UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU



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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU VANTAGENS E BENEFÍCIOS GERADOS COM O ADVENTO DO AVISO PRÉVIO PARA O EMPREGADO E EMPREGADOR AUTORA ANDRÉA LUIZA DA SILVA MIGUEZ DE SEABRA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2011

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU VANTAGENS E BENEFÍCIOS GERADOS COM O ADVENTO DO AVISO PRÉVIO PARA O EMPREGADO E EMPREGADOR Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes Instituto a Vez do Mestre, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito do Trabalho. Por: Andréa Luiza da Silva Miguez de Seabra.

3 Agradeço a DEUS, fonte suprema de inspiração e coragem; a minha mãe Maria, por ter me dado a vida; ao meu esposo e sempre companheiro André Luiz, pelo apoio desde a inscrição até o término desta pósgraduação e pelas palavras de admiração e incentivo nesta caminhada; a minha irmã Fábia, sempre solidária nas horas necessárias; a minha pequena e doce Giulia Catarina, por ter se privado de minha companhia durante as aulas e o tempo dedicado aos estudos; e a tantos outros familiares e amigos, pela troca de ideias, incentivo e força, pois recomeçar as atividades com uma filha pequena é uma tarefa muito árdua para uma mãe zelosa, embora necessária.

Dedico este trabalho a DEUS, por ter me dado uma segunda chance ao livrar-me da morte alguns dias após o parto. Agradeço a fé que Ele me faz ter todas as manhãs para superar as dificuldades da caminhada, a força para alcançar meus sonhos e a alegria de viver. 4

5 RESUMO Trata-se o instituto do aviso prévio de direito dos trabalhadores urbanos e rurais proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo de trinta dias, até que seja regulamentado. O aviso prévio é concedido nos contratos a prazo indeterminado e a prazo determinado, desde que neste último, haja cláusula expressa assecuratória de direito recíproco de rescisão antecipada e tal direito seja exercido por qualquer das partes. A concessão do aviso prévio pelo empregador possibilita a procura de novo emprego e quando o empregado pede demissão a finalidade é dar ao empregador a oportunidade de contratar outro empregado para o cargo. Assim, a parte que sem motivo justo quiser rescindir o contrato de trabalho poderá fazê-lo desde que dê ciência à outra parte de sua intenção com antecedência mínima de trinta dias. Palavras-chave: Direito do Trabalho. Rescisão do Contrato do Trabalho. Aviso Prévio.

6 METODOLOGIA O presente trabalho constitui-se em uma descrição detalhada das características jurídicas do fenômeno em estudo, do tratamento conferido a cada uma delas pelo ordenamento jurídico nacional e de sua interpretação pela doutrina especializada, tudo sob o ponto de vista específico do direito positivo brasileiro. Para tanto, o estudo foi feito a partir do método da pesquisa bibliográfica, onde se buscou o conhecimento em diversos tipos de publicações, como livros, artigos em jornais, revistas e outros periódicos especializados, além de publicações oficiais da legislação e da jurisprudência. Por outro lado, a pesquisa que resultou nesta monografia também foi empreendida através do método dogmático, pois teve como marco referencial e fundamento exclusivo a dogmática desenvolvida pelos estudiosos que já se debruçaram sobre o tema anteriormente, e positivista, pois buscou apenas identificar a realidade social em estudo e o tratamento jurídico a ela conferido, sob o ponto de vista específico do direito positivo brasileiro. O estudo que resultou neste trabalho identifica-se, também, com o método da pesquisa aplicada, por pretender produzir conhecimento para a aplicação prática, assim como com o método da pesquisa qualitativa, por procurar entender a realidade a partir da interpretação e qualificação dos fenômenos estudados. Identifica-se, ainda, com a pesquisa exploratória, pois buscou proporcionar maior conhecimento sobre a questão proposta, além da pesquisa descritiva, por visar à obtenção de um resultado puramente descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do tema.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 9 CAPÍTULO I ORIGEM, CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO AVISO PRÉVIO NO CONTRATO DE TRABALHO... 11 1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO... 11 1.2 CONCEITO... 13 1.3 CARACTERÍSTICAS... 14 CAPÍTULO II PRINCIPAIS ASPECTOS DO AVISO PRÉVIO NO CONTRATO DE TRABALHO... 16 2.1 CONDIÇÕES DE EXIGIBILIDADE... 16 2.2 FORMA... 17 2.3 CABIMENTO... 18 2.4 PRAZO MÍNIMO DE DURAÇÃO E TERMO INICIAL... 25 2.5 MODALIDADES... 36 2.6 EFEITOS... 34

