O ENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NAS ATIVIDADES: INDICADORES PARA A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM



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Transcrição:

O ENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NAS ATIVIDADES: INDICADORES PARA A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM CORDEIRO, Maria Helena - UNIVALI - mhcordeiro@univali.br PIVA, Vivian Martins UNIVALI vipsico@hotmail.com FARESIN, Luana UNIVALI lufaresin@yahoo.com.br Grupo de pesquisa em Desenvolvimento e Educação da Infância Programa de Mestrado Acadêmico em Educação - UNIVALI EIXO: Psicologia da educação / n. 14 Agência financiadora: Sem financiamento INTRODUÇÃO Para que o processo de aprendizagem ocorra de maneira efetiva torna-se fundamental que as crianças alcancem um nível elevado e adequado de envolvimento e bem estar durante as atividades realizadas nos centros de educação infantil. Segundo Laevers (1994 apud OLIVEIRA-FORMOSINHO e ARAUJO, 2004, P.86): o envolvimento é concebido como uma qualidade da atividade humana, que é: a) reconhecido pela concentração e persistência; b) caracterizado pela motivação, atração e entrega a situação, abertura aos estímulos e intensidade da experiência (quer ao nível físico, quer ao nível cognitivo) e por uma profunda satisfação e energia; c)determinado pelo impulso exploratório e pelo padrão individual de necessidade ao nível desenvolvimental; e, d) indicador de que o desenvolvimento esta a ter lugar. Como podemos perceber, avaliando o nível de envolvimento estamos conseqüentemente aumentando a qualidade das experiências educacionais realizadas nos centro de educação infantil oportunizando, que as crianças tenham uma aprendizagem profunda. De acordo com Vygotsky (1995 apud OLIVEIRA- FORMOSINHO e ARAUJO, 2004, p.86):

2 o envolvimento não ocorre quando as atividades são demasiado fáceis ou demasiado exigentes. Para haver envolvimento, a criança tem de funcionar no limite das suas capacidades, ou seja, na zona de desenvolvimento próximo. O educador deve organizar o ambiente educacional a fim de que este estimule a criança durante as atividades para que ocorra o envolvimento durante o processo de aprendizagem. Estes estímulos podem ser os mais variados possíveis tal como dar oportunidade para que a criança escolha o que vai fazer e como vai fazer; que materiais desejam utilizar livremente; liberdade de verbalizar durante a realização da atividade, expressando o que está sentindo e analisando suas próprias atitudes favorecendo assim a auto-reflexão. OBJETIVO Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo avaliar o nível de envolvimento de crianças de três turmas de Educação infantil de um colégio privado, (turma G.IA aproximadamente 2 a 3 anos; turma G.IIA aprox. 3 a 4 anos; turma G.IIC aprox. 5 a 6 anos) durante as atividades que realizam em diferentes momentos da rotina, buscando identificar elementos da ação pedagógica das educadoras que possam estar relacionados com os níveis de envolvimento observados, bem como com o tipo e as características da atividade que lhes é oferecida: a) possibilidade de escolha da atividade; b) grau de orientação/ direção da educadora; c) forma de agrupamenrto das crianças que participam dessas atividades; d) relação entre os sujeitos participantes; METODOLOGIA Foram realizadas observações sistemáticas das crianças durante as atividades realizadas, em diferentes ambientes e com materiais diversificados. Para avaliar o nível de envolvimento das crianças com a atividade foi utilizada a LIS-YC Escala de Leuven de envolvimento para crianças (LAEVERS, 1994). Como o instrumento já tinha sido avaliado e adaptado em estudo anterior realizado no Brasil (Cordeiro e Benoit, 2004), foram adotados os procedimentos desse estudo, que são basicamente os sugeridos pelos autores da Escala: cada criança foi observada em 8 episódios de 3 minutos, durante a realização das atividades da rotina diária; as observações foram

3 interrompidas durante o tempo de transição entre uma atividade e outra (tempos de espera); após a observação de 3 minutos de uma criança, foi realizado o registro no formulário e, logo a seguir realizada a observação da próxima criança da lista. Assim, a ordem da observação só foi alterada quando a criança estava ausente ou indisponível. No formulário de registro das observações (criado por Pascal e cols. e adaptado por Cordeiro e Benoit no estudo acima mencionado), além do nível de envolvimento das crianças e de uma breve descrição das atividades, é possível registrar, em cada episódio observado, de quem foi a iniciativa da atividade (se a criança teve liberdade de escolha), se houve interações (da criança com as outras crianças, ou com os adultosprofessora ou estagiária), o modo de orientação das atividades ( quem define os procedimentos a serem seguidos), e o tipo de agrupamento ( individual, em pares, pequeno ou grande grupo); após a coleta os dados foram analisados por meio do programa estatístico SPSS. De acordo com (LAEVERS, 1994) a LIS-YC Escala de Leuven de envolvimento para crianças baseia-se no pressuposto de que o envolvimento pode ser reconhecido através de sinais que são expressos no momento em que a criança realiza a atividade como: concentração; energia física e mental; complexidade e criatividade; expressão facial e postura; persistência na atividade; precisão nas ações; tempo de reação aos estímulos; comentários verbais; e satisfação. Além dos sinais de envolvimento a escala é composta por cinco níveis de envolvimento que são definidos da seguinte forma: nível(1) ausência de atividade; nível(2) atividade freqüentemente interrompida; nível(3) atividade mais ou menos contínua; nível(4) atividades com momentos intensos; e nível(5) atividade mantida intensamente. A distinção entre cada nível foi reorganizada de forma que a diferença entre um ponto inteiro e o seguinte significa que alguma característica é acrescentada à atividade, no sentido de aproximá-la, cada vez mais, de uma atividade auto-estruturante: objetivo; envolvimento; complexidade. Atribuem-se pontos inteiros quando essas características são observadas durante todo o período de observação (3 minutos); quando essas características são observadas em apenas parte do tempo, o escore é reduzido em meio ponto. O quadro 1 esquematiza os níveis da escala.

