PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

Transcrição

1 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO PROCESSO nº (DC) Natureza: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Embargantes: 1) Sindicato de Condomínios Prediais, Comerciais e Afins dos Municípios de Guarujá e Bertioga - SINPRECON; 2) Sindicato dos Empregados em Edifícios, Condomínios (Residenciais e Comerciais), Empregados em Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração do Guarujá e Bertioga - SP. Embargados: Os mesmos Acórdão: Num. 2cef39b (fls. 219/230) /REPR/29/#/ RELATOR: RAFAEL EDSON PUGLIESE RIBEIRO RELATÓRIO Contra o acórdão de fls. 219/230 (Id. 2cef39b), sustentam os Embargos de Declaração opostos pelo suscitado, Sindicato de Condomínios Prediais, Comerciais e Afins dos Municípios de Guarujá e Bertioga - SINPRECON - (fls. 268/273) que o aresto incorreu em erro material quanto ao período utilizado para a determinação do índice INPC; que a variação do índice INPC referente aos doze meses que antecedem a data base da categoria é 8,5%; que índice 9,15% representa a variação no período de julho/2015 a agosto/2016; que a renovação do parágrafo 1º da cláusula relativa à Cesta Básica não foi objeto de negociação; que a Convenção Coletiva firmada entre as partes, com vigência até , estabelece 45 dias de estabilidade. Os Embargos de Declaração opostos pelo suscitante, Sindicato dos Empregados em Edifícios, Condomínios (Residenciais e Comerciais), Empregados em Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração do Guarujá e Bertioga - SP (fls. 274/281) sustentam a existência de erros materiais no decisum. VOTO 1. Embargos aviados a tempo e modo. Conheço-os. Número do documento: Num. 2fb84bb - Pág. 1

2 MÉRITO MATÉRIA COMUM A AMBOS OS EMBARGOS 2. Erro material assim fundamentou (fl. 223): 2. Erro material. Ao analisar a cláusula 3ª (Piso Normativo), o acórdão "(...) Muito embora faça referência a 8,5% pela consideração do período de novembro/15 a outubro/16, o índice correto para outubro de 2016 a setembro de 2016 [1] é de 9,15%. Assim, considerando o quanto oferecido pelo suscitado (variação do INPC/IBGE), os reajustes já deferidos para outras cidades da região[2], fixa-se o percentual de 9,15% que é o INPC/IBGE de outubro de 2016 a setembro de 2016 para os reajustes salariais, piso e cesta básica." (g.n.) Considerando que o período referenciado deveria corresponder aos 12 meses que antecederam a data-base da categoria (1º de outubro de 2016) para justificar a fixação do índice INPC de 9,15%, evidencia-se a existência de erro nos mencionados interregnos, porquanto o correto seria dizer "outubro de 2015 a setembro de 2016". Corrijo, portanto, os erros materiais (CLT, art. 879-A, 1º), para que conste "outubro de 2015" onde constou "outubro de 2016". EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DO SUSCITADO - SINPRECON 3. Índice de reajuste. 3. Índice de reajuste. O acórdão apresentou os fundamentos pelos quais adotou o percentual de 9,15%, que representa a variação do índice INPC/IBGE nos 12 meses imediatamente anteriores à data-base (outubro de 2015 a setembro de 2016), preenchendo, assim, os requisitos do art. 93, IX, da Constituição Federal O Suscitado, ora embargante, insiste que o percentual correto para o período é 8,5%, mas tal percentual corresponde à variação do período de novembro/2015 a outubro/2016. Ressalte-se que os referidos índices estão disponíveis para consulta no endereço eletrônico do Banco Central do Brasil, através da ferramenta denominada Calculadora do Cidadão[1]. [1] (consulta efetuada em , às 19h). Número do documento: Num. 2fb84bb - Pág. 2

