Relatório anual de execução 2013

Documentos relacionados
Relatório trimestral de execução 1º trimestre

Plano Municipal de Combate ao Mosquito Vetor de Transmissão da Dengue

Programa de Educação para a Sustentabilidade 2014/2015

Marca Priolo Balanço do desenvolvimento e implementação ( )

ARTIGO TÉCNICO. Os objectivos do Projecto passam por:

TÍTULO:A NECESSIDADE DE CONSCIENTIZAÇÃO NA LUTA CONTRA A DENGUE.

Proposta de Lei n.º 189/XII

REGULAMENTO BOLSA DE ÁRVORES AUTÓCTONES

EMISSOR: Presidência do Conselho de Ministros e Ministério da Economia e do Emprego

PROJETO DE REGULAMENTO DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO NOTA JUSTIFICATIVA

Presente à reunião proposta do Vereador José Maria Magalhães do seguinte teor:

São mais de 80 os serviços que garantem o correcto acondicionamento e encaminhamento do papel/cartão para os respectivos pontos de recolha.

PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA A PREVENÇÃO E CONTROLO DO AEDES AEGYPTI

Controle do Aedes aegypti e ações intersetoriais

REGULAMENTO DO PROGRAMA OLIVAIS EM FÉRIAS ANO 2015

DECRETO MUNICIPAL N O 2462/2015 Data: 28 de maio de 2015

MUNICÍPIO DE LAGOA AÇORES REGULAMENTO DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE PREÂMBULO

EDP. PREPARAR A ECONOMIA DO CARBONO Eficiência energética em alerta vermelho EMPRESA

Programa Olivais em Férias

M U N I C Í P I O D E V A L E N Ç A C ÂM ARA MUNIC I PAL

Curso Técnico de Apoio à Gestão Desportiva

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE A DIRECÇÃO REGIONAL DE PLANEAMENTO E RECURSOS EDUCATIVOS E O SERVIÇO DE SAÚDE DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA, E.P.E.

Rede Social do Concelho de Pampilhosa da Serra

PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA

Linhas de Acção. 1. Planeamento Integrado. Acções a desenvolver: a) Plano de Desenvolvimento Social

Mais clima para todos

Fórum Crédito e Educação Financeira 25 de Janeiro de António de Sousa

1 Newsletter. Março-Maio 2015 RUA SOAR DE CIMA ( MUSEU ALMEIDA MOREIRA) VISEU

Agrupamento de Escolas da Moita. Plano de Melhoria. P r o v i s ó r i o P p P r o. Ano letivo

PROGRAMA DESENVOLVIMENTO RURAL CONTINENTE DESCRIÇÃO DA MEDIDA Versão:1 Data:28/10/2013

MODELO DE GESTÃO DAS ZONAS COMUNS

REGULAMENTO DE ACTIVIDADES BÁSICO (2º e 3º CICLOS) E SECUNDÁRIO (Válido até 31 de Maio de 2010)

REGULAMENTO INTERNO PARA A EMISSÃO DE PARECERES DO CLAS

PROGRAMA DE AÇÃO E ORÇAMENTO Servir a comunidade; educar para a cidadania e incluir os mais vulneráveis

ORCAMENTO PARTICIPATIVO JOVEM Alcanena 2016

REGULAMENTO DE APOIO AOS PROJETOS SOCIOEDUCATIVOS

Introdução. 1 Direcção Geral da Administração Interna, Violência Doméstica 2010 Ocorrências Participadas às

A Ponte entre a Escola e a Ciência Azul

- Realizar uma ação de formação "Técnicos de Jardinagem e Espaços Verdes"

Legislação. Resumo: Cria o Programa Empreende Já - Rede de Perceção e Gestão de Negócios e revoga a Portaria n.º 427/2012, de 31 de dezembro..

Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Regulamento de Atribuição de Bolsa de Apoio Social

Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social

PROGRAMA DE AÇÃO Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental

Barómetro Regional da Qualidade e Inovação 2014

Orientação de Gestão nº 06/POFC/2008

REGULAMENTO DE PRÉMIO Linka-te aos Outros

RELATO RIO DE EXECUÇA O/2014 PLANO DE AÇA O/2015

Relatório de Autoavaliação dos Planos de Ação

Enquadramento e critérios de Candidatura

JORNAL OFICIAL. Sumário REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. Quarta-feira, 14 de outubro de Série. Número 158

JUSTIFICAÇÃO PARA A NÃO SUJEIÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA DE SANTA CATARINA A AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

Regulamento do NNIES Ninho de Novas Iniciativas Empresariais de Setúbal

REGULAMENTO INTERNO DOS CAMPOS DE FÉRIAS DA LIPOR

IV SEMINÁRIO NACIONAL BANDEIRA AZUL

COMISSÃO EUROPEIA. o reforço de capacidades das organizações de acolhimento e a assistência técnica às organizações de envio,

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS N 1 DE MARCO DE CANAVESES (150745) Plano de Ação de Melhoria

Programa Operacional Regional do Algarve

CHECK - LIST - ISO 9001:2000

2014/15. Nesta. A quem se dirige? O Projeto Nós. municípios onde. locais; Geografia; Quem

Projeto de Voluntariado para a Cooperação: MUITO MAIS MUNDO. Plano de acção para o Município de Santa Cruz, Santiago, Cabo Verde.

PLANO DE GESTÃO DE RISCOS DE CORRUPÇÃO E INFRACÇÕES CONEXAS RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO

REGULAMENTO DE PROCEDIMENTOS DO PROGRAMA NACIONAL DE MICROCRÉDITO

OCPLP Organização Cooperativista dos Povos de Língua Portuguesa. Proposta de Plano de Atividades e Orçamento

O TURISMO NO ESPAÇO RURAL 2005

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

REGULAMENTO DO BANCO DE LIVROS ESCOLARES DE MIRANDELA

PLANO DE AÇÃO E MELHORIA DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE ALPENDORADA 1. INTRODUÇÃO

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Termos de referência para o cadastro das infraestruturas de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais

Grandes Opções do Plano

DOCUMENTO DE CONSULTA REGULAMENTO DO BCE RELATIVO ÀS TAXAS DE SUPERVISÃO PERGUNTAS E RESPOSTAS

Identificação da empresa

MANUAL PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS. Junho, 2006 Anglo American Brasil

GUIA PRÁTICO APADRINHAMENTO CIVIL CRIANÇAS E JOVENS

CRITÉRIOS PARA A ELABORAÇÃO DAS TURMAS E DOS HORÁRIOS

Resultado do LIRAa. Março / Responsáveis pela Consolidação dos Dados: Romário Gabriel Aquino Bruno Rodrigues Generoso 17498

AGENDA 21 escolar. Pensar Global, agir Local. Centro de Educação Ambiental. Parque Verde da Várzea Torres Vedras 39º05'08.89" N 9º15'50.

