Formação de Professores do Ensino Médio

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Transcrição:

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Formação de Professores do Ensino Médio O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO CADERNO COMPLEMENTAR II

COMISSÃO ORGANIZADORA SEEDUC-RJ Subsecretaria de Gestão de Ensino Superintendência de Gestão das Regionais Pedagógicas (SUPGE) Ana Valéria da Silva Dantas Superintendência Pedagógica (SUPED) Daniela Carvalho de Paulo Silva, Fabiano Farias de Souza e Cintia Aparecida Garcia Rodrigues Superintendência de Avaliação e Acompanhamento (SUPAA) Jaqueline Antunes Farias Subsecretaria de Gestão de Pessoas Superintendência de Desenvolvimento de Pessoas (SUPDP) Elizabeth de Lima Gil Vieira

Introdução O presente anexo tem como objetivo propiciar uma re exão sobre a concepção de protagonismo juvenil, a qual tem sido alvo de ações desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Educação, no tocante ao ensino e à aprendizagem. Se considerado como um princípio educativo e uma estratégia metodológica, o protagonismo juvenil somente é possível à medida que o aluno é visto e entendido como o centro do processo formativo para a autonomia, a gestão do aprendizado e a atuação social e pro ssional. A formação da autonomia é a condição essencial para o desenvolvimento das competências exigidas pelo mundo contemporâneo, e deve ser direcionada a partir da formação integral do aluno, valorizando metodologias integradoras para se alcançar uma educação plena. Entende-se, pois, o protagonismo juvenil c o m o c a m i n h o p a r a c o n c i l i a r o desenvolvimento de competências e os interesses dos jovens. 3

A escola na perspectiva do protagonismo juvenil No cenário atual, a escola desponta como um espaço de compartilhamento e descobertas, onde se busca a formação de um indivíduo completo no que diz respeito à valorização de sentimentos e emoções e à percepção que cada um dos jovens tem de si e do outro. Trata-se de um espaço de estímulo ao desenvolvimento de competências que favoreçam e integrem os saberes, de atribuição de sentido e signi cado à aprendizagem e de um novo tipo de relação estabelecido entre o aluno e o conhecimento, com sua vida em sociedade e com seu futuro. Um espaço de descoberta de motivações, para que o jovem aprenda e intervenha em seu meio e tenha a oportunidade para desenvolver as competências de que necessitará ao longo da vida. Algumas dessas competências são autoconhecimento, capacidade de resolver con itos, consciência social, facilidade de relacionamento e tomada de decisão. Neste sentido, a escola deve ser vista como parte fundamental da vida do jovem, pois os jovens não vão simplesmente à escola: apropriam-se dela, atribuem-lhe sentidos e são transformados por ela. Se o processo de escolaridade é visto por parte deles como uma imposição, uma violência, a que se resiste ou que se abandona, para outros, no entanto, esse processo é um suporte fundamental na construção do percurso de vida e do projecto identitário. Em qualquer dos casos, a escola constitui hoje uma das 4

instituições fundamentais em torno das quais os jovens estruturam as suas práticas e discursos, os seus trajectos e projectos, as suas identidades e culturas. (ABRANTES, 2003) As escolas que reconhecem a importância da formação integral - fundamentada também pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN - oferecem espaços para o desenvolvimento humano de seus alunos, através de práticas pedagógicas que visam à formação social e pessoal pautada na participação e no desenvolvimento de sua autonomia, sem que recaia no individualismo. A possibilidade de descrever e identi car as competências, de integrar as perspectivas do eu e do outro em adolescentes, bem como os contextos em que isso ocorre, propicia abertura para a identi cação de atividades pedagógicas que oportunizem, cada vez mais, níveis elevados de experiências compartilhadas e negociações que culminariam com um processo de desenvolvimento humano integral na adolescência. As políticas públicas de hoje convergem para a formação integral dos jovens para o mundo atual. De tão rápidas transformações e de tantas contradições, signi ca o desenvolvimento de competências para compreender e enfrentar problemas de qualquer natureza, simples ou complexos, que na maioria dos casos di cilmente podem ser classi cados como pertencentes a uma disciplina escolar. A nal, o universo do trabalho ou o da participação social são naturalmente multidisciplinares. 5

