Lisboa, 12 de Janeiro de 2008

Documentos relacionados
Lisboa, 12 de Janeiro de 2008

Resolução do 2º Exame Final de Ciência de Materiais. Lisboa, 6 de Fevereiro de Resolução COTAÇÕES

Capítulos 7 e 8 Solidificação e Difusão atómica em sólidos

Prova escrita de: 2º Teste de Ciência de Materiais. Lisboa, 30 de Junho de Nome: Resolução

Prova escrita de: 2º Exame de Ciência de Materiais. Lisboa, 14 de Julho de Resolução

Universidade Técnica de Lisboa

Universidade Técnica de Lisboa

Exame Final de Ciência de Materiais. Lisboa, 12 de Julho de Resolução COTAÇÕES

Resolução do 2º Teste de Ciência de Materiais COTAÇÕES

RESOLUÇÃO. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior Técnico. Ciência de Materiais Repescagem 2º Teste (28.Junho.2012)

Cotações. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior Técnico

Prova escrita de: 2º Exame Final de Ciência de Materiais. Lisboa, 14 de Fevereiro de Resolução

Universidade Técnica de Lisboa

Prova escrita de: 1º Exame Final de Ciência de Materiais. Lisboa, 27 de Janeiro de Nome: Resolução

Ciência de Materiais. LEGI. CINÉTICA DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASES

Cotações. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior Técnico. Ciência de Materiais 2º Teste (09.Janeiro.2012)

Capítulo 10 Ferro e aço

Capítulo 10 Ferro e aço

Universidade Técnica de Lisboa

Ciência de Materiais. LEGI. Ano lectivo CINÉTICA DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASES E TRATAMENTOS TÉRMICOS

Capítulos 7 e 8 SOLIDIFICAÇÃO E DIFUSÃO ATÓMICA EM SÓLIDOS

COTAÇÕES. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior Técnico. Ciência de Materiais Repescagem 2º Teste (30.Janeiro.2012)

2º EXAME/ REPESCAGEM DOS TESTES.

Ciência de Materiais. LEGI. Ano lectivo CINÉTICA DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASES E TRATAMENTOS TÉRMICOS

b) 0.25 val. Para a temperatura de 1300 ºC indique o intervalo de composições para o qual o sistema estaria num equilíbrio bifásico.

Microestrutura (Fases) Parte 2

Prova escrita de: 2º Exame Final de Ciência de Materiais (Correcção) Nome:

1b) 1.5 val. Calcule a densidade (massa específica) teórica do Cr em kg/m 3, sabendo que a massa atómica é 51,996 g/mol. (N a = 6,023 x ).

2º Teste de Ciência de Materiais 21 de Janeiro de Resolução

CIÊNCIA DE MATERIAIS

A8 - Cinética e microestrutura das transformações estruturais

Microestrutura (fases) Parte 5

CAP 11 - MICROESTRUTURAS

TRATAMENTOS TÉRMICOS

Prova escrita de: 1º Teste de Ciência de Materiais. Lisboa, 24 de Abril de Nome: FOLHA DE RESPOSTAS

Ciências dos materiais- 232

Frederico A.P. Fernandes

Ciência de Materiais. 2010/11. 2º sem. LEGI. EXAME/ Repescagens dos TESTES. Jun Nome Número de aluno

TM343 Materiais de Engenharia

P1 MET Turma 3UA Prof. Sidnei Paciornik

DIAGRAMAS DE FASE II TRANSFORMAÇÕES DE FASE

Transformações de fase em aços [15]

Sugestões de estudo para a P1

Aula 04: Revisão de Conceitos Fundamentais da Termodinâmica dos Materiais

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais DIAGRAMAS DE FASES

Difusão atômica [8] importante fenômeno de transporte de massa, que ocorre em escala atômica.

