ATIVIDADES DO ONÇAFARI

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1 ATIVIDADES DO ONÇAFARI Agosto de 2018 Lançamento do Livro No dia 28 de agosto ocorreu o lançamento oficial do livro A Onça na Cultura Pantaneira, de autoria do fundador do Onçafari, Mario Haberfeld, do fotógrafo Adriano Gambarini e da jornalista Laís Duarte. O evento ocorreu em São Paulo (SP) em um andar dedicado para clientes do escritório do Bank of America Merrill Lynch, um dos principais apoiadores do Onçafari, e contou com a presença de 228 convidados. Também ocorreram apresentações da equipe do Onçafari e da SOS Pantanal, além de vendas de fotos/quadros e leilão de produtos. Essa iniciativa representa mais um dos esforços do Onçafari para a conservação e divulgação das onças-pintadas e do Pantanal. Esse livro bilíngue (português/inglês), muito ilustrado e com um conteúdo textual muito rico, já se encontra disponível nas principais livrarias do Brasil. Imagem 01 - Mario Haberfeld e funcionários do Bank of America Merryll Lynch que participaram de forma voluntária no evento INTRODUÇÃO Agosto foi um mês de muitos acontecimentos importantes para o Onçafari, que agora está oficialmente presente em quatro dos seis biomas brasileiros: Pantanal, Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. A seguir destacaremos os principais acontecimentos, tanto nos trabalhos de campo quanto fora dele, em atividades de divulgação e expansão. ARMADILHAMENTO FOTOGRÁFICO Em julho, 60 armadilhas fotográficas (AF s) da marca Bushnell foram instaladas no Refúgio Ecológico Caiman (REC) e retiradas na segunda quinzena de agosto. Dessas, 13 foram removidas alguns dias antes das demais, seus resultados foram analisados e elas retornaram quase imediatamente para campo na tentativa de flagrar os filhotes da Fera (mais detalhes no tópico Isa e Fera ). Para a discussão a seguir, os resultados da nova amostragem dessas 13 AF s não serão abordados. No total, foram 99 vídeos de onças-pintadas. Os indivíduos registrados foram: Sombra (19), Juju (10), Estrela (07), Monteiro (06), Esperança (05), Pirata (05), Nusa (04), Troncha (04), Esperança e Pinche juntos (04), Zico (03), Estrela e Joker juntos (03), Pandhora (02), Flor (02), Isa (02), Fera (02), Joker (02), Gaia (01) e Mion (01). Em 17 vídeos não foi possível identificar os indivíduos 1. Os dois machos com o maior número de vídeos (Sombra e Monteiro) Imagem 02 - Sombra, a onça mais registrada por AF s em agosto também se destacaram pela distância entre os pontos onde eles foram registrados, evidenciando a grande área que os dois estão percorrendo. A Juju, embora tenha 10 vídeos registrados nessa amostragem, os mesmos estão concentrados na região da Sede do REC. Já a Estrela, que não costuma aparecer muito, foi filmada sete vezes andando sozinha e em outras três vezes ela estava com o Joker. As fêmeas Pandhora e Mion também reapareceram nas AF s após muito tempo, o que foi uma grata surpresa para a equipe. 1 Ou os animais passaram muito longe ou a AF registrou apenas a ponta da cauda do animal

