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Produtos No Brasil a fabricação artesanal do primeiro ônibus é atribuída aos imigrantes italianos e irmãos Luiz e Fortunato Grassi. Em 1904 eles fabricavam carruagens em São Paulo e em 1911 encarroçaram o chassis de um Ford Modelo T. 144 Brasil é o maior fabricante mundial de ônibus, tendo fechado 2005 com a produção de 35.266 unidades, das quais 27.860 de ônibus urbanos, resultado 22,6% maior que o de 2004. Há quem diga que a história dos ônibus, parecidos com o que conhecemos hoje, começa em 1895, quando o alemão Karl Benz constrói o primeiro ônibus com motor a explosão de que sem tem notícia. Outros preferem vincular sua criação à etimologia da palavra, derivada de omnibus - que em latim quer dizer para todos -, e consideram 1672 como seu marco de origem, quando é concedida a primeira permissão para exploração de transporte coletivo em Paris. Na França reinava o Rei Sol, Luís 14, e no Brasil, 172 anos após o descobrimento, os holandeses de Maurício de Nassau já haviam retornado para sempre à Europa, com a promessa de nunca mais voltar, naturalmente depois de receber gorda indenização de 4 milhões de cruzados de Portugal. A história do ônibus no Brasil começa em 1837, com a chegada ao Rio de Janeiro de ônibus de dois andares, importado da França e, naturalmente, puxado por burros. No ano seguinte ali seria fundada a primeira empresa de transporte coletivo do País, a Companhia de Omnibus, sempre puxados por burros. Só muito mais tarde, em 1900, o transporte coletivo entraria na modernidade com a instalação, em São Paulo, da primeira linha de bondes elétricos, operados pela The

São Paulo Tranway, Light & Power Co. Ltda, que obviamente nada tinham a ver com os ônibus a motor de explosão e rodas de borracha maciça - da Daimler-Motoren- Gesellchaft - que em 1905 começaram a circular pioneiramente em Berlim e Paris e depois se espalharam pelo mundo. Isoladamente empresários pioneiros importaram exemplares de ônibus europeus que foram utilizados no Rio e em São Paulo. Mas só em 1923 o Rio veria sua primeira empresa regular de ônibus, e São Paulo no ano seguinte. No Brasil a fabricação artesanal do primeiro ônibus é atribuída aos imigrantes italianos e irmãos Luiz e Fortunato Grassi. Em 1904 eles fabricavam carruagens em São Paulo e em 1911 encarroçaram o chassis de um Ford Modelo T, produzindo o que é considerado o primeiro ônibus brasileiro. Até 1970, quando encerrou suas atividades, a Grassi foi um dos mais importantes encarroçadores de ônibus do País. Em 1932 a General Motors lança o primeiro ônibus com carroceria fabricada no Brasil e dezesseis anos depois, já depois da Segunda Guerra, lançaria a primeira carroceria inteiramente metálica, 100% nacional. Até os anos 50 o País importou milhares de chassis - que foram encarroçados localmente - além de ônibus montados. Por exemplo: data de 1934 o primeiro ônibus Volvo importado, o B-1, e marcaram época os GM Coach urbanos e os Parlour Coach rodoviários. As primeiras importações volumosas de chassis curtos de caminhões, adaptados para ônibus, foram feitas em 1950, 145