Cinética das transformações de fase. A.S.D Oliveira

6 - Microestrutura Fases

Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia PMT 3110

DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO

DIAGRAMAS DE FASES DIAGRAMAS DE FASES

DIFUSÃO. Conceitos Gerais

Propriedades dos sólidos metálicos. Ligas metálicas

Introdução a Ciência dos Materiais Diagramas de fases. Professora: Maria Ismenia Sodero

Física dos Materiais

Disciplina : Metalurgia Física- MFI Professores: Guilherme Ourique Verran - Dr. Eng. Metalúrgica. Aula 05 - Solidificação e Equilíbrio

Fundamentos de Ciência e Engenharia de Materiais Prof. Dr. André Paulo Tschiptschin

Transformação de fase em metais

A7 Termodinâmica das fases condensadas equilíbrios de fases e diagramas de fases

Microestrutura dos aços [5] Ferro δ (CCC) Ferro γ (CFC) Ferro α (CCC)

Crescimento de Cristais - Diagrama de Fases

Diagramas de fase. A.S.D Oliveira

Ciência de Materiais. LEGI. Ano lectivo DIAGRAMAS DE EQUILÍBRIO DE FASES

Representação da decomposição da austenita

Exercícios Fotocopiáveis

TRANSFORMAÇÕES DE FASES EM METAIS

Programa Analítico de Disciplina MEC211 Materiais de Construção Mecânica

P1 de CTM Nome: Matrícula: Assinatura: Turma:

Introdução a Ciência dos Materiais Diagramas de fases. Professora: Maria Ismenia Sodero

Sistema Ferro - Carbono

Propriedades Eléctricas dos Materiais

TRANSFORMAÇÕES DE FASES EM METAIS E MICROESTRUTURAS

Difusão em Sólidos TM229 - DEMEC Prof Adriano Scheid

Endurecimento por dispersão de fases e diagramas de fases eutéticos

TRANSFORMAÇÕES DE FASES EM METAIS E MICROESTRUTURAS

TRATAMENTOS TÉRMICOS: AÇOS E SUAS LIGAS. Os tratamentos térmicos em metais ou ligas metálicas, são definidos como:

Ciências dos materiais- 232

Processos de tratamentos térmicos dos metais ferrosos e não ferrosos - parte 1/2

[8] Temperabilidade dos aços

Engenharia e Ciência dos Materiais I Profa.Dra.Lauralice Canale 1º. Semestre

TM229 - Introdução aos Materiais

MECANISMOS DE ENDURECIMENTO DE METAIS

Ciência dos Materiais. Difusão. Fabiano Thomazi

Aula 03 Propriedades Gerais dos Materiais

MOVIMENTO DE ÁTOMOS E IONS NOS MATERIAIS DIFUSÃO

Física dos Materiais FMT0502 ( )

UNIDADE 10 Propriedades Mecânicas II

DIAGRAMAS TTT DIAGRAMAS TTT

MATERIAIS ELÉTRICOS - MEL

FUNDAMENTOS DE MATERIAIS METÁLICOS I. Engenharia de Materiais 7º Período. Mecanismos de Endurecimento

COTAÇÕES. Universidade Técnica de Lisboa. Instituto Superior Técnico. Ciência de Materiais Exame Final (30.Janeiro.2012)

Unidade 8 DIAGRAMAS DE FASES. ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

CTM Segunda Lista de Exercícios

Capítulo 7 - Solidificação

Universidade Técnica de Lisboa

Equilíbrio de fases e fortalecimento por solução sólida e por dispersão na solidificação

Deformação e Mecanismos de Endurecimento Metais DEMEC TM242-B Prof Adriano Scheid

Universidade Estadual de Ponta Grossa Curso: Engenharia de Materiais Disciplina: Ciência dos Materiais 1 Lista de Exercícios 6

Prof. Willyan Machado Giufrida Curso de Engenharia Química. Ciências dos Materiais. Diagrama de fases

- Pág. 1 / Aula nº 15 -

Transcrição:

Prova escrita de: 2º Teste de iência de Materiais (orrecção) Lisboa, 12 de Janeiro de 2008 Nome: Número: urso: 1. onsidere a cementação da superície de uma roda dentada de um aço 1022 (0,22% ). (a) O coeiciente de diusão do no Fe a 1000º, em m 2 /s, é: 2,98 10-11 Dados: R = 8,314 J/(mol.K); D 0 ( no Fe-γ) = 2,0 10-5 m 2 /s Energia de activação para a diusão: Q = 142 kj/mol (b) Se o teor supericial em or 1,22%, o tempo necessário para se obter o valor 0,72% para a composição do aço a 1,5 mm abaixo da superície, no caso da cementação ser realizada a 1000º, será: 21,0 h Admita que é válida a seguinte solução da 2ª lei de Fick: Note que er(u) u quando u<0,75. S ' S ( z, t) ' 0 & = er$ % 2 z #! Dt " (c) Se o teor supericial em or na mesma 1,22%, o tempo necessário para se obter o valor 0,72% para a composição do aço a 1,5 mm abaixo da superície, no caso da cementação ser realizada à temperatura ambiente, será: Tão elevado que não tem signiicado ísico

2. onsidere a secção do diagrama de equilíbrio de ases Ferro (Fe) arbono () representada na igura junta. (a) A partir deste diagrama é possível airmar que os aços sorem durante o arreecimento, no máximo, as reacções triásicas: reacção peritéctica e reacção eutectóide (b) O aço com 1,3% é um aço do tipo: hipereutectóide (c) A solidiicação do aço com 1,3%, inicia-se com ormação dos primeiros núcleos sólidos de: Austenite a 1440 (d) À temperatura de 1000, o aço anterior é constituído por: 100 % Austenite (e) À temperatura de 800, as ases presentes no aço considerado e as respectivas composições químicas são: Austenite com 1% e ementite com 6,67% () À temperatura de 500, a microestrutura do aço com 1,3% é constituída por: 90,9% de Perlite e 9,1% de ementite pró-eutectóide (g) Se este aço (1,3% ) osse arreecido rapidamente desde o estado líquido até uma temperatura de cerca de 1260, de modo a não ocorrer qualquer diusão em ase sólida,

a sua temperatura de im de solidiicação e a respectiva microestrutura seriam, respectivamente: T < 1290 e grãos de Austenite zonados 3. No tratamento térmico de endurecimento por precipitação de uma liga de Alumínio-obre, as três etapas habituais são (por esta ordem): solubilização, têmpera, envelhecimento 4. onsidere o tratamento térmico de austêmpera, realizado a uma peça de um aço eutectóide. A microestrutura inal após o tratamento é constituída por: Bainite 5. Na igura junta encontram-se representadas as curvas TTT-TI de transormação da austenite de um aço hipereutectóide. A A+ A + F + F+ A+ M Peças desse aço oram aquecidas durante 1 hora a 900 e depois oram submetidas aos tratamentos térmicos abaixo indicados. Usando o diagrama TTT-TI da igura, à temperatura ambiente, a microestrutura das peças após cada um dos seguintes tratamentos seria:

(a) arreecimento em banho de sais até 700, manutenção durante 1 hora, seguida de arreecimento em água: ementite pro-eutectóide + Perlite grosseira + Martensite + Austenite (b) arreecimento em banho de sais até 520, manutenção durante 1 minuto, seguida de arreecimento em água: Perlite ina (c) arreecimento em banho de sais até 200, manutenção durante 1 dia, seguida de arreecimento em água: Bainite inerior EM RELAÇÃO ÀS PERGUNTAS TEÓRIAS INDIAM-SE APENAS OS TÓPIOS QUE DEERÃO SER ABORDADOS 6. onsidere a ocorrência de nucleação homogénea na solidiicação de um metal puro. (a) Escreva a expressão para a energia livre de Gibbs de um cacho de átomos, como soma de um termo de superície e um termo de volume, e deduza em seguida a expressão do raio crítico para a nucleação homogénea (considere que os núcleos são aproximadamente eséricos) 2 # T * r = "! H! T Nota:! G =! H T! T A energia livre de Gibbs total, para cachos de átomos considerados eséricos, é: 4 3 2 # GT = " r # G + 4" r!, sendo r o raio do cacho, em que a primeira parcela é o termo 3 de volume e a segunda o termo de superície. Essa expressão tem um máximo, ou seja, há um valor do raio do cacho a partir do qual a energia do mesmo diminui com a adição de átomos ao agregado, logo existem condições avoráveis, do ponto de vista termodinâmico, para o crescimento desse cacho. Fazendo então a derivada da expressão anterior e igualando a zero, obtemos uma equação que nos dá a abcissa desse máximo, i.e., o raio crítico. Para mais detalhes, ver Smith pág. 124, 125. (b) om base na equação acima, indique porque é que na prática um metal puro iniciará a sua solidiicação a uma temperatura inerior à temperatura teórica de solidiicação, T. Pretendia-se com esta questão avaliar se os alunos apreenderam a noção de 2 # T * sobrearreecimento. Na expressão do raio crítico r = " vê-se claramente que o! H! T sobrearreecimento tem de ser positivo, ou seja, ΔT > 0, i.e., T - T < 0, ou seja T < T ou seja a temperatura T a que se está a dar a solidiicação tem de ser inerior à temperatura teórica de solidiicação T. Se o sobrearreecimento osse nulo, então o raio crítico tenderia para ininito, o que inviabilizaria o início da solidiicação a essa temperatura.

7. Explique sucintamente quais as regras para a ormação de soluções sólidas de elevada solubilidade. Em que condições se tendem a ormar soluções sólidas intersticiais ou subsitucionais? Ilustre a resposta com exemplos que conheça. Regras de Hume-Rothery - A solubilidade num elemento noutro é tanto mais elevada quanto os elementos têm: dierença entre raios atómicos inerior a 15% mesma estrutura cristalina electronegatividade semelhante valência semelhante Para átomos de soluto com raio atómico muito pequeno (como o, H, N) tendem a ormar-se soluções sólidas instersticiais ( no Fe por exemplo) pois a distorção da rede é menor do que se ormasse uma ss substitucional. Para átomos de soluto de maiores dimensões tendem a ormar-se soluções sólidas substitucionais pois a distorção da rede é menor do que se ormasse uma ss intersticial (u no Al, por exemplo). 8. A extrusão e a embutição são duas ormas de processamento de metais muito usadas na indústria. Diga em que consistem e indique exemplos de materiais obtidos por aqueles processos. Extrusão: Processo de deormação plástica em que o material é obrigado a passar por uma matriz, provocando uma redução de secção. Extrusão directa e inversa. aixilharias de Alumínio. Embutição ou estampagem: Processo de deormação plástica que transorma chapas em peças côncavas. Latas de bebidas, chapas automóveis. 9. Atendendo às características dos vários tipos de materiais poliméricos discuta a possibilidade de reciclagem dos mesmos. Tipos de materiais poliméricos; possibilidade de reciclagem atendendo ao tipo de ligação química existente em cada caso. 10. onsidere uma amostra de silício dopada com 10 21 átomos/m 3 de ósoro. (a) omo se designa este tipo de semicondutor? Justiique. Semicondutor extrínseco do tipo n. Uma vez que o sílicio oi dopado com ósoro, os principais transportadores de carga são os electrões. (b) Diga o que entende por um semicondutor. Um semicondutor é um material não condutor, mas que apresenta um hiato electrónico pequeno (inerior a 2 e), pelo que quando sujeito a uma corrente eléctrica passa a condutor. Semicondutor intrínseco e extrínseco.