UNIVERSIDADE FEDERAL PARA INTEGRAÇÃO LATINO- AMERICANA



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL PARA INTEGRAÇÃO LATINO- AMERICANA Chamada aberta para seleção de voluntários do projeto de extensão DESARMAMENTO HUMANITÁRIO Foz do Iguaçu, 04 de março de 2015.

Resumo: O projeto de extensão intitulado Desarmamento Humanitário tem por finalidade envolver alunas e alunos da UNILA, prioritariamente do Curso de Relações Internacionais e Integração, com Campanhas Internacionais em curso ligadas ao Desarmamento e Controle de Armas (ICBL, CMC, Control Arms, ICANW e Stop Killing Robots Campaign representantes do que se designa por sociedade civil global ) para, apoiar tais iniciativas e também promover o tema do desarmamento junto a sociedade em geral. Justificativa: Trata-se de uma atuação relacionada diretamente com temas de Relações Internacionais, com ações locais de impacto tanto local quanto nacional e internacional. Atuação que demandará melhor compreensão dos acadêmicos envolvidos sobre as temáticas numa perspectiva global. Portanto, são temas que subsidiam a compreensão das dinâmicas das relações internacionais, a exemplificação das teorias, o conhecimento histórico sobre conflitos (armados), e os meios de transformação e solução de controvérsias internacionais. Trata-se da ação prática de atores não estatais ONGs internacionais - na promoção de meios para a paz. Ademais, cabe ressaltar que a ação da ICBL contra minas terrestres é considerado um modelo de soft power pelo autor da tese do soft power, Joseph Nye, na página 90 de seu livro. Por isso, o caminho percorrido pela ICBL constitui um espaço para o desenvolvimento de uma cidadania cosmopolita. As conexões entre raízes culturais locais e consciência global, da atuação de novos atores políticos e organizações transnacionais da sociedade civil, alertam para a emergência de uma esfera pública transnacional aliada a valores de uma democracia cosmopolita. Quanto à relação com pesquisa, cabe apenas ressaltar que o coordenador do projeto apresentado já tem livro publicado a este respeito e diversos artigos, incluindo um em anais de evento internacional neste ano de 2014 com alunos que seguem apoiando a Campanha Brasileira contra Minas Terrestres. Então, visa, diretamente a produção e o compartilhamento do conhecimento por meio da iniciação científica também, assim como orientação de temas de trabalhos de conclusão de curso como já ocorreram alguns.

Fundamentação Teórica: A aspiração de paz mundial e de efetivação dos direitos humanos distancia-se constantemente da realidade quando observado o orçamento militar mundial. No ano de 2012 o orçamento militar atingiu a cifra de 1,756 trilhão de dólares, ou seja, 2,5% do total dos gastos efetuados no planeta durante o período, equivalendo a 249 dólares por pessoa segundo dados do Instituto Internacional de Estocolmo sobre Pesquisas de Paz (SIPRI). Estima-se que 40 bilhões de dólares seriam suficientes para acabar com a fome no mundo, isto é, 8 dias de gastos militares, equivalente a 2,27% do orçamento militar. Pelo menos três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU dominam o comércio global de armas: EUA, China e Rússia. Isto explica em parte a morosidade dos avanços da agenda pelo desarmamento, bem como a inexistência de sanções e restrições diretas à indústria e ao mercado global das armas. Entre avanços, paralisações e recuos, fato é que a própria ONU criou uma estrutura considerável para dar suporte às negociações a favor do desarmamento e do controle de armas. Além disto, há um conjunto de armas que geram danos sobretudo a não combatentes, produzindo efeitos de longo prazo, com efeitos destrutivos muito depois de serem firmados os acordos de paz. Uma das preocupações que circundam os conflitos armados contemporâneos é o fato de se caracterizarem pela vitimização muito mais intensa de civis que combatentes, e certas armas pioram esse fato. É o caso das minas terrestres antipessoal, que já impactaram 103 países no planeta e mais de dez na América Latina. Com isso, criou-se mundialmente uma crise humanitária pela proliferação das minas antipessoal, estimando-se nos anos 1990 uma vítima a cada 22 minutos, 90% mulheres e crianças, na regiões mais pobres dos países mais pobres do planeta. As minas terrestres que são plantadas durante os conflitos permanecem enterradas, mesmo após o término destes, geralmente em lugares incertos. Estas armas não respeitam acordos de cessarfogo nem os acordos de paz. Em muitas zonas de conflitos, onde há riscos para a população civil, muitas pessoas abandonam suas vidas em determinada comunidade, refugiando-se em áreas mais seguras. Com o término das hostilidades a tendência é de que os refugiados retornem para as localidades onde viviam antes do conflito, porém deparam-se com a situação de extremo risco, e passam a viver em um grande campo minado. Também em guerras civis, as minas são utilizadas para intimidar a população local. A vítima de uma mina que sobrevive à explosão inicial, geralmente necessita de amputação, pois além de não haver muitos médicos que tenham bom domínio do tratamento desse tipo de ferimento, a parte do corpo afetada fica estraçalhada, com