A Solução Educacional para o Ensino Médio, implementada pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, apresenta uma proposta de currículo integrado como caminho para efetivar a Educação Plena, ou integral para o Ensino Médio. Tal iniciativa constitui-se em um dos marcos conceituais e norteadores do trabalho implantado no ano de 2013, em caráter experimental, no Colégio Estadual Chico Anysio, e tem se consolidado com o foco no protagonismo juvenil que propõe a cada jovem que atue na resolução de problemas, apoiado na sua autogestão e a autonomia. A proposta é de uma escola de Ensino Médio de formação geral, em jornada ampliada, com o ensino voltado para o desenvolvimento das competências exigidas pelo século XXI. As ações e os projetos estão direcionados para o desenvolvimento da competência de autonomia, uma vez que a mesma pressupõe outras competências como autoconhecimento, autorregulação, autoproposição. O Estado do Rio de Janeiro tem, em sua Rede de Ensino, uma escola de referência onde a proposta da Solução Educacional do Ensino Médio vem sendo desenvolvida em sua plenitude? O Colégio Estadual Chico Anysio é uma escola pública de referência que funciona em horário integral e totalmente voltada para a educação integral do aluno. A SEEDUC- RJ oferece um modelo replicável para toda a rede de ensino, com o objetivo de enfrentar os maiores desa os do Ensino Médio, como a evasão resultante da falta de atratividade da escola e a desconexão entre o currículo escolar e as competências necessárias para o trabalho, o convívio em sociedade e a continuidade dos estudos. Nesse sentido, a escola busca: - Enriquecer o horizonte vital do adolescente, despertando nele novas motivações, interesses e perspectivas. - Estruturar seu mundo interno por meio da vivência, identi cação e incorporação de valores positivos. - Prover experiências e descobertas para a construção de um projeto de vida pelo próprio adolescente. - Favorecer e integrar os saberes disciplinares, atribuindo sentido e signi cado à aprendizagem e levando os alunos a estabelecerem um novo tipo de relação com o conhecimento. 6

- Desenvolver competências e habilidades para o século XXI nos âmbitos pessoal, relacional, cognitivo e produtivo. - Promover a integração de forma aberta, respeitosa e colaborativa dos alunos com os diversos representantes da comunidade escolar (gestores, professores, estudantes, funcionários), de outras escolas e da comunidade do entorno. O jovem protagonista O termo Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação educativa, signi ca a criação de espaços e condições capazes de possibilitar que os jovens envolvam-se em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso. [...] O cerne do protagonismo, portanto, é a participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla (COSTA, 2001, p.179) Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a atual conjuntura política tem se re etido nos jovens, os quais se têm dado importância crescente à sua participação nos processos de decisão e cuja participação tem contribuído para o seu desenvolvimento pessoal e sua consciência social, a partir do momento em que estejam ligados a estes processos, re etindo na melhoria da concepção e execução de políticas voltadas para a juventude. Para o educador Paulo Freire, nessa mesma perspectiva, o processo educativo está intrinsecamente conectado à cultura democrática, que convida os estudantes e 7

