TÍTULO: ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E INDIGENA EM LONDRINA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CULTURA ALIMENTAR LONDRINENSE CATEGORIA: CONCLUÍDO



Documentos relacionados
GASTRONOMIA E PATRIMÔNIO CULTURAL LONDRINENSE

A preocupação com a memória e o Patrimônio Cultural vem ganhando espaço,

A IMPRENSA E A QUESTÃO INDÍGENA NO BRASIL

A REINSERÇÃO DE NOVA ESPERANÇA NA REDE URBANA DE MARINGÁ: UMA PROPOSTA DE ESTUDO

A REPRESA CAIGUAVA E OS INDIOS GUARANI DA ALDEIA ARAÇA-I. Mario Sergio Michaliszyn Antropólogo Universidade Positivo

A Uwê uptabi Marãiwatsédé buscam o bem viver no território tradicional. Palavras-Chaves: Território Sustentabilidade- Bem Viver.

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

2- (0,5) O acúmulo de lixo é um grave problema dos ambientes urbanos. Sobre o lixo responda: a) Quais são os principais destino do lixo?

Sociedade, Tecnologia e Ciência!

Planejamento Anual. Componente Curricular: GEOGRAFIA Ano: 2º Ano Letivo: Professor(s): Júlio

LUGARES E PAISAGENS DO PLANETA TERRA

A comida para os seres humanos é sempre cultura, nunca pura natureza, lembra Montanari. Cada cultura transforma o alimento em comida, que passa a ter

Bacharelado em Humanidades

Nome: 5º ano (4ª série): AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES DO CONTEÚDO DO GRUPO V 2º BIMESTRE PERÍODO DA TARDE

Experiencia aprobada especialmente por el Comité de Selección de OMEP para su publicación electrónica:

CEDOPE - CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA DE HIS- TÓRIA DOS DOMÍNIOS PORTUGUESES

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL NOS MUNICÍPIOS DO CENTRO- SUL PARANAENSE NO PERÍODO DE 2000 A 2010

Aula 3 de 4 Versão Aluno

Atividade de Aprendizagem 1 Aquífero Guarani Eixo(s) temático(s) Tema Conteúdos Usos / objetivos Voltadas para procedimentos e atitudes Competências

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR GEOGRAFIA

ENSINO FUNDAMENTAL. De acordo a LDB 9394/96 o Ensino Fundamental, juntamente com a Educação Infantil e o Ensino Médio, compõe a Educação básica.

AUTOR(ES): IANKSAN SILVA PEREIRA, ALINE GRAZIELE CARDOSO FEITOSA, DANIELE TAMIE HAYASAKA, GABRIELA LOPES COELHO, MARIA LETICIA VIEIRA DE SOUSA

CULINÁRIA QUILOMBOLA: A BUSCA PELO RESGATE DA IDENTIDADE GASTRONÔMICA ALAGOANA.

Averiguar a importância do Marketing Ambiental numa organização cooperativista de agroindustrial de grande porte da região de Londrina.

TRABALHANDO A CULTURA ALAGOANA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE PEDAGOGIA

EE DR. LUÍS ARRÔBAS MARTINS

Prova bimestral. história. 4 o Bimestre 3 o ano. 1. Leia o texto e responda.

Geografia Por Tabata

A importância de um Projeto No Desenvolvimento de uma Pesquisa Cientifica Vitor Amadeu Souza

Urbanização Brasileira

AS TIRAS DA MAFALDA: CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA NA LINGUAGEM DE QUADRINHOS

7º ano - Criação e percepção - de si, do outro e do mundo

PROJETO DE HISTÓRIA: CAMINHOS DA HISTÓRIA

CURSO E COLÉGIO ESPECÍFICO. Darcy Ribeiro e O povo brasileiro Disciplina: Sociologia Professor: Waldenir 2012

A conquista do Sertão. Expedições de apresamento

Colégio Senhora de Fátima

História da Habitação em Florianópolis

Pesquisa Pantanal. Job: 13/0528

O Mercado de Trabalho nas Atividades Culturais no Brasil,

A Literatura no Brasil está dividida em duas grandes eras: Que parâmetros foram utilizados para estabelecer tais era?