8 2.7 AVISO PRÉVIO E ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA... 37 2.8 FALECIMENTO DO EMPREGADO NO CURSO DO AVISO PRÉVIO... 37 CAPÍTULO III FINALIDADES E CONSEQUÊNCIAS DO AVISO PRÉVIO... 38 3.1 FINALIDADES... 38 3.2 CONSEQUÊNCIAS... 41 CONCLUSÃO... 44 BIBLIOGRAFIA... 46 ÍNDICE... 47

9 INTRODUÇÃO Os direitos sociais tiveram início em decorrência da Revolução Industrial do século XIX, a qual substituiu o homem pela máquina, e como consequência gerou desemprego em massa, miséria e excesso de mão de obra disponível, retornando-se a um regime de quase servidão. Diante disso, a desigualdade social era explícita e fez com que o Estado criasse normas e direitos para a proteção do trabalho, bem como a proteção a direitos sociais básicos. Porém, somente com o marxismo e o socialismo revolucionário do século XX é que foi adotada uma nova concepção sobre o trabalho e o capital. Os direitos sociais foram aceitos no ordenamento jurídico por questões políticas, com o intuito de evitar que o socialismo predominasse sobre o capitalismo. As leis trabalhistas surgiram de modo desordenado e protegiam profissões específicas, prejudicando, assim, as demais que não dispunham de proteção legal para seu exercício. No Brasil, somente em 01 de maio de 1943, através do Decreto-lei nº 5.452, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho CLT, unificando os títulos que versavam sobre a matéria trabalhista, estes em número de 11; resultado do trabalho de uma comissão presidida pelo Ministro Alexandre Marcondes Filho. Esse fator histórico demonstrou a instituição de uma maturidade à ordem social ao longo dos anos, consagrando alguns benefícios aos trabalhadores e também o julgamento da opinião pública no sentindo de buscar-se a equidade para as classes na vida econômica, instaurando nesse ambiente, antigamente instável e incerto, os conceitos de humanismo cristão. O presente trabalho monográfico é um estudo sobre o instituto do aviso prévio no contrato de trabalho, o qual representa uma grande conquista aos

10 trabalhadores, bem como aos empregadores. Nesse contexto, o primeiro capítulo dedica-se ao instituto do aviso prévio, trazendo sua origem desde o regime das corporações, dentro do qual se consolida o princípio de que não seria conveniente a ninguém a cessação brusca da prestação de serviço, sem o conhecimento do outro sujeito da relação. No segundo capítulo, analisa-se o conceito de aviso prévio do ponto de vista de diferentes doutrinadores no âmbito trabalhista, bem como suas características por tratar-se de benefício de ordem obrigatória e irrenunciável. Também se aprofunda o estudo com a análise do cabimento do aviso prévio, ou seja, em quais tipos de contrato e situações há sua concessão. Avaliam-se as modalidades de aviso prévio, tais como: indenizado, trabalhado e o polêmico aviso prévio cumprido em casa, bem como os seus respectivos efeitos na rescisão contratual. Por fim, o terceiro e último capítulo busca explanar acerca das finalidades e consequências do aviso prévio, demonstrando sua relevância na relação empregatícia e social.

