PROPOSTA DE PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO: UM ESTUDO A PARTIR DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS (2010) 1 MACHRY, Isabel Daiane Weber 2 ; ALVES, Bruna Pereira 3 ; KEHLER, Gabriel dos Santos 4 ; BRITTES, Letícia Ramalho 5 ; FERREIRA, Liliana Soares 6 1 Trabalho de Pesquisa financiado pelo CNPq_UFSM. 2 Curso de Especialização em Gestão Educacional (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Curso de Mestrado em Educação (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4 Curso de Especialização em Gestão Educacional (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 5 Curso de Mestrado em Educação (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 6 Doutora em Educação, Professora do Programa de Pós-Graduação (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: imachry@yahoo.com.br; brualves_22@yahoo.com.br; gabkehler@bol.com.br; leticia.brittes@hotmail.com; anaililferreira@yahoo.com.br. RESUMO O presente projeto de pesquisa, desenvolvido no âmbito da Universidade Federal de Santa Maria, é financiado pelo CNPQ e desenvolvido pelo Grupo Kairós (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, Políticas Públicas e Educação. Propõe-se, neste estudo, desenvolver uma ampla análise de projetos pedagógicos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia no Estado do Rio Grande do Sul a fim de investigar se há concepções de Pedagogia como ciência que orientam a proposta desses cursos. Para isso, foram realizadas entrevistas via-web com os coordenadores. A partir desses relatos, desenvolveu-se a análise de categorias, tendo por procedimento metodológico a Análise de Conteúdo (BARDIN, 2006). Com base no que foi abordado até o momento, este artigo traz uma sistematização das análises desenvolvidas. Foram abordadas questões relacionadas ao ambiente de trabalho dos pedagogos (se escolar ou não-escolar) e questões que concernem ao currículo. Palavras-chave: Pedagogia; Ciência; Projetos Pedagógicos; Trabalho. 1. INTRODUÇÃO A pesquisa apresentada relaciona-se ao projeto O Curso de Pedagogia nas IES do estado do Rio Grande do Sul e a perspectiva da ciência da educação: convergências e divergências, que está sendo desenvolvido por pesquisadores do grupo KAIRÓS (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, Políticas Públicas e Educação). Tal investigação torna-se relevante porque, na atualidade, os cursos de Pedagogia são lócus de formação dos professores, gestores e especialistas que atuam na Educação Básica, constituindo-se na licenciatura com maior procura, segundo revelam as listas de aprovação nos vestibulares. A dimensão de ciência que embasa a investigação excede à perspectiva moderna do saber posto e dominante. Trata-se de uma ciência que agrega a cientificidade, a percepção compreensiva do mundo, os sujeitos e as práticas, tendo como viés a educação na contemporaneidade. Enfim, pensa-se uma ciência pautada pelos diálogos com os fenômenos da educação, a partir da interlocução com outras ciências, dada a complexidade desses fenômenos. É um modo de instaurar certa rebeldia na profissão de pedagogo-cientista, capaz de olhar a educação para além das portas e janelas da escola, 1
imergindo no social, nos paradoxos e certezas que se sucedem cotidianamente. Com isso, os discursos de verdade que têm orientado as práticas pedagógicas se põem a descoberto, para se questionarem. É, nesse sentido, uma pedagogia que se pergunta, que se autodescobre, que tem na linguagem indagativa seu ponto primal. Uma indagação cujo cerne é o humano, a produção humana, a educação, sistematizada pela Pedagogia, cujos cenários têm confluído para compreender e dialogar sobre tudo que se relaciona aos contextos e produções educacionais. Flexibilidade, inter-relações conceituais, superação de pressupostos positivistas são características que evidenciam como se apresenta essa ciência, a Pedagogia contemporânea. Por esses motivos, o de se pensar em ciência concriativa, o estudo orientar-se-á pelas contribuições da História da Educação, da Filosofia e Sociologia da Educação, transitando por tendências e aportes teóricos que respondam às questões suscitadas pelas análises que o grupo for realizando, e tendo como aporte teóricometodológico obras e autores cujas propostas relacionam-se à temática: Saviani (2008), Pimenta (1988, 1996), Libâneo (1998), Veiga (1997), Mazzotti (2002), Franco (2008), Marques (1998), entre muito outros, com uma metodologia cuja linha de análise procura inscrever histórica e pedagogicamente os sentidos de Pedagogia. As principais fontes do estudo são os projetos pedagógicos (por muitos denominados de projeto políticopedagógicos) dos cursos, disponibilizados na Internet, entrevistas com coordenadores de cursos (em chats e fóruns), referências relativas à Pedagogia. O estudo espera contribuir para o conhecimento das historicidades, práticas e teorias nos cursos de Pedagogia do Rio Grande do Sul, possibilitando a apropriação, socialização e aprofundamento de saberes pedagógicos relativos à Pedagogia como ciência da educação, pois tem por objetivo analisar os movimentos de sentidos, a historicidade e as práticas que os Projetos Pedagógicos dos Cursos de Pedagogia apresentam, na expectativa de entender qual concepção de Pedagogia orienta a proposta. 2. METODOLOGIA A metodologia da pesquisa fundamenta-se em pressupostos científicos, tendo como abordagem a pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo e, como procedimento um amplo estudo de caso. Embora se tratem de espaços territorialmente distanciados, convergem por apresentar um mesmo núcleo de sentido: os cursos de licenciatura em Pedagogia, organizados por um Projeto Pedagógico, cuja elaboração deve atender aos textos legais. Assim, embora diversos, há entre os diferentes casos, uma unidade, sob a perspectiva do planejamento que os organiza. As técnicas de coleta de dados serão análise documental 2
dos Projetos Pedagógicos, entrevista, por e-mail, com as coordenações dos cursos e observação da realidade, mediante visita à instituição interlocutora. As principais fontes do estudo serão os Projetos Pedagógicos dos cursos de Pedagogia, localizados no Estado do Rio Grande do Sul, acessados pela Internet, nos websites das universidades e faculdades do Estado. Compõem o material de pesquisa também livros, artigos, textos legais, referências disponíveis na Internet. A técnica de análise de dados será a Análise de Conteúdo, com base em Bardin (2006), tendo como centralidade, a elaboração de categorias prévias a serem balizas no processo de análise documental e das entrevistas. Dialogicamente elaborada, neste processo de análise, estar-se-á buscando indícios de concepções de Pedagogia como ciência da educação, sua articulação, práticas e processos de estudos como referência articuladora do pedagógico na formação de pedagogos. Dentre os procedimentos de pesquisa, ainda, destacam-se: - Pesquisa bibliográfica sobre a produção que caracteriza a Pedagogia como ciência da educação; - Levantamento dos principais autores nacionais e estrangeiros de obras relativas à Pedagogia como ciência da educação; - Análise da produção pedagógica dos professores dos cursos de Pedagogia com relação à ciência da educação; - Criação de fóruns e chats, envolvendo coordenadores, estudantes e professores dos cursos pesquisados sobre pedagogia como ciência; - realização de entrevistas sobre o tema de pesquisa através de e-mails; - Elaboração de sistematizações, quadros de análise, artigos e relatórios; - Socialização das análises sob a forma de blog para o acesso das demais IES interlocutoras na pesquisa. Pretendeu-se articular uma metodologia que possibilitasse captar os processos de construção dos conceitos, práticas e historicidades da Pedagogia nos diferentes contextos de influência, de produção de política como texto e da prática. É uma tentativa de se afastar de modelos de análise tradicionais que consideram os fenômenos simplesmente a partir das leis, dos textos oficiais e das ações de governo, atribuindo hierarquias e determinações a processos que são dinâmicos. Procurar-se-á organizar os aspectos metodológicos de forma a captar relações entre micro e macro, local e global, entre os diferentes níveis de ação, nos diferentes contextos e práticas, a fim de melhor entender o fenômeno escolhido. Destaca-se que a investigação possui viabilidade técnica devida principalmente à localização de Santa Maria, na Região Central do Estado, possibilitando o deslocamento 3
para outros municípios, bem como estando próxima à capital e aos demais grandes centros urbanos, o que potencializa o acesso a materiais de pesquisa e aos interlocutores. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Devido a dificuldade de acesso aos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Pedagogia, iniciou-se as análises pelas respostas dos coordenadores dos Cursos visando a identificar quais categorias eram mais frequentes e o que era possível compreender a partir delas. Em relação às questões acerca dos objetivos do Curso, público-alvo, titulação dos professores e trabalho dos pedagogos evidenciou-se como categorias: competência, espaços escolares e não-escolares, formação docente, mercado de trabalho/ educação profissional, conhecimentos pedagógicos e gestão. Até o momento foi possível realizar algumas discussões: a) Competências: Sempre aparece como sendo um dos objetivos do Curso de Pedagogia, mas não há uma explicação sobre quais seriam estas competências. b) Espaços escolares e não-escolares: Aparecem com muita freqüência no discurso dos coordenadores sobre o trabalho dos pedagogos, ou melhor, sobre o espaço de trabalho destes profissionais. O que significa afirmar que o trabalho dos pedagogos acontece em espaços escolares e não-escolares se não se sabe afirmar que espaços não-escolares são estes? É em uma empresa, em um hospital, em uma ONG? Quais são estas possibilidades de trabalho em espaços não-escolares? A princípio, parece que é feito essa menção a espaços não-escolares para que não se pense que o Curso restringe o trabalho do pedagogo à escola. Outra possibilidade é o não refletir sobre o fato, mas fazer referência a ele por ele estar nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, documento que norteia os Cursos de Pedagogia do país. c) Formação docente : Ainda é nítido o direcionamento do trabalho dos pedagogos ao trabalho como professores, não somente no currículo dos cursos, mas também, nas atividades e estágios dos cursos. Trabalhar como professor e trabalhar como pedagogo significa a mesma coisa? Professores e Pedagogos não se diferenciam? Esta visão restrita do trabalho dos pedagogos pode ser percebida na grande maioria dos cursos de pedagogia do estado. Se o trabalho dos professores acontece efetivamente na escola, e o trabalho dos pedagogos acontece na escola, não somente como professor, e em outros espaços, porque ainda percebe-se cursos de pedagogia tão direcionados para a docência? Uma possibilidade pode ser, novamente, o fato de que nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de 4
Pedagogia a docência seja considerada base, fundamento para o curso. Apesar disto, ao aprofundar a leitura das DCN, se percebe que a docência é tida como algo mais amplo do que a sala de aula. d) Mercado de trabalho/ educação profissional: Afirma-se, nos Projetos Pedagógicos, que o Curso de Pedagogia preparará para o mercado de trabalho, ao mesmo tempo, direciona-se o curso para o trabalho como professores. Não estaria, esta educação profissionalizante, preparando os pedagogos apenas para a sala de aula? e) Conhecimentos pedagógicos: Assim como os espaços não escolares, os conhecimentos pedagógicos não são exemplificados nos Projetos Pedagógicos analisados. Podemos afirmar que conhecimentos pedagógicos relacionam-se a Educação? E se assim for, a que aspectos ou áreas da educação eles se referem? f) Gestão: Pouco aparece nos Projetos Pedagógicos analisados, mas é uma das possibilidades de trabalho para o pedagogo que trabalha na escola. Em um segundo momento, foram analisadas as características didáticas/ metodológicas/pedagógica dos PP dos Cursos de Pedagogia, percebendo-se uma ampla diversidade de entendimentos sob esta categoria, como podem ser definidas a seguir: prática pedagógica, as parcerias, a interdisciplinaridade, as competências/habilidades, as problematizações dos conteúdos e até mesmo como recursos metodológicos- acervo bibliográfico, oficinas, materiais diversos. Também há definições como as dicotomias entre a teoria e prática, ação-reflexão-ação, formação inicial e continuada, a práxis (refletir e agir associados), em que esta poderá iluminar melhor a prática, (aqui uma contradição crucial no termo da práxis, fragmentando-as); a sensibilidade afetiva e estética, utilizando-se de referenciais de várias áreas. Outras definições trazem as pesquisas, seminários, estágios, disciplinas que compreendem núcleos de estudos básicos e integradores, capazes de formar profissionais críticos que se posicionem autonomamente e que sejam capazes de fazer uma leitura crítica da realidade, articulando o saber, o aprender e o transformar, sempre com vistas a educação, seja ela formal e não formal. Também se compreende uma valorização da profissão-professor ao considerar o seu contexto, seja como pedagogo apto a trabalhar ambientes sociais, ambiente escolar e não-escolar, permeado por uma pedagogia como ciência da educação (práxis social, pedagogo na escola, na empresa, em hospitais, em ONGs, etc.) profissional reflexivo e crítico; educadores sociais que interagem com outras lideranças através do saber pedagógico objetivando a mudança. Como pode-se ver, muitos termos são utilizados sem um aprofundamento maior, pois conforme grifo no parágrafo anterior, ao citar a práxis e defini-la como algo que vem a iluminar a prática, eis aqui a necessidade em redefinir, de que práxis se fala, pois se 5
compreende-la no seu sentido lato uma indissociável entre a teoria e a prática, não pode-se deixar que uma sobre saia a outra. Foram analisadas também as justificativas dos PP a partir dos discuros dos coordenadores. Entende-se que as justificativas geralmente são consideradas como eixos fundantes, no processo de argumentação do porquê algo deve ser considerado pertinente, interessante e/ou necessário na projeção de algo ainda maior. Assim é a justificativa de um PP de um Curso, em que o mesmo deve compreender vários aspectos, que vai desde o seu comprometimento com o seu contexto social (micro- macro), suas convergências e divergências e a própria formação, que inevitavelmente trata da formação de profissionais como o resultado de uma determinada escolha, que por ora foi justificada como a mais consistente para um dado momento e circunstancias, que aqui no caso, é a formação de pedagogos. Nessa perspectiva, evidencia-se justificativas, como: uma necessidade da região geográfica onde é ministrado considerando as relações de trabalho, práticas sociais e educação escolar, em que a Universidade atenda ao seu compromisso na dedicação para a formação de profissionais, baseando-se em uma educação qualidade e de competência, como respaldo a sociedade pós-moderna; sociedade em constante mudança, com redimensionamento sócio-político das instituições. Nesta perspectiva os PP trazem que o contexto social e contemporâneo tem no trabalho pedagógico, um ato educativo intencional, que em sintonia com as novas necessidades educacionais devido às mudanças sociais e políticas, na preparação do trabalhador e do cidadão. Assim, situa-se o pedagogo, como um profissional para a sala de aula e/ou à unidade da escola, que seja capaz de vislumbrar novas alternativas pedagógicas, na superação da fragmentação do trabalho pedagógico. A constituição de um pedagogo pesquisador, para diferentes espaços educativos, proporcionando uma formação geral (perceber a realidade multifacetada; construção de referenciais amplos) e específica para o pedagogo (capacitar-se para processo educativo; atuar em espaços sócio-culturais múltiplos e diversificados). Um pedagogo capaz de projetar mudanças, fazendo um elo entre presente e futuro, com a intenção de solucionar problemas e construir conhecimentos, na ação e transformação, com intencionalidades político-administrativa, em uma construção coletiva do PP. Na próxima etapa analisou-se os discursos dos coordenadores considerando os currículos dos Cursos de Pedagogia quanto à flexibilidade e a interdisciplinaridade. Primeiramente, foi possível observar que todas as instituições apontam que seus currículos possuem as características de flexibilidade e interdisciplinaridade. Todavia, não há evidências de como estas se articulam nas atividades curriculares. Não as relacionando 6
com os componentes curriculares oferecidos, além de estarem relacionadas somente a questões de cunho prático. Como exemplo, tomamos um fragmento da resposta de um dos coordenadores quando responde: [...] as disciplinas que ficam mais encarregadas na viabilização interdisciplinar são as de cunho prático, pois é na atuação concreta na área do curso que o aluno deverá demonstrar habilidades e competências para utilizar as teorias enfatizadas durante o curso. Apesar de as evidências das características mencionadas acima não estarem explicitadas nas respostas desses coordenadores, pudemos observar que há uma preocupação geral para o desenvolvimento de ações que articulam as disciplinas de modo a contemplar a interdisciplinaridade e flexibilidade. Além disso, duas instituições indicam a realização de atividades mais específicas relacionadas a esses aspectos: a primeira menciona uma prova semestral interdisciplinar e, a segunda, enfatiza a aproximação entre o mundo do trabalho e o acadêmico. Do exposto até o momento, pode-se perceber que há uma preocupação em superar a fragmentação do trabalho pedagógico. Os cursos de Pedagogia em geral, propõem ações de articulação entre os componentes curriculares para, juntamente com a proposta de superação, alcançar uma efetiva qualidade nos cursos oferecidos no estado.. Essas são apenas algumas hipóteses em relação às categorias mais evidentes nas respostas dos coordenadores sobre os PP. Ainda aprofundar-se-á as análises, fundamentando-as e estabelecendo relações entre elas e os Projetos Pedagógicos. Importante ressaltar que, a todo o momento, busca-se a categoria Pedagogia, entendida como ciência da educação, nas respostas dos Coordenadores sobre o Curso de Pedagogia. Porém, foi possível perceber que esta categoria praticamente não aparece nas respostas. A Pedagogia é percebida apenas como um Curso, sem uma reflexão maior. Pode-se justificar essa ausência de sentidos devido à própria história do Curso, uma história de imprecisões, em que fica evidente a dificuldade em se definir a função do Curso e a função do Pedagogo. A Pedagogia como ciência da educação aparece menos ainda, sendo percebida apenas em uma das respostas dos coordenadores. 4. CONCLUSÃO A pesquisa realizada, apesar das dificuldades de acesso aos projetos pedagógicos, já permite algumas elaborações a partir de análise dos dados coletados com os Coordenadores dos Cursos de Pedagogia, entre as quais destaca-se a preocupação de que o Curso esteja inserido no contexto social mais amplo, em interlocução do micro com macro. Nesta perspectiva, percebe-se outro aspecto relacinado ao contexto, como os 7
espaços escolares e não-escolares, que por sua vez aparecem com muita freqüência no discurso dos coordenadores sobre o trabalho dos pedagogos, sobre o espaço de trabalho destes profissionais. Porém, não descreve-se quais espaços não-escolares seriam estes. Em relação às análises dos currículos desses cursos, pode-se considerar a recorrência de algumas características de interdisciplinaridade e flexibilidade, as quais aparecem como um possível meio de superação de um currículo fragmentado. Essa inicitaiva busca, entre outras coisas, a aproximação das atividades acadêmicas com ambientes de trabalho desses profissionais, sendo que, na maioria das vezes, tem-se por lócus de realização a escola. Percebeu-se abém falta de clareza quanto a uma concepção de Pedagogia e de trabalho nas propostas dos cursos de Pedagogia no Estado. Este aspecto revela a necessidade de estar rediscutindo a Pedagogia como ciência da Educação. O grupo de pesquisadores tem se perguntado sobre esta dificuldade de acesso aos projetos pedagógicos. Qual a implicação imediata dessa falta de discernimento teórico em relação a articulação do curso? São questões surgidas a partir do projeto que remetem a pensar sobre a relação entre aquilo que se propõem e as bases teóricas de um curso de Pedagogia. O trabalho prosseguirá com renovadas tentativas de acesso direto aos projetos pedagógicos, a fim de dar continuidade à análise dos dados e com isso elaborar um amplo quadro descritivo da realidade dos cursos de pedagogias gaúchos com referência as suas perspectivas pedagógicas e ao trabalho dos pedagogos. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002. FRANCO, M. A. S. Pedagogia como ciência da educação. SP: Cortez, 2008. LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? SP: Cortez, 1998. MAZZOTTI, T. B. Ciências da educação. RJ: DP&A, 2002. PIMENTA, S. G. Pedagogia ciência da educação? SP: Cortez, 1996. PIMENTA, S. G. Pedagogo na escola pública. SP: Cortez, 2002. SP: Loyola, 1988. SAVIANI, D. A Pedagogia no Brasil. SP: Autores Associados, 2008. 8
VEIGA, I. A. V. Licenciatura em Pedagogia. SP: Papirus, 1997. 9