DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE ÁGUA NO ENTORNO DE UM CEMITÉRIO EM JACI-PARANÁ (RO), AMAZÔNIA OCIDENTAL.



Documentos relacionados
ÁGUA QUE BEBEMOS: PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DE ÁGUA MINERAL EM SERGIPE, BRASIL.

20 amostras de água. Figura 1- Resultados das amostras sobre a presença de coliformes fecais E.coli no bairro nova Canãa. sem contaminação 15%

Valongo- 24 de abril de Ana Heitor

DETERMINAÇÃO DE TURBIDEZ, SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DA ÁGUA DE POÇOS ARTESIANOS NO MUNICÍPIO DE ANANINDEUA PA

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA UNIDADE HIDRELÉTRICA DE ERNERGIA UHE-SÃO JOSÉ

RESOLUÇÃO CRH Nº 10 /09, DE 03 DE DEZEMBRO DE 2009.

"Análises obrigatórias para as várias fontes de abastecimento de água para o consumo"

Revisão sistemática sobre os parâmetros de qualidade de água subterrânea em regiões onde operam cemitérios

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO POÇO ARTESIANO DO DISTRITO DE SÃO JOSÉ, PR

O NÚMERO DE BACTÉRIAS

Procedimento de verificação do Potenciômetro de íon Seletivo

MONITORAMENTO DOS NÍVEIS DE NITRATO NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM MUNICÍPIO DO OESTE DO PARANÁ

A.R.S. ALENTEJO, I.P. DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA

Eixo Temático ET Recursos Hídricos DIAGNÓSTICO DA TURBIDEZ NA REDE DE ABASTECIMENTO NO MUNICÍPIO DE PRINCESA ISABEL-PB

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA - UFPB VIRTUAL LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A DISTÂNCIA

Questão da água em comunidades rurais da ilha de Santiago-Cabo Verde. Iara Jassira Costa Barros

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

PARÂMETROS QUALITATIVOS DA ÁGUA EM CORPO HÍDRICO LOCALIZADO NA ZONA URBANA DE SANTA MARIA RS 1

A ÁGUA EM CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CASTANHAL Divino, E. P. A. (1) ; Silva, M. N. S. (1) Caldeira, R. D. (1) mairanathiele@gmail.

Palácio dos Bandeirantes Av. Morumbi, Morumbi - CEP Fone: Nº 118 DOE de 24/06/06. Saúde GABINETE DO SECRETÁRIO

FOSFATO DISSÓDICO DE DEXAMETASONA

Anexo IX. Ref. Pregão nº. 052/2011 DMED. ET Análises de Água e Efluentes

Ensaio de Proficiência

Parâmetros de qualidade da água. Variáveis Físicas Variáveis Químicas Variáveis Microbiológicas Variáveis Hidrobiológicas Variáveis Ecotoxicológicas

A INFLUÊNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS CARACTERÍSTICAS DE POTABILIDADE DA ÁGUA DE NASCENTES: EXEMPLO DE CASO NO MUNICÍPIO DE ALFENAS MG.

Metodologias de Avaliação do Tratamento da Água do lago Guaíba com Base na Bactéria Bioindicadora Escherichia coli. Resumo

Saneamento I Tratamento de água. Eduardo Cohim edcohim@gmail.com

Aos bioquímicos, técnicos de laboratório e estagiários do setor de imunologia e hematologia.

SCHUMANN. São Gonçalo, novembro de /4

ANÁLISE DE ALCALINIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CAMPUS CAMBORIÚ.

SANEAMENTO BÁSICO RURAL NO BRASIL: Uma análise de impacto e da proposta da fossa séptica biodigestora

Eixo Temático ET Recursos Hídricos

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

ÁGUA, NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO

Nas cidades brasileiras, 35 milhões de pessoas usam fossa séptica para escoar dejetos

GLOSSÁRIO MICROBIOLÓGICOS FÍSICO-QUÍMICOS PARÂMETROS PARÂMETROS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBI- OLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUAS SANITÁRIAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE CATANDUVA-SP

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE TAMBOARA - PR, PERÍODO DE 2012 A 2014

COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS GERADOS NA EMBRAPA RORAIMA

A ÁGUA COMO REAGENTE PURA PURA PURA Destilação - Deionização Osmose Reversa - Filtração através de Carvão Ativado Ultrafiltração -

Telefones: (31) / Site:

PROGRAMA DE CONTROLO DA QUALIDADE DA ÁGUA (PCQA)

A água destinada ao consumo humano deve ser isenta de agentes biológicos como vírus, bactérias, protozoários e helmintos (BRANCO,

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA PARA CONSUMO DOMÉSTICO EM ALGUNS POÇOS ARTESIANOS LOCALIZADOS NA ZONA LESTE DE TERESINA-PI

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA, CUIABÁ-MT

Anti HBc Ref Controle Negativo

Aplicação da hidrologia para prevenção de desastres naturais, com ênfase em mapeamento

5 o ano Ensino Fundamental Data: / / Revisão de Ciências Nome: SANEAMENTO BÁSICO. Aparência de uma cidade limpa.

CONTROLE BIOLÓGICO NA TEORIA E NA PRÁTICA: A REALIDADE DOS PEQUENOS AGRICULTORES DA REGIÃO DE CASCAVEL-PR

O que é Água Filtrada?

RESÍDUOS SÓLIDOS E ANÁLISE DA ÁGUA DE POÇOS DO ASSENTAMENTO GUARANY/ SANDOVALINA (SP).

Regulamentação das águas no Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

Avaliação da Qualidade da Água e do Ar de Piscinas

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DA ÁGUA NA ETA JOSÉ LOUREIRO DA SILVA ATRAVÉS DE PARÂMETROS BACTERIOLÓGICOS.

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

3. Materiais, amostras, procedimentos analíticos:

DNA Darwin Não Atento?

PALAVRAS-CHAVE: Saneamento Básico, Diagnóstico Ambiental, Infraestrutura.

Análise Físico-Química de águas próximas ao cemitério do Tapanã e o processo ensino aprendizagem das Ciências

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICO DOS REFRIGERANTES

TRATAMENTO DA ÁGUA. Professora: Raquel Malta Química 3ª série - Ensino Médio

PROGRAMA DE CONTROLO DA QUALIDADE DA ÁGUA (PCQA)

Resistência de Bactérias a Antibióticos Catarina Pimenta, Patrícia Rosendo Departamento de Biologia, Colégio Valsassina

CONTRAPARTIDAS DOS MUNICÍPIOS

PEDIDO DE VISTAS GERENCIAMENTO DE PEDIDO DE VISTAS GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS

INSTALAÇÃO DE UNIDADES DE DESFLUORETAÇÃO PARA AS ÁGUAS DE CAPTAÇÃO SUBTERRÂNEA NAS LOCALIDADES SANTA MARIA E TIBAGÍ DAE SÃO CAETANO DO SUL

Avaliação da Qualidade da Água do Rio Sergipe no Município de Laranjeiras, Sergipe- Brasil

O maior manancial de água doce do mundo

Ciências Físico-Químicas Ano Lectivo 2010/2011

3.1 Determinação do Teor de Ácido Ascórbico e de Ácido Cítrico no

3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL E MATERIAIS UTILIZADOS

Avaliação Microbiológica das águas da Comunidade Quilombola de Santana

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA DEGRADADA POR EFLUENTE INDUSTRIAL

Encanador. 4) Número de Aulas: O trabalho será realizado em cinco etapas, divididas em aulas a critério do professor.

VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DO SES AJURICABA-RS

AÇÕES DE RESPOSTA: VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

São partículas que atravessam o filtro, mas não são dissolvidas

Preparação e padronização de uma solução 0,10 mol/l de ácido clorídrico

PROJETO ÁGUAS DE MINAS

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS LIVRES DA WEB, PARA O MONITORAMENTO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE O RIO MEIA PONTE, GO: UM ESTUDO DE CASO.

