Endividamento das famílias catarinenses aumenta mensalmente em função da retomada das vendas no crédito Os dados coletados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (PEIC) de Santa Catarina mostrou que o percentual de famílias endividadas aumentou em outubro, na comparação com setembro deste mesmo ano. A variação foi de 4,5 pontos percentuais para mais. Na comparação de outubro deste ano com o ano passado houve variação negativa de 4,4 pontos percentuais, o que mostra uma situação mais confortável na comparação anual. Síntese de resultados Meses Situação da família out/11 set/12 out/12 Total de endividadas 92% 83,1% 87,6% Dívidas ou contas em atraso 22% 22,1% 24,4% Não terão condições de pagar 10% 8,1% 9,6% Análise do endividamento O nível de endividamento das famílias no estado de Santa Catarina passou de 83,1% em setembro deste ano para 87,6% em outubro: aumento de 4,5 pontos percentuais. Na comparação anual, o movimento foi o inverso, mas em grau quantitativo muito aproximado. Em outubro do ano passado o total de famílias endividadas representava 92%, no ano corrente representa 87,6%: queda de 4,4 pontos percentuais. Estes resultados mostram que a trajetória de redução da vulnerabilidade financeira das famílias através da redução do endividamento se mantém nos marcos de uma relação de longo prazo, ou seja, o nível de endividamento apresenta consistente queda, quando analisamos o quadro comparativo deste ano com o ano passado. O fato novo é a inflexão do endividamento ao nível de comparação mensal. Contudo, esta realidade captada pela pesquisa não nos autoriza a pensar que se trata do início de um processo de novo ciclo de endividamento, mas que com o melhor acesso ao crédito, inclusive com taxas de juros menores, as quedas do desemprego e o aumento da renda, as famílias foram às compras. Este fato não interrompe o movimento de reestruturação das dívidas das famílias. Quando observamos os dados por faixas de renda, as famílias com rendimento acima de 10 salários mínimos apresentam um grau de endividamento superior às famílias que tem renda inferior. São 91,8% de famílias endividadas com renda superior aos 10 salários mínimos contra 86,4% das que tem rendimento menor. No que se refere ao nível de endividamento, o número de famílias muito endividadas caiu na comparação mensal e apresenta uma forte queda na relação anual. Em setembro de 2012, o nível de famílias muito endividadas era de 17,5%, já no mês referente a esta pesquisa, o mesmo indicador ficou
em 16,7%. Se compararmos o resultado de outubro de 2012 com o mesmo mês do ano anterior, teremos uma queda de 32,5 pontos percentuais. De forma complementar ao subitem das famílias muito endividadas, o número de famílias pouco endividadas aumentou na comparação mensal. Na comparação de outubro com setembro de 2012, a diferença foi de 6 pontos percentuais - respectivamente, 37,9% e 31,9%. Quando o espaço de comparação é anual, a diferença sobe para 30,8 pontos percentuais. Nível de endividamento Categoria out/11 set/12 out/12 Muito endividado 49,2% 17,5% 16,7% Mais ou menos endividado 35,3% 33,7% 32,9% Pouco endividado 7,1% 31,9% 37,9% Não tem dívidas desse tipo 8,4% 16,9% 12,4% Não sabe 0,0% 0,0% 0,0% Não respondeu 0,0% 0,0% 0,0% No que se refere ao tipo das dívidas, o comprometimento da renda com dívidas no cartão de crédito continuam liderando entre todas as outras formas de endividamento. Em setembro, o endividamento com cartão de crédito representava 50,2%, já em outubro deste ano passou para 53,8%. O segundo tipo de dívida mais recorrente que a pesquisa captou foi a do financiamento do carro, 16,2% - variando negativamente 5,3 pontos percentuais em relação a setembro. Logo após, temos o financiamento da casa, que também teve variação negativa - de 4,1 pontos percentuais - em relação a setembro, marcando 7,7%. Tipo de dívida Não respondeu não sabe outras dívidas financiamento de casa financiamento de carro carnês crédito pessoal crédito consignado cheque pré-datado cheque especial cartão de crédito. 0,0% 0,2% 0,8% 7,7% 16,2% 11,1% 5,6% 3,7% 0,7% 0,9% 53,8% No tempo de comprometimento com dívidas, o cenário se manteve estável. As dívidas de curto prazo, até 3 meses, na comparação com setembro deste mesmo ano, caíram 0,01 ponto percentual. As dívidas de longo prazo (superior a um ano), no mesmo prazo de referência comparativa, subiram 5,2
