ESTUDOS DE CASOS DE A. V. C. REALIZADO EM UM HOSPITAL DO INTERIOR PAULISTA E SUA RELAÇÃO COM CERTOS PROBLEMAS RENAIS Lívia de Freitas Lacerda 1, José Luiz Ferrari de Souza 2 1,2 Centro Universitário Barão de Mauá 1 livia-freitas@hotmail.com, 2 jlfsouza33@uol.com.br Resumo O objetivo central desse trabalho foi desenvolver uma pesquisa descritiva e exploratória direta por meio de aplicação de questionário a pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral, atendidos em um hospital do interior do estado de São Paulo, entre maio e setembro de 16, a fim de estabelecer uma relação entre AVC e problemas renais e conhecer o perfil desses pacientes acometidos. Introdução A Organização Mundial de Saúde, 3, defende que o Acidente Vascular Cerebral, também denominado de doença cerebrovascular, infarto cerebral, hemorragia cerebral, derrame isquêmico, acidente cerebrovascular ou derrame hemorrágico é, em linhas gerais, provocado por uma interrupção no suprimento de sangue ao cérebro, e ocorre quando uma dada artéria, que fornece sangue ao cérebro, fica totalmente bloqueada ou se rompe (Chung e Caplan, 7). Em função disso, certas células cerebrais deixam de receber o seu fluxo normal de oxigênio e de nutrientes, e, por consequência, elas podem parar de funcionar temporariamente ou pior, elas podem morrer; o que deve levar a uma necrose de certas áreas cerebrais, chamados de enfartes cerebrais. Também, o AVC pode ser descrito como um estado agudo de comprometimento cerebral, provocado por uma isquemia, que é uma interrupção permanente do fornecimento de sangue em determinada área do cérebro, o que deve gerar uma necrose; ou pelo rompimento de um certo número de vasos sanguíneos dentro do cérebro, determinando o surgimento de hemorragias, conhecidas como derrames cerebrais (Chung e Caplan, 7). Além das causas descritas acima, diferentes autores descrevem etiologias distintas para o surgimento dos acidentes vasculares cerebrais. Porém esses mesmos autores são unanimes em destacarem, como causas principais, a hipertensão arterial (HAS), a eclâmpsia, as arritmias cardíacas, o hábito de fumar (tabagismo), o diabetes, e a dislipidemia, ou seja, o excesso de gorduras, colesterol ou outras substâncias se acumulam nas paredes das artérias, formando uma substância pegajosa chamada placa que, ao longo do tempo, aumenta gradualmente, dificultando o fluxo sanguíneo normal, o que pode fazer o sangue a coagular (Bosnar- Puretić e colaboradores, 9). Em média, os homens possuem um risco maior de serem acometidos pelo AVC, em comparação com as mulheres, porém as mulheres possuem um risco consideravelmente maior de desenvolvimento do AVC durante a gestação, bem como nas semanas subsequentes ao período gestacional. (Corea e Micheli, 12). Objetivos O objetivo central deste trabalho foi o desenvolvimento de uma pesquisa descritiva e exploratória direta junto aos pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral, atendidos em um hospital do interior do Estado de São Paulo, por meio de um questionário/ficha de anamnese, a fim de se evidenciar uma relação, ou não, desta patologia em específico (AVC), com certas doenças crônicas renais. Materiais e Métodos A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário aplicado aos pacientes acometidos por AVC que estavam internados no hospital. Os dados analisados tiveram como base a aplicação de questionário aos pacientes acometidos por AVC. Foram coletados dados como: idade do paciente, sexo, etnia, cidade natal e procedência atual, data do acometimento do AVC, número de
acometimentos, tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico), problema renal prévio, aparecimento de sintoma urológico pósacometimento, antecedentes pessoais (diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, alergias, dentre outras) e hábitos de vida (tabagismo, etilismo). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Barão de Mauá (Ribeirão Preto, SP). Resultados Os resultados são baseados em informações colhidas por meio de aplicação de questionário e análise de prontuários de casos novos, no período de maio a setembro de 16. Os dados qualitativos estão apresentados de forma descritiva, e os quantitativos em forma gráfica, para que pudéssemos demonstrar, de uma maneira mais direta e esclarecedora, a abordagem amostral. Os dados colhidos não foram significativos, já que a quantidade de pacientes acometidos por AVC no período de 4 meses foi quatorze (14). Os pacientes atendidos e que participaram desse estudo, são procedentes da cidade de Ribeirão Preto e região: Jardinópolis, Pitangueiras, Serrana, Guatapará, Guará e Monte Alto. 3 maio junho julho agosto setembro não