fragmentos de calçado, areia e partículas de metais infiltrados na vítima, o que exige uma amputação, longa estadia em hospitais e serviços de reabilitação. Cabe lembrar que o Brasil produziu e exportou minas terrestres! Outra arma que gera enorme impacto humanitário são as chamadas munições ou bombas cluster. Bomba cluster é um contêiner do qual são dispersas inúmeras outras submunições. Tais submunições adquirem a característica de granadas, pelo fato de estarem armadas e prontas para explodirem com o impacto a partir do momento em que saem do contêiner, lançadas do ar ou do solo. Human Rights Watch define bombas cluster como grandes armas que contêm dúzias e frequentemente centenas [ou milhares] de pequenas submunições. Elas existem em pelo menos 208 modelos e podem ser lançadas do ar ou da terra, liberando minibombas ou granadas. A Coalizão de ONGs Contra as Munições Cluster definiu as munições cluster, para fins de um novo Tratado, como uma arma detentora de múltiplas submunições explosivas, dispersas de um contêiner. Uma submunição explosiva é desenhada para ser dispersa em múltiplas quantidades de um contêiner e deverá explodir antes, no e após o impacto. O chamamento ao tratado diz respeito ao problema humanitário que o uso dessa arma produz. As consequências à integridade humana estão centradas nos seus efeitos indiscriminados; a área afetada por bomba; os efeitos pósconflito; os índices de falha; o grande poder explosivo de cada submunição; e, a quantidade de estoques, o que pode representar uma ameaça à vida humana de grandes proporções. Dentre as razões para esse lastimável dado, detecta-se que os conflitos armados têm ocorrido em regiões densamente povoadas (Líbano, 2006; Iraque, 2003; Israel-Palestina; entre outros), ao mesmo tempo em que os conflitos armados perdem a característica da interestatalidade, pois uma das partes se confunde com a população civil (grupos rebeldes armados, terrorismo internacional, guerras civis). Outro problema é o potencial de ataque da bomba sobre uma região inteira, não somente sobre um alvo determinado. Esse efeito tem relação particular com cada espécie de bomba cluster, sua taxa de rotação e a altura que a "bomba-mãe" (contêiner) se abre dispersando as submunições. Uma bomba cluster, em geral tem a capacidade de atingir uma área de abrangência de 200 a 400 metros quadrados, o equivalente a aproximadamente oito campos de futebol. O total da área abrangida por bomba varia - tipo de explosivo, bomba, e outras condições como altitude do lançamento, as condições de tempo e o tipo de terreno. Nesse sentido, reforça-se a relação entre a característica do ataque indiscriminado com a área de abrangência de um ataque. Em um ataque normal, é utilizado sempre mais de uma bomba cluster, que tende então a abranger vários hectares