REGULAMENTO DO PROGRAMA DE APOIO À FAMÍLIA DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR DE S. JOÃO DA MADEIRA

Relatório de Monitorização do Regime de Fruta Escolar. Ano lectivo 2010/2011

Saúde Aviso de Abertura de Concurso para Apresentação de Candidaturas S/1/2007

Plano de Comunicação/Divulgação Pós LIFE

Restituição de cauções aos consumidores de electricidade e de gás natural Outubro de 2007

Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Exatas e da Natureza Departamento de Geociências

Programa Municipal de Apoio aos Projetos Socioeducativos Eixo2: Qualidade e Excelência FORMULÁRIO DE CANDIDATURA Ano Letivo

ÍNDICE SERTÃ... 4 COMPROMISSOS... 5 MIRADOURO DE S. MACÁRIO... 7 JARDIM DE CERNACHE DO BONJARDIM... 10

Regulamento. Núcleo de Voluntariado de Ourique

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Reforçar a Competitividade das Empresas

Agenda 21 Local em Portugal

1.ª SESSÃO NOVA LEGISLAÇÃO TURÍSTICA (ANIMAÇÃO TURÍSTICA, RJET E ALOJAMENTO LOCAL) _ RESUMO _

Relatório das Ações de Sensibilização do Projeto De Igual para Igual Numa Intervenção em Rede do Concelho de Cuba

Programa de Parcerias e Submissão de Propostas 2014/15

PLANO DE AÇÃO 2013/14

Transcrição:

Relatório anual de execução 2013 Funchal Fevereiro de 2014

Ficha técnica Autoria: Manuel Biscoito, Ricardo Araújo, Sérgio Barrancos, Raquel Brazão, Sara Ferreira, Gil André Freitas, Ysabel, Ana Silva Jesus, Iolanda Lucas, Nelson Diego Pereira, Juan Silva e Victor Jordão Soares. 2014. Câmara Municipal do Funchal. Pelouros do Ambiente, Ciência e Conhecimento, Educação e Ação Social e Planeamento Estratégico.

Índice 1 - Antecedentes... 3 2 O Plano... 5 3 Resultados do primeiro ano de trabalho (2013)... 7 3.1. Monitorização em Conjuntos Habitacionais Camarários... 7 3.2. Avaliação da situação (vistorias e monitorização)... 9 3.2.1. - Metodologias... 9 Índice de Infestação Predial (HI)... 9 Índice de recipiente (CI)... 9 Índice de Breteau... 9 Índice de Risco Entomológico (ERI)... 9 3.2.2. Resultados... 10 Hotelaria... 10 Conjuntos habitacionais da Câmara Municipal do Funchal... 11 Escolas e outras instituições de ensino... 11 Outras situações derivadas de reclamações... 12 Monitorização da atividade através da rede de Ovitraps MMF/MOSQIMAC... 13 3.3. Avaliação da eficácia do uso de Spinosade no controlo de formas imaturas de Aedes aegypti em bromélias.... 16 3.3.1. Caracterização da situação... 16 3.3.2. Metodologia... 17 3.3.2.1 Local de estudo... 17 3.3.2.2. Inseticida utilizado... 18 3.3.2.3. Método de aplicação... 18 3.3.3. - Resultados... 18 3.4. Sensibilização e informação... 19 Centros comunitários... 20 Conjuntos habitacionais... 20 Juntas de Freguesia... 21 Hotelaria... 21 Público em geral... 22 Comércio e Serviços... 24 3.5. Ações na cidade vistorias e combate... 25 Reclamações... 25 Prevenção e combate em áreas públicas... 28 3.5. Ações de divulgação e informação para a população em geral... 29 4- Conclusões... 33 Ficha técnica... 36 1

2 Página propositadamente deixada em branco

1 - Antecedentes O mosquito vetor de transmissão da febre da Dengue e da Febre Amarela, Aedes aegypti (Linnaeus, 1762), foi identificado pela primeira vez na Madeira em Outubro de 2005, com base em exemplares colhidos na freguesia de Santa Luzia e trazidos ao Museu de História Natural do Funchal. Ciente da potencial gravidade da presença desta espécie, a Câmara Municipal do Funchal, através do seu Departamento de Ciência e do Museu de História Natural do Funchal deu, de imediato, início a um programa de monitorização desta espécie com vista a determinar com exatidão a sua distribuição na cidade do Funchal e a sua progressão. Esse programa consistiu na instalação de armadilhas para colheita de ovos ( ovitraps ) distribuídas em diversos pontos da cidade e vistoriadas semanalmente. Paralelamente os técnicos da autarquia procederam à prospeção de criadouros desta espécie nos diversos espaços públicos e intervieram também em muitas residências particulares e edifícios públicos situados nas freguesias de Santa Luzia, São Pedro e Sé, com vista a determinar a existência de criadouros desta espécie e a alertar as pessoas para a necessidade de os eliminar. Colaboradores da autarquia participaram também, em conjunto com colaboradores da então Direção Regional de Saúde, mais tarde Instituto da Administração da Saúde, IP-RAM, na eliminação de criadouros em diversos pontos da cidade e procederam também a operações de limpeza de sarjetas, potenciais locais de criação do mosquito. Os resultados obtidos com este programa de monitorização nos 3 primeiros anos permitiram verificar que este mosquito alastrou-se a toda a parte baixa da cidade e a zonas mais altas, até à cota média dos 200 m. Em 2009 esta rede de armadilhas foi redefinida sendo colocadas 27 armadilhas no Funchal e neste mesmo ano foi lançada uma rede de armadilhas-sentinela fora do concelho, constituída por 18 ovitraps distribuídas em todos os concelhos da Ilha da Madeira Ainda em 2009, a Câmara Municipal do Funchal, o IASAUDE, a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais e a Universidade de La Laguna, Canárias, viram aprovado o projeto MOSQIMAC Gestão Integrada do vetor Aedes aegypti, no âmbito do programa PCT-MAC. Neste projeto coube ao Museu de História Natural do Funchal dar continuidade ao programa de monitorização e proceder ao ensaio de novas armadilhas destinadas à captura de formas adultas do mosquito. Este projeto permitiu determinar de forma precisa a distribuição da espécie, que neste momento já está presente nos concelhos de Santa Cruz, Machico, Câmara de Lobos, Ribeira Brava e Ponta de Sol. Permitiu também determinar os ciclos anuais de atividade do mosquito, altamente correlacionados com a temperatura, a humidade e a pluviosidade. Assim assiste-se a uma intensificação da atividade do mosquito no Verão, com um pico no início do Outono, seguido de uma diminuição nos meses mais frios do Inverno (Fig. 1). Ciente da necessidade de envolver a população no combate a esta espécie, a Câmara Municipal do Funchal, através de uma técnica do Departamento de Educação e Promoção Social, em colaboração com as técnicas da Sociohabitafunchal, E.M., iniciou em Outubro de 2012 um conjunto de ações de sensibilização e educação da população dos conjuntos habitacionais da autarquia, a maioria dos quais situados em áreas da cidade infestadas com o mosquito. 3

Assim foram feitas até Dezembro de 2012, 40 ações de sensibilização, em 23 conjuntos habitacionais do Funchal, englobando 1211 fogos e sendo visitadas pedagogicamente 270 habitações, nas quais se procedeu à eliminação de criadouros e à sensibilização dos moradores, e feitas intervenções diretas a mais de 1500 pessoas. Foram ainda desenvolvidas ações de sensibilização, com eliminação de criadouros, em duas escolas básicas do 1º ciclo, 3 vistorias em outras tantas escolas e estão programadas ações idênticas para as restantes 25 existentes no concelho. Em Outubro de 2012 foram diagnosticados os primeiros casos de Dengue autóctone no concelho do Funchal e rapidamente a situação evoluiu para um surto da doença, tendo sido confirmados mais de 1000 casos (Fig. 1). Figura 1. Atividade de Aedes aegypti (barras listadas) e casos confirmados de Dengue na Madeira (barras amarelas) no final de 2012 e em 2013. 4