11 CAPÍTULO I ORIGEM, CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO AVISO PRÉVIO NO CONTRATO DE TRABALHO 1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO O aviso prévio não tem origem no Direito do Trabalho. A respeito de sua origem, afirma Mozart Victor Russomano (1961, p. 37) que os autores franceses, de forma particular, têm acentuado que o aviso prévio, aplicado no regime corporativo por inúmeros estatutos, veio depois a ser consagrado pelos usos e costumes, passando para os textos escritos de Direito Civil e de Direito Comercial, que, nesse ponto, serviram de modelo e exemplo aos modernos Códigos de Direito do Trabalho. Seu marco inicial deu-se nas corporações de ofício: o companheiro não poderia deixar o serviço sem pré-avisar o mestre, contudo, não havia a mesma reciprocidade do mestre ao companheiro. No Brasil, a origem do aviso prévio advém da promulgação do Código Comercial de 1850, o qual previa em seu artigo 81: não se achando acordado o prazo do ajuste celebrado entre o preponente e os seus prepostos, qualquer dos contratantes poderá dá-lo por acabado, avisando o outro da sua resolução com 1 (um) mês de antecedência. Ainda o referido dispositivo traz o pagamento de salário durante o aviso prévio: os agentes terão o direito ao salário correspondente a esse mês, mas o proponente não será obrigado a conservá-lo no seu serviço. Observa-se que o artigo em comento tinha conteúdo tipicamente social, para evitar a cessação brusca do contrato. Ademais, nota-se que o aviso prévio cabia nos contratos por prazo indeterminado e possuía algumas

12 características, como a necessidade de notificação da parte contrária, o prazo de comunicação e o pagamento de salário durante tal período. O Código Civil de 1916 previa o aviso prévio em seu artigo 1.221 com relação à locação de serviços, que assim dispunha: Art. 1.221 Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante aviso prévio, pode rescindir o contrato. Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: I com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais; II com antecipação de quatro dias, se o salário estiver ajustado por semana, ou quinzena; III de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias. Na locação de serviços o aviso prévio somente era cabível nos contratos por prazo indeterminado, mas existiam, também, os fatores de comunicação e prazo para a concessão do referido benefício em razão do tempo de pagamento do salário. O fator pagamento de salário durante o aviso prévio não era encontrado. Na seara do Direito do Trabalho, ocorreu a promulgação da Lei 62, de 5 de junho de 1935, que em seu artigo 6º conferiu aos empregados na indústria e no comércio, nas hipóteses de contrato de trabalho por tempo indeterminado, o direito ao recebimento de indenização por tempo de serviço. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não definiu o instituto do aviso prévio, mas o Capítulo VI do título IV, trata sobre a matéria especificamente nos artigos 487 a 491. É interessante assinalar que até 1988 nenhuma Constituição havia versado sobre o tema: aviso prévio. A atual Carta Magna, em seu artigo 7º, XXI, prevê: aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.

13 1.2 CONCEITO Etimologicamente, a expressão aviso deriva de avisar, do francês aviser, que significa: notícia, informação, comunicação. O termo prévio, deriva do latim praevius e significa: anterior, preliminar. Mozart Victor Russumano (1961, p. 37) define aviso prévio como a notificação antecipada devida à parte contrária por quem rescindir o contrato individual de trabalho. Para Hirosê Pimpão (1958, p. 14), aviso prévio: [...] é o espaço de tempo fixado em lei, que antecede à rescisão unilateral do contrato de trabalho por prazo indeterminado, quando não tenha ocorrido um motivo imperioso, e durante o qual a parte avisada deve procurar restabelecer as condições normais de seu trabalho, evitando, assim, as consequências da ruptura brusca dos vínculos contratuais. Segundo Amauri Mascaro Nascimento (2006, p. 782): Aviso prévio é ato que necessariamente deve ser praticado pela parte do contrato de trabalho que deseja rescindir o vínculo jurídico, e consiste numa manifestação desse propósito, mas também é denominado aviso prévio o prazo remanescente de relação de emprego a ser observado pelas partes até o término da sua duração, como, ainda, aviso prévio é o modo pelo qual é denominada uma indenização substitutiva paga em alguns casos à falta do cumprimento em tempo prazo. Diante dessas definições, verifica-se que cada contratante deve cumprir uma determinação legal de não romper a relação de emprego sem o devido conhecimento prévio do outro. É uma limitação à liberdade de resistir, o que confere certa estabilidade à relação. A lei quer, justamente, que a rescisão por um dos contratantes seja levada ao conhecimento do outro; o ato jurídico se perfaz com o exercício da vontade livre de um dos contratantes, sem carecer da aquiescência do outro.