educadores sejam eles da educação formal ou membros da comunidade -, a construírem dialogicamente as relações de ensinoaprendizagem e de tomadas de decisão em uma sociedade. Segundo o educador, no livro Educação e Participação Comunitária, só decidindo se aprende a decidir e só pela decisão se alcança a autonomia. (FREIRE, 1996). A participação autêntica se traduz para o jovem num ganho de autonomia, autocon ança e autodeterminação numa fase da vida em que ele se procura e se experimenta, empenhado que está na construção da sua identidade pessoal e social e no seu projeto de vida. (COSTA, 2008) De acordo com Delors (2001), coordenador da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI da UNESCO (que produziu, em 1996, o relatório Educação, um tesouro a descobrir ), são propostos quatro pilares ou eixos organizadores da educação: 1. Aprender a ser: preparar-se para agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade; 2. Aprender a conviver: interagir, participar e cooperar, convivendo com as diferenças; 3. Aprender a fazer: aprender e praticar os conhecimentos, usando-os para o bem comum; 4. Aprender a conhecer: aprender a aprender para bene ciar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. 8

Estes quatro fundamentos têm como objetivos expandir a educação para o conjunto da experiência humana - ser, conviver, fazer e aprender - e levá-la ao longo de toda a vida a compreender e dar signi cado ao mundo, a m de buscar as respostas para as questões essenciais da vida, das coisas e de seus anseios. Ponto importante da Solução Educacional para o Ensino Médio é a promoção da re exão e do diálogo sobre interesses em relação ao mundo do trabalho, tendo como ponto de partida os conhecimentos, as habilidades e as competências desenvolvidos ao longo de sua trajetória escolar, familiar e comunitária, assim como os seus sonhos e aspirações. O objetivo é incentivar os jovens a trazerem seu talento e sua ação em benefício da sociedade, pois são estimulados a desenvolver as características que compõem o per l do jovem empreendedor: criatividade, capacidade de mobilização, facilidade de trabalhar em equipe, motivação frente a desa os, percepção, capacidade de liderança, originalidade na tomada de decisões, bom aproveitamento do tempo e dos recursos, conhecimento e sua aplicação adequada em projetos, autonomia e perseverança. Tais características pessoais precisam ocupar posição de destaque nas escolas, pois contribuem não só no aprendizado, mas também se re etem na vida fora da escola e podem in uenciar grandemente no futuro pro ssional do aluno. 9

O grêmio estudantil na perspectiva do protagonismo juvenil O Grêmio Estudantil, como rico espaço de mobilização dos alunos na escola, possibilita ao aluno por em prática as habilidades de mobilização, autonomia, participação, convivência, aceitação entre outras. A Secretaria de Estado de Educação vem incentivando a criação de Grêmios nas escolas de sua Rede, em cumprimento à Lei Federal 7.389, de 04/11/1985, que assegura a organização de Estudantes como entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com nalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais. O que os alunos pensam, dizem e fazem é importante tanto para eles, que desenvolvem competências sociais, quanto para a escola, que avança na promoção da convivência, da participação e mobilização. Assim, o Grêmio Estudantil se estrutura na escola como uma organização que se mobiliza diante dos problemas que afetam o aluno e a comunidade em que a escola está inserida. Gomes, em seu livro Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática, escreve que Quando o adolescente decide problematizar e interferir em questões que, à primeira vista, não dizem respeito a pessoas de sua idade, ele está, de maneira efetiva, dando seus primeiros passos no rumo do protagonismo juvenil. Ele está, na verdade, cruzando o Rubicão que separa a vida privada da vida pública. Criado em 1998 e instalado em 2003, o Parlamento Juvenil é um projeto da Assembleia Legislativa do Rio em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC) e envolve os estudantes de 13 a 18 anos de idade de todas as escolas da rede pública do Estado. O projeto segue os moldes de um parlamento convencional com direito a escolha da Mesa Diretora, Regimento Interno e votação em plenária, e está estruturado em duas etapas: Parlamento Juvenil e Parlamento Juvenil do Estado do Rio de Janeiro. O projeto segue os moldes de um parlamento convencional, com direito a escolha da Mesa Diretora, Regimento Interno e votação em plenário, e está estruturado em duas etapas: Parlamento Regional Juvenil e Parlamento Juvenil do Estado do Rio de Janeiro. Na primeira fase eleitoral, os candidatos ao Parlamento têm a vivência de uma campanha eleitoral em suas escolas e elegem um representante. Na segunda, o aluno eleito como parlamentar juvenil em sua escola, deve criar um projeto de lei para ser submetido à aprovação ao lado de candidatos de outros municípios. A terceira etapa, o parlamentar juvenil deve realizar a defesa do projeto de lei nas Comissões e na Plenária do Parlamento Juvenil para, então, saírem os candidatos regionais que defendem suas propostas no plenário da Alerj. Os estudantes têm, por uma semana, as mesmas atribuições de um Deputado Estadual, discutindo e aprimorando o Projeto de Lei de sua própria autoria. 10