PLANEJAMENTO DE GEOGRAFIA

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

1 (0,5) Dos 3% de água doce que estão na superfície terrestre, onde estão concentradas as grandes parcelas dessas águas? R:

Pinhal Digital 2: a caminho de uma atividade transdisciplinar.

História/15 6º ano Turma: 2º trimestre Nome: Data: / / RECUPERAÇÃO FINAL 2015 HISTÓRIA 6º ano

UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE UNIPLAC PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO E APOIO COMUNITÁRIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE AREIA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESCOLA MUNICIPAL JÚLIA VERÔNICA DOS SANTOS LEAL

Respostas das questões sobre as regiões do Brasil

A seqüência correta de vegetação natural indicada pelo perfil A B é:

TRÁFICO HUMANO E AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS

Usos e Costumes. Nos Dias Atuais TIAGO SANTOS

Unidade II FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL. Prof. José Junior

MEMÓRIA URBANA DE PALMAS-TO: LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES E MATERIAL SOBRE O PLANO DE PALMAS E SEUS ANTECEDENTES

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa

1 Simpósio Internacional de Práticas Integrativas e Complementares Baseadas em Evidencias ( 1 SIPIC-UNB)

MESTRADO EM MEMÓRIA SOCIAL E BENS CULTURAIS. 1.1 Matriz Curricular Disciplinas obrigatórias

Expansão do território brasileiro

Festa de Nossa Senhora da Abadia no município de Jataí/GO: uma expressão cultural

Desafios da Extensão Rural e dos Programas de Pós-graduação no Brasil

Aula 8: Modelos clássicos da análise e compreensão da sociedade e das instituições sociais e políticas: A Sociologia de Max Weber (I).

Acolhida Memorial/Prazer de Casa Equipes Problematização Vídeo Leitura de Imagem. Livro Texto Atividades complementares Interatividades

Caminhos para Análises de Políticas de Saúde

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA MARIA DO NASCIMENTO CAMPOS

BRASÍLIA: UMA CIDADE, DOIS OLHARES

Palestra: História da Cana-de. de-açúcar no Centro-Oeste Professora: Ana Paula PROJETO: PRODUÇÃO DO AÇÚCAR ORGÂNICO NA JALLES MACHADO S/A

DATA: 06 / 12 / 2013 III ETAPA AVALIAÇÃO ESPECIAL DE GEOGRAFIA 5.º ANO/EF ALUNO(A): N.º: TURMA: PROFESSOR(A): VALOR: 10,0 MÉDIA: 6,0 RESULTADO: %

PLANO DE GESTÃO DA TERRA INDIGENA SETE DE SETEMBRO EM CACOAL-RONDÔNIA-BRASIL. PAITER X PROJETO REDD+

Geografia/Profª Carol

Regulação Bimestral do Processo Ensino Aprendizagem 3º bimestre Ano: 2º ano Ensino Médio Data:

Bianca Arantes dos Santos 2 Célio José Losnak 3

OS PRIMEIROS POVOADORES DA TERRA

ARTE E CULTURA AFRO-BRASILEIRA

7ºano 2º período vespertino 25 de abril de 2014

Weber e o estudo da sociedade

Dinâmica demográfica e qualidade de vida da população brasileira Parte II

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA: e os museus com isso? Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG)

Sessão 3: Envolvendo empregadores e sindicatos

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

EMPREENDEDORISMO SOCIAL: economia solidária da teoria a prática a experiência UFRB/INCUBA e sociedade Danilo Souza de Oliveira i

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Mostra de Projetos Coleta Seletiva Capacitação de Gestores Escolares

Unidade III Produção, trabalho e as instituições I. Aula 5.2 Conteúdo:

PROVA TEMÁTICA/2014 Conhecimento e Expressão nas Artes e nas Ciências

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RELATÓRIO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS-PIBID 2º SEMESTRE Bolsistas: Jaqueline Kovalechucki Ricardo Rossa

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

Colégio Cenecista Dr. José Ferreira

Desafios da EJA: flexibilidade, diversidade e profissionalização PNLD 2014

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

Currículo Referência em Música Ensino Médio

O MUNDO DAS FORMIGAS LAMANA, Isabel C. A. C. MESSIAS, Leidi Renata SPRESSOLA, Nilmara H.

difusão de idéias AS ESCOLAS TÉCNICAS SE SALVARAM

Política de alimentação escolar para populações indígenas

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

Prova bimestral. Língua portuguesa. 2 o Bimestre 4 o ano. 1. Leia o texto.