pontos percentuais. As dívidas que variam entre 3 a 6 meses caíram de 10,4% em setembro para 7,2% em outubro. As dívidas que variam entre 6 e 9 meses caíram de 7,6% para 5,6%. No grau de compromeitmento da renda das famílias com dívidas, a quantidade de famílias com dívidas superiores a 50% da renda caiu de 19,6% em setembro para 14,4% em outubro. Já o número de famílias com grau de endividamento/renda inferior a 10% permaneceu quase estável, variando apenas 0,5 pontos percentuais. Na faixa intermediária, grau de comprometimento da renda com dívidas entre 11% e 50%, houve um aumento de 7,3 pontos percentuais. Parcela da renda comprometida com dívidas 14,42% 1,27% 13,98% 70,33% menos de 10% de 11% a 50% superior a 50% Não sabe/não respondeu Análise das contas em atraso O percentual de famílias catarinenses com contas em atraso registrou um pequeno aumento na comparação com setembro deste ano. Em outubro 24,4% das famílias apresentam dívidas em atraso ante 22,1% registrados no mês anterior (variação de 2,3 pontos percentuais). Na ótica das faixas de rendimento, as famílias com renda maior de 10 S.M. tem menos contas em atraso do que as famílias com renda inferior a isso. Ao mesmo tempo em que apenas 6,4% das primeiras têm conta em atraso, 34,1% da segunda estão na mesma situação. Das famílias que apresentam conta em atraso, 60,6% terão condições de pagar em parte ou totalmente suas dívidas. O tempo médio de contas em atraso no mês de setembro é de 58 dias, o que não representa inadimplência pela metodologia adotada pelo Banco central, o tempo médio de comprometimento com dívida ficou em 7,2 meses. Conclusão O comportamento favorável das variáveis econômicas chaves para o crescimento econômico emprego, renda e crédito são os responsáveis diretos pelo aumento do endividamento das famílias registrado pela PEIC de outubro, quando em comparação com os dados obtidos em setembro.
Entretanto, o movimento mensal que poderia suscitar a ideia de uma escalada descontrolada do endividamento é contrarrestado pelo forte caráter de redução da vulnerabilidade financeira das famílias através da redução do endividamento no quadro de comparação anual. Deste modo, o aumento do endividamento das famílias catarinenses pode ser considerado saudável, dado que atua como um dinamizador da economia local através do consumo e cresce de forma moderada, acompanhado pelo aumento do emprego e da renda. Metodologia Foram entrevistados consumidores em potencial, residentes no Município de Florianópolis, com idade superior a 18 anos. Para fixar a precisão do tamanho da amostra, admitiu-se que 95% das estimativas poderiam diferir do valor populacional desconhecido p por no máximo 3,5%, isto é, o valor absoluto d (erro amostral) assumiria no máximo valor igual a 0,035 sob o nível de confiança de 95%, para uma população constituída de consumidores em potencial. Preferiu-se adotar o valor antecipado para p igual a 0,50 com o objetivo de maximizar a variância populacional, obtendo-se maior aproximação para o valor da característica na população. Em outras palavras, fixou-se um maior tamanho da amostra para a precisão fixada. Assim, o número mínimo de consumidores a serem entrevistados foi de 500, ou seja, com uma amostra de no mínimo 500 consumidores, esperou-se que 95% dos intervalos de confiança estimados, com semi-amplitude máxima igual a 0,035, contivessem as verdadeiras freqüências.