3 4. Cesta básica. 5ª ("Cesta Básica"), nos seguintes termos: 4. Cesta básica. O acordão (fl. 225) apreciou e deferiu em parte a cláusula "CLÁUSULA 5ª - CESTA BÁSICA: Será concedida mensalmente pelo empregador, até o 5º dia útil do mês, cesta básica na forma de: "in natura" (alimentos), vale-alimentação, ticket ou vale-cesta, inclusive no período de férias, aviso prévio trabalhado ou indenizado e pelo período de um ano nos casos de auxílio-doença, licença-maternidade, acidente de trabalho, no valor mínimo de R$ 442,42 (quatrocentos e quarenta e dois reais e quarenta e dois centavos). COM BASE NA TABELA 1 DA PESQUISA NACIONAL DA CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS CUSTO E VARIAÇÃO DA CESTA BÁSICA EM 27 CAPITAIS DO BRASIL - ABRIL Parágrafo 1º: - A cesta básica, concedida por quaisquer das formas estabelecidas nesta cláusula, não tem natureza salarial. Parágrafo 2º: O fornecimento do referido benefício, nas formas previstas no "caput", será assegurado pelo empregador, inclusive no caso de recusa injustificada no recebimento dos mesmos, pelos estabelecimentos conveniados. Parágrafo 3º: Em caso do descumprimento da cláusula, o empregador pagará ao empregado, por evento, multa de 5% (cinco por cento) do salário normativo. JUSTIFICATIVA: Esta cláusula nova tem o objetivo de reivindicar o pagamento de um valor a título de auxílio refeição, para fazer frente à despesa com a refeição do trabalhador durante a jornada de trabalho, COM BASE NA TABELA 1 DA PESQUISA NACIONAL DA CESTA BÁSICA DE ALIMENTOS CUSTO E VARIAÇÃO DA CESTA BÁSICA EM 27 CAPITAIS DO BRASIL - ABRIL / 2016). FUNDAMENTAÇÃO: DEFIRO em parte. Na convenção coletiva de 2015/2017, as partes ajustaram na cláusula 17ª o valor de R$ 268,00, a título de cesta básica, para o período de a Aplico o mesmo índice de 9,15% utilizado para a correção salarial e piso e fixo o valor da "Cesta básica" em R$ 292,52, mantendo a redação da norma anterior. REDAÇÃO DEFERIDA: Será concedida mensalmente pelo empregador, até o 5º dia útil do mês, cesta básica na forma de: "in natura" (alimentos), vale alimentação, "ticket", ou vale cesta inclusive no período de férias, aviso prévio trabalhado ou indenizado e pelo período de um ano nos casos de auxilio doença, licença maternidade, acidente de trabalho, no valor de R$ 292,52 (duzentos e noventa e dois reais e cinquenta e dois centavos). Parágrafo 1º: Os empregados que recebem a cesta básica acima do valor assegurado no caput dessa cláusula terão direito ao reajuste de 20% sobre a cesta básica. Parágrafo 2º: Em caso do descumprimento da cláusula, o empregador pagará ao empregado, por evento, multa de 5% (cinco por cento) do salário normativo. Parágrafo 3º: A cesta básica concedida em qualquer das suas formas estabelecidas na presente Convenção, não tem natureza salarial." 4.1. Ocorre que, ao manter a redação da norma constante da Convenção Coletiva de Trabalho de 2015/2017, o acórdão acabou deferindo reajuste real de 20% (parágrafo 1º) aos empregados que recebem cesta básica acima do valor previsto no caput, o que não consta da pauta de reivindicações 2016/2017 (fls. 48/49), haja vista tratar-se de " cláusula nova" Ademais, a decisão incorreu em contradição com os fundamentos apresentados para o indeferimento do índice de reajuste salarial pretendido pelos trabalhadores ("A Número do documento: Num. 2fb84bb - Pág. 3