PROJETO DE REDUÇÃO DOS RESÍDUOS INFECTANTES NAS UTI S DO HOSPITAL ESTADUAL DE DIADEMA

1. Evolução do Emprego Celetista

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. Relatório Perfil Curricular

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL COM BASE NOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Transcrição:

TÍTULO: ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E INDIGENA EM LONDRINA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CULTURA ALIMENTAR LONDRINENSE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: HISTÓRIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA AUTOR(ES): DANIELA SFEIR ORIENTADOR(ES): LEANDRO HENRIQUE MAGALHÃES

ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA E INDIGENA EM LONDRINA E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CULTURA ALIMENTAR LONDRINENSE Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar dados históricos para a construção de um diagnóstico das influências da população negra e indígena na cidade de Londrina (PR), principalmente as influencias voltadas para alimentação e seus reflexos na sociedade atual. Com isso, buscam-se estreitar a relação entre a gastronomia e o Patrimônio Cultural Imaterial, a fim de descobrir como se deu a formação da tradição alimentar na região a partir dos processos migratórios da população negra e as tribos indígenas presentes na região. Palavras chave: Gastronomia, Londrina, Migração, Indígenas, Negros, Cultura, Alimentação, Memória. 1. Introdução: A preocupação com a memória e o Patrimônio Cultural vem ganhando espaço entre os profissionais da Gastronomia, exigindo diálogo constante com estudiosos de áreas como história, artes, pedagogia, arquitetura e urbanismo, antropologia, sociologia e turismo. Nesta perspectiva, vem adquirindo importância o chamado Patrimônio Cultural Imaterial, marcado por manifestações, saberes, formas de expressão, celebrações e lugares. É neste sentido que o projeto Gastronomia e Patrimônio Cultura Londrinense vem sendo desenvolvido, visando o reconhecimento de referências de memória gastronômica de migrantes e nativos no processo colonizador da cidade de Londrina - PR, (século XX). A proposta básica é estruturar um campo discursivo acerca dos pressupostos culturais que nortearam a formação histórica e social da cidade de Londrina - PR, no quesito das referências gastronômicas armazenadas no campo da memória de migrantes, nativos e seus descendentes. 2. Objetivos Geral: Aprofundar os vínculos entre a Gastronomia e o Patrimônio Imaterial, além de identificar os ingredientes e práticas gastronômicas londrinenses, com

referenciais em nativos, migrantes e descendentes, que podem ser integrados na categoria de Bem Cultural. Específicos: Investigar temas do patrimônio cultural em geral e a composição étnica londrinense, desde o primeiro contato com o homem branco, até a chegada dos migrantes do nordeste e minas gerais desvelando contribuições específicas para a formação histórico/cultural da cidade de Londrina/PR; Realizar estudos teóricos sobre o conceito de Patrimônio Cultural em geral, e sobre Patrimônio Imaterial em particular, e seu vínculo com a Gastronomia; Propor cursos práticos visando à elaboração dos pratos, bem como a compilação das receitas em livro. 3. Metodologia A pesquisa esta respaldada em material histórico do NEAB (Núcleo de estudos afro-brasileiros) da Universidade Estadual de Londrina, Biblioteca Setorial (CCH- Centro de Ciências Humanas/UEL), Biblioteca Municipal de Londrina, Museu Histórico Padre Carlos Weiss, CDPH (Centro de Documentação e Pesquisa Histórica) e entrevistas. A metodologia utilizada alia análise teórica e conceitual à pesquisa de campo em arquivos da cidade. Neste sentido, uma das etapas mais importantes do projeto é o estudo teórico, visando aproximar a gastronomia do Patrimônio Cultural Imaterial. Também no que se refere ao aspecto teórico, o grupo tem se debruçado em pesquisas de campo em torno da história local, com o intuito de reflexão sobre práticas culinárias e pratos que se firmaram, ao longo das décadas, como pilares da memória gastronômica da sociedade londrinense. A partir da definição dos grupos a serem estudados, iniciou-se nova fase de pesquisa em documentos nos arquivos já apontados, além da análise de entrevistas com migrantes e seus descendentes, arquivadas nestes órgãos. Estes documentos possibilitam múltiplos olhares sobre as práticas gastronômicas, geralmente agregadas às práticas sociais, possibilitando que se identifiquem os hábitos alimentares, dificuldades encontradas, adaptações necessárias para a sobrevivência em uma região recém colonizada, e as permanências. 4. Desenvolvimento

