Conteúdo Programático da Aula nº 5A SEGURADOS OBRIGATÓRIOS



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Transcrição:

CEAP / CURSO DE DIREITO Disciplina: DIREITO PREVIDENCIÁRIO Professor: MsC. UBIRATAN RODRIGUES DA SILVA Plano de Ensino: Unidade IV. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Conteúdo Programático da Aula nº 5A SEGURADOS OBRIGATÓRIOS Segurados obrigatórios são aqueles vinculados obrigatoriamente ao sistema previdenciário, sem a possibilidade de exclusão voluntária. São explicitados no art. 12 da Lei nº 8.212/91 e no art. 11 da Lei nº 8.213/9 O RPS também trata do tema no art. 9º. A lei divide-os em cinco espécies: empregado, empregado doméstico, avulso, contribuinte individual segurado especial. Para estes segurados, a filiação é imediata, com o início do exercício da atividade remunerada, sendo inscrição realizada a posteriori. I) empregado A Lei enquadra como segurado empregado as seguintes pessoas (art. 11, lei nº 8.213/91): a) Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado. Trata de conceito semelhante ao da legislação trabalhista (art. 3º da CLT), com a inclusão do rurícola. Para fins previdenciários, não há distinção entre o empregado urbano ou rural. Tal distinção existia no passado, em períodos anteriores à Constituição de 1988. Atualmente, não é mais cabível qualquer discriminação entre estas figuras. Devido à relevância do enquadramento correto do trabalhador para o custeio e benefício previdenciário, a fiscalização poderá reconhecer a existência de vínculo empregatício, sempre que observar a existência dos requisitos legais. 1 Tal prerrogativa em nada mudou com a edição da Lei nº 11.196/05, que no art. 129, dispõe: Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002- Código Civil. b) Aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas. Trata este dispositivo do trabalhador temporário, o qual é regido por diploma legal específico (Lei nº 6.019/74). Como define a lei citadas, o trabalhador temporário é aquele utilizado somente em duas condições: para atender a necessidade transitória de substituição de 1 Neste sentido, manifestou-se o STJ no REsp. 236.279/RJ, Rei. Min. Garcia Vieira, julgado em 08/02/2000. 1

seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços (art. 2º da Lei nº 6.019/74). Como define a lei citada, o trabalhador temporário é aquele utilizado somente em duas condições: para atender a necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços (art. 2º da Lei nº 6.019/74). Logo, qualquer outro trabalhador que seja contratado para trabalho eventual, distinto das situações narradas, não será um trabalhador temporário, como impropriamente afirma o leigo. Estes trabalhadores, muitos conhecidos como "biscateiros" ou semelhantes são segurados obrigatórios, já que exercem atividade remunerada, mas em outra condição: são contribuintes individuais. Também não se enquadram neste inciso, não obstante serem da mesma forma segurados empregados, os trabalhadores contratados por prazo determinado. Apesar de também não expressamente previstos aqui, são segurados empregados aqueles contratados pela Administração Pública, em caráter excepcional, na forma do art. 37, IX, da Constituição, haja vista a vinculação a RPPS demandar, necessariamente, cargo público de provimento efetivo, na forma do art. 40 da Constituição. c) O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior. A lei também protege o trabalhador que venha a laborar no exterior. É muito comum certo trabalhador ser contratado no Brasil e sofrer transferência para o exterior, ainda que temporária, como, por exemplo, no caso de uma obra de construção civil, realizada no Oriente Médio. d) Aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular. Este dispositivo trata de norma supletiva: caso seja o trabalhador estrangeiro, sem residência permanente no país, ou mesmo brasileiro, já abrangido pelo regime previdenciário de outro país, está automaticamente excluído do RGPS. Todavia, ainda que excluído do RGPS nesta condição, caso venha este trabalhador exercer outra atividade, poderá, em relação a esta nova função, ser segurado obrigatório do RGPS. Por exemplo, se um membro de missão diplomática, ainda que estrangeiro sem residência permanente no país for lecionar inglês em curso de idiomas, será segurado obrigatório, em razão desta atividade. e) O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio. Desta vez a lei trata exclusivamente do brasileiro civil (deixando o militar de fora, já que possui regime próprio de previdência), que trabalha para a União. Caso venha exercer seu mister em qualquer organismo internacional, como, e.g., ONU, OEA etc. será segurado do RGPS na condição de empregado, exceto se protegido pela legislação providenciaria do país onde reside. f) O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional. Já neste caso, a norma abrange tanto o brasileiro como o estrangeiro, desde que seja domiciliado no Brasil e tenha sido aqui contratado, ainda que não em qualquer situação, pois o empregador deve ser domiciliado no exterior e a maioria do capital votante, ou seja, das ações com direito a voto, tem que pertencer à empresa brasileira de capital nacional. 2

