http://zumo.uol.com.br/2008/05/26/hands-on-positivo-mobo/ Hands on: Positivo Mobo 26 MAY Escrito por Mário Nagano em Gadgets, Hardware, Inclusão digital, Preview, Windows (Atualizado em 27/05/08 às 7:30) Com todo o barulho causado pelo mercado com o sucesso comercial dos chamados Netbooks como o eee PC da Asus, meu bom senso me dizia que era só uma questão de tempo para que uma empresa local decidisse investir num portátil de baixo custo baseado no mesmo conceito. Dito e feito, no início desse mês a Positivo Informática surpreendeu boa parte do mercado (menos a gente) com a chegada não de um, e sim de dois Netbooks, o chamado Positivo Mobo (preço sugerido R$ 999).
Disponível nas versões para crianças (uma versão de prateleira do ClassMate PC 1.5) e para adultos, o Zumo teve acesso a este último e passamos alguns dias com ele para sentirmos o potencial desse produto. Medindo apenas 24,4 x 17,2 x 4,5 cm (LxAxP fechado) e 1,1 kg de peso, o Mobo não é maior que um livro e pode ser carregado discretamente em qualquer mala, mochila ou bolsa. Seu projeto parece ser baseado no Nanobook da VIA Technologies e seu desenho é o mesmo adotado pelo Airis Kira, o que não significa que a Positivo copiou o projeto dos espanhóis e sim que ambas as empresas optaram pelo mesmo o kit de montagem do fornecedor de Taiwan. De qualquer modo, o Mobo passou por um processo de tropicalização, recebendo um teclado com acentuação em português. As únicas diferenças ficam por conta da tecla de Windows que recebeu o nome de Menu e a \ que só pode ser acessada pressionando-se a tecla Fn. O uso do layout local facilita a entrada de dados mas o reduzido espaçamento entre as teclas pode comprometer um pouco o desempenho do usuário, que pode precisar de algum tempo para se acostumar com esse teclado. O mesmo pode ser dito do seu pequeno touchpad e da sua tela de 7 wide de 800 480 pixels.
Com relação às outras características técnicas, o Mobo para adultos veio equipado com um processador VIA C7-M de 1 GHz, 512 MB de RAM, 2 GB de memória flash, duas portas USB 2.0, slot para cartão SD/MMC, portas de rede Fast Ethernet, Wi-Fi 802.11g, modem, SVGA e Webcam de 0,3 MP (640 480 pixels). Sua aceleradora gráfica é um VIA Chrome 9 IGP com saída para segundo monitor externo (até 1.024 x 768 pixels). Entre os maiores atrativos do Mobo é o fato do mesmo vir equipado com o Windows XP Home com SP2, um sistema operacional considerado velho, porém adorado pelos seus usuários ao ponto de muitos nem verem motivos para migrar para o Vista. A opção da Positivo pelo XP resolve um dos problemas que mais incomodam alguns usuários de software livre: a compatibilidade com praticamente qualquer softwareou hardware disponível no mercado. Se um produto funciona em um PC de mesa ou notebook com XP, ele provavelmente funcionará no Mobo. Isso abre perspectivas muito interessantes para esse produto já que ele pode ser uma alternativa interessante para automação comercial e industrial, estudantes e até mesmo profissionais de vendas que precisam de algo simples para anotar pedidos, trocar mensagens e transferir dados. Por não ter partes móveis, o uso de um disco de memória flash tem a vantagem de funcionar bem em locais sujeitos a trepidação, como um veículo em movimento.