Qualidade da água para consumo humano

HIDROGEOLOGIA DO OESTE DE SANTA CATARINA

!"!"!! #$ % $ % & ' ()# * * '* + "!! (, -./. (!!0"!"!!!% (0 "!0"!!12

4 Segmentação Algoritmo proposto

Lista de Exercícios Espectrometria Atômica ALGUNS EXERCÍCIOS SÃO DE AUTORIA PRÓPRIA. OS DEMAIS SÃO ADAPTADOS DE LIVROS CITADOS ABAIXO.

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA DELIMITAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÌPIO DE BRASÓPOLIS MG.

PROPOSTA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES EM EMPRESA ESPECIALIZADA EM RETÍFICA DE MOTORES

ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ALIMENTOS COMERCIALIZADOS NA PRAIA DO PRATA PALMAS/TO

OBJETIVO. Palavras-chave: Saúde pública, perda auditiva e linguagem

PROGRAMA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA PECUÁRIA DE LEITE EM JARU. Prefeitura Municipal de Jaru Embrapa Rondônia

Comparação do ganho de peso e desempenho de bezerras alimentadas com leite de descarte e leite normal durante a fase de aleitamento

TIPOS DE MÉTODOS ELETROANALÍTICOS

Numa fossa séptica não ocorre a decomposição aeróbia e somente ocorre a decomposição anaeróbia devido a ausência quase total de oxigênio.

Como funciona uma autoclave. Introdução. Materiais Necessários. A autoclave

Ensaio: Acidez, Alcalinidade, Cloreto, Condutividade, Cor, Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO 5D, Demanda de Cloro,Fluoreto, Iodeto

Sistema de Informações Geográficas Avaliação da Qualidade de Água por meio do IQA utilizando um Sistema de Informação Geográfica (SIG)

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA USADA PARA CONSUMO HUMANO DE DUAS NASCENTES LOCALIZADAS DO MUNICÍPIO DE TUCURUÍ UMA QUESTÃO AMBIENTAL

ADEQUAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO JUNTO AOS MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE GOIÂNIA - GO.

Seminário Sul-brasileiro de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. Porto Alegre, 3 e 4 de setembro de 2012

Transcrição:

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE ÁGUA NO ENTORNO DE UM CEMITÉRIO EM JACI-PARANÁ (RO), AMAZÔNIA OCIDENTAL. MAYAME MARTINS COSTA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia Campus Colorado do Oeste, Graduando Tecnologia em Gestão Ambiental. IRENICE ALEIXO AMORIM, LAURA MARIA EDUARDO, LEIDIANE CAROLINE LAUTHARTTE, WANDERLEY RODRIGUES BASTOS Email do Autor Principal: mayame_martins@hotmail.com RESUMO O seguinte estudo foi realizado com águas de poços do tipo amazonas nas proximidades de um cemitério no distrito de Jaci-Paraná, situado a 80 quilômetros do município de Porto Velho, Rondônia. Foram abordadas questões relacionadas à qualidade da água com os moradores de 30 residências e coletadas amostras de água subterrânea. O objetivo do estudo foi avaliar a possível contaminação em águas de poços no entorno de um cemitério no distrito de Jaci-Paraná pela presença de coliformes fecais e totais. Utilizou-se para o estudo, algumas características químicas e físicas tais como: temperatura, condutividade elétrica e ph. Foram analisadas as concentrações de cátions e ânions dissolvidos na água. Os resultados confirmaram a contaminação de coliformes totais em todos os 30 pontos amostrais e em 06 poços as concentrações de nitrato foram superiores aos valores máximos permitidos para potabilidade de água. Os cemitérios são fontes potenciais para a contaminação das águas subterrâneas. Em Jaci-Paraná a fonte poluidora não se restringe somente ao cemitério, mas também a ausência de saneamento no distrito. O cemitério não se enquadra nas legislações Resolução CONAMA 335 de abril de 2003 de licenciamento para cemitério, e na Resolução CONAMA 368 que altera os dispositivos da mesma. PALAVRAS-CHAVE: água, contaminação, cemitério, coliformes. INTRODUÇÃO Cemitério é o lugar onde são sepultados cadáveres humanos. Os cemitérios são fontes potenciais de contaminação ambiental, principalmente, quanto ao risco de contaminação das águas subterrâneas e superficiais por bactérias e vírus que proliferam durante os processos de decomposição dos corpos, além das substâncias químicas liberadas. Uma água contaminada, por sua vez, frequentemente acaba sendo utilizada pela população vizinha às necrópoles (PACHECO, 2007). Havendo uma maior preocupação com as consequências que os cemitérios têm causado ao meio ambiente, foi divulgada a Resolução 335 de abril de 2003 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) que dispõe sobre licenciamento ambiental para cemitérios. Três anos mais tarde, foi publicada a Resolução CONAMA 368 que altera os dispositivos da Resolução CONAMA 335. Além de o cemitério ser um grande causador de dano ambiental, este pode acarretar consequências à saúde da população que vive próxima e que utiliza desta água para consumo. A Portaria MS Nº 2.914 DE 12 de dezembro de 2011, dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Metodologia O cemitério no distrito de Jaci-Paraná encontra-se a 80 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia. Sua posição geográfica é de latitude 8975986,93 e longitude 345903,426 (Coordenadas em UTM, zona 20L, SAD 69), apresentando o clima quente e úmido. A pesquisa foi realizada em 30 poços do tipo amazonas no entorno do cemitério com distância de 50 m à 1 km, durante o período de águas altas. Realizou-se um questionário com os moradores abordando aspectos relacionados à água e sua qualidade, entre outras informações, tais como: profundidade do poço, doenças relacionadas à água e a forma de uso. Os poços e as fossas sépticas mais próximas foram georreferenciadas. Foram coletadas amostras de água para quantificação dos níveis bacteriológicos (coliformes fecais e totais) e para a análise dos constituintes iônicos. Os parâmetros limnológicos: condutividade elétrica e ph foram medidos in loco. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 As amostras foram coletadas a partir de um sistema coletor adaptado. Dentro deste sistema coletor pode-se colocar um recipiente PET de 500 ml (garrafa de água mineral, o liquido era descartado antes da coleta em cada ponto de amostragem). Este sistema fixa a garrafa sem deixá-la submergir e sem encostar-se às laterais do poço, evitando assim contaminações. Além disso, possui um peso em sua base que alcança a profundidade do poço. Para as análises dos constituintes iônicos das águas dos poços, as coletas foram realizadas em tubos de polipropileno do tipo Falcon de 50 ml, mantidos sob-refrigeração desde a coleta até o laboratório, onde foram filtradas com filtro de celulose de porosidade 0,22 µm e, em seguida congeladas. Para a análise dos ânions fluoreto, cloreto, nitrito, brometo, nitrato, fosfato, sulfato, foi preparada inicialmente uma curva de calibração com padrões múltiplos de concentrações em µg L -1 : 50, 75, 100, 150, 250, 500, 1.000 e 1.500 (Fluka Analytical). Para a análise dos cátions foi preparada inicialmente uma curva de calibração com padrões múltiplos a partir do padrão multielementar de cátions. Este padrão apresenta concentrações diferentes para os analitos então, preparou-se uma curva de calibração de soluções padrões múltiplas contendo as seguintes concentrações: cálcio e potássio (40, 60, 80, 120, 200, 400, 800, 1.250, 1.660 e 2.000 µg L -1 ); amônio e magnésio (20, 30, 40, 60, 100, 200, 400, 625, 830 e 1.000 µg L -1 ); sódio (16, 24, 32, 48, 80, 160, 320, 500, 664, 800 µg L -1 ) e para o lítio (04, 06, 08, 12, 20, 40, 80, 125, 166 e 200 µg L -1 ) (DIONEX/THERMO SCIENTIFIC). Para as amostras de coliformes fecais e totais foram adicionadas 8 gotas de tiossulfato de sódio a 10 % no momento da coleta para preservar as amostras biológicas. Todos os materiais utilizados foram autoclavados e manipulados dentro de uma capela de fluxo laminar vertical. As amostras foram diluídas 10 x com água deionizada, autoclavada. Em seguida, a amostra passou pela técnica de membrana filtrante de acetato de celulose quadriculada (Millipore) de 0,45 µm de porosidade. Depois de filtradas as amostras foram colocadas no meio de cultivo chromocult (Merck), onde foram incubadas as placas a 35ºC por 24 h, observando-se a presença de coliformes totais (colônias rosa/lilás) e de coliformes fecais (Escherichia coli, colônias violetas/pretas). Resultados e Discussão A tabela 1 apresenta a localização geográfica e as descrições dos poços onde foram coletadas as 30 amostras. Observou-se a presença de fossas sépticas muito próximas aos poços, o que pode ser uma fonte de contaminação das águas. Tabela 1 Cadastro dos poços coletados e coordenadas geográficas em UTM, Datum SAD 69, Zona 20L. Código de Campo Localidade Coordenadas Geográficas Longitude Latitude Altitude (m) Moradores que consomem a água de poço no bairro PÇ 01 Velha Jaci 345677,4 8975661 84,721 03 PÇ 02 Velha Jaci 345739,7 8975656 85,442 06 PÇ 03 Velha Jaci 345711,7 8975821 85,442 17 PÇ 04 Velha Jaci 345776,7 8975890 80,876 12 PÇ 05 Velha Jaci 345681,2 8975846 81,837 12 PÇ 06 Velha Jaci 345692,6 8975730 86,884 06 PÇ 07 Velha Jaci 345665,3 8975675 89,528 08 PÇ 08 Velha Jaci 345669,2 8975783 87,605 07 PÇ 09 Velha Jaci 345767,9 8975726 91,691 12 PÇ 10 Velha Jaci 345662,8 8975799 88,086 04 PÇ 11 Velha Jaci 345773,8 8975807 83,521 05 PÇ 12 Velha Jaci 345652,4 8975871 84,832 06 PÇ 13 Velha Jaci 345657,5 8975890 84,721 03 PÇ 14 Velha Jaci 345557,4 8975839 85,683 20 PÇ 15 Velha Jaci 345386,7 8975836 88,567 12 PÇ 16 Velha Jaci 345494,8 8975830 87,365 10 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

PÇ 17 Velha Jaci 345953,0 8976034 83,761 08 PÇ 18 Velha Jaci 345992,7 8976070 83,279 02 PÇ 19 Velha Jaci 346046,0 8976118 82,078 06 PÇ 20 Velha Jaci 346072,0 8976088 75,348 06 PÇ 21 Velha Jaci 345997,1 8976178 78,473 13 PÇ 22 Velha Jaci 346013,7 8976176 82,318 07 PÇ 23 Velha Jaci 345974,0 8976211 89,287 04 PÇ 24 Velha Jaci 345924,5 8976233 90,978 02 PÇ 25 Velha Jaci 345943,2 8976194 91,456 10 PÇ 26 Velha Jaci 346116,5 8976071 89,287 05 PÇ 27 Velha Jaci 346082,1 8976041 88,326 08 PÇ 28 Velha Jaci 346176,1 8976106 87,605 20 PÇ 29 Velha Jaci 346158,9 8976151 87,605 04 PÇ 30 Velha Jaci 346297,7 8976148 85,683 07 Das 30 amostras coletadas, em 9 poços os moradores relataram que já tiveram doenças relacionadas com a água, bem como manchas na pele e diarreia. Verificou-se presença de coliformes fecais e totais em todos os poços onde coletou- se as amostras (Tabela 2). Tabela 2 - Quantificação de coliformes fecais e totais nos poços de Jaci-Paraná. Código do campo Coliformes Fecais (UFC/100 ml) Coliformes Totais (UFC/100 ml) PÇ 01 100 1400 PÇ 02 10 490 PÇ 03 500 1000 PÇ 04 1100 2200 PÇ 05 100 500 PÇ 06 200 800 PÇ 07 10 2110 PÇ 08 1000 1900 PÇ 09 >2000 >2000 PÇ 10 210 390 PÇ 11 >2000 >2000 PÇ 12 80 180 PÇ 13 90 180 PÇ 14 60 130 PÇ 15 >2000 >2000 PÇ 16 Zero >2000 PÇ 17 340 1290 PÇ 18 40 250 PÇ 19 20 630 PÇ 20 20 320 PÇ 21 30 490 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Goiânia/GO - 19 a 22/11/2012 PÇ 22 10 100 PÇ 23 290 980 PÇ 24 140 340 PÇ 25 20 60 PÇ 26 20 420 PÇ 27 50 570 PÇ 28 110 390 PÇ 29 20 800 PÇ 30 20 270 A tabela 3 apresenta a amplitude de variação, as médias e desvio padrão da distribuição dos constituintes iônicos nas amostras coletadas em poços no entorno do cemitério de Jaci-Paraná e apresenta os valores máximos permitidos para o consumo humanos orientados pela Portaria 2.914 em vigor desde 2011 e da resolução CONAMA 396 (2008). Tabela 3 - Amplitude de variação, média e desvio padrão de cátions e ânions (mg L -1 ) das águas de poços de Jaci Paraná e valores máximos permitidos segundo o Ministério da Saúde. Portaria 2.914 / Variável Mínimo Máximo Média Desvio Padrão (±) Resolução 396 Fluoreto <LDT 0,13 0,04 0,03 1,5 Cloreto 0,03 37,79 4,34 9,19 250 Nitrito 0,04 0,04 0,04 <LDT 1 Brometo 0,02 0,10 0,05 0,02 - Nitrato 0,09 36,99 4,89 8,88 10 Fosfato 0,05 0,07 0,06 0,01 - Sulfato 0,03 1,36 0,31 0,29 250 Lítio <LDT <LDT <LDT <LDT - Sódio 0,01 47,29 6,51 12,30 200 Amônio <LDT 0,97 0,17 0,30 1,5 Potássio 0,17 12,79 2,14 3,38 - Cálcio 0,05 38,06 4,68 7,87 - Magnésio 0,02 1,40 0,33 0,38 - <LDT=Menor que o Limite de Detecção da Técnica. O nitrato foi o único íon que apresentou valores acima dos limites reguladores da Portaria 2.914 do Ministério da Saúde (2011) e da Resolução 396 (2008). Quando há esse íon em excesso na água potável causam doenças graves, e às vezes, a morte. Seis poços apresentaram concentração de nitrato acima do limite permitido pela resolução. Esses poços estão localizados a uma distância de aproximadamente 300 metros do cemitério. Não há como afirmar que a fonte de poluição seja o cemitério, pois não foi realizada uma análise específica para microrganismos presentes na decomposição de corpos. Conclusão A presença de coliformes fecais sugere que a fonte poluidora não se restringe apenas ao potencial produzido pelo cemitério, mas também, a ausência de saneamento básico no distrito e por haver proximidade de fossas sépticas aos poços. De acordo com a Resolução do CONAMA 335 de 2003 alteradas pela Resolução 368 de 2006, os cemitérios já existentes devem se adequar na legislação, o que não acontece com o cemitério de Jaci Paraná. De acordo com a Portaria 2.914 (2011) e da Resolução 396 (2008) a água de poços tipo 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