4 Níveis da escala 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 Tempo N/a 1/2 1 1/2 1 ½ 1 ½ 1 Finalidade N/a Sem objetivo Com objetivo definido Envolvimento N/a Sem envolvimento Com envolvimento Complexidade N/a Sem complexidade Desafiadora Quadro1. Níveis da escala RESULTADOS 1. Atividades observada. A figura 1 apresenta a média de envolvimento relacionada à atividade Figura 1. Média de envolvimento relacionada a atividades observada. Observa-se que, de um modo geral todas as atividades observadas tiveram uma média de envolvimento superior a 3,0. As atividades que tiveram maior média de

5 envolvimento alcançando 5,0 foram, na turma G.IA, atividade orientada e na turma G.IIA a produção de padrões. Porém, não devem ser vistas como tão relevantes, pois foram observados poucos episódios em que estas atividades foram realizadas. Na turma G.IIC, a atividade de música alcançou a maior média de envolvimento, em torno de 4,5. Esta atividade foi observada em 13% dos episódios. De modo geral, nas três turmas, muitas atividades com o jogos, contação de histórias, atividade motora, artes, música e faz de conta tiveram média de envolvimento acima de 3,5, o que significa que a maioria das crianças estava envolvida nas atividades, em pelo menos parte do tempo de observação. 2. Liberdade de escolha A figura 2 refere-se à média de envolvimento relacionada à possibilidade de escolha das atividades pela criança, ou seja, à autonomia, à promoção da iniciativa da criança para decidir o que vai fazer e como vai fazê-lo. Figura 2. Média de envolvimento relacionada a liberdade de escolha das atividades Na turma G. IA, as situações com duas ou três possibilidades de escolha, foram observadas em 75% dos episódios. Nelas, o envolvimento foi de 3,3 em média. Em 25% dos episódios a escolha era livre e a média de envolvimento foi 3,6. Isso sugere que a possibilidade de escolha das atividades é um fator que contribui positivamente para o envolvimento nessa turma. Na turma G.IIA, houve um equilíbrio entre situações com duas ou três possibilidades e situações com livre escolha, com um nível de envolvimento semelhante nas duas situações (3,7 e 3,8, respctivamente). Na turma

6 G.IIC, 70% das situações tiveram duas ou três possibilidades de escolha com média de envolvimento de 3,5. Esse nível de evolvmento também foi observado nos episódios sem possibilidades de escolha, que constituíram 17% das observações. Nos epis odios com escolha livre, a média de envolvimento subiu para 4,1. Os dados sugerem que a possibilidade de escolha livre contribui para aumentar o nível de envolvimento. Entretanto, mesmo nos momentos em que não é possível escolher a atividade, se esta for significativa para a criança, como aconteceu em grande parte dos episódios na turma G.IIC, pode-se obter um alto nível de envolvimento. 3. Interação A figura 3. apresenta a média de envolvimento relacionada às formas de interação observadas em cada episódio. Figura 3. Média de envolvimento relacionada as formas de interação observadas. De modo geral, a grande maioria das formas de interação observadas tiveram uma média de envolvimento superior a 3,5 indicando a presença de envolvimento na maior parte do tempo, sobretudo na turma de 3 a 4 anos. Na turma de 2 a 3 anos (G.IA) foram observados baixos níveis de envolvimento nos episódios em que a criança não estava interagindo com outras crianças ou com o adulto (TC), assim como quando ela estava apenas escutando o adulto (A-TC). Em contrapartida, os níveis de envolvimento foram altos quando a criança interagia com o grupo de pares (TC=GC) ou com o adulto