2 AVISTAMENTOS E ECOTURISMO De longe, agosto foi o mês com o maior número de avistamentos de onças-pintadas no REC em Isso segue a tendência crescente já esperada nessa época do ano. Além do número, a qualidade dos avistamentos também tem melhorado bastante. Isso é consequência direta da maior facilidade de acesso para o monitoramento das onças pela equipe e para os safaris realizados com hóspedes da Caiman durante os meses de seca no Pantanal. As onças-pintadas avistadas foram: Gaia (18), Fera (12), Siri (10), Natureza e Zico juntos (08), Nusa (07), Gatuna (03), Esperança (03), Natureza, Sol e Lua juntos (03), Xereta (03), Monteiro (02), Pirata (02), Troncha e Xereta juntas (02), Flora e Luna juntas (02), Zico (01), Monteiro e Gatuna juntos (01), Juju (01), Sombra (01), Natureza e Gaia juntas (01). Em 14 oportunidades os indivíduos não foram identificados. Chamam a atenção os avistamentos de onças nunca antes registradas ou pouco conhecidas pela equipe do Onçafari. Um dos destaques foram as aparições da Siri, uma fêmea jovem que foi registrada pela primeira vez no final de 2017, quando ainda estava com sua mãe (Tchura). Em quatro oportunidades, ela estava tentando caçar, sendo que em uma delas, Siri abateu um queixada com sucesso. A Gatuna, que também é pouco conhecida da equipe, foi avistada quatro vezes em agosto, sempre muito tranquila. Em uma das vezes ela estava acasalando com o Monteiro. A Flora é uma onça que até então tinha um único registro em AF que data de Em agosto, ela foi avistada com Imagens 03 e 04 - Novos filhotes da Natureza: Lua (acima) e Sol (abaixo) uma filhote fêmea, chamada de Luna. Também foi surpreendente a aceitação das duas em relação ao veículo do Onçafari, tendo em vista que elas nunca foram habituadas. Outro grande destaque foram os primeiros avistamentos da Natureza com seus dois novos filhotes, chamados de Sol (macho) e Lua (fêmea). Os dois já tem aproximadamente cinco a seis meses de idade e, embora a Natureza tenha sido avistada e registrada esporadicamente por AF s nos últimos meses, os filhotes nunca tinham sido registrados. É impressionante a capacidade das fêmeas de esconderem os filhotes por tanto tempo. Em relação ao turismo, a Caiman recebeu 185 hóspedes de 16 países diferentes: Alemanha (06), Austrália (15), Áustria (02), Brasil (23), Colômbia (02), Dinamarca (01), Espanha (14), Estados Unidos (52), França (08), Grécia (02), Holanda (04), Inglaterra Onçafari na Bolívia O fundador do Onçafari, Mario Haberfeld, foi convidado a ministrar uma palestra em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, em evento organizado pela ONG Panthera. O objetivo foi reunir pecuaristas, outros representantes do setor produtivo boliviano e profissionais que trabalham há anos com grandes felinos na América do Sul, para discutirem opções sustentáveis que minimizem o conflito entre seres humanos e onças-pintadas. Mario apresentou a proposta do Onçafari que se baseia na habituação e turismo de observação do maior felino das Américas como alternativa viável para a conservação da espécie e como fonte de emprego e renda local. Esse assunto ganhou destaque no jornal El Deber de Santa Cruz de la Sierra. Imagens 05 e 06 - Convite para o evento (acima) e reportagem no El Deber (abaixo)

3 (46), Irlanda (01), Itália (06), Nova Zelândia (02) e Singapura (01). Um total de 154 hóspedes (83,2%) avistaram onças-pintadas durante a estadia. Apenas três grupos (31 hóspedes) não tiveram avistamentos (16,8%), sendo que dois dos grupos (20 pessoas) optaram por não ir ao avistamento. PREDAÇÕES Em se tratando de carcaças, um total de 28 bovinos mortos foi registrado pelo Onçafari. Destes, 17 morreram de causas não relacionadas à predação (60,7%), outros nove foram abatidos por onças-pintadas (32,1%) e para dois bovinos a causa da morte foi incerta (7,2%). A Flora e a Luna, mencionadas no tópico Avistamentos e Imagens 07 - Flora (à direita) e Luna (à esquerda) após se alimentarem de carcaça Ecoturismo, foram registradas por dois dias seguidos se alimentando de um bovino em uma área mais afastada do monitoramento central do Onçafari. Onças-pintadas se alimentaram de sete animais que vieram a óbito por outras causas, mostrando o hábito oportunista dessa espécie. Quanto às presas silvestres, apenas sete foram localizadas pela equipe. As espécies predadas foram: queixada (03), jacaré (02), tatupeba (01) e urubu-de-cabeça-vermelha (01), este último foi morto (mas não consumido) por uma onça provavelmente enquanto se alimentava de uma carcaça. MONITORAMENTO A Gaia é a única onça monitorada via colar com GPS/VHF atualmente na Caiman. O Apache, Pirata, Shaka e Zico possuem colares apenas com VHF, ou seja, não são monitorados via satélite. Além do grande volume de dados que os colares com GPS/VHF fornecem, eles também possibilitam entender melhor o comportamento predatório/dieta das onças. Cinco das sete carcaças de animais silvestres mencionadas no tópico anterior só foram encontradas através dos pontos GPS aglomerados (clusters) do colar da Gaia, que enviou um total de 319 localizações em agosto. ISA E FERA Mapa 01 - Área de vida da Gaia na Caiman em agosto Em junho, foi registrada a primeira filhote de uma onça-pintada reintroduzida no mundo. A Aurora, que é filha da Isa, representa uma grande conquista para o Onçafari. Ela foi novamente registrada em julho por Imagem 08 - Primeiro registro da Fera com os dois filhotes uma armadilha fotográfica, mas não apareceu nas câmeras em agosto. Sua mãe, a Isa, foi flagrada sozinha por duas vezes, o que é esperado, tendo em vista que a Aurora ainda é muito jovem para acompanhá-la em caçadas, por exemplo. Desde junho, o Onçafari suspeitava de uma provável gestação e, posteriormente, de uma possível cria da Fera (irmã da Isa e também reintroduzida). Finalmente, a equipe conseguiu registrar pela primeira vez os dois filhotes (aparentemente um macho e uma fêmea) da Fera. Embora a Fera tenha sido avistada 12 vezes em agosto, os filhotes ainda não foram observados pela equipe, sendo registrados somente por AF s. O monitoramento continuará intenso para acompanhar o desenvolvimento dessas mães e seus filhotes.