No entanto, há a possibilidade de brasileiros não se filiarem ao regime previdenciário estrangeiro, assim como estrangeiros permanecerem lealmente fora do sistema brasileiro, mesmo que exercendo atividade em território nacional. Isso ocorre na hipótese do Acordo Internacional prever o fortificado de Deslocamento Temporário, o qual permite a atividade remunerada alhures sem vinculação ao regime previdenciário respectivo. g) O servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais (alínea acrescentada pela Lei nº 8.647, de 13/04/93). Trata esta alínea do servidor público que exerce, de modo exclusivo, cargo em comissão, sem ocupar cargo efetivo que o vincule a regime próprio de previdência social. Aliás, este dispositivo foi bastante ampliado pela EC nº 20/98 que introduziu a seguinte norma: ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social (art. 40, 13, da CRFB/88). 2 Deste modo, a regra é obrigatória: toda pessoa que ocupe exclusivamente cargo em comissão, cargo temporário ou emprego público é, necessariamente, vinculado ao RGPS, na condição de empregado. h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social (alínea acrescentada pela Lei nº 9.506, de 30/10/97). Por meio da supracitada lei, colocou-se fim ao Instituto de Previdência dos Congressistas IPC, o qual era desprovido de qualquer tipo de equilíbrio financeiro ou atuarial, custeado por contribuições muito aquém do necessário para a sua manutenção. i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social (alínea acrescentada pela Lei nº 9.876, de 26/11/99). Nova regra supletiva para o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro, só que desta vez quando em funcionamento no território nacional. Aqui, a regra tanto vale para o brasileiro como para o estrangeiro, já que a lei não os distingue. Entretanto, somente há a proteção quando estas pessoas não são abrangidas por regime de previdência social ligado aos empregados do organismo em funcionamento no país. 2 O STF não vislumbrou qualquer inconstitucionalidade neste dispositivo, chegando mesmo a afirmar ; IG, por se tratar de norma geral em matéria previdenciária, poderia até ser tratada por lei federal (ver ADinMC 2040-MS. Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgada em 03/05/2007). No RMS nº 25.039-DF, o STF voltou a analisar a questão e manteve seu entendimento, afirmando que o sistema previdenciário dos ocupantes de cargos comissionados foi regulado pela Lei nº 8.647/1993. Posteriormente, com a Emenda Constitucional 20/1998, o art. 40, 13, da Constituição Federal determinou a filiação obrigatória dos servidores sem vínculo efetivo ao Regime Geral de Previdência. Como os detentores de cargos comissionados desempenham função pública a titulo precário, sua situação é incompatível com o gozo de quaisquer benefícios que lhes confira vínculo de caráter permanente, como e o caso da aposentadoria. Inadmissível, ainda, o entendimento segundo o qual, à míngua de previsão legal, não se deva exigir o preenchimento de requisito algum para a fruição da aposentadoria por parte daqueles que desempenham a função pública a titulo precário, ao passo que, para os que mantêm vínculo efetivo com a Administração, exige-se o efetivo exercício no cargo por cinco anos ininterruptos ou dez intercalados (art 193 da Lei nº 8.112/1990). 3