14 Assim, em suma, pode-se definir aviso prévio como uma declaração receptícia de vontade, mediante a qual uma das partes comunica a outra sua decisão de rescindir o contrato de trabalho, em regra quando seja de duração indeterminada, numa data futura e certa. Portanto, o aviso prévio é o lapso de tempo que medeia entre a comunicação da extinção do contrato e o último dia deste contrato. Como se vê, a lei não beneficia somente o empregado, mas a ambos os contratantes. Daí, a simetria de tratamento jurídico que corresponde a uma prática cotidiana nas empresas. 1.3 CARACTERÍSTICAS 1.3.1 Obrigatoriedade Não havendo prazo estipulado para o termo final do contrato de trabalho (contrato por prazo indeterminado), a parte que sem justo motivo quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra de sua decisão, com antecedência mínima de trinta dias, conforme assim determina o artigo 487, da CLT e o artigo 7º, XXI, da CF. O artigo 483, 1º, da CLT traz o denominado princípio da reciprocidade do aviso prévio, segundo o qual: A falta do aviso por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso... A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo. Então, assim como o empregado tem o dever de avisar previamente o empregador, este também está obrigado a fazê-lo ao empregado. A omissão de tal dever gera consequências econômicas. Na hipótese do empregador ser omisso, esse deverá pagar soma de salários correspondentes à duração do aviso prévio. Já, se o faltoso for o empregado, poderá ter seu saldo de salário

reduzido, caso ainda não percebido, ou seja, haverá a retenção do saldo de salário. 15 1.3.2 Irrenunciabilidade O aviso prévio é um direito irrenunciável do empregado, de forma que o pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o valor respectivo, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego (Súmula 276, TST). A referida expressão pedido de dispensa de cumprimento refere-se ao aviso prévio concedido pelo empregador. Logo, não há que se falar em renúncia ao aviso prévio pelo empregador, salvo no caso do prestador de serviços comprovar a obtenção de outro emprego. Nesse sentido, complementa Sergio Pinto Martins (2006, p. 383): No aviso prévio dado pelo empregado, o período pertence ao empregador e este poderá renunciá-lo, o que não ocorre quando o aviso prévio é dado pelo empregador. Caso, entretanto, o empregado deixe de cumprir o aviso prévio por ele oferecido ao empregador, sem a concordância deste, deverá indenizá-lo.

16 CAPÍTULO II PRINCIPAIS ASPECTOS DO AVISO PRÉVIO NO CONTRATO DE TRABALHO 2.1 CONDIÇÕES DE EXIGIBILIDADE 2.1.1 A existência de um contrato laboral de duração indeterminada A lei não fixa um tempo limite de permanência do trabalhador no emprego para a concessão do aviso prévio. A única exigência é de que o contrato de trabalho seja por tempo indeterminado. A preocupação da lei é justamente pré-avisar ao outro contratante que no dia anunciado a relação jurídica irá findar (artigo 487, CLT). Daí, ser o instituto incompatível com o contrato a prazo, exceto quando as partes resolvem adotar a cláusula assecuratória de rompimento recíproco, ante tempus, a qual, se utilizada, imporá ao contrato o tratamento dispensado aos ajustes por tempo indeterminado (artigo 481, CLT). 2.1.2 O não cometimento de falta grave por um dos contratantes A falta grave cometida por um dos contratantes exonera o outro da obrigação de avisá-lo previamente da extinção do contrato. Igualmente, a justa causa exclui a obrigação de pré-avisar o outro contratante. Assim, se uma das partes vier a cometer qualquer falta grave, a outra poderá romper o contrato sem avisar previamente, pois se houver a

17 concessão de aviso, a extinção do contrato que foi por motivo justo passará a ser considerada injusta. Portanto, o legislador foi claro quando disse sem justo motivo, não admitindo o aviso prévio nas rescisões motivadas. 2.2 FORMA Inexiste na legislação trabalhista em vigor exigência para que seja o aviso prévio fornecido expressamente, isto é, por escrito. Todavia, é aconselhável pela prática, doutrina e até mesmo jurisprudência que assim seja procedido, pois constitui tal documento prova inequívoca de que a parte foi devidamente comunicada da intenção do desligamento. 2.2.1 Recusa pelo empregado em assinar o aviso prévio Recusando-se o empregado a receber a notificação de aviso prévio, deverá o empregador solicitar a assinatura de, pelo menos, duas testemunhas, com o objetivo de atestar que a comunicação foi realmente feita, antes de continuar os procedimentos exigidos para a rescisão do contrato, inclusive marcando nos órgãos competentes (sindicato de classes ou Delegacia Regional do Trabalho DRT), se for o caso, a respectiva homologação e dando ciência formal ao empregado dessa data. No que tange ao pagamento das verbas rescisórias, há entendimentos doutrinários no sentido de que a recusa do empregado ao recebimento do aviso prévio acarreta a impossibilidade de processamento da própria rescisão do contrato, tornando possível o depósito dos valores concernentes às verbas rescisórias em juízo, mediante ação de consignação em pagamento.