amazonas daquela região não possui um padrão de potabilidade para consumo. Há necessidade de realizar análises microbiológicas características para decomposição de corpos, para afirmar se o cemitério é a principal fonte de contaminação para os poços. Referências Bibliográficas 1. BRASIL; Resolução CONAMA nº 335 de 3 de abril de 2003. Dispõe sobre o licenciamento de cemitérios. Brasília, 2003. 2. BRASIL; Resolução CONAMA nº 368 de 28 de março de 2006. Dispõe sobre o licenciamento de cemitérios. Brasília, 2006. 3. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 396. Editora MS, Abr. 2008. 4. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, Ministro de Estado da Saúde. Portaria nº 2.914. Editora MS, Dez. 2011. 5. FALCÃO, Márcia Teixeira; et al. Percepção Ambiental: Um Estudo no Entorno do Cemitério Urbano de Boa Vista RR. IFRR, 2012. 6. LAUTHARTTE, L. C. Avaliação da Qualidade de Água Subterrânea no Distrito de Jaci-Paraná, Município de Porto Velho RO. Dissertação em Andamento Mestrado de Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Porto Velho, 2012. 7. PACHECO, A. Os cemitérios e o ambiente. Disponível em:<http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/ index. php3?action =ler &id=23638>. Acesso em: 15 de Junho de 2012. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5