2 O Plano Face ao aparecimento da doença e às suas implicações ao nível da população residente e flutuante do Funchal e com vista a enquadrar e a aumentar a eficácia das ações já desenvolvidas pelos técnicos da autarquia e a envolver ainda mais a comunidade na luta contra este mosquito, a Câmara Municipal do Funchal, no uso das suas competências, decidiu implementar um Plano Municipal de Combate ao Mosquito Vetor de Transmissão da Dengue. Este plano teve como objetivo contribuir para debelar o surto de Dengue no Funchal através da eliminação drástica e duradoura de focos de mosquitos, Aedes aegypti e consequentemente, conduzir à interrupção do ciclo de transmissão da doença, tentando prevenir o seu reaparecimento através da adoção de um conjunto de cuidados e boas práticas, com o envolvimento ativo da população residente. Geograficamente cobre toda a área urbana do Concelho. A estratégia de intervenção assenta na luta antivetorial contra a doença, através da eliminação de focos/criadouros de mosquitos Aedes aegypti, e compreende os seguintes eixos de atuação: 1 Inventariação dos focos/criadouros do mosquito; 2 Monitorização da atividade do mosquito com recurso a armadilhas e estabelecimento de indicadores; 3 Combate aos criadouros nas áreas públicas e apoio a entidades privadas; 4 Sensibilização da população dos conjuntos habitacionais camarários; 5 Envolvimento das Juntas de Freguesia com vista à mobilização e envolvimento direto da Comunidade; 6 Ações de informação junto dos sectores do comércio, serviços e turismo; 7 Ações de I&D próprias e/ou em parceria com outros organismos de investigação; 8 Articulação com outras entidades e programas. O plano prevê o envolvimento de: equipas de sensibilização (1-2 pessoas/equipa) Departamentos Educação e Promoção Social, Ciência e Sociohabitafunchal E.M. equipas de monitorização/investigação (2 pessoas/equipa) Departamento de Ciência brigadas de combate Departamento de Ambiente e Juntas de Freguesia. 1 equipa de tratamento e análise de dados (4 pessoas) Departamentos de Ciência e Planeamento Estratégico (Gabinete de Informação Geográfica). O plano tem a duração de dois anos, com início em Dezembro de 2012. No final serão avaliadas as metas atingidas e os resultados obtidos, sendo decidido nessa altura os moldes da sua continuação. 5

6 Página propositadamente deixada em branco

3 Resultados do primeiro ano de trabalho (2013) 3.1. Monitorização em Conjuntos Habitacionais Camarários Foram selecionados 3 conjuntos habitacionais (CH) camarários no Funchal, com vista a executar o Plano nas suas variadas vertentes. Os CH escolhidos foram: CH do Comboio, CH das Cruzes e CH dos Viveiros (bloco III) (Fig. 2). Contribuiu para a escolha o facto de estarem localizados em locais infestados com o mosquito, possuírem uma população variada, quer em termos etários, quer culturais e possuírem uma dimensão que permitisse executar os objetivos do plano, com os recursos humanos e materiais disponíveis. Figura 2. Localização dos complexos habitacionais da CMF com intervenção do Plano Em cada CH foram colocadas armadilhas de oviposição (Fig. 3), que foram vistoriadas semanalmente e cujos resultados são apresentados na Figura 4. Figura 3. Armadilha de oviposição colocada no interior de uma residência. 7

Figura 4. Resultados das vistorias semanais às armadilhas de oviposição colocadas nos complexos habitacionais. Consideram-se armadilhas positivas (quadrados vermelhos) aquelas que apresentaram deposição de ovos de Aedes aegypti. Figura 5. Evolução ao longo do ano do índice de positividade das armadilhas colocadas nos conjuntos habitacionais em estudo. 8

3.2. Avaliação da situação (vistorias e monitorização) 3.2.1. - Metodologias Para a avaliação do estado de referência das áreas em estudo, procurou-se utilizar índices cuja sensibilidade e importância foi já comprovada em estudos feitos noutras regiões. Nesta medida foram selecionados 3 índices: Índice de Infestação Predial (HI) Com este índice calcula-se a percentagem de edifícios infestados com larvas de A. aegypti. Este índice calcula-se independentemente da natureza da ocupação dos edifícios, se residencial ou comercial. Não obstante ser usado para medir os níveis populacionais dos vetores Aedes, não tem em conta o número de recipientes positivos por imóvel, nem a produtividade de cada recipiente. Mesmo assim, pode ser útil, uma vez que fornece a percentagem de imóveis positivos. HI (%) = Ipos Ipesq X 100 em que: Ipos = nº de imóveis positivos e Ipesq = nº de imóveis pesquisados. Índice de recipiente (CI) Este índice calcula a percentagem de recipientes com água que são positivos para larvas. Considera todo e qualquer recipiente passível de ser criadouro, permitindo revelar a percentagem de recipientes, com água, que são positivos para larva e pupa de Aedes. Não tem em conta a produtividade de cada recipiente. CI (%) = Rpos Rpesq x 100 em que Rpos = nº de recipientes positivos e Rpesq = nº de recipientes pesquisados (criadouros potenciais e efetivos). Índice de Breteau Este índice estabelece uma relação entre recipientes e imóveis dando o perfil dos habitats preferidos para o mosquito Aedes. Tem sido, a priori, o índice mais usado para estimar a densidade de A. aegypti. Entretanto, incorre na mesma falha dos dois anteriores, ou seja, também não considera a produtividade dos habitats. BI = Rpos Ipesq x 100 em que: Rpos = nº de recipientes positivos e Ipesq= nº de imóveis pesquisados. Índice de Risco Entomológico (ERI) Este índice, desenvolvido pela primeira vez para este Plano, é uma modificação do Índice de Breteau. Estabelece uma relação entre o número total de recipientes passíveis de constituir criadouros (considera todo e qualquer recipiente capaz de acumular água) e os imóveis pesquisados dando assim uma indicação do risco de propagação do mosquito Aedes, independentemente de ele ter sido encontrado ou não. A sua aplicação reveste-se de particular importância nos casos em que o Índice de Breteau é igual ou próximo de 0, mas que as ovitraps indicam a presença de Aedes. 9

ERI = Rneg + Rpot + Rpos Ipesq x 100 em que: Rneg = nº de recipientes com água sem larvas e/ou pupas, Rpot = nº de recipientes passíveis de acumular água, Rpos = nº de recipientes positivos e Ipesq= nº de imóveis pesquisados. Para efeitos de melhor compreensão do risco, foi estabelecida a seguinte escala qualitativa: Grau de risco Valor de ERI Muito baixo <100 Baixo 100 300 Médio 300 500 Alto 500 1000 Muito alto >1000 3.2.2. Resultados No período em apreço neste relatório foram efetuadas as vistorias periódicas nos conjuntos habitacionais em estudo. Foram efetuadas vistorias em 18 unidades hoteleiras do Funchal (Tab. 1), 3 complexos habitacionais (Tab. 2), 27 escolas do ensino básico e outras instituições de ensino (Tab. 3) e em propriedades privadas no seguimento de reclamações apresentadas pelos munícipes (Tab. 4). Em todos os casos e sempre que possível, foram calculados os índices relevantes e registada a presença de outras espécies de mosquitos. Hotelaria Tabela 1. Resultados das vistorias a algumas unidades hoteleiras do concelho do Funchal realizadas em 2013. Freguesia Nº unidades Hoteleiras Índice de Recipiente (CI) Índice de Infestação Predial (HI) Índice de Breteau (BI) Índice de Risco Entomológico (ERI) São Gonçalo 1 0 0 0 3500 Santa Maria Maior 2 0 0 0 3950 São Pedro 3 0 0 0 1833 Sé 6 0 0 0 7583 São Martinho 9 0.98 22.2 55.6 5667 10

Conjuntos habitacionais da Câmara Municipal do Funchal Decorrentes das vistorias semestrais efetuadas, foram calculados, sempre que possível, os índices de infestação predial (HI), de recipiente (CI), Breteau (BI) e de risco entomológico (ERI) nos três complexos habitacionais alvo de estudo no Plano. O ERI só foi criado após o estabelecimento do estado de referência. Tabela 2. Resultados das vistorias semestrais realizadas nos complexos habitacionais em estudo durante o ano de 2013. Jan. 2013 (Estado de referência) HI (%) BI CI (%) ERI CH CRUZES 10 50 13.9 n.a. CH COMBOIO n.a. n.a. 4.2 n.a. CH VIVEIROS n.a. n.a. 12 n.a. Jul. 2013 (1º semestre) CH CRUZES 0 0 0 830 CH COMBOIO 0 0 0 640 CH VIVEIROS 5 11 3 347 Jan. 2014 (2º semestre) CH CRUZES 0 0 0 790 CH COMBOIO 0 0 0 890 CH VIVEIROS 6 6 2 322 Escolas e outras instituições de ensino Na impossibilidade material de efetuar vistorias a todos os estabelecimentos de ensino do Funchal, optou-se por vistoriar todas as 25 escolas do ensino básico, propriedade do Município. A pedido dos interessados, efetuámos vistorias pontuais em 4 outras instituições de ensino (Tab. 3). 11