II) Empregado Doméstico O empregado doméstico, regido pela Lei nº 5.859/72, é aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos (art. 11, II, da Lei nº 8.213/91), ou seja, é aquele trabalhador que, além dos requisitos inerentes à relação de emprego reúne mais dois: trabalho em âmbito familiar e sem finalidade lucrativa. Cabe cuidado com o conceito de ambiente familiar. Este não se restringe ao ambiente interno da casa da família, mas também ao jardim ou até a atividades externas, desde que direcionadas ao bem-estar familiar, sem a finalidade lucrativa, como o motorista particular, o piloto de helicóptero ou jato particular, etc. São todos empregados domésticos. Facilmente, o empregado doméstico transforma-se em empregado. Basta que seu empregador venha utilizá-lo em atividade com fins lucrativos ou tora do ambiente familiar. Por exemplo, caso a dona de casa determine à sua doméstica que a auxilie na confecção de doces para revenda, ipso facto, esta segurada deixará de ser doméstica para ser empregada. No exemplo anterior, caso o empregado doméstico seja transformado em empregado, a consequência seguinte é a alteração do enquadramento da empregadora doméstica, equiparada à empresa, com diversos efeitos distintos no custeio previdenciário. Cabe ao empregador doméstico registrar a carteira de trabalho do empregado doméstico, além de efetuar os recolhimentos previdenciários mensalmente, incluído neste aporte a sua contribuição, na condição de empregador doméstico, e a parcela descontada do respectivo empregado. (III) Trabalhador Avulso O avulso, para efeitos previdenciários, é definido no Regulamento da Previdência Social como aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos termos da Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, ou do sindicato da categoria, assim considerados (art. 9º, VI do RPS): a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco; b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério; c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); d) o amarrador de embarcação; e) o ensacador de café, cacau, sal e similares; f) o trabalhador na indústria de extração de' sal; g) o carregador de bagagem em porto; h) o prático de barra em porto; i) o guindasteiro; e j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos. E ainda aduz o art. 9º, 7º, do RPS: Para efeito do disposto na alínea "a" do inciso VI do caput, entende-se por: I - capatazia a atividade de movimentação de mercadorias nas instalações de uso público, compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, bem como o carregamento e descarga de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário; II - estiva a atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das embarcações principais ou auxiliares, incluindo transbordo, arrumação, peação e 4

despeação, bem como o carregamento e a descarga das mesmas, quando realizados com equipamentos de bordo; III - conferência de carga a contagem de volumes, anotação de suas características, procedência ou destino, verificação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência do manifesto e demais serviços correlatos, nas operações de carregamento e descarga de embarcações; IV - conserto de carga o reparo e a restauração das embalagens de mercadoria, nas operações de carregamento e descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem, etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição; V - vigilância de embarcações a atividade de fiscalização da entrada e saída de pessoas a bordo das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentação de mercadorias nos portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e em outros locais da embarcação; e VI - bloco a atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques, incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparo de pequena monta e serviços correlatos. O avulso é trabalhador sem vínculo empregatício, pois, se este existir, torna-se empregado. Seu serviço pode ser prestado tanto na área rural como na urbana, na área portuária ou terrestre. Se este trabalhador não possui os requisitos inerentes à relação de emprego e atua em diversos segmentos econômicos, como distingui-lo do contribuinte individual? A resposta está na intermediação. Somente será segurado avulso aquele que presta serviço com a intermediação obrigatória do sindicato, para os avulsos terrestres, ou o OGMO órgão gestor de mão de obra, para os avulsos portuários. Caso o serviço seja prestado diretamente pelo trabalhador, não há a conformação à lei e, portanto, não se trata de trabalhador avulso, sendo um contribuinte individual, desde que atue sem vínculo empregatício. IV) Segurado Especial O segurado especial é o único segurado com definição no próprio texto constitucional, o qual determina o tratamento diferenciado a ser dado a estas pessoas: O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei (grifei art. 195, 8º, da CRFB/88). O segurado especial traduz-se, resumidamente, no pequeno produtor rural e no pescador artesanal. A legislação previdenciária, ao definir esta figura, determinava que este segurado não poderia se utilizar de mão de obra remunerada, ainda que eventual, aluando somente em regime de economia familiar. O auxílio eventual de terceiros era admissível, mas somente em condições de mútua colaboração, não existindo subordinação nem remuneração (art. 11, VII e 1º da Lei nº 8.213/91 c/c art. 9º, VII e 6º do RPS). Pela nova lei, o segurado especial é Pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou 5