sem qualquer capacidade de distinguir seu alvo, o qual pode ser militar, civil, atingir animais ou qualquer combinação entre eles. As munições cluster causam danos inaceitáveis aos civis tanto durante quanto após os conflitos armados. Essa situação torna-se mais grave considerando-se que os conflitos armados contemporâneos ocorrerem em áreas densamente povoadas e há dificuldade em distinguir a população civil dos combatentes. Após o conflito, as submunições que acabaram por não explodir no momento do impacto inicial podem prejudicar os civis que delas se aproximam ou entram em contato. Tornando-se então explosivos remanescentes de guerra, as submunições podem passar a agir, de fato, ao modo de minas terrestres antipessoais, pois é possível que essas armas fiquem enterradas com todos os dispositivos prontos para serem acionado pela presença, proximidade ou contato da própria vítima. No conflito armado entre Israel e o Hizbollah, em 2006, que durou 34 dias, foram identificados pelo menos 864 locais alvos de ataques com bombas cluster. O Centro de Coordenação de Ações Contra as Minas da ONU estima que existam mais de 1 milhão de submunições dispersas no território do Líbano, principalmente na região sul, ameaçando a vida de populações inteiras que buscam reconstruir suas vidas após o conflito. Existe um alto grau de falha das submunições de bombas cluster, sobretudo durante os combates. No XV Encontro de Expertos Governamentais da Convenção sobre Certas Armas Convencionais, apresentou-se a estatística de que entre 30 a 40% de submunições restam falhadas ao serem usadas em combate, podendo chegar a mais de 70%. Não existe garantia alguma da inexistência de falha ao serem detonadas. Aliás, houve o consenso de que sempre existirá um percentual de submunições que não explodirá, deixando ameaças por tempo indefinido. No conflito entre Israel e Líbano (Hissbolah), a taxa de falha das bombas cluster lançadas foi de aproximadamente 30 por cento - das 4 milhões de submunições lançadas, em torno de um milhão permanecem ativas no solo. Um dado preocupante e que, ao mesmo tempo, gera impacto nas discussões sobre os riscos dessas armas é a quantidade de submunições estimada que se encontra armazenada pelos Estados. Os Estados possuem aproximadamente 16 bilhões de submunições de bombas cluster em estoque. São quase três bombas por habitante no planeta. Se chegarem a ser utilizadas em larga escala, perpetrar-se-á uma crise jamais experimentada no mundo. Stephen Goose especulou que as bombas cluster seriam na atualidade a arma mais perigosa da Terra. Além de existirem em estoque de proporções avassaladoras, estavam absolutamente sem controle pela sociedade internacional, pois havia qualquer regime que regule o uso desses artefatos - que após 2008 passou a ser

tarefa da Convenção sobre Munições Cluster, que o Brasil não assinou nem aderiu. Sobre o Comércio de Armas, alguns números comparativos revelam a abrangência e o alto impacto da questão do controle do comércio de armas no mundo. De acordo com o Control Arms (2013) - uma campanha da sociedade civil a nível global -, a cada ano são mortas 747.000 pessoas por causa da violência armada, e dez pessoas são feridas para cada pessoa morta por este tipo de violência. Ainda mais, uma em cada dez pessoas no mundo possui armas pequenas, e duas de três pessoas são mortas pela violência armada em países em paz. Apesar de o comércio internacional de armas movimentar estimadamente mais de 60 bilhões de dólares em receitas anuais, até a assinatura do TCA, em 2013, não existiam regras globais para a venda de armas e munições. Desde 2003, o Control Arms vem demandando um TCA eficiente, que consiga diminuir os impactos humanitários de um comércio irresponsável de armas. A irresponsabilidade advém do fato de o comércio de armas em escala global ignorar os riscos em relação à segurança ou direitos humanos da população do país de destino destes armamentos. Desta forma, evitar-se-ia, à luz do Direito Internacional, transferências que possam causar danos às pessoas, ou seja, impactos humanitários de um comércio irresponsável, em que prevalecem os interesses militares e econômicos sobre os de segurança da população e consequentemente dos direitos humanos. Isso sem falar nos impactos humanitário e potencial impacto humanitário das armas nucleares e das armas plenamente automatizadas já em desenvolvimento. Diante desses fatos, o presente projeto pretende problematizar, junto à sociedade, de que modo tais situações refletem transversalmente na seara política, econômica, jurídica e social, em sinergia com iniciativas transnacionais de controle de armas e desarmamento capitaneadas pela sociedade civil global - a exemplo da ICBL (International Campaign to Ban Landmines, Campanha Internacional pela Erradicação de Minas Terrestres nobel da Paz de 1997), CMC (Cluster Munitions Coalition, Coalizão Contra Munições Cluster ), Control Arms, ICAN (International Campaign to Abolish Nuclear Weapons, Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares) e a Stop Killing Robots Campaign ( Campanha pela Proibição de Armas totalmente Automatizadas ). Tais campanhas são fruto de iniciativas com as quais os membros do projeto já interagem e participam há mais de 15 anos, conscientizando, pesquisando e em ações gerais no ativismo nacional e internacional.