Tabela 3. Resultados das vistorias efetuadas em 2013 (estado de referência) nas escolas do ensino básico do Concelho e noutras instituições de ensino. Escolas Básicas CI Escolas Básicas CI Boliqueime 0 Cruz de Carvalho 0 Galeão 0 Ribeiro Domingos Dias 0 Lombo dos Aguiares 0 Achada 30 Lombada 0 Visconde Cacongo 13 S. Martinho 0 Aspirante Mota Freitas 0 Areeiro 0 S. Filipe 0 Ajuda 0 Louros 0 S. Gonçalo 0 Tanque Monte 0 Faial 0 Ilhéus 1 Tanque St. António 0 Ladeira 0 Palheiro Ferreiro 0 Lombo Segundo 0 Outros CI Nazaré 25 Vila Mar 0 Livramento 0 Externato Princesa Dona Maria Amélia - Hospício IMC 0 Conservatório do Funchal 0 Pena 25 Externato do Bom Jesus 0 3 Outras situações derivadas de reclamações No ano de 2013 os técnicos do Departamento de Ciência fora chamados a efetuar vistorias em locais públicos e privados, decorrentes de reclamações apresentadas pelos munícipes. A tabela 4 apresenta os resultados, quanto à presença/ausência do mosquito A. aegypti. Tabela 4. Resultados (presença/ausência) de A. aegypti em locais indicados por reclamações dos munícipes. Freguesia Mês Nº reclamações Presença/ausência de A. aegypti São Pedro maio 1 A São Martinho junho 2 A Santa Luzia fevereiro 1 A abril 1 A Sé julho 2 P outubro 3 1P, 2A São Gonçalo agosto 1 A Santa Maria Maior junho 1 A outubro 1 P São Martinho junho 1 A dezembro 1 A Im. Coração de Maria fevereiro 1 A 12

Monitorização da atividade através da rede de Ovitraps MMF/MOSQIMAC Ao abrigo do projeto PCT-MAC MOSQIMAC, o Museu de História Natural do Funchal mantém uma rede de armadilhas de oviposição (Fig. 3) na cidade do Funchal (Figs. 6 a 9) as quais são monitorizadas semanalmente. Figura 6. Rede de armadilhas de oviposição ( Ovitraps ) em permanência na cidade do Funchal e monitorizadas pelo Museu de História Natural do Funchal. A vermelho estão representadas as armadilhas que apresentaram deposição de ovos do mosquito A. aegypti no decurso de 2013. A dimensão dos círculos reflete o número médio de ovos depositados mensalmente, que está referido por cima de cada círculo. (Tratamento de dados: GeoFunchal/Gab. Informação Geográfica). Figura 7. Rede de armadilhas de oviposição ( Ovitraps ) em permanência na cidade do Funchal e monitorizadas pelo Museu de História Natural do Funchal. Taxa de deposição trimestral de ovos do mosquito A. aegypti no decurso do 2013. (Tratamento de dados: GeoFunchal/Gab. Informação Geográfica). 13

Figura 8. Rede de armadilhas de oviposição ( Ovitraps ) em permanência na cidade do Funchal e monitorizadas pelo Museu de História Natural do Funchal. Número total de ovos postos longo de 2013 relacionado com o número de semanas de positividade das armadilhas. 14

Figura 9. Rede de armadilhas de oviposição ( Ovitraps ) em permanência na cidade do Funchal e monitorizadas pelo Museu de História Natural do Funchal. Relação entre o número de ovos postos em 2013 e a densidade populacional. 15

3.3. Avaliação da eficácia do uso de Spinosade no controlo de formas imaturas de Aedes aegypti em bromélias. 3.3.1. Caracterização da situação Do decurso deste primeiro ano de vigência do Plano, verificou-se a existência de plantas da família Bromeliaceae (bromélias) plantadas em alguns espaços públicos e consequentemente da responsabilidade do Município (Fig. 10). Figura 10. Localização de plantas da família Bromeliaceae em jardins públicos do Funchal (círculos vermelhos). Está comprovado que estas plantas acumulam água no seu centro (Fig. 11), o que as torna passíveis de se tornarem criadouros de A. aegypti. Com base nisto, em todas as nossas ações de informação procurou-se sensibilizar as pessoas a não possuírem este tipo de plantas nas suas casas. Figura 11. Planta da família Bromeliaceae com água acumulada nas axilas das folhas. Com respeito às plantas existentes nos espaços públicos, ficou provada a existência de larvas de A. aegypti em algumas delas, comprovando-se assim o potencial de criação deste mosquito nestas plantas. Acresce ainda que chegaram ao nosso conhecimento reclamações de munícipes, 16

alertando-nos para o facto de não ser coerente a nossa recomendação de eliminação destas plantas e ao mesmo tempo o Município mantê-las plantadas em áreas públicas. Os principais locais onde estas plantas estão presentes são a Praça de Tenerife, a rua da Ribeira de João Gomes, à saída do autossilo do Campo da Barca, o Jardim Municipal e o Parque de Santa Catarina (Fig. 10). Em todos estes locais foi detetada por nós a presença de larvas de A. aegypti em algumas das plantas vistoriadas. Com base na literatura científica consultada, tomámos conhecimento da utilização do larvicida Spinosade para o controlo de larvas de A. aegypti em recipientes com água, com resultados muito positivos. Assim, optámos por efetuar uma experiência de erradicação de larvas de mosquito A. aegypti com recurso a este produto, num jardim público com bromélias e assim tentar avaliar a sua eficácia nestas situações. Esta experiência será relatada em pormenor numa publicação científica que está a ser preparada e que será posteriormente divulgada. O que se apresenta agora é uma versão resumida. 3.3.2. Metodologia 3.3.2.1 Local de estudo Foi selecionado como local de ensaio um canteiro no jardim da praça de Tenerife contendo cerca de 120 plantas da família Bromeliaceae (Fig. 12 A). Como campo de controlo foi selecionado um canteiro localizado num espaço ajardinado à saída do autossilo do Campo da Barca no qual se encontravam plantadas cerca de 70 plantas desta família (Fig. 12 B). Figura 12. Locais de ensaio (A) e controlo (B) para teste da eficácia do Spinosade no controlo de larvas de mosquito Aedes aegypti. 17