informado Mês do acometimento FIGURA 1: Relação frequência relativa de acometidos pelo Acidente Vascular Cerebral, por meses de coleta de dados. No período de pesquisa, a maioria dos casos ocorreram de maio e agosto, correspondendo a 4 casos em cada um desses meses, o que equivale a no mês de maio e no mês de agosto. Os outros meses mais significativos para o acometimento dessa doença foram julho e setembro, com 2 casos observados em cada um desses meses; correspondendo a, por mês. Em Junho, tivemos a ocorrência de apenas 1 (um) caso (). Encontramos ainda 1 (um) paciente internado no serviço (), que não soube informar o mês da ocorrência do AVC, visto que ocorreu há 4 anos (Figura 1). Na figura 2, observamos que houve um discreto predomínio nos casos de AVC do sexo feminino, em relação direta com o sexo masculino, na quantidade total de casos relacionados ao gênero, já que foram encontrados dos casos envolvendo o sexo feminino, e 42,9% do sexo masculino; o que demonstra de maneira clara que homens e mulheres têm praticamente o mesmo risco de serem acometidos por este tipo de patologia. Em relação à raça, a maioria dos pacientes eram brancos, totalizando um número de 13 casos; sendo encontrado apenas 1 (um) paciente negro durante o período de coleta de dados. Portanto, podemos concluir que, a partir desse estudo, há um certo predomínio dessa malignidade especificamente na raça branca. 42,9% Gênero Feminino Masculino FIGURA 2: Valores percentuais de pacientes com AVC de acordo com gênero. Os questionários aplicados aos pacientes diagnosticados com AVC revelaram também que a maioria dos atendidos foi diagnosticada com AVC Isquêmico, ou seja, pacientes. Outros dos pacientes foram diagnosticados como tendo AVC Hemorrágico, e informaram apenas o diagnóstico geral de AVC, sem saber o tipo, como demonstrado na Figura3.
Tipo de AVC nesse estudo, uma relação direta entre doença prévia ou medicamento em uso relacionado, com o AVC. Hemorrágico Isquêmico não informado FIGURA 3: Valores percentuais relacionando o número de casos ao tipo de AVC. 21,4% 21,4% a 29 3 a 39 4 a 49 a 9 6 a 69 7 a 79 8 a 89 Idade (anos) Na Figura 4, podemos observar que a quantidade de pessoas que foram diagnosticadas com AVC foi maior, e igual, nos intervalos de a 9 e 6 a 69 anos, com 21,4% de todos os pacientes diagnosticados com AVC em cada intervalo. Outros intervalos com valores significativos e também iguais foram os pacientes na faixa etária de 3 a 39 anos, 7 a 79 anos e 8 a 89 anos, com 14,3 % do total, em cada um desses intervalos específicos. Encontramos também do total, nos intervalos a 29 anos, e 4 a 49 anos. Não houve nenhum caso no intervalo de a 19 anos. Assim, esses resultados demonstram que o acometimento da doença é mais frequente na e 6 década de vida; porém pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais infrequente abaixo da 2 década de vida (Figura 4). Em se tratando dos fatores de riscos, relacionados ao número de casos de AVC, podemos verificar n Figura, que a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o principal fator de risco para o AVC, uma vez que, de todos os pacientes diagnosticados com esta malignidade, tinham HAS. Além disso, encontramos dos pacientes com Diabetes Mellitus (DM). Em relação aos fatores de risco relacionados aos hábitos de vida como etilismo e tabagismo, encontramos uma significativa associação de 42,9% entre AVC e tabagismo, e de 3,7% entre AVC e etilismo. Também, foi encontrada uma associação de com a drogadição (Figuras e 6). Ainda, nossos resultados mostraram que apenas 3 (três), do total de 14 pacientes, apresentaram doença renal crônica antes do AVC; sendo que e nenhum paciente apresentou sintoma geniturinário após a ocorrência da malignidade. Também, não foi encontrado, FIGURA 4: Valores do número de casos de AVC por idade 6 4 3 HAS Antecedentes Pessoais DM FIGURA : Valores de frequência relativa do número de casos de AVC, relacionados a certas doenças: Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus. 4 4 3 3 42,9% 3,7% Tabagismo Etilismo Drogadição Hábito de vida FIGURA 6: Valores de frequência relativa do número de casos de AVC, relacionados a
certos hábitos de vida: Tabagismo, Estilismo e Drogadição. DISCUSSÃO De acordo com o gênero: Dos 14 pacientes analisados, 8 (oito) eram do sexo feminino (1), e 6 (seis) do sexo masculino (42,96%). Isto demonstra um maior índice de aparecimento de casos de AVC em indivíduos do gênero feminino, discordando, assim, de De Carvalho et. al. (11), quando realizaram um estudo epidemiológico de AVC no Brasil, encontrando uma maior prevalência no sexo feminino (1,8%) em um grupo de 247 pacientes; porém após análise constatamos que nossos dados não são estatisticamente distintos. Isto deve ter ocorrido devido a uma amostragem relativamente pequena. De acordo com a idade: Dentre os 14 pacientes estudados, a quantidade de pessoas que foram diagnosticadas com AVC foi maior e igual nos intervalos de a 9 e 6 a 69 anos, com 21,4% de todos os pacientes diagnosticados com AVC em cada intervalo. Outros intervalos com valores significativos e também iguais foram os pacientes na faixa etária de 3 a 39 anos, 7 a 79 anos e 8 a 89 anos, com 14,3 % do total, em cada um desses intervalos específicos. Encontramos também do total, nos intervalos a 29 anos, e 4 a 49 anos. Não houve nenhum caso no intervalo de a 19 anos. Assim, esses resultados demonstram que o acometimento da doença é mais frequente na e 6 década de vida; porém pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais infrequente abaixo da 2 década de vida. Doenças Associadas: Dente os mais diversos tipos de doenças associadas encontradas na literatura, a mais prevalente encontrada foi a hipertensão arterial sistêmica (), tanto no gênero masculino, quanto no feminino, como observado na tabela abaixo; seguida pela Diabetes mellitus (); sendo que 42,9% tinham o hábito do tabagismo, 3,7% estilismo e drogadição. Tipo de AVC: Podemos observar que, do total de acometimentos pelo AVC, foram isquêmicos, e aproximadamente foram hemorrágicos; sendo não informado. CONCLUSÃO: Neste estudo, realizado por aplicação de questionário e análise de prontuário de caso novo de pacientes internados, objetivando estabelecer se havia uma associação direta entre o Acidente Vascular Cerebral e certas doenças renais, podemos concluir, após análise estatística, que não há qualquer tipo de relação entre essas duas malignidades, uma vez que a maioria dos pacientes analisados não apresentou qualquer tipo de problema renal prévio ao AVC; muito menos problema geniturinário após a ocorrência dessa malignidade. Objetivando ainda melhor conhecer o perfil dos casos acometidos por AVC, observamos que não há relação sazonal com a ocorrência dessa doença, podendo acontecer em qualquer mês. No que se refere ao gênero, o sexo, em nosso estudo, não parece ser um fator determinante para esta patologia, uma vez que os resultados por nós obtidos apresentaram um equilíbrio entre o número de casos relacionados ao sexo masculino e ao feminino. Entretanto, a raça de maior acometimento parece ser a branca. Observamos também que há um predomínio do tipo isquêmico () em relação ao hemorrágico () nos indivíduos acometidos pela doença. Nossa pesquisa também demonstrou que a idade é um fator de risco para esta malignidade, considerando que a maioria dos casos de AVC encontrados neste estudo foi em pacientes acima de anos; entretanto é preciso considerar que pacientes mais jovens também são acometidos na terceira década de vida. Em relação aos fatores de risco relacionados aos antecedentes pessoais, podemos concluir que a hipertensão arterial sistêmica é o mais significativo deles, para a causa do AVC, pois foi responsável, sozinha, por dos casos relacionados a esta doença. Quanto ao diabetes, não podemos concluir, neste estudo, que sua presença signifique alto risco para desenvolvimento do AVC, já que apenas dos casos eram portadores de DM. Podemos observar ainda com esse estudo a alta relação casuística dos fatores de risco relacionados aos hábitos de vida, como tabagismo e etilismo, com o AVC. Nossos resultados demonstram que 42,9% e 3,7% são tabagistas e etilistas, respectivamente. Porém, no que se refere à drogadição, não houve uma relação causal significativa nos resultados pornôs obtidos. REFERÊNCIAS Bosnar-Puretić, M., Basić-Kes V., Jurasić M.J., Zavoreo I. and Demarin V., 9. The association of obesity and cerebrovascular
disease in young adults--a pilot study. Acta Clin. Croat. 48(3): 29-298. Chung C.S. and Caplan L.R., 7. Stroke and other neurovascular disorders. In: Goetz, CG, eds. Textbook of Clinical Neurology. 3rd ed. Philadelphia, Pa: Saunders Elsevier; 7: chap 4. Atualizado em /6/, por: Daniel B. Hoch, PhD, MD, Assistant Professor of Neurology, Harvard Medical School, Department of Neurology, Massachusetts General Hospital. Also reviewed by David Zieve, MD, MHA, Medical Director, A.D.A.M., Inc. Corea F., Micheli S., 12. Motor syndromes. Front. Neurol. Neurosci. 3:1-3. doi:.19/333371. Epub 12 Feb. 14. Review. de Carvalho J.J.F., Alves M.B., Viana G.A.A., Machado C.B., Santos B.F.C. and Kanamura A.H., 11. Stroke Epidemiology, Patterns of Management, and Outcomes in Fortaleza, Brazil - A Hospital-Based Multicenter Prospective Study. Stroke 42: 3341-3346. http://dx.doi.org/.1161/strokeaha.111.62 623.