4 Finalmente, a equipe conseguiu registrar pela primeira vez os dois filhotes (aparentemente um macho e uma fêmea) da Fera REWILD AMAZÔNIA Na Amazônia, em um novo projeto com as onças Pandora e Vivara, o Onçafari espera repetir o exemplo bem-sucedido de reintrodução no Pantanal das onças Isa e Fera. Essas duas últimas já estão há mais de dois anos em vida livre e já tiveram filhotes. As duas novas fêmeas de origem amazônica já estão num recinto-escola de aproximadamente m 2 situado em Jacareacanga (PA). O monitoramento da evolução da Pandora e da Vivara já está sendo realizado pela equipe de campo e pelas Imagem 09 - Pandora caçando uma paca armadilhas fotográficas instaladas dentro e fora do recinto. Presas vivas já estão sendo ofertadas para elas, com a finalidade de avaliar o comportamento predatório e o sucesso de caça das duas. Assim como aconteceu com a Isa e a Fera no Pantanal, essas outras fêmeas ficarão pelo menos um ano em cativeiro, com um contato humano mínimo. Após esse período e depois de demonstrarem aptidão de caça e em outros comportamentos, elas retornarão para a natureza e continuarão sendo monitoradas pela equipe para acompanhar a evolução das duas em vida livre. LOBOS-GUARÁS Em agosto, o Onçafari deu os primeiros passos no início das atividades no bioma Cerrado. Esse novo projeto irá focar principalmente a habituação de lobos-guarás, o maior canídeo sul-americano e uma das espécies mais icônicas da fauna brasileira. O local está situado na tríplice divisa entre os estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia, dividindo também três grandes regiões do Brasil: Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Por esse motivo, o complexo de fazendas que formam a área chama-se Trijunção. Nessa primeira fase, ocorreu um reconhecimento geral da área e, em seguida, 20 armadilhas fotográficas da marca Bushnell foram instaladas em pontos estratégicos. A Trijunção está localizada ao lado do Parque Nacional Grande Sertão Veredas, região que inspirou o escritor Guimarães Rosa em uma das maiores obras da literatura brasileira, que dá nome ao parque. A área da Imagem 10 - Registro recente de lobo-guará pela equipe do Onçafari fazenda somada ao Parque compõe mais de hectares de Cerrado nativo, o que favorece a conservação dessa e de outras espécies a longo prazo. A outra iniciativa do Onçafari com lobos-guarás, em ação conjunta com outros parceiros, também está em andamento em uma área de Mata Atlântica. Os trabalhos de monitoramento e armadilhamento fotográfico na Fazenda Palmeiras, situada em Mogi Guaçu (SP), continuam obtendo resultados e registrando espécies mais raras da fauna local, como: jaguatirica, gato-do-mato-pequeno, gato-mourisco, onça-parda e lobo-guará. AGRADECIMENTOS A equipe do Onçafari agradece ao apoio e confiança de todos os colaboradores e apoiadores que acreditam e contribuem para a conservação das onças-pintadas e lobos-guarás, do Pantanal, da Amazônia

5 do Cerrado, da Mata Atlântica e de todas as espécies que vivem nesses biomas. Em setembro traremos novos resultados e notícias. MAIS INFORMAÇÕES