Negros Observa-se na historia oficial de Londrina que o negro não aparece como agente ativo, mesmo que seja comprovada sua participação na economia local desde os tempos de colonização do municipío, principalmente como mão de obra na agricultura. O regime escravista no Brasil foi um importante mecanismo de distribuição geográfica dos negros, escravizados ou livres, visto que no fim do século XIX, este grupo concentrou-se nos setores econômicos mais atrasados e em regiões com menor dinamismo industrial. (HASENBALG:1979, p. 123, 152-154) Na teoria sociológica e econômica de Paul Singer (1998, p. 36,40), as migrações internas são decorrentes de fatores históricos e de mudanças estruturais e espaciais da economia. Para o autor, as desigualdades regionais são as principais propulsoras das migrações internas e estão altamente relacionadas aos processos de produções capitalistas. As populações negras concentrada em regiões que não oferecem oportunidades econômicas vivenciam uma degeneração do nível de vida e esta situação estimula o surgimento de um estado favorável à expulsão de grandes contingentes demográficos, como ocorreu principalmente no Nordeste brasileiro e no estado de Minas gerais, na década de 1950.(PANTA, M p.43) Como mostra o perfil de Londrina, desde 1950, emergiu no cenário nacional como importante cidade brasileira. Nessa época, o município expandiu-se consideravelmente em decorrência da produção cafeeira, o que levou a intensificação do setor primário da Região. A alimentação dos negros, base de ingredientes regionais, como abobora, peixe, coco, que advinham do nordeste e Minas Gerais, trouxe para Londrina diversidade gastronômica, uma vez que os negros vinham e adaptavam sua cozinha a esse novo ambiente sem tirar o perfil de tradição, como o escondidinho de carne de sol que foi substituído pela carne moída. Índios Kaingans

Os Kaingang formam um numeroso grupo indígena do Brasil. Ocupam estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do sul. Representando aproximadamente 25.000 índios kaingang em toda a região sul. São habitantes das terras da região de Londrina muito antes da chegada do homem branco nesta região, tendo seu primeiro contato com os brancos em 1770 a 1930. A partir daí, tiveram suas terras exploradas e estabelecendo sempre uma relação de desigualdade entre homem branco e indígena. Perdeu sua autonomia quanto grupo, privados de seus saberes, costumes e de seu amplo território de pesca e caça. A cultura desse povo remete tradições antigas e rituais religiosos, à uma diversificada fonte de alimentação que se baseiam na flora e na fauna. Dentre esses fatores podemos citar com destaque o Kiki, bebida fermentada (produzida de milho, água e mel), bebida que era usada no ritual de culto aos mortos, importante ritual para os Kaingang. Dionísio, morador da reserva, em entrevista, relatou sobre e como fazer o processo para a produção de suas alimentações tradicionais. O contato com o mundo globalizado fez com que muitas das receitas deixem de ser usada em dias atuais. O alimento do Kaingang pode-se considerar variado; está representado pelos três reinos naturais. Entre os alimentos animais registramos a carne de diversos tipos, obtido pela caça, pela pesca ou pela colheita (larvas e insetos), e o mel de abelha silvestre; entre os vegetais temos grande variedade de frutos e raízes silvestres resultantes da colheita, e também os produtos provenientes do plantio incipiente de mandioca, da abóbora, do milho, etc. Completam sua dieta as bebidas fermentadas [...](BECKER, 1995, p. 201). Ainda sobre a questão da alimentação dos Kaingangs, A dieta vegetal é enriquecida pelo milho verde que apreciam muito pela abóbora, batata doce, amendoim, que comiam assado ao borralho [...] (BECKER, 1995, p.202). Milho e pinhão, primordiais na alimentação tradicional da tribo, em sua forma mais tradicional. Quando a escassez de alimento vinha, estoques farinha de milho e