18 Em contrapartida, há quem entenda que a consignação em juízo somente é possível quando o empregado, nesse caso o credor, recusa-se expressamente a receber o que lhe é devido, por haver irregularidades na forma ou no valor da obrigação a ser cumprida. Nessas hipóteses, a empresa deve comunicar o empregado, via cartório, de que a quantia correspondente às verbas rescisórias encontra-se à disposição dele na empresa. 2.2.2 Recusa do empregador que impede o empregado de cumprir o aviso prévio Na hipótese de pedido de demissão, se o empregador impedir o empregado de cumprir o aviso prévio, deverá indenizá-lo ao empregado e esse período integrará o tempo de serviço para todos os efeitos legais. O mesmo poderá ocorrer quando o empregado for dispensado com aviso prévio trabalhado e, após alguns dias de trabalho, o empregador não quiser mais seu cumprimento; neste caso o empregador deverá indenizar ao empregado o restante do aviso com a projeção para todos os efeitos legais. 2.3 CABIMENTO 2.3.1 Nos contratos por prazo indeterminado A primeira condição para o cabimento do aviso prévio é que o contrato de trabalho seja por prazo indeterminado (artigo 487, CLT), ou que sendo a prazo determinado, as partes não tenham cometido justa causa e tenha convencionado a possibilidade de rompimento antecipado (artigo 481, CLT). Tendo em vista que o aviso prévio consiste na comunicação que uma das partes faz à outra de que pretende rescindir o contrato, é certo que se

19 trata de contrato por tempo indeterminado ou a ele equiparado, ante a incompatibilidade do instituto com o contrato a prazo. O artigo 487 da CLT dispõe que: Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de [...] (grifo nosso) Numa interpretação correta do dispositivo transcrito, conclui-se que o legislador afastou de pronto os contratos por prazo determinado ou a prazo certo do benefício do aviso prévio. A mens legis é muito simples, pois nos contratos a prazo as partes previamente já têm conhecimento da data em que a extinção irá acontecer. Logo, é dispensada qualquer comunicação antecipada. Por outro lado, nos contratos de prazo indeterminado, a necessidade de aviso prévio faz-se presente, com o fito de evitar o rompimento abrupto por parte do contratante que não mais deseja continuar com o vínculo empregatício. Ainda no que concerne à interpretação do artigo 487, da CLT, extraise que a concessão do aviso prévio importa ausência de justa causa ensejadora do contrato de trabalho. Assim, como visto, se o empregador possui um justo motivo para rescindir o pacto laboral, despedindo o obreiro que cometeu falta grave, fica dispensando de avisar previamente o faltoso da sua decisão. Registra-se que o legislador não contemplou nenhuma outra situação no contrato por tempo indeterminado que excluísse a presença do instituto do aviso prévio. As únicas exceções são as de força maior, aposentadoria voluntária, morte do empregado e culpa recíproca. Considerando-se que a força maior é um acontecimento inevitável e imprevisível que não depende da vontade do empregador e para a realização

20 do qual este não concorreu, direta ou indiretamente, não é devido o aviso prévio. Contudo, a imprevidência do empregador exclui a razão de força maior (CLT, artigo 501). No caso da culpa recíproca não é devido o aviso prévio porque há justo motivo para a rescisão contratual, dado por ambas as partes, restando prejudicado o aviso prévio, eis que o pacto laboral extingue-se de imediato. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende que na culpa recíproca o empregado faz jus a 50% do valor do aviso prévio (Súmula 14). 1 Logo, não há que se falar em pré-aviso por uma das partes, já que há justo motivo recíproco, ou seja, concomitância de faltas. Por fim, ressalta-se que outra exigência legal é de que a rescisão do pacto laboral tenha sido feita de forma unilateral. Se ocorreu mediante a livre manifestação das partes contratantes não há que se falar em concessão de aviso prévio. 2.3.2 Nos contratos por prazo determinado Entende-se por tempo determinado todo contrato de trabalho em que as partes prefixam ou tem em mira uma determinada ou aproximada data de sua extinção. Justamente por ser um contrato utilizado em poucas ocasiões, sujeitas à previsão legal, é que esse tipo de contrato foi regulamentado de forma específica no artigo 443, 2º, da CLT, com o intuito de evitar-se o mercado de mão de obra fácil, barata e rotativa, sobretudo quando a preocupação da sociedade é a manutenção do emprego. 1 Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (artigo 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais.