2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2 a da Lei n 2 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. Ainda dispõe a lei que (art. 9º): Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. Na hipótese de extrativismo, continua não existindo limitação de área. De acordo com a lei citada (Lei nº 9.985/00), extrativismo é sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis. As definições de parceiro, meeiro e arrendatário rural são encontradas na Lei nº 4.504/64, que trata do Estatuto da Terra. Para ser qualificado como segurado especial, o produtor não precisa ser o proprietário da terra, bastando sua posse, ainda que a título precário. Como conclui o Parecer CONJUR/MPS nº 10, de 10 de janeiro de 2008, as relações jurídica dominial e previdenciária são autônomas e independentes, de forma que a primeira não contamina ou invalida a segunda, e por isso a inexistência de titulação fundiária ou a irregularidade na ocupação de área rural não é causa suficiente para, isoladamente, afastar o enquadramento do trabalhador rural na categoria de segurado especial. Tal parecer admitiu o enquadramento de pessoas vinculadas ao Movimento dos Sem-Terra MST como segurados especiais. Evidentemente, como aponta o parecer, o reconhecimento do vínculo previdenciário não importa em legitimação de eventual ocupação irregular e a caracterização da condição de segurado especial deve ser reconhecida mediante comprovação do efetivo exercício da atividade rural, por todos os meios previstos na legislação, atos regulamentares e normativos aplicáveis à espécie. Aqui a grande novidade da lei: o grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou mesmo contribuinte individual, como um tratorista, em épocas de safra, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas/dia por ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho. A relação pessoas/dia quer dizer o seguinte: poderá o segurado especial utilizar-se de um empregado por até 120 dias dentro de um mesmo ano civil. Se tiver dois empregados, poderá mantê-los por até 60 dias. Se forem 4 empregados, por 30 dias, e assim por diante. Em um exemplo extremo, poderia contratar até 120 empregados, mas para trabalhar um único dia. Da mesma forma, a lei contínua a afirmar que o segurado especial não pode possuir outra fonte de rendimento, perdendo o enquadramento salvo: I - benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; II - benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar; III - exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil; IV - exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais; 6

V - exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais; VI - parceria ou meação; VII - atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produz.da pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e VIII - atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social. Naturalmente, boa parte destes rendimentos é derivada das atividades que foram expressamente autorizadas pela lei. Há algumas situações autônomas, como a percepção de pensão por morte, mas a ideia aqui, com a nova redação, foi incluir rendimentos derivados das novas atividades. Nestas situações, repita-se, o segurado especial mantém essa condição. Caso o segurado especial incorra em alguma atividade proibida, ficará excluído desta condição. A lei nunca fora muito clara quanto ao momento em que isso ocorre, mas agora o marco inicial da exclusão fica mais bem definido, da seguinte forma: I - a contar do primeiro dia do mês em que: a) deixar de satisfazer as condições gerais estabelecidas para ser segurado especial, ou exceder qualquer dos limites de 50% para fins de outorga, meação ou comodato de área rural; b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvadas as exceções supracitadas que não geram a perda do enquadramento; e c) se tornar segurado obrigatório de outro regime previdenciário; II - a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de utilização de trabalhadores acima do limite de 120 dias em atividade remunerada ou extrapolar o limite de dias de hospedagem (120 dias). Já o pescador artesanal não sofreu alterações com a nova lei, e continua sendo definido como aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que [art. 9º, 14, do RPS): (l) não utilize embarcação ou (2) utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro ou (3) na condição, exclusivamente, de parceiro outorgado utilize embarcação de até dez toneladas de arqueação bruta A arqueação bruta é a expressão da capacidade total da embarcação, constante da respectiva certificação fornecida pelo órgão competente. Caso a embarcação ultrapasse os limites previstos, o pescador deixara de ser segurado especial e enquadrar-se-á como contribuinte individual. V) Contribuinte Individual O contribuinte individual é uma espécie de segurado bastante genérica, ampla, comportando trabalhadores muito distintos entre si, mas com algo em comum: nenhum deles enquadra-se nas situações anteriores. Como contribuintes individuais, portanto, temos todos aqueles que fogem às regras já expostas e, por isso, foram aqui reunidos nesta classe. Embora a conceituação pela negativa não seja recomendável, não há como dela escapar, quando da análise deste segurado. Assim, todo trabalhador excluído das demais categorias de segurado obrigatório será contribuinte individual. Esta categoria foi criada pela Lei nº 9.876/99, a qual reuniu três categorias existentes (empresário, autônomo e equiparado a autônomo) em uma única, denominada contribuinte 7

individual. Estes segurados são definidos na legislação previdenciária da seguinte forma (art. 11, V, da Lei nº 8.213/91): a) A pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados em tempo superior ao permitido; Aqui se tem a figura do produtor rural pessoa física, que exerce atividade rural ou pesqueira, necessariamente com empregados, excedendo as permissões de área e/ou empregados do segurado especial. Aí reside a distinção básica entre esta espécie de contribuinte individual e o segurado especial, já que este, pela legislação previdenciária, não possui empregados acima da relação 120 pessoas/dia. É irrelevante a condição de proprietário da terra, pois a pessoa física pode ser possuidor, meeiro ou arrendatário, sem qualquer efeito para seu enquadramento previdenciário, já que continua a exercer atividade remunerada vinculante ao RGPS. Aliás, a própria atividade rural pode ser feita de modo mediato, isto é, com o intermédio de prepostos, permanecendo o enquadramento desta pessoa como contribuinte individual. b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de propostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; O garimpeiro tem sido objeto de constantes alterações na forma de seu custeio, já tendo recebido tratamento similar ao do segurado especial, contribuindo com percentual incidente sobre sua produção. Atualmente, o garimpeiro, pessoa física que exerce a atividade de extração mineral, é fixado em lei como segurado contribuinte individual, com ou sem o auxílio de empregados. A existência ou não de empregados, neste caso, é irrelevante para seu enquadramento, ao contrário do segurado especial, que somente poderá ter empregados na razão de 120 pessoas/dia. c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; Esta categoria foi recentemente alterada pela Lei n 2 10.403/02, a qual excluiu a restrição da necessidade de serem mantidos pela entidade a que pertencem, salvo se filiados obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade ou a outro regime tais como "noviça e juvenista, alfabetizando e lecionando matéria de ensino primário em condições equivalentes às de empregado" (REsp. 512.549-RS, Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 20/11/2006. Precedentes citados: REsp. 386.062-RS, D] 21/8/2006, e REsp. 246.556-RS, D/15/5/2000). para d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; Situação bastante similar ao art. 11, I, e, o qual prevê a condição de segurado empregado o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio. 8