Talvez um dos maiores problemas a ser enfrentado pelo usuário do Mobo é sua limitada capacidade de armazenamento (algo entre 500~800 MB dependendo do número de programas instalados), o que pode ser contornado com o uso de dispositivos de armazenamento, como um HD externo USB, memory key ou mesmo minha solução preferida o uso de um cartão SD/MMC que pode ser embutido no portátil. Em todos os casos os sistemas de armazenamento são vistos como discos adicionais, que podem receber além de dados, arquivos de programas bastando que o mesmo seja indicado na hora da instalação do produto. Outra alternativa é o uso de aplicações que rodam diretamente de um pen drive que podem ser preparados pelo próprio usuário a partir de freewares ou soluções de prateleira como o U3, Migo ou Freeagent Go. De qualquer modo, é preciso estar ciente que o conceito dos Netbooks não é de ser o único PC da família e sim que o Mobo sirva como uma extensão do PC de casa ou do escritório, permitindo que seu usuário transporte no mesmo apenas o necessário para atender às suas necessidades de informação e comunicação durante uma viagem, aula ou reunião externa. A própria Positivo deixou claro que o público alvo do Mobo não é exatamente um produto de baixo custo para as classes C e D, consumidores que estariam melhor servidos pela sua linha de desktops. De qualquer modo, para melhorar ainda mais a usabilidade do Mobo, uma boa dica é o uso de um replicador de portas como o modelo da Lenovo (P/N 40Y8132) já analisado por esse Zumo. Uma das grandes sacadas desse acessório é que através de uma única conexão USB com o portátil é possível habilitar mais quatro portas USB, uma porta Fast Ethernet, serial, som e até uma nova saída de vídeo para monitor. Desse modo foi possível instalar um HD externo, uma unidade de CD-RW/DVD combo, mouse sem fio, rede e ainda sobrou uma porta para um teclado USB.
Na minha opinião, o grande desafio do Mobo será quebrar o paradoxo do meio-copo d água que pode estar meio cheio ou meio vazio de dependendo do bom ou mal humor do observador. Do mesmo modo, os otimistas verão no Netbook da Positivo como um equipamento compacto e cheio de possibilidades, enquanto os pessimistas irão ver o mesmo produto como um notebook apertado e cheio de limitações, com um preço próximo ao de um portátil com mais recursos (e mais peso). A idéia de um computador subcompacto de uso geral não é novo, mas ele sempre sofreu com problemas de compatilibilidade de software e troca de dados. Já trabalhei e até cobri eventos com dispositivos com Windows CE, Palm OS, Newton OS e até Symbian e o grande desafio sempre foi de integrar essas soluções com o padrão predominante do mercado, o Windows para chips X86. Eu me lembro de uma apresentação onde Sean Maloney (na época, VP de mobilidade e comunicação da Intel) colocou lado a lado dois dispositivos ligados à internet um notebook com Windows XP e um smartphone com Windows Mobile e tentou acessar na hora, um site na web que utilizava um novo tipo de streaming de vídeo. Resultado: enquanto o notebook notou a necessidade de um novo codec, localizou, baixou e executou o vídeo sem problemas,o smartphone simplemente parou no meio do caminho, informando que ele não localizou um codec compatível com seu SO. Moral da história: pelo dinamismo quase anárquico da web, o sistema operacional mais compatível que se adapta mais velozmente às inovações da rede por mais que a concorrência chie é o Windows XP e seus agregados como o Internet Explorer, Firefox etc. A partir dessa constatação, a própria Intel decidiu que o futuro dos dispositivos móveis não está apenas nos SOs móveis ou adaptados e sim nos dispositivos compactos capazes de rodar o mesmo SO dos desktops. Isso em parte explica por que a empresa de Santa Clara se desfez da sua linha de chips XScale (baseado em RISC) e partiu para o desenvolvimento do Atom, baseado no X86 usado em seus UMPCs e Netbooks.
O Mobo segue mais ou menos nessa linha de raciocínio, onde o importante não é apenas oferecer mobilidade e sim a máxima compatibilidade com suas aplicações do dia a dia, mesmo que tenha que caber em pouca memória. E quem já precisou editar um documento em Word ou PowerPoint num handheld ou celular que diga o contrário.