3.3.2.2. Inseticida utilizado Para esta experiência foi utilizado o SPINTOR 480 SC, solução concentrada (SC) com 480g/l (ou 44.2% (p/p)) de Spinosade. A embalagem foi fornecida gratuitamente pelo representante da marca (Dow AgroSciences) em Portugal. O Spintor é um inseticida obtido de forma natural por fermentação de um organismo do solo, a bactéria Saccharopolyspor spinosa. Contém a substância activa Spinosade, pertencente à família química Spinosina. É um inseticida de contato e ingestão, que atua no sistema nervoso dos insetos, como ativador do recetor nicotínico da acetilcolina e eficaz nos estados larvares (larvicida). 3.3.2.3. Método de aplicação Foi feita uma avaliação inicial da situação na qual foram inventariadas todas as bromélias existentes nos 2 jardins em estudo. As amostras recolhidas com ajuda de uma pipeta foram colocadas em frascos, etiquetadas e trazidas para o laboratório para posterior identificação. Foi feita uma primeira aplicação de larvicida, no local de ensaio, a 25 de Setembro de 2013 e uma monitorização de todas as plantas ao 2º e 30º dias após a aplicação. Uma segunda aplicação do larvicida foi feita um mês depois, 23 de Outubro de 2013, e efetuou-se uma monitorização 2 dias depois e 4 monitorizações com intervalo de 1 semana, até se completar 1 mês de tratamento. As aplicações foram feitas recorrendo a um pulverizador manual com uma solução de Spintor numa diluição de 1ml/50l de água (concentração de Spinosade: 9,6g/l). As monitorizações foram efetuadas simultaneamente no local de ensaio e no local de controlo. 3.3.3. - Resultados Dois dias após a 1ª aplicação do Spintor no campo de ensaio não foram detetadas larvas do mosquito nas bromélias vistoriadas. No entanto, foram encontradas larvas de outros insetos (Psichodidae), que diminuíram drasticamente no 25º dia após o 1º tratamento. A 2ª fase desta experiência veio confirmar os resultados obtidos na 1ª e demonstrou que, para a concentração utilizada neste trabalho, a sua eficácia como larvicida diminui 27 dias após a aplicação do Spintor, como se pode verificar na tabela 5 em que se nota um reaparecimento de larvas nas bromélias vistoriadas. 18

Tabela 5. Resultados obtidos no campo de ensaio após a aplicação do Spintor. Plantas Data Sem larvas Com larvas Sem água Com água Outros artrópodes A. aegypti Total 05-09-2013 12 16 94 1 123 25-09-2013 Aplicação de Spintor 27-09-2013 5 0 115 0 120 22-10-2013 49 38 33 0 120 23-10-2013 Aplicação de Spintor 25-10-2013 4 36 70 0 110 30-10-2013 74 55 1 0 130 06-11-2013 14 116 0 0 130 14-11-2013 30 90 0 0 120 20-11-2013 40 82 8 0 130 Os resultados da monitorização no local de controlo são apresentados na tabela 6. De referir que em todas as monitorizações foi detetada a presença de larvas de Aedes aegypti numa percentagem que variou entre 1% e 6% das plantas vistoriadas. Tabela 6. Resultados obtidos no local de controlo. Plantas Data Sem larvas Com larvas Sem água Com água Outros artrópodes A. aegypti Total 05-09-2013 0 57 14 2 73 27-09-2013 0 4 85 6 95 22-10-2013 0 26 63 5 94 25-10-2013 8 7 40 3 58 14-11-2013 3 77 11 1 92 Esta experiência demonstra a capacidade do Spinosade como larvicida, e a sua eficácia contra as larvas de A. aegypti. Os dados obtidos indicam contudo que esta eficácia se vai perdendo com tempo, não tendo sido avaliada a frequência mínima de aplicações. Ficou mais uma vez demonstrado que as Bromélias são plantas capazes de constituírem criadouros de A. aegypti, pelo que a sua manutenção deve ser reequacionada. 3.4. Sensibilização e informação As ações de sensibilização são uma ferramenta importante para se fomentar uma mudança de atitudes, com vista a comportamentos mais sustentáveis. Apesar da sensibilização por si só não levar a mudanças permanentes, é um passo importante para a consciencialização de todos os munícipes relativamente ao problema atual do combate ao mosquito (Aedes aegypti), vetor de transmissão da Dengue. O Município do Funchal, de Outubro de 2012 a 31 de Dezembro de 2013, já realizou 1026 ações de sensibilização integradas neste Plano Municipal, envolvendo 6672 pessoas (Tab. 7). 19

Tabela 7. Quadro resumo das ações de divulgação e sensibilização no Concelho do Funchal durante 2013. Nº de ações Nº de pessoas envolvidas Escolas 68 1792 Centros comunitários 31 818 Conjuntos habitacionais 827 1822 Juntas de Freguesia 12 104 Hotelaria 61 1117 Serviços públicos 20 738 Público em geral 7 281 Totais 1026 6672 Centros comunitários Foram realizadas ações de sensibilização para crianças e jovens dos Centros Comunitários C.M.F. abrangendo um total de 218 crianças e jovens. Tabela 8. Ações de sensibilização realizadas em 2013 para crianças e jovens nos Centros Comunitários do Funchal. Data Local Oradores Nº Partic. 10/Jul C.C. Pico dos Barcelos 24 15/Jul C.C. Santo Amaro Ana Ventura, Katiuska 45 18/Jul C.C. do Galeão Rubina Macedo, Ana Ventura 26 25/Jul C.C. Quinta Josefina Rubina Macedo, Ana Ventura 15 29/Jul C.C. Palheiro Ferreiro 20 1/Ago C.C. Canto do Muro 25 5/Ago C.C. Ribeira Grande 35 6/Ago C.C. São Gonçalo Rubina Macedo, Ana Ventura 28 Conjuntos habitacionais Nos conjuntos habitacionais implementaram-se ações tendo como base a sustentabilidade e a cooperação entre os moradores e vários departamentos do Município e Juntas de Freguesia. Estas ações visaram a eliminação de criadouros e a sensibilização dos moradores. As sensibilizações efetuadas porta a porta nos 700 apartamentos dos 23 Conjuntos Habitacionais camarários envolveram cerca de 1400 munícipes. 20

Juntas de Freguesia Das parcerias existentes entre o Município e as Juntas de Freguesia (Santa Luzia, Santo António e São Gonçalo) os objetivos alcançados das campanhas operacionais de limpeza Todos contra o Mosquito!!!! estão a superar as espectativas envolvendo a população local, escuteiros, grupo de jovens, funcionários da junta e indivíduos da reinserção social, perfazendo um total de 70 indivíduos. Hotelaria Contemplado neste Plano Municipal, o turismo é um setor económico de importância primordial, para o Arquipélago da Madeira. Sendo assim no decurso de 2013 foram visitadas 40 unidades hoteleiras nas freguesias de Santa Maria Maior, São Pedro, Sé e São Martinho (Tabela 9). Em cada um destes locais foram efetuados contactos com as respetivas direções e sempre que possível foram feitas vistorias e ações de formação. Foram também deixados desdobráveis do Plano. Tabela 9. Unidades Hoteleiras visitadas no decurso de 2013. Santa Maria Maior São Pedro Sé São Martinho R. Universitária da Hotel Orquídea Residencial Mónaco Hotel Meliã UMa Pensão Miraflor Hotel Monte Carlo Hotel do Centro Hotel Reid s Palace Pensão Residencial Residencial Gordon Residencial Americana Hotel Pestana Village Parque Albergaria Dias Pensão Residencial Residencial Queimada de Hotel Vila Porto Mare Vila Teresinha Baixo Hotel Porto Santa Aparthotel Reno Hotel do Carmo Hotel Eden Mar Maria Hotel Quinta Bela Pensão Astória Hotel Cliff Bay de São Tiago Hotel Apartamentos da Sé Hotel Orca Praia Residencial Zarco Hotel Panorâmico Pensão Casa das Hortas Hotel Pestana Miramar Hotel Windsor Hotel Enotel Lido Hotel Sírius Hotel Vidamar Aparthotel Imperatriz Hotel Royal Savoy Hotel Casino Park Hotel The Vine Hotel Pestana Carlton Hotel Regency Hotel Quinta Penha de França 21

Público em geral No decurso de 2013 foram múltiplas as ações de formação e sensibilização efetuadas e destinadas ao público em geral, crianças e jovens e visitantes do Museu de História Natural em visitas de estudo. Tabela 10. Ações de sensibilização (palestras) realizadas em 2013 Data Local Público Alvo Nº Partic. Oradores 15/Abr 5/Jun Estação de Transferência de Resíduos Sólidos dos Viveiros Centro Comercial Dolce Vita Colaboradores da Linha do Ambiente 12 Ysabel, Sara Ferreira utentes do espaço 100 Manuel Biscoito, Ana Clara Silva (IA-Saúde), Ysabel, Sara Ferreira 4 e 5/jul Centro Comercial Dolce Vita 8/Jul 11/Jul 18/Jul 22/Jul 7/Ago 8/Ago 5/Set Ludoteca de Santa Catarina (Oficina Ambiental) Complexo Balnear da Ponta Gorda (Bandeira Azul 2013) Complexo Balnear da Ponta Gorda (Bandeira Azul 2013) Ludoteca de Santa Catarina (Oficina Ambiental) Complexo Balnear da Barreirinha (Bandeira Azul 2013) Complexo Balnear da Barreirinha (Bandeira Azul 2013) Complexo Balnear da Ponta Gorda (Bandeira Azul 2013) Colaboradores e Lojistas Crianças e Jovens do ATL Crianças e Jovens utentes Crianças e Jovens utentes Crianças e Jovens do ATL Crianças e Jovens utentes Crianças e Jovens utentes Crianças e Jovens utentes 21/Out Sindicato dos Professores Funcionários e associados 21/Nov Escola Secundária Jaime Moniz Alunos de 10º e 12º anos 34 Ysabel, Sara Ferreira 22 Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska 60 1 22 Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska 14 Rubina Macedo, Ana Ventura 9 14 20 Ysabel, Sara Ferreira 60 Ysabel, Juan Silva 22

Tabela 11. Ações de sensibilização incluídas nas visitas de estudo ao Museu de História Natural do Funchal realizadas em 2013. Data Escola/Instituição Material de Apoio 12/Jul 16/Jul 17/Jul 19/Jul ATL Instantes de Alegria ATL Esc. Secundária Francisco Franco ATL Clube Naval do Funchal Abrigo Nossa Senhora da Conceição PowerPoint e Jogo pedagógico PowerPoint e Jogo pedagógico PowerPoint e Jogo pedagógico Nº Partic. 35 30 87 Jogo pedagógico 38 23/Jul ATL Risonho Jogo pedagógico 12 Oradores Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska 23/Jul Centro Soc. Pararoquial Imaculado Coração Maria Jogo pedagógico 29 Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska 26/Jul 26/Jul ATL do Externato Adventista D.R. Qualificação Profissional Jogo pedagógico 31 PowerPoint 23 9/Ago Garota do Calhau Jogo pedagógico 22 23/Ago Garota do Calhau Jogo pedagógico 20 16/Ago Garota do Calhau Jogo pedagógico 15 4/Set 5/Set 6/Set 11/Set 10/Out 23/Out 25/Out 23/Out 29/Out 29/Out ATL do Externato Lisbonense Paróquia do Sagrado Coração de Jesus Centro de Acolhimento Temporário da Tabúa ATL Clube Naval do Funchal Escola Zarco (7º ano) Escola Zarco (8º ano) Escola Zarco (7º ano) EB 2+3 dos Louros (5º ano) EB 2+3 dos Louros (5º ano) EB 2+3 dos Louros (5º ano) Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Ana Ventura, Rubina Macedo, Katiuska Jogo Pedagógico 15 Rubina Macedo Jogo Pedagógico 13 Jogo Pedagógico 7 Jogo Pedagógico 46 Jogo Pedagógico 12 PowerPoint 20 PowerPoint 17 PowerPoint 13 PowerPoint 18 Jogo Pedagógico 4 23

31/Out Centro Comunitário Cidade Viva PowerPoint 18 5/Nov Externato ARENDRUP Jogo Pedagógico 33 7/Nov EB1/PE Lombo Segundo (Ensino Recorrente) Jogo Pedagógico 11 Katiuska 12/Nov EB1/PE das Figueirinhas Jogo Pedagógico 30 14/Nov Externato Júlio Diniz Jogo Pedagógico 19 20/Nov EB 2+3 do Estreito de Câmara de Lobos Jogo Pedagógico 30 26/Nov EB 2+3 Escola Dr. Eduardo Brazão de Castro PowerPoint 25 6/Nov Universidade da Madeira PowerPoint 14 Ysabel, Juan Silva 19/Nov ISAL PowerPoint 20 Ysabel, Sara Ferreira 3/Dez EB 2+3 dos Louros PowerPoint 16 11/Dez EB 2+3 de Santo António PowerPoint 14 12/Dez EB 2+3 de Santo António PowerPoint 27 13/Dez EB 2+3 de Santo António PowerPoint 25 4/Dez EB2+3 de Santo António Jogo Pedagógico 18 17/Dez Investimentos Habitacionais da Madeira PowerPoint 12 Comércio e Serviços O programa de sensibilização porta-a-porta junto do setor do comércio e serviços decorreu ao longo de todo o ano. As equipas (duas) foram constituídas por 2 elementos cada, que em cada estabelecimento estabeleceram contacto com os responsáveis e utilizaram o folheto desenvolvido para o efeito para sensibilizar os comerciantes e tentar esclarecer possíveis dúvidas sobre comportamentos a adoptar. Durante o ano de 2013 foram visitados 2400 estabelecimentos do comércio e serviços da cidade do Funchal e sensibilizadas 15.552 pessoas nesses estabelecimentos (Tab. 12). Estes estabelecimentos situam-se nas freguesias de Santa Maria Maior, Sé, São Pedro, Santa Luzia e São Martinho (Tab. 13). 24

Tabela 12. Número de estabelecimentos de comércio e serviços visitados e de pessoas sensibilizadas em 2013, por tipologia de estabelecimento. Tipologia nº estab. nº pessoas Alimentação 89 750 Escritórios 356 2188 Industrial 17 130 Restauração 469 3210 Serviços e comércio geral 1444 9112 Grandes superfícies 1 6 Pequena Hotelaria 24 156 Totais 2400 15552 Tabela 13. Número de estabelecimentos de comércio e serviços visitados e de pessoas sensibilizadas em 2013, por tipologia de estabelecimento e por freguesia. Freguesias: Santa Maria Maior Sé São Pedro Santa Luzia S. Martinho Tipologia nº nº nº nº nº nº nº nº nº nº estab. pessoas estab. pessoas estab. pessoas estab. pessoas estab. pessoas Alimentação 54 540 20 120 6 36 5 30 4 24 Escritórios 13 130 244 1464 55 330 42 252 2 12 Industrial 7 70 7 42 2 12 0 0 1 6 Restauração 99 990 266 1596 33 198 33 198 38 228 Serviços e comércio geral 112 1120 1063 6378 115 690 94 564 60 360 Grandes superfícies 0 0 1 6 0 0 0 0 0 0 Pequena Hotelaria 3 30 13 78 6 36 2 12 0 0 Totais 288 2880 1614 9684 217 1302 176 1056 105 630 3.5. Ações na cidade vistorias e combate Reclamações Ficou de início acordado que todas as reclamações oriundas dos munícipes e referentes à existência de criadouros do mosquito ou outras situações relacionadas com este Plano seriam centralizadas na Linha do Ambiente da CMF. O Departamento de Ambiente efetua uma análise destas reclamações e dá o respetivo seguimento. Paralelamente estas reclamações são carregadas num sistema SIG, pelo Gabinete de Informação Geográfica da CMF, que disponibiliza um mapa com as mesmas. A situação das reclamações com referência a 31 de Dezembro de 2013 é apresentada na (Figuras 13 e 14). 25

Figura 13. Distribuição das reclamações recebidas na Linha do Ambiente e sua situação a 31 de Dezembro de 2013. Das 262 reclamações recebidas é de realçar que 75,95% correspondem a ocorrências em propriedades privadas. Da totalidade dos casos apresentados apenas 5,34% confirmaram a presença de mosquitos Aedes aegypti. Nos decorrer das ações desenvolvidas neste ano de 2013 foram despendidos cerca de 223 meios humanos e 45 viaturas (Tab. 14). Figura 14. Distribuição espacial do número de reclamações recebidas durante 2013. 26