Produtos Entrou para a história o papa-filas da FNM, criado em 1950. Na verdade um chassi de carreta encarroçado que, isolada do motorista, era tracionada por um cavalomecânico Fenemê. Ônibus Mercedes-Benz movido a gás natural. 146 primeiramente no Rio, por Alfred Juzykowski (veja o capítulo Os caminhões). Uma das principais utilizações desses chassis leves, para caminhões de seis toneladas, era na fabricação de lotações, microônibus que marcaram época no transporte urbano, principalmente do Rio. O sucesso do negócio leva Jurzykowski a instalar linha de montagem também em São Paulo e a fundar, em 1953, a Mercedes-Benz do Brasil. Em 1956 é construída a fábrica em São Bernardo do Campo, SP, iniciando a produção. Mas a primeira indústria produtora de ônibus nacionais a entrar nos registros da Anfavea é a Fábrica Nacional de Motores. Segundo o livro Indústria Automobilística Brasileira, editado pela Anfavea em 1960, a empresa de economia mista, controlada pelo governo federal, lança em 1951 o primeiro ônibus FNM, antes do caminhão, que viria um ano depois, com 84% do seu peso nacionalizado. Entrou para a história - mais como curiosidade do que como eficiência em transporte coletivo - o modelo denominado papa-filas da FNM, criado em 1950. A CMTC chegou a ter frota de cinqüenta desses ônibus-reboque. O curioso ônibus tinha grande carroceria para passageiros, na verdade um chassi de carreta encarroçado que, isolada do motorista, era tracionada por um cavalo-mecânico Fenemê. Já a Mercedes-Benz começa a produzir em 1958 e revoluciona o mercado lançando o ônibus O-321 - a princípio batizado de integral e depois, monobloco -, que já saía de fábrica encarroçado. Tinha motor traseiro, o que o tornava mais silencioso, e design moderno para a época. Uma das árduas tarefas da Mercedes na época era convencer as empresas de ônibus das vantagens do motor diesel, cuja manutenção acreditava-se mais cara e complicada que dos a gasolina. Vale lembrar que a FNM também lançou, em 1959, ônibus monobloco com motor traseiro que não teve muita saída. Em 1958 é a vez da Scania- Vabis vender 138 chassis de ônibus com 56,7% de nacionalização. A Volkswagen só chegaria ao mercado de ônibus 29 anos depois, em 1987, depois de o Grupo Volkswagen ter adquirido 67% do controle da Chrysler Motors do Brasil, em 1979. A Volkswagen não fabricava caminhão ou ônibus na Alemanha e inicia produzindo o microônibus 7.90 e posteriormente o 8.140 CO urbano. Vale ressaltar que a GM entrou no negócio de ônibus em 1957, saindo em 1986, e a Ford em 1992, com a Autolatina, encerrando a fabricação de chassis de ônibus seis anos após. A Volvo chega ao Brasil em 1933 importando carros, ônibus e caminhões. Nos anos 70 instala fábrica no País e em 1977 assenta a pedra fundamental da fábrica de Curitiba, PR, que seria inaugurada em 1980. Mas

Produtos Uma das árduas tarefas da Mercedes na época era convencer as empresas de ônibus das vantagens do motor a diesel, cuja manutenção acreditava-se mais cara e complicada que a dos a gasolina. em 1979 monta seu primeiro veículo, um chassi de ônibus B 58. Em 1992 sua produção de ônibus atinge o pico, 1.982 unidades, recorde que só seria quebrado em 2005, com 2.023 ônibus fabricados, dos quais vendeu 119 no mercado interno e exportou 1.894 unidades, ou 93,62% do total. Em 1997, dez anos depois da entrada da Volkswagen Caminhões e Ônibus surge a Agrale e três anos depois a Iveco, empresa do Grupo Fiat. Com fábrica em Caxias do Sul, RS, a Agrale começa timidamente a produzir ônibus em 1996 - cinco, em comparação com 450 caminhões - mas já em 1999 coloca no mercado 1.459 unidades, numa produção que atingiria o pico em 2004, com 4.591 ônibus, contra 743 caminhões. Em 2005 produziu 4.343 caminhões e 816 ônibus. A Iveco foi criada na Europa em 1975 a partir da fusão de três empresas: Fiat Veicoli Industriali S.p.A. na Itália, Unic na França e Magirus Deutz AG na Alemanha. A Iveco anunciou sua vinda para o Brasil em setembro de 1997, iniciando o estabelecimento de rede própria de concessionários e a construção de sua fábrica em Sete Lagoas, MG. A fábrica de Sete Lagoas de caminhões, ônibus e comerciais leves foi inaugurada em novembro de 2000, quando começa a produzir chassis, alcançando o pico de produção de 773 unidades em 2003. Em 2005 suas vendas internas de ônibus nacionais e importados alcançaram 338 unidades, ano em que exportou 337. Maior fabricante de ônibus do Brasil em 2005 a Daimler- Chrysler produziu 16.664 ônibus Mercedes-Benz, seguida pela Volkswagen, 5.674, Agrale, 4.343, Scania, 2.150, Volvo, 2.023, e Iveco, 337. Vendas e exportações Em 2005 as maiores vendas de ônibus nacionais ao mercado interno foram da Daimler- Chrysler, 15.358, seguida da Volkswagen, 3.511, Agrale, 2.869, Scania, 902, Iveco, 338, e Volvo, 119. As empresas que cresceram em 2005 foram Scania, 56,6%, e Iveco, 7,3%. Quem mais exportou ônibus em 2005 foi a Daimler- Chrysler, 12. 332, seguida da Volvo, 1.894, Volkswagen, 1.737, Agrale, 1.416, Scania, 1.227, e Iveco, 337. Em 2005, produzem chassi e conjunto de força de ônibus no Brasil a Agrale, DaimlerChrysler (Mercedes- Benz), Iveco, Scania, Volkswagen e Volvo. O encarroçamento é feito por outro segmento econômico, que tem como entidade maior a Fabus. As exportações pelas montadoras envolvem tanto conjunto chassi/plataforma e conjunto de força, para serem acabados no país de destino, como também a exportação de ônibus completos, o que é feito pelas empresas associadas à Fabus. 148 O VolksBus articulado produzido pela Volkswagen Caminhões e Ônibus.