4 concessão de aumento real está vinculada à demonstração de indicadores objetivos (Lei nº /01, art. 13, 2º). O percentual de 18% não encontra fundamento em dados objetivos que tenham sido transcritos ou informados nos autos pelo suscitante" - fl. 224). Além disso, o próprio acórdão, quando da fixação do índice de reajuste, já havia consignado que o percentual de 9,15% seria aplicado "para os reajustes salariais, piso e cesta básica " (fl. 223) Diante disso, impõe-se o acolhimento dos presentes embargos a fim de sanar a contradição e, atribuindo-lhes efeito modificativo, alterar a redação deferida ao parágrafo 1º da cláusula 5ª (Cesta Básica) para os seguintes termos: "Parágrafo 1º: Os empregados que recebem a cesta básica acima do valor assegurado no caput dessa cláusula terão direito ao reajuste de 9,15% sobre a cesta básica." 5. Estabilidade. 5. Estabilidade. A estabilidade normativa prevista na cláusula 40ª da CCT 2015/2017 (fl. 65) estava restrita àquele instrumento coletivo ("Fica assegurada estabilidade normativa provisória de 45 (quarenta e cinco) dias, a toda categoria profissional representada a partir do dia 04 de dezembro de 2015 "). O deferimento da estabilidade provisória de 90 dias aos empregados a contar do julgamento (fl. 226) se justifica pela inexistência de acordo entre as partes neste dissídio, conforme estabelece o Precedente Normativo nº 36 da SDC do TRT da 2ª Região[1]. [1] PRECEDENTE NORMATIVO Nº 36 - ESTABILIDADE PROVISÓRIA. (Ata publicada no DOEletrônico 29/10/2012. Nova redação - Ata publicada no DOEletrônico 25/04/2014) Os empregados terão estabilidade provisória na pendência da Negociação Coletiva, até 30 (trinta) dias após a sua concretização, ou, inexistindo acordo, até 90 (noventa) dias após o julgamento do dissídio coletivo. CONCLUSÃO Pelo exposto, dou parcial provimento a ambos os Embargos de Declaração. Aos do Suscitante e do Suscitado, para corrigir o erro material para que conste "outubro de 2015" onde constou "outubro de 2016". Aos do Suscitado, para sanar a contradição referente à cláusula 5ª (Cesta básica), alterando a redação deferida ao parágrafo 1º da referida norma para "Parágrafo 1º: Os empregados que recebem a cesta básica acima do valor assegurado no caput dessa cláusula terão direito ao reajuste de 9,15% sobre a cesta básica". ACÓRDÃO Número do documento: Num. 2fb84bb - Pág. 4

5 Acórdão Em 04/10/2017 Presidente Regimental da Sessão a Excelentíssima Senhora Desembargadora Federal do Trabalho IVANI CONTINI BRAMANTE. Procurador WILIAM SEBASTIÃO BEDONE. Pelo D. Ministério Público do Trabalho, compareceu o Exmo. Sr. compensação, do Exmo. Desembargador Relator. Processo Retirado da pauta em virtude da ausência justificada, em razão de Em 08/11/2017 CERTIFICO que a Pauta de Julgamento da Seção Especializada em Dissídios Coletivos marcada para o dia 08 de novembro de 2017 foi disponibilizada no DeJt no Caderno Judiciário do TRT 2ª Região do dia Enviado em :43:58 Código Trabalho RAFAEL EDSON PUGLIESE RIBEIRO. Presidente da Sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal do Tomaram parte do julgamento os Exmos. Srs. Magistrados Federais do Trabalho: RAFAEL EDSON PUGLIESE RIBEIRO (RELATOR), DAVI FURTADO MEIRELLES, FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO, MARIA JOSÉ BIGHETTI ORDOÑO REBELLO, WILLY SANTILLI, SÔNIA APARECIDA COSTA MASCARO NASCIMENTO, FERNANDO ÁLVARO PINHEIRO, MARIA CRISTINA XAVIER RAMOS DI LASCIO e MOISÉS DOS SANTOS HEITOR. Desembargadora Ivani Contini Bramante. Ausente, justificadamente, em razão de compensação, a Exma. Procurador WILIAM SEBASTIÃO BEDONE. Pelo D. Ministério Público do Trabalho, compareceu o Exmo. Sr. Presente para ouvir o voto, pelo Suscitado, o Dr. Bento Marques Prazeres. Vistos, Relatados e Discutidos os presentes autos, ACORDAM os Magistrados da Seção Especializada em Dissídios Coletivos do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, nos termos da Certidão de Julgamento que a este integra, por unanimidade, em: DAR PARCIAL Número do documento: Num. 2fb84bb - Pág. 5

6 PROVIMENTO a ambos os embargos de declaração. Aos do Suscitante e do Suscitado, para corrigir o erro material para que conste "outubro de 2015" onde constou "outubro de 2016". Aos do Suscitado, para sanar a contradição referente à cláusula 5ª (Cesta básica), alterando a redação deferida ao parágrafo 1º da referida norma para "Parágrafo 1º: Os empregados que recebem a cesta básica acima do valor assegurado no caput dessa cláusula terão direito ao reajuste de 9,15% sobre a cesta básica". DR. RAFAEL E. PUGLIESE RIBEIRO Desembargador Relator - TRT-2ª Região Seção de Dissídios Coletivos VOTOS Número do documento: Num. 2fb84bb - Pág. 6