Ao longo do ano a média mensal de reclamações recebidas foi de 22, sendo que no mês de Janeiro foram contabilizadas 22 reclamações que transitaram de Dezembro do ano anterior e que o número de reclamações baixou bastante em Novembro e Dezembro de 2013, (Fig. 15) coincidentemente com o abaixamento da atividade do mosquito. 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Número de Reclamações Mensais relativas a 2013 Figura 15. Evolução mensal do número de reclamações recebidas em 2013. Tabela 14. Distribuição das reclamações apresentadas por freguesia e caracterização do esforço representado. Freguesia Reclamações Reclamações Resolvidas Prop. Privada Prop. Pública Presença de Larvas de mosquito Recolha de Larvas de Mosquito Amostras com Aedes Aegypti Meios humanos empregues (homem) Meios mecânicos empregues (viatura) nº de horas consumidas (h) São Gonçalo 8 7 5 3 0 0 0 16 5 15.50 Santa Maria Maior 58 51 50 8 2 1 0 68 10 40.33 Sé 34 32 22 12 5 2 2 23 2 8.35 São Pedro 31 29 22 9 1 0 0 8 4 5.00 São Roque 9 9 8 1 1 0 0 10 3 17.75 Imaculado Coração de Maria 23 22 21 2 3 1 0 27 3 67.25 Santo António 17 14 15 2 1 1 1 8 3 3.00 São Martinho 44 41 26 18 3 1 0 33 8 13.92 Santa Luzia 34 31 27 7 1 0 0 24 6 50.08 Monte 4 4 4 0 0 0 0 6 1 7.00 Totais 262 240 200 62 17 6 3 223 45 228.18 nº de casos nº de horas Nota: A viatura utilizada é uma carrinha de caixa aberta, Mitsubishi Canter 27

No decorrer do ano de 2013, todas as situações relacionadas com o plano municipal de combate ao mosquito, o contato telefónico através da Linha do Ambiente, foi o mais utilizado representando cerca de 49,24% (Tab. 15). Tabela 15. Meios utilizados pelos munícipes para apresentarem reclamações ou comunicarem Tabela 4 - Meios utilizados pelos munícipes para apresentarem reclamações ou comunicarem situações de preocupação situações de preocupação relacionadas com o mosquito. relacionadas com o mosquito Freguesia Linha do Ambiente Email Site Balcão Oficio Total São Gonçalo 4 3 0 1 0 8 Santa Maria Maior 28 11 3 13 3 58 Sé 16 14 0 3 1 34 São Pedro 11 8 3 6 3 31 São Roque 4 1 0 1 3 9 Imaculado 15 1 1 4 2 23 Santo António 9 1 2 4 1 17 São Martinho 19 12 1 9 3 44 Santa Luzia 20 9 1 2 2 34 Monte 3 0 0 0 1 4 Totais 129 60 11 43 19 262 Prevenção e combate em áreas públicas O Departamento de Ambiente estabeleceu um plano de prevenção e combate em áreas públicas, com particular ênfase para a limpeza de sarjetas na via pública nas freguesias mais afetadas por este mosquito: Santa Maria Maior, Santa Luzia, Sé e S. Pedro. No decurso do 1º ano do plano municipal, foram alvo de intervenção 4135 sarjetas do concelho (Figuras 16 e 17). Figura 16. Limpeza e desinfeção de sarjetas no concelho do Funchal ao longo do ano de 2013. 28

Figura 17. Arruamentos do concelho do Funchal alvo de limpeza e desinfeção de sarjetas durante o ano de 2013. 3.5. Ações de divulgação e informação para a população em geral Durante este período foi feita a distribuição de um desdobrável (Fig. 18) informativo em todas as ações junto do setor do comércio e serviços, acompanhado de um flyer com informação adicional dirigida a este setor específico (Fig. 19). 29

Figura 18. Panfleto desdobrável distribuído à população através da fatura de consumo de água e nas ações de informação e sensibilização. Figura 19. Flyer direcionado para o setor do comércio e serviços. 30

Durante o ano de 2013 foram efetuados 693 acessos (Fig. 20) ao sítio Internet oficial deste Plano Municipal, (www.cm-funchal.pt/todoscontraomosquito) (Fig. 21) que, como já foi referido anteriormente, foi utilizado pelos munícipes para comunicarem 11 situações da presença de criadouros na cidade. Figura 20. Evolução dos acessos ao microsite do Plano durante o ano de 2013. Figura 21. Página inicial do sítio Internet oficial do Plano Municipal de combate ao mosquito vetor de transmissão da Dengue. 31

32 Página propositadamente deixada em branco

4- Conclusões Os resultados das armadilhas de oviposição obtidos ao longo de 2013, conjugados com os resultados provenientes da rede de armadilha MOSQIMAC e outros anteriores permitem definir bem o ciclo de atividade do mosquito Aedes aegypti na Madeira. Conforme se pode verificar nas Figuras 1 e 5, a atividade do mosquito começa a aumentar consistentemente a partir de Abril, atingindo-se um pico de atividade em Agosto/Setembro. A partir daí a atividade parece diminuir até praticamente desaparecer em Fevereiro e Março. Este tipo de ciclo parece estar diretamente relacionado com a temperatura ambiente e caracteriza o comportamento desta espécie numa latitude subtropical, na qual se fazem sentir marcadamente as estações do ano. O período de maior pluviosidade no Funchal não é coincidente com o pico de atividade do mosquito, o que nos faz pensar que a atividade desta espécie é essencialmente condicionada pela temperatura e como se trata de uma espécie periurbana, os seus principais criadouros no período do Verão são artificiais. Este facto vem reforçar a necessidade da sua eliminação, justificando assim todo o esforço neste sentido desenvolvido pelo Plano. As vistorias levadas a cabo nos 3 complexos habitacionais em estudo (Cruzes, Comboio e Viveiros) permitem-nos conhecer melhor o comportamento da população e, de certa forma, extrapolar para o resto da cidade. Os resultados obtidos com as armadilhas de oviposição (Figuras 4 e 5) indicam-nos claramente que o mosquito está presente nestes complexos habitacionais, com particular incidência para o Comboio e Cruzes. Contudo os índices de positividade (Infestação Predial, Recipiente e Breteau) (Tabela 2) foram surpreendentemente baixos. Tendo-se verificado que nestes complexos habitacionais persistem ainda quantidades significativas de criadouros artificiais (essencialmente pratos de plantas), a ausência de larvas deste mosquito nesses criadouros só pode significar que esta população está a cumprir com algumas das regras de conduta recomendadas no Plano, i.e. limpar regularmente os recipientes com água. Esta situação contudo não nos satisfaz, na medida em que, tudo indica que no momento em que as pessoas deixem de cumprir esta regra, a existência dos criadouros levará à proliferação da espécie. Isto fez-nos calcular um novo índice destinado a avaliar o risco de criação de A. aegypti e a instituir uma escala de risco. Verificou-se assim que os CH do Comboio e das Cruzes apresentaram índices de risco altos e o CH dos Viveiros um risco médio (Tabela 2). Nas unidades hoteleiras vistoriadas, esta situação é ainda mais notória. Os índices de recipiente, infestação predial e Breteau foram negativos ou muito baixos. Contudo o índice de risco foi na totalidade dos estabelecimentos muito alto (Tabela 1). Estes aspetos indicam-nos que é necessário continuar as atividades de sensibilização e encorajar a remoção de todos os recipientes passíveis de serem criadouros de A. aegypti, independentemente da atitude das pessoas em relação à manutenção dos mesmos. Ao nível dos complexos habitacionais da CMF, a regulamentação existente deverá ser adaptada a esta nova realidade. Assim propomos que a mesma seja revista de modo a incluir algumas disposições conducentes à eliminação dos criadouros artificiais, sobretudo no que diz respeito às áreas comuns dos prédios. Persistem ainda dificuldades de natureza jurídica no tocante ao acesso das nossas equipas às propriedades privadas abandonadas e cujos proprietários se desconhecem. Urge proceder ao 33

cadastro dos prédios devolutos na cidade do Funchal e à sua caracterização quanto ao risco de conterem criadouros artificiais (Índice de Risco). A monitorização levada a cabo no âmbito deste Plano Municipal baseou-se em larga medida na colheita de ovos com recurso às armadilhas de oviposição. Este método é eficaz para a deteção da espécie (presença/ausência), mas apenas de forma indireta reflete a abundância de mosquitos numa determinada área (Figuras 5 a 9). Assim durante o ano de 2014 as atividades de monitorização do Plano deverão incluir armadilhas para adultos, emparelhadamente com as armadilhadas de oviposição. Em todo o caso os resultados obtidos permitem-nos identificar claramente as zonas da cidade com maior incidência deste mosquito (Figura 8), as quais não parecem estar diretamente relacionadas com a densidade populacional (residentes) (Figura 9). Contudo a presença de elevado número de pessoas nas áreas comerciais durante uma parte muito significativa do dia, esbate este efeito, sendo exemplo disto a freguesia da Sé (Figura 9). Daqui resulta que é fundamentado o esforço de sensibilização levado a cabo nos sectores do comércio e serviços do Funchal. As atividades de informação e sensibilização foram desde o início do Plano um dos eixos de atuação prioritários. Representaram um grande esforço em termos humanos e materiais e envolveram equipas constituídas por estagiários oriundos do Instituto de Emprego, do programa de formação em contexto real de trabalho da CMF e elementos do quadro num total de 10 pessoas. Estas equipas efetuaram em 2013, 1026 ações de divulgação e sensibilização envolvendo mais de 6500 munícipes (Tabela 7). Duas equipas de 2 pessoas efetuaram ações de informação e sensibilização em 2400 estabelecimentos comerciais do Funchal, atingindo mais de 15000 pessoas (Tabelas 12 e 13). Acresce ainda que no primeiro semestre de 2013 foi efetuada uma distribuição de um folheto informativo (Figuras 18 e 19) conjuntamente com as faturas da água de Maio e Junho, atingindo-se assim mais de 52000 consumidores. Foi ainda disponibilizada toda a informação num sítio Internet (Figura 21). Desta forma podemos considerar que as ações do Plano atingiram a totalidade da população da cidade do Funchal, estimada em cerca de 112.000 habitantes (Censos de 2011). Todas estas atividades serão mantidas em 2014, devendo ser renovados e reformulados os materiais didáticos e divulgativos utilizados. O relacionamento da população com o Plano, para além das atividades referidas anteriormente, fez-se também sob a forma de reclamações apresentadas (Figuras 13-14 e Tabela 14). A Linha do Ambiente da CMF foi o meio preferencialmente utilizado pelos reclamantes, seguido do correio electrónico (Tabela 15). De realçar que a maioria das reclamações apresentadas (76%) disseram respeito a propriedades privadas e que apenas em 5,3% dos casos analisados se confirmou a presença de Aedes aegypti. No seu conjunto foram envolvidos 223 meios humanos da autarquia e 45 viaturas. O combate em áreas públicas tem sido também uma das preocupações do Plano. Assim o Departamento de Ambiente implementou um esquema de limpeza de sarjetas na cidade (Figuras 16-17), tendo sido intervencionadas 4135 sarjetas. Este esforço justificou-se devido ao facto de ter sido identificada a presença de larvas de A. aegypti em várias sarjetas na parte baixa da cidade. Em 2014 este esforço será reforçado com o emprego de sal industrial, que deverá começar a ser aplicado a partir do mês de Maio. O sal revelou-se um potente larvicida e o facto de ser económico e inócuo para o ambiente marinho, faz dele um elemento de eleição para ser aplicado nos sistemas de recolha de águas pluviais do Funchal que drenam para a baía. 34

Ainda no plano do combate ao mosquito em áreas públicas, mesmo tendo em conta os bons resultados obtidos com a experiência da aplicação do Spinosade nos jardins de bromélias, é recomendação do Plano que estas plantas sejam substituídas por outras que não acumulem água nas axilas das folhas de forma tão persistente. A manutenção destas plantas não indígenas não justifica o esforço humano e material que tem que ser assegurado para que não constituam criadouros do mosquito e por outro lado constitui uma incoerência face às recomendações do Plano para a população. Os cemitérios, em particular São Martinho e São Gonçalo, face ao elevado número de jarras de flores existente, constituem focos bem identificados de proliferação do mosquito. Não sendo socialmente aceitável a eliminação destes recipientes, o Plano procurará desenvolver uma ação, neste dois locais, de aplicação massiva de larvicida (Bacillus thuringiensis israelensis) na água de abastecimento dos cemitérios. Pretende-se deste modo eliminar a possibilidade das jarras constituírem criadouros do mosquito A. aegypti. Em todas as ações anteriormente referidas o apoio das ferramentas de informação geográfica (SIG) desenvolvidas pelo Gabinete de Informação Geográfica da CMF tem sido crucial. Estas aplicações permitiram já e com base num número ainda reduzido de dados, estabelecer mapas de risco para a incidência do mosquito A. aegypti (Figura 22) e com isso ajudar a reorientar as ações de prevenção e combate previstas para o ano de 2014. Figura 22. Identificação de áreas críticas e áreas a monitorizar em relação ao risco de presença de mosquitos Aedes aegypti, baseado nos dados obtidos pelo Plano no decurso de 2013. 35

Desde a identificação pela primeira vez na Madeira desta espécie em 2005, várias atividades têm sido levadas a cabo em parceria, nomeadamente envolvendo o Departamento de Ciência e departamentos do Governo Regional (IASAUDE e Secretaria do Ambiente e Recursos Naturais) e outros nacionais (Instituto de Higiene e Medicina Tropical) e estrangeiros (Universidade de La Laguna, Canárias). São ainda de referir parcerias com as Juntas de Freguesia do Funchal, o Delegado de Saúde e a Sociohabitafunchal, E.M., nas atividades de informação e divulgação. Considerada a dimensão e importância de um problema como este, é intenção do Plano manter e se possível alargar estas parcerias, tendo sempre como objetivo a diminuição do mosquito Aedes aegypti no Funchal e desta forma reduzir o risco do aparecimento de novos surtos de Dengue. Para além do esforço humano, a Câmara Municipal do Funchal está também a fazer um grande esforço financeiro. É assim urgente encontrar fontes alternativas de financiamento que permitam um reforço das atividades e assegurem uma boa execução deste Plano. Nesta medida estão a ser equacionadas candidaturas a programas regionais e europeus que permitam, por um lado reforçar as parcerias existentes e por outro permitir o financiamento das atividades sem o permanente recurso ao orçamento privativo da autarquia, que face aos condicionalismos por que passa o País e a Região tem cada vez menos possibilidades de suportar estes esforços. Não é de mais realçar o facto de terem estado a trabalhar ativamente neste Plano em 2013 pelo menos 4 departamentos da Câmara Municipal do Funchal, envolvendo cerca de 20 colaboradores técnicos superiores e assistentes técnicos, mais de 20 assistentes operacionais e mais de 10 estagiários. Considerando que estes colaboradores continuam a desempenhar as suas funções, definidas no âmbito das atividades normais dos seus serviços, só uma grande dedicação e elevado profissionalismo permitiu que um Plano com estes objetivos, aplicado a uma cidade com mais de 111.000 habitantes e com hábitos e tradições tão propícios à proliferação deste mosquito, pudesse ser lançado. O problema está longe de estar resolvido e como tal se justifica plenamente a manutenção e até reforço dos trabalhos do Plano no ano de 2014. 36