21 Inexiste o direito ao aviso prévio no contrato por prazo determinado, uma vez que os contratantes já sabem quando será o término do contrato de trabalho. Nesse sentido, ensina Sergio Pinto Martins (2006, p. 383) que: O art. 481 da CLT esclareceu que se houver uma cláusula nos contratos por prazo determinado, assegurando o direito recíproco de rescisão antecipada do pacto, aplicam-se, caso seja exercido tal direito, as regras que tratam da rescisão por prazo indeterminado, sendo devido, então o aviso prévio. O requisito seria a existência da referida cláusula no contrato de trabalho, que geraria o direito ao aviso prévio. Tal fato valeria para qualquer contrato de prazo determinado, inclusive o de experiência. (grifo nosso) Em consonância com o acima exposto, há o posicionamento cristalizado do Tribunal Superior do Trabalho na Súmula 163, pela qual é cabível o aviso prévio nas rescisões antecipadas dos contratos de experiência, na forma do artigo 481 da CLT. 2.3.3 Na despedida indireta Por muito tempo a jurisprudência não admitiu o aviso prévio na despedida indireta (Súmula 31, TST). O Tribunal Superior do Trabalho tinha tal entendimento, pois a lei nada dizia sobre o mencionado benefício nessa forma de despedida. Ademias, não seria devido o aviso prévio, eis que na rescisão indireta haveria justa causa cometida pelo empregador. Entretanto, nota-se que tal posicionamento causava prejuízo ao empregado, eis que não era ele quem dava causa à rescisão do contrato de trabalho mas o empregador, não percebendo nenhuma indenização pela abrupta extinção do pacto laboral. Posteriormente, a Lei 7.108, de 5 de junho de 1983, corrigiu tal situação, acrescentando o parágrafo 4º ao artigo 487, da CLT, estabelecendo que é devido o aviso prévio nas rescisões indiretas. A referida súmula foi cancelada.

22 Assim, estando o empregado em cumprimento do aviso prévio e, neste período, venha o empregador a cometer contra o mesmo uma falta grave, poderá o empregado requerer judicialmente rescisão indireta, que, uma vez aceita, dar-lhe-á direito a receber, por verbas rescisórias, as mesmas recebidas se dispensado fosse sem justa causa, inclusive indenização dos dias restantes de aviso prévio (artigo 490, CLT). Cumpre salientar que o empregado que cometer justa causa durante o aviso prévio perderá o direito ao restante do respectivo prazo (artigo 491, CLT) e o pagamento das indenizações legais. Entende-se que no caso do artigo 491 o obreiro perderá o direito à indenização, uma vez que a lei não faz nenhuma ressalva nesse sentido, diferentemente do artigo 490. A Súmula 73 do TST esclarece que a ocorrência de justa causa, salvo a de abandono de emprego, no decurso do prazo do aviso prévio dado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito às verbas rescisórias de natureza indenizatória. Entretanto, os dias de aviso prévio já laborados deverão ser pagos ao trabalhador. 2.3.4 Na suspensão e na interrupção do contrato a) Suspensão contratual auxílio doença O pacto laboral fica suspenso a partir do 16º dia de afastamento, momento em que o empregado passa a receber auxílio-doença da Previdência Social. Os quinze primeiro dias de afastamento são remunerados integralmente pelo empregador. O empregado é considerado em licença não remunerada. Dessa maneira, caso o empregado afaste-se por motivo de doença durante o aviso prévio, os quinze primeiros dias de afastamento correrão normalmente e apenas a partir do 16º dia, quando o empregado começar a receber o auxílio previdenciário, a contagem será suspensa.

23 b) Interrupção contratual acidente do trabalho O afastamento por acidente do trabalho interrompe o pacto laboral, considerando-se todo o período como tempo de serviço efetivo. Dessa forma, caso a soma dos dias trabalhados e dos dias de afastamento, inclusive após os 15 primeiros dias, for inferior ao aviso prévio, o empregado retornará ao trabalho para completar os 30 dias do aviso; caso seja igual ou superior ao aviso prévio, este será considerado como cumprido, dando-se baixa na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) no 30º dia do aviso. Embora o empregado que sofra acidente do trabalho tenha garantia pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho a partir da data de cessação do auxílio-acidente, isto é, do afastamento do trabalho, em virtude de acidente, superior a 15 dias, independentemente do recebimento do benefício acidentário, o entendimento que tem prevalecido é o de que o aviso prévio prevalece à estabilidade provisória oriunda de acidente de trabalho, não cabendo nenhuma garantia de emprego ao trabalhador ao fim do prazo do aviso e nem de suspensão do referido período (artigo 118, caput, da Lei 8.213/91). 2.3.5 Na estabilidade provisória O aviso prévio e a estabilidade têm finalidades diversas e antagônicas. Considerada a diversidade de natureza jurídica, é desaconselhável a concessão de aviso prévio a empregado que detenha período de estabilidade no emprego. Nesse sentido versa a Súmula 348 do TST, segundo a qual, é inválida a concessão do aviso prévio na fluência da garantia de emprego, ante a incompatibilidade dos dois institutos. O aviso prévio concedido ao empregado tem por escopo que este tenha tempo para procurar outro emprego. Quando é dada garantia de emprego, não tem o trabalhador qualquer interesse em buscar outro emprego,

24 tendo em vista que já está assegurado por aquele direito. Assim, durante a garantia laboral, o obreiro não pode receber o aviso prévio, eis que este objetiva justamente concretizar a rescisão do contrato de trabalho. Nesse sentido, ensina Sergio Pinto Martins (2006, p. 390): Não significa que os 30 dias do aviso prévio, a partir do término da garantia de emprego, virão prorrogá-la. Aí, sim, é que o trabalhador terá 30 dias para procurar novo emprego, não violando seu direito de usufruir da garantia de um emprego até seu término, eis que no último dia da garantia de emprego o contrato ainda se encontra em vigor e o empregador somente poderá dar o aviso prévio no dia seguinte. A estabilidade, portanto, está submetida a termo, em que suspende-se o seu exercício, mas não a aquisição do direito que já existe (art. 131 do CC). Inclusive é esse o posicionamento dos Tribunais Superiores: Estabilidade provisória acidente do trabalho concessão do benefício no período do aviso prévio indenizado garantia provisória do emprego (ou indenização substitutiva) art. 118, da Lei n. 8.213/91 Para deferimento da estabilidade provisória é necessário que seja demonstrado o nexo causal entre a patologia que causou o afastamento e a doença profissional, com a concessão do benefício do auxílio-doença acidentário, deferido pelo órgão previdenciário oficial, por período de afastamento superior a quinze dias. Sendo preenchidos estes requisitos, faz jus o obreiro à garantia provisória de emprego (ou indenização substitutiva) em decorrência do disposto no art. 118, da Lei n. 8.213/91. (TRT 3ª Região, 1ª Turma, RO 20.808/96, Rel. Manuel Cândido Rodrigues). Aviso prévio aquisição de estabilidade durante seu prazo. A superveniência durante o transcurso do prazo do aviso prévio de qualquer norma ou ato impeditivo de resolução contratual, ainda desconhecido à época da despedida, não impossibilita a rescisão do contrato de trabalho respectivo, eis que já sujeito a um termo. Revista conhecida e provida. (TRT 12ª Região, 2ª Turma, RR 115.513/94, Rel. Vantuil Abdala). Portanto, finda a garantia provisória de emprego, o empregado tem direito a mais 30 dias de aviso prévio que serão aqueles utilizados para a obtenção de novo trabalho. Na hipótese de o empregador fazer coincidir o aviso prévio com o término da garantia de emprego, deve pagar novamente o

aviso prévio ao obreiro, de forma a garