de 2% e 1,2%, respectivamente. Em relação aos fatores de risco apresentados por esse mesmo grupo, 15,2% dos idosos afirmaram ser tabagistas, 26% estavam com sobrepeso e 44,8% caracterizavam-se como sedentários. Discussão A partir da análise dos dados, observou-se uma maior prevalência de idosos com diabetes mellitus tipo 2, corroborando outras pesquisas nacionais realizadas. Os principais fatores responsáveis pela prevalência do diabetes tipo 2 são as mudanças ocorridas nos perfis demográfico, epidemiológico e nutricional da população brasileira ao longo dos anos 11,12. Desenhando as características sociodemográficas da população estudada, verificou-se que mais da metade dos idosos diabéticos eram do sexo feminino, embora esse dado não tenha mostrado significância com o diabetes na maioria dos anos estudados. Tal fato corrobora os resultados de um estudo que avaliou o perfil epidemiológico do DM em um estado do Nordeste brasileiro 11. Esse resultado pode ser explicado pelo fenômeno da feminização do envelhecimento, bem como pela maior conscientização das mulheres nos cuidados da saúde, com maior procura pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e mais aderência ao tratamento em comparação aos homens 12. Quanto à faixa etária, observou-se que idosos com oitenta anos ou mais apresentaram menor prevalência de diabetes em comparação com os das demais faixas etárias. Esse mesmo comportamento foi verificado em outro estudo e pode ser explicado pelo grande número de complicações do DM, que aumentam a mortalidade entre diabéticos com idade maior que oitenta anos 14. Em relação às complicações do DM, sabe-se que elas se compõem em macrovasculares (doença arterial coronariana, cerebrovascular e vascular periférica) e as
5 52 Santos GM, Sousa PVL, Barros NVA microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia) 14. No que concerne às complicações do DM, verificou-se que a população do respectivo estudo apresentou tanto as complicações macrovasculares quanto as microvasculares. A doença renal apresentou porcentagem de 2,3% dos casos. A associação entre essa comorbidade e o DM contribui para que as lesões renais sejam mais precoces e intensas. A nefropatia diabética é uma complicação microvascular do diabetes, sendo a principal causa de doença renal crônica em pacientes que ingressam em serviços de diálise 15. As complicações cardiovasculares consistem na principal causa de morbimortalidade associada ao DM. Neste estudo, o AVC e o IAM apresentaram uma frequência de 3% e 1,1%. Tais resultados demonstram-se em concordância a outro estudo, no qual observou-se frequências de 2,4% para AVC e 5% para IAM 16. As chances de ocorrer AVC é duas a três vezes maior em pessoas com diabetes. O risco de elas apresentarem um evento de IAM é duas a três vezes maior do que o de pessoas com níveis glicêmicos normais 15. Complicações cardiovasculares, mesmo não sendo específicas do diabetes, são mais frequentes e mais graves nos indivíduos acometidos pela doença e representam a principal causa da morbimortalidade associada a ela 17. Nesse contexto, fica evidente a necessidade de estratégias de controle direcionadas à prevenção das doenças cardiovasculares, uma vez que tais complicações reduzem a qualidade de vida dos indivíduos acometidos pelo diabetes e acarretam incapacidades para o cumprimento de atividades diárias. Verificou-se neste estudo uma frequência de 2,1% em relação ao pé diabético e de 1,2% à amputação por diabetes. Tais números são baixos, o que pode estar relacionado a resultados de campanhas educativas realizadas para os cuidados com os pés no diabetes 18. Estima-se que aproximadamente 15% dos indivíduos com DM vão desenvolver alguma lesão nos pés ao longo da vida, por isso, considera-se uma das complicações mais graves, visto que é a responsável por 40% a 60% dos casos de amputações dos membros inferiores 14. Em relação aos fatores de risco verificados neste estudo, observou-se que o percentual de 15,6% de tabagismo entre os casos de DM é considerado alto quando comparado com o percentual de 7,6% na população geral adulta de Teresina (PI) evidenciado pelo Vigitel 19. A frequência de tabagismo na população deste estudo é maior até que a da população geral de Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), que apresentaram 9,5% de frequência segundo o Vigitel 20. No que tange ao índice de massa corporal avaliado, a frequência de 23% para a classificação sobrepeso mostrou-se significantemente associada ao DM, o que replica os resultados de diversos estudos que registram uma relação estatisticamente significante entre obesidade e incidência ou prevalência de DM entre idosos 21,22,23. A grande maioria dos idosos analisados neste estudo não realizava atividade física. O exercício físico resulta em melhoras significativas para os portadores de DM tipo 2, como a redução da glicemia após a realização de exercício, redução da glicemia de jejum e da hemoglobina glicada, bem como melhora da função vascular 23,24. Vale ressaltar que as limitações deste estudo relacionaram-se à utilização de dados secundários, tendo em vista que podem ter ocorrido problemas no preenchimento da ficha de cadastramento no sistema Hiperdia, tais como dados ilegíveis e informações incompletas; além disso, os resultados se referem somente à população de idosos com diabetes mellitus do tipo 1 e tipo 2. Conclusão O estudou demonstrou uma maior prevalência de idosos com diabetes mellitus tipo 2, principalmente, na população feminina, uma vez que elas buscam com mais frequência a assistência em UBS. Dentre as complicações associadas à doença, destaca-se a amputação por diabetes, uma vez que boa parte de indivíduos acometidos pela DM poderão desenvolver lesões nos pés ao longo da vida, repercutindo em uma possível amputação dos membros inferiores. Com relação aos fatores de risco, destaca-se a presença de sobrepeso e o sedentarismo, sendo esses os principais fatores contribuintes para a alteração dos níveis glicêmicos, tendo como consequência o desenvolvimento de diabetes mellitus, principalmente a do tipo 2. Baseado nisso, torna-se de suma importância a introdução de estratégias que colaborem para a redução das complicações e o controle dos fatores de riscos, bem como a redução dessa patologia prevalente na população idosa, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e da assistência prestada à população. Referências 1. Araújo I, Paúl C, Martins M. Viver com mais idade em contexto familiar: dependência no auto cuidado. Rev Esc Enferm USP ago;45(4): Gottlieb MGV, Schwanke CHA, Gomes I, Cruz IBM. Envelhecimento e longevidade no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade dos idosos. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2011;14(2): Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 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