Metodologia: Como o presente projeto visa apoiar as iniciativas de desarmamento humanitário em curso, será necessário um passo a passo inicial para sua concretização, visando inicialmente uma formação introdutória para um progressivo engajamento junto às esferas políticas e sociedade. O projeto propõe a 1. Formação dos extensionistas, com reuniões e vídeos, leitura de textos; 2. Participação nas reuniões online semanais, via skype, da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres; 3. Apoio na redação, tradução e publicação de artigos para o site e demais redes sociais da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres; 4. Promoção do tema por meio de oficinas, apresentação de filmes e debates. A metodologia será conformada para que ao longo do processo os extensionistas estejam em processo contínuo de formação, qualificando seus conhecimentos gerais visando a amplicação nas temáticas de paz e de direitos humanos. Objetivos Gerais: - Promover a conscientização política da comunidade a respeito das problemáticas transnacionais do controle de armas e do desarmamento. - Desvelar as interconexões entre as pautas globais e locais do desarmamento e do controle de armas; - Promover ações locais em consonância com os debates internacionais acerca do desarmamento; - Contribuir para a formação de uma cultura de paz e de promoção dos direitos humanos; Descrição das atividades desenvolvidas: Participar ativamente das redes de ONGs ligadas ao desarmamento humanitário, nacional e internacionalmente; colaborar com a manutenção dos sites e redes sociais destinados ao desarmamento humantiário. Promover discussões acadêmicas sobre desarmamento humanitário e estudos para a paz. Promover ações de conscientização sobre a temática do desarmamento em escolas na cidade de Foz do Iguaçu.

Equipe: Coordenador: Gustavo Oliveira Vieira. Professor Adjunto do Curso de Relações Internacionais e Integração da UNILA. Colaboradoras(es): Ramon Blanco de Freitas. Professor Adjunto do Curso de Relações Internacionais e Integração da UNILA. Luis Gustavo Gomes Flores, doutor em direito, professor da FADESG, membro da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres e Munições Cluster. Cristian Ricardo Wittmann, professor Assistente da UNIPAMPA, mestre em direito, representante da ICANW no Brasil, ativista para abolição de armas nucleares e munições cluster. Gabriel Francisco da Silva, bacharel em Relações Internacionais pela UFPel, mestrando em Relações Internacionais da UNB, coordenador da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres e Munições Cluster Mirella Rabaioli, bacharel em Relações Internacionais pela UFPel, vice-coordenadora da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres e Munições Cluster. Tássia dos Santos, bacharel em Relações Internacionais pela UFPel, ativista da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres e Munições Cluster. Carolina Montenegro, jornalista, mestre em Assistência Humanitária, assessora de imprensa da Campanha Brasileira contra Minas Terrestres e Munições Cluster. Gisele de David Branda, bacharel em Relações Internacionais pela ESPM e graduanda do curso de Ciência Política e Sociologia na UNILA. Lívia Brito Barbosa, graduanda do curso de Relações Internacionais e Integração na UNILA. Rafael Euclides Seidel Batista, bacharel em Direito e Pós- Graduado em Direito Internacional e Econômico pela UEL. Vagas para voluntários: Para se candidatar a voluntário no projeto de extensão Desarmamento Humanitário, enviar CV + carta de motivação (1 página) para o email:

gustavo.vieira@unila.edu.br até o dia 15/03/2015. Os candidatos serão chamados para breve entrevista (15 minutos) no dia 17/03/2015, pela manhã no PTI, ILAESP (sala 10). Candidatos motivados e que possam dedicar-se ao projeto em torno de 8h/ semanais com aspiração por se envolver com pesquisa e ativismo internacional são bem vindos. Imprescindível a participação nas reuniões semanais do grupo, uma vez por semana, na terça-feira das 9:00 às 12:00h no PTI, ILAESP. Sugere-se que o candidato (a) curse a optativa Tópicos Avançados de Direito Internacional e Integração, 2N1234, na UNILA CENTRO. Dúvidas podem ser encaminhadas para o email gisele.branda@aluno.unila.edu.br.