pinhão eram suas fontes primordiais de alimento. [...] para os Kaingang do Paraná o milho era tão importante (...) como o trigo para os europeus [...] O pinhão, apontado por quase todos os autores como alimento básico kaingang. (BECKER, 1995, p. 178). 5. Resultados sobre alimentação dos negros e kaingang Junto com a população negra ingredientes como feijão-fradinho, coco, carne de sol, abóbora, cachaça, contribuem para a culinária londrinense. Mesmo com a dificuldade de encontrar produtos de origem mineira e nordestina, os negros migrantes se adaptaram muito bem aos ingredientes regionais do Paraná e substituíram em suas receitas Já os indios kaingangs não precisaram se adaptar aos ingredientes regionais, sempre teve o contato com os mesmo. A adaptação caminhou em sentido contrario, pois o contato do nativo kaingang com o homem branco fez com que a alimentação do nativo fosse alterada. Hoje, os indios kaingang londrinenses consomem mais produtos industriais do que os antigamente produzidos pela tribo, através da agricultura, caça e pesca. 6. Considerações finais As manifestações culturais e artísticas, além do caráter estético e da articulação das diversas formas de expressão, contribuem para a concepção e o registro de uma determinada identidade social, étnica e, principalmente, cultural. A gastronomia, apesar do seu desenvolvimento recente no Brasil, também entra e ganha destaque no viés dessas manifestações, ajudando a expressar, através dos preparos culinários, uma realidade que traduz um específico grupo de pessoas. Compreender os indícios de como se desenvolveu o paladar do londrinense, ou, como se deu a construção dos seus gostos e preferências é, portanto, o primeiro passo para se pensar a evolução da gastronomia através da racionalização do fazer culinário. 7. Fontes consultadas

CRESTANI, Samuel. MEMÓRIA ALIMENTAR KAINGANG: ASPECTOS NA RESERVA INDÍGENA DE MANGUEIRINHA BECKER, Ítala irene Basile. O ÍNDIO KAINGANG NO RIO GRANDE DO SUL. São Leopoldo: Unisinos, 1995. SOUZA, Juberty Antonio; OLIVEIRA, Marlene de; KOHATSU, Marilda. O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS NAS SOCIEDADES INDÍGENAS: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS KAINGÁNG DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ TOMMASINO, Kimiye. OS KAINGANG E OS GUARANI NO PARANÁ: INIMIGOS MÍTICOS NO PASSADO, ALIADOS POLÍTICOS NO PRESENTE D ANGELIS, Wilmar; VEIGA, Juracilda. ALIMENTAÇÃO DOS KAINGANG, ONTEM E HOJE SOUTO, Marcelo. OS ÍNDIOS KAINGÁNG PREFEITURA DE LONDRINA- PROGRAMA DE ATENDIMENTO AOS KAINGANGS NILZA DA SILVA, Maria. ALGUNS ASPECTOS DA TRAJETORIA DOS NEGROS NA REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA PANTA, Mariana. SEGREGAÇÃO GEOGRÁFICA, DESIGUALDADES RACIAIS E MIGRAÇOES: Londrina como destino de fluxos migratórios mineiros e nordestinos (1940-1980) TREVISAN, Edilberto.VISITANTES ESTRANGEIROS NO PARANÁ. 2002 (P. 177; 209) WACHOWICZ, Ruy. HISTÓRIA DO PARANÁ. 2001 (P. 138-142)