O protagonismo juvenil, inserido na prática do Grêmio Estudantil, surge como uma proposta inovadora que tem como centro a mobilização dos alunos no exercício do voluntariado social, como um espaço de exercício da responsabilidade social, e que comprova que o jovem pode se organizar de forma crítica e lúcida em seu espaço escolar e em sua vida. Quando a gente re ete sobre os limites da educação e as possibilidades da educação, é preciso ter cuidado para não exagerar na p o s i t i v i d a d e e n ã o e x a g e r a r n a negatividade, ou, em outras palavras, não exagerar na impossibilidade e não exagerar na possibilidade. Quer dizer, a educação não pode tudo, mas a educação pode alguma coisa e deveria ser pensada com grande seriedade pela sociedade. (FREIRE, 2001, p. 175). 11

REFLEXÃO E AÇÃO A formação integral exige o desenvolvimento do ser humano como um todo, abrangendo fundamentalmente os aspectos cognitivos e não cognitivos. A construção de roteiros educativos que integrem disciplinas de base nacional comum com as disciplinas da base diversi cada, saberes acadêmicos e populares, é fundamental para o desenvolvimento integral dos alunos. Com base em sua experiência pro ssional e nos textos lidos, reúna-se com seu grupo e responda: - Que competências não cognitivas podem levar o aluno a um melhor desempenho na escola e na vida? - De que forma o professor e a escola podem promover o desenvolvimento de habilidades não cognitivas em seus alunos? - A sua escola tem criado oportunidades de encontro dos professores para a discussão e o planejamento de ações educativas que favoreçam a integração das disciplinas? 12

Referências bibliográ cas ABRANTES, P. Identidades juvenis e dinâmicas de escolaridade. Sociologia, Problemas e Práticas, Lisboa, n. 41, p. 93-115, 2003. CAMPOS, M. SOUZA, V. Voluntariado e protagonismo juvenil. In: COSTA, A.C. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática. Salvador: Fundação Odebrecht, 2000 COSTA, A.C.G. O adolescente como protagonista. In: BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Saúde. Área de Saúde do Adolescente. Cadernos, juventude saúde e desenvolvimento. 1. Brasília, 1999.. Protagonismo juvenil: adolescência, educação e participação democrática. Salvador: Fundação Odebrecht, 2000.. A presença da Pedagogia: teoria e prática da ação sócio-educativa. 2ª ed. São Paulo: Global: Instituto Ayrton Sena, 2001.. O protagonismo juvenil passo a passo. Um guia para o educador. Belo Horizonte: Universidade, 2001. DELORS, J. et al. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. 8ª edição. São Paulo: Cortez Editora; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2001. FREIRE, P. Educação como prática libertadora 22ª ed. Rio de Janeiro: Paz na Terra,1996.. Educação e mudança. 9ª ed. Rio de Janeiro: Paz na Terra,1983.. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Centauro, 2001a. Instituto Ayrton Senna. Solução Educacional para o Ensino Médio. Volume 1,2 e 3. 2012 13

Lei nº 7.398 de 4 de dezembro de 1985. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L7398.htm. Acessado 26 /03/2014. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acessado em 30/03/2014. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Disponível em http://www.mec.gov.br Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ blegais.pdf. Acessado em 31/03/2014 14