7 (TC=A). Na turma G.IIA, o maior nível de envolvimento foi observado quando a criança interagia com o grupo de pares, mas, neste caso, o número de episódios observados foi muito pequeno, não legitimando qualquer conclusão. Na turma G.IIC, o número de episódios nos quais a criança interagia com o grupo também foi muito pequeno, não permitindo concluir que o envolvimento é maior nessas situações. Em 17% dos episódios, a criança interagia com outra criança. Nessas situações, o nível de envolvimento observado foi de cerca de 3,0, o que sugere que seria interessante a intervenção do professor para tornar a atividade mas desafiadora para as crianças. 4. Agrupamento agrupamento. A figura 4 apresenta a média de envolvimento relacionada à forma de Figura 4. Média de envolvimento relacionada a forma de agrupamento. Na turma G.IA, as atividades mais observadas, que correspondem a 71%, foram as atividades de grande grupo. A média de envolvimento obtida nessas atividades foi 3,4. As atividades de pequeno grupo correspondem a 14% das observações. Nestas, foi observado um baixo nível de envolvimento (média=3,0). A média mais alta de envolvimento observada nesta turma foi nas atividades em pares (3,5), que correspondem a 11% dos episódios observados. Embora o nível de envolvimento tenha sido consideravelmente mais alto nas atividades em pares, no G.IIA, este tipo de agrupamento foi observado em apenas 14% dos episódios. Assim, no geral, o tipo de

8 agrupamento não influenciou consideravelmente o nível de envolvimento nas turmas G.IIA e G.IIC. 5. Orientação atividade. A figura 5 apresenta a média de envolvimento relacionada à orientação da Figura 5. Média de envolvimento relacionada a forma de orientação. Como se pode observar, o tipo de orientação, ou seja, quem era responsável pela condução da atividade (apenas as crianças, apenas a professora, ou orientação compartilhada), não influenciou consideravelmente o nível de envolvimento. Entretanto, foram observados poucos episódios orientados exclusivamente pela professora (10% no G.IA; 6% no G.IIA e 0% no G. IIC). CONSIDERAÇÕES FINAIS Nas turmas pesquisadas, foi observado que as crianças geralmente têm oportunidade de escolher as atividades que querem realizar e se agrupam de diferentes formas para o fazer, tendo sido observados poucos episódios de trabalho individual no grupo de 2-3 anos e de trabalho em pequenos grupos no grupo de 5-6 anos. A orientação das atividades é quase sempre da criança ou compartilhada entre as crianças e as

9 professoras. É importante registrar que a porcentagem de episódios observados em cada situação não corresponde necessariamente à proporção em que essas situações ocorrem no dia a dia, pois a observação não foi realizada diariamente em todos os horários. Essa é uma questão importante a ser considerada quando se pretende utilizar a escala de envolvimento para avaliar a efetividade das práticas pedagógicas. Os resultados obtidos corroboraram os do estudo de Cordeiro e Benoit (2004) acima mencionado, no que se refere à escolha das atividades pelas crianças, já que a média de envolvimento foi cerca de 3,5 em todas as turmas. Entretanto, neste caso, não podemos comparar com situações sem liberdade de escolha, pois os episódios em que isso ocorreu foram raros. Destaca-se a importância da utilização da escala pelo próprio professor, no contexto da educação infantil, a fim de monitorar a qualidade das atividades proporcionadas às crianças. Com este instrumento é possível avaliar tanto a média geral de envolvimento da turma como o nível de envolvimento de cada criança, individualmente. Pode-se também avaliar a efetividade de atividades específicas. Assim, o uso da escala poderá contribuir para a melhoria da prática pedagógica do professor, proporcionando elementos para reflexão e análise, visando uma melhor organização e aproveitamento do tempo e espaço educacional, sempre com o objetivo de otimizar a aprendizagem durante a realização das atividades. REFERÊNCIAS: CORDEIRO, Maria Helena; BENOIT, Jaqueline. Centros de educação infantil como contextos de desenvolvimento: utilizando o nível de envolvimento nas atividades para avaliar o processo de aprendizagem. Contrapontos Revista de Educação da Universidade do Vale do Itajaí. Vol. 4 n.1 p.189-211 Itajaí, Jan./abr. 2004. HOHMANN,M.e WEIKART,D. Educar a criança.3 a ed.lisboa: Fundação Caloustre Gulbernkian,2004 LAEVERS, Ferre. (org.). The Leuven Involvemente Scale for Young Children. Mual and Video. Centre for Early Childhood & Primary Education. Katholieke Universiteit Leuven. Belgium, 1994..Educação experimental: tornando a educação infantil mais efetiva através do bem-estar e do envolvimento. Contrapontos. V.4, n.1, p.57-69, jan-abr 2004..Escala Leuven de de avaliação do envolvimento.lisboa,1998.traduzido por: Fátima V. e Dalila L.

10 OLIVEIRA-FORMOSINHO, Julia; ARAUJO, Sara B. O envolvimento da criança na aprendizagem: construindo o direito de participação. Analise Psicológica, 2004; 1(XXII): p.81-93. Disponível em www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v22n1/v22n1a09.pdf PASCAL, C.; BERTRAM, A.; RAMSDEN, F.; SAUNDERS, M. Evaluating and Improving Quality in Early Childhood Settings: a Professional Improvement Programme. (3 edition). Worcester: EEL Programme. Centre for Resarch in Early Childhood. University College Worcester, 2001.