Relatório de Monitorização do Regime de Fruta Escolar. Ano lectivo 2010/2011
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1 Relatório de Monitorização do Regime de Fruta Escolar Ano lectivo 2010/2011 Apreciação Geral A aplicação do Regime de Fruta Escolar (RFE) em Portugal tem os seguintes objectivos gerais: Saúde Pública: reduzir o risco de obesidade infantil e de doenças crónicas associadas à obesidade Educação: reforçar a aquisição de competências nas áreas da educação alimentar e da saúde em contexto escolar; Agricultura: aproximar as crianças do mundo rural e dar a conhecer a proveniência dos alimentos, com vista à criação e manutenção de hábitos de consumo hortofrutícolas. A Portaria n.º1242/2009, de 12 de Outubro, aprovou o Regulamento do RFE que estabelece no seu artigo 8.º que compete à Direcção-Geral da Saúde monitorizar e avaliar o RFE nos termos do art. 12.º do Regulamento (CE) n.º288/2009, em articulação com a Direcção-Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, com o Gabinete de Planeamento e Políticas e com o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P., nos termos definidos na Estratégia Nacional. O RFE aplica-se aos estabelecimentos públicos de ensino com 1.º ciclo do ensino básico, independentemente da tipologia das escolas. Os municípios são as entidades responsáveis pela organização da candidatura ao RFE, incluindo a aquisição da fruta, e a articulação com as escolas para a sua distribuição.
2 As escolas aderentes distribuem a fruta aos respectivos alunos, no mínimo, uma porção ou peça de fruta, de entre a lista aprovada, dois dias por semana, durante trinta semanas do ano lectivo. O consumo da fruta deverá ser efectuado, preferencialmente no período da tarde, obrigatoriamente na sala de aula na presença do professor e, de forma a não coincidir com a distribuição do leite escolar. A localização geográfica das escolas, a sua dimensão ou mesmo a sua cultura organizacional são factores que podem influenciar a eficiência do RFE em diversas vertentes, conforme o desenvolvimento deste projecto poderá vir a demonstrar. No presente Relatório são identificados o orçamento relativo ao ano de 2010/2011, os stakeholders envolvidos destacando-se as entidades representativas, aos vários níveis, dos sectores da Educação, Saúde e Agricultura. São também referidos os indicadores quantitativos que incluem o número de alunos e escolas aderentes, as quantidades distribuídas, entre outros, anexando-se a lista de produtos passíveis de distribuição. Relativamente às medidas de acompanhamento que abaixo se identificam, de financiamento nacional, é divulgada a informação disponível sobre a sua execução: a) Organização de visitas a quintas, mercados e centrais hortofrutícolas; b) Instalação de canteiros nas escolas, para estabelecimento de uma ligação à origem do produto; c) Fornecimento de materiais didácticos (livros, cadernos de actividades, concursos, jogos, cartões ou fichas técnicas com as designações dos frutos ou hortícolas, (CDROM informativo); d) Fornecimento de folhetos para as crianças, cativando a sua curiosidade pelo tema; e) Fornecimento de pequeno saco de sementes para a sementeira da criança; f) Realização ou visualização pelas crianças de vídeos ou filmes alusivos ao programa; g) Realização de actividades lúdicas: teatros, danças, canções, poemas, alusivos ao programa; h) Realização de actividades que dependam e contribuam para o sítio institucional na Internet do RFE; i) Fornecimento aos professores de livros e outro material didáctico, para ensino às crianças de hábitos de alimentação saudáveis;
3 j) Atribuição de prémios ou recompensas incentivadores do consumo dos produtos; k) Iniciativas que visem potenciar o RFE junto dos agregados familiares das crianças. Execução do RFE A execução do RFE teve início no ano lectivo de 2009/2010 tendo as candidaturas sido apresentadas até 15 de Dezembro de 2009 e iniciando-se a distribuição dos produtos aos alunos, a partir de Janeiro de Durante este primeiro ano, através de acções desenvolvidas como visitas aos municípios aderentes e Direcções - Regionais de Educação, foram detectados problemas, designadamente, ao nível do transporte da fruta devido à distância relativamente ao produtor. Estas situações foram sendo resolvidas através da proposta de realização de parcerias entre os municípios aderentes, que se iniciou no ano lectivo 2010/2011. Não obstante, importa realçar que este facto terá contribuído para que o número de candidaturas tenha ficado abaixo do previsto. Ao nível do procedimento administrativo que se revelou demasiado pesado e burocrático para os municípios e escolas aderentes, em parte devido às obrigações de informação e também relativamente à falta de conhecimento que implicaria o preenchimento dos diversos mapas e formulários, associados à necessidade de disciplina financeira e de gestão de apoios comunitários por parte de entidades que habitualmente não são beneficiárias de ajudas no âmbito da Política Agrícola Comum. Este constrangimento foi provavelmente responsável pela desistência de várias candidaturas, e indeferimento de um elevado número de pedidos de pagamento. No que reporta às medidas de acompanhamento, estas são múltiplas, existindo um número elevado de escolas que optou por realizar sessões de educação alimentar, existindo ainda actividades fora da escola como visitas ou até a construção de jogos, peças de teatro ou hortas escolares.
4 Nota final O ano lectivo de 2010/2011 foi o segundo ano de execução do RFE. Apesar do esforço levado a cabo pela equipa inter-ministerial de ouvir todos as partes envolvidas com visitas ao terreno e de tentar resolver problemas, continuam a persistir diversas situações que põem em causa os objectivos traçados inicialmente de fazer crescer anualmente o número de autarquias e escolas envolvidas. Alguns são de ordem estrutural, outros relacionados com aspectos burocráticos. Deve contudo reconhecerse o investimento que em termos de informação, adaptação e trabalho envolveu os intervenientes operacionais, em especial os municípios, as escolas e as unidades de saúde. Principais constrangimentos detectados: Sendo a gestão do processo feito em colaboração com as autarquias, estas apresentam dimensões populacionais muito diferentes, capacidade administrativa muito diferenciada e articulação com a rede escolar também diferente, de caso para caso. Esta multiplicidade de situações torna o processo de comunicação e gestão complexo. Consideramos importante e já foi reconhecido externamente como uma maisvalia a obrigatoriedade da presença de produtos certificados e a preferência por produtos locais e sazonais. No entanto, o tecido produtivo local não tem sabido ou sido capaz de aproveitar esta oportunidade para se situar como fornecedor de muitos dos municípios envolvidos. Em alguns casos, em especial em regiões rurais e com populações reduzidas, o número de fornecedores interessados foi praticamente nulo, sendo a associação de municípios concorrentes uma possibilidade praticada em alguns casos. A título meramente informativo, foram adoptadas acções que visaram corrigir os constrangimentos detectados que passaram pela revisão do Regulamento do RFE aprovado pela Portaria n.º1242/2009, de 12 de Outubro, e que vigorou para o ano lectivo 2009/2010, com a revisão do circuito e simplificação do processo administrativo de pagamento, bem como acções de esclarecimento a desenvolver junto dos municípios que são responsáveis pela instrução dos pedidos de pagamento. Apesar destas alterações continuamos a registar número significativo de desistências que segundo as autarquias se devem ao moroso processo
5 burocrático e rígido que envolve o processo. No entanto, e dada a actual situação financeira de muitas autarquias, esta tomada de decisões pode ser mais complexa. Apesar da formação dos responsáveis e sensibilidade das autarquias para as relações entre a alimentação e a saúde ser muito diversa, consideramos que este projecto é essencial para consolidar esta vertente de capacitação do sector da administração local. A alimentação saudável e o bem-estar que este padrão acarreta para os munícipes não se esgotam apenas na saúde, mas também na economia da região, contribuindo para a redução dos gastos com a doença, absentismo, redução das desigualdades sociais, melhoria da produtividade individual e também melhoria do tecido produtivo local. Por último, é de referir que a data limite para entrega deste relatório não está alinhada com os prazos para que se concluam os pagamentos de cada ano lectivo a que respeita, sendo a informação prestada tendo em conta o apuramento feito até 15/10/2011.
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