A diferença reside no contratante do serviço. Quando o brasileiro civil é contratado pela União, para a prestação do serviço em organismo oficial internacional, será ele um empregado. Já quando trabalha para o próprio organismo oficial internacional, será contribuinte individual. e) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anónima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; Tais segurados eram denominados, em período anterior à Lei nº 9.876/99, segurados empresários. Aqui a lei reconhece como atividade remunerada, vinculante ao RGPS, qualquer forma de exercício de direção de sociedade. Não é segurado obrigatório todo e qualquer sócio, mas somente aquele que exerça a direção ou, ao menos, receba remuneração pelo seu trabalho na sociedade. Um simples acionista ou cotista, que não tenha vínculo algum com a administração da sociedade nem realize qualquer atividade remunerada em favor desta, está excluído deste dispositivo. f) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; g) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; As duas alíneas supra são extremamente abrangentes, atingindo praticamente qualquer pessoa que exerça seu labor de modo eventual, sem a caracterização do vínculo empregatício. Aí estão os trabalhadores autônomos, que já foram categoria independente antes da Lei nº 9.876/99. V.l) O Microempreendedor Individual O art. 18-A da LC nº 123/06, com a redação dada pela LC nº 128/08, prevê a criação da figura do Microempreendedor Individual - MEI, o qual poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, facilitando ainda mais o procedimento fiscal destes empreendedores. Previdenciariamente, é uma espécie de contribuinte individual. Considera-se MEI o empresário individual, na forma do art. 966 do Código Civil, aquele que tenha auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais), optante pelo SIMPLES Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática do MEI. Naturalmente, no caso de início de atividades, o limite de R$ 36.000,00 será de R$ 3.000,00 (três mil reais) multiplicados pelo número de meses compreendidos entre o início da atividade e o final do respectivo ano-calendário, considerados as frações de meses como um mês inteiro. SEGURADO FACULTATIVO A regra básica do seguro social é a compulsoríedade de filiação e a consequente contribuição. Entretanto, obedecendo ao princípio da universalidade de participação no RGPS, 9

criou-se figura atípica, cuja filiação ao RGPS decorre exclusivamente de ato de vontade do interessado. A gênese deste segurado é decorrente do chamado contribuinte em dobro. Tratava-se do segurado que, apesar de deixar de exercer emprego 'u atividade que o submetia a regime previdenciário, poderia continuar filiado ao RGPS, desde que passasse a efetuar em dobro o pagamento mensal da contribuição (art. 9º da Lei Orgânica da Previdência Social LOPS, Lei nº 3.807/60). Atualmente, é previsto na Lei nº 8.213/91, art. 13, Lei nº 8.212/91, art. 14 e RPS, art. 11 e art. 20, parágrafo único. Este procedimento tinha como objetivo não prejudicar o segurado que estava às portas da aposentadoria, possibilitando a permanência do mesmo no sistema, desde que assumisse sua contribuição e a de seu empregador. Daí a contribuição em dobro. A atual configuração, na forma do segurado facultativo, é muito mais ampla, pois permite a filiação voluntária de qualquer pessoa excluída do sistema previdenciário, na maioria das vezes, em virtude da ausência de atividade remunerada. Esta possibilidade existe em relação a todas as pessoas que não são vinculadas automaticamente ao sistema previdenciário, ou seja, não exercem atividade remunerada que deflagre a filiação automática. Como possíveis facultativos, temos a dona de casa, o estagiário, o estudante, etc. O Regulamento da Previdência Social traz mais alguns exemplos de possíveis segurados facultativos (art. 11, 1º, do RPS): I - a dona de casa; II - o síndico de condomínio, quando não remunerado: III - o estudante; IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social; VI-o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; Vil - o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa de acordo com a Lei nº 11.788/08; VIU - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; e X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional. Cabe ressaltar que as pessoas supracitadas podem ser seguradas facultativas, desde que assim o desejem. É de responsabilidade exclusiva do interessado demonstrar seu desejo e formalizar sua inscrição perante a previdência social. Importante ressaltar que a situação do estagiário não se altera com a Lei nº 11.788/08 este não é segurado obrigatório do RGPS, salvo se prestar serviços a empresa em desacordo com a lei, situação na qual, obviamente, restará enquadrado como segurado empregado. Por isso, o facultativo é exceção à regra da filiação - inscrição. Em verdade, para este, a sequência é inscrição - filiação. Primeiramente, cabe ao solicitante demonstrar sua vontade em participar do sistema previdenciário, o que é feito com a inscrição, que só produz efeitos, gerando a filiação, após o primeiro recolhimento (art. 11, 3 a, do RPS). 10

O CONCEITO PREVIDENCIARIO DE EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO Tais conceitos são fundamentais para a adequada compreensão do custeio previdenciário. Seu desenvolvimento no Direito Previdenciário com frequência destoa com outros ramos do Direito, tendo uma conotação toda própria. Também é fundamental ter em mente uma distinção elementar: empresa e empregador doméstico são conceitos totalmente distintos, como se verá. Empresa O art. 15 da Lei nº 8.212/91 traz o conceito de empresa e do empregador doméstico, no âmbito previdenciário: I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II - empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Ainda traz a lei a figura do equiparado à empresa, que é também sujeito passivo da relação obrigacional previdenciária, como se empresa fosse. Reza a lei que se equipara à empresa o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe preste serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. Já o Regulamento da Previdência Social (art. 12) dispõe de modo mais completo: equiparam-se a empresa, para os efeitos deste Regulamento: I - o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço; II - a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras; III - o operador portuário e o órgão gestor de mão de obra de que trata a Lei nº 8.630, de 1993; e IV - o proprietário ou dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a segurado que lhe presta serviço. Tal previsão tem como objetivo evitar a elisão à contribuição previdenciária por aspectos meramente formais de algumas figuras atípicas. Como se vê, o conceito é bastante amplo, pois se centra no quesito suficiente e necessário para a qualificação de sujeito passivo da contribuição previdenciária: utilizar-se de trabalho remunerado na realização de alguma atividade, ainda que não econômica. Matrícula da Empresa A matrícula da empresa, assim como a do segurado, tem como objetivo cadastrá-la perante a previdência social, para o devido controle de arrecadação das contribuições. É uma espécie de obrigação acessória. O tema é tratado na Lei nº 8.212/91, art. 49 e no RPS, art. 256. A matrícula da empresa será feita: I - com a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNP); II - perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRFB, no prazo de 30 (trinta) dias, contados do início de suas atividades, quando não sujeita à inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa jurídica - CNPJ. Incluem-se neste item as obras de construção civil. As empresas ou obras nesta situação receberão "Certificado de Matrícula" (CEI), com número cadastral básico, de caráter permanente. 11

Caso a empresa não efetue a matrícula (situação II), a SRFB a fará de ofício, além da aplicação de multa, nos termos do art. 283 do Regulamento da Previdência Social. O empregador doméstico, em regra, não possui qualquer matrícula, já que faz seus recolhimentos no NIT (número de identificação do trabalhador) de seu empregado doméstico. O empregador doméstico somente receberá número de matrícula CEI (Cadastro Específico do INSS), Empregador Doméstico O empregador doméstico é pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. O empregador doméstico, ainda que seja um empregador, não se enquadra como empresa. A distinção entre empresa e empregador doméstico tem sua razão de ser. A forma de custeio é distinta e, ainda mais, há diversas obrigações das empresas, em especial acessórias, que não são exigíveis do empregador doméstico, nem seria razoável sua imposição. Por exemplo, sabe-se que a empresa tem diversas obrigações de ordem contábil, como a escrituração de livros, a elaboração de documentos, como a GFIP, a necessidade de obtenção da CND para diversos atos, etc. REFERÊNCIA IBRAHIM, Fábio Zambitte. CURSO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO, 15ª edição, revista, ampliada e atualizada. Niterói, RJ: Editora IMPETUS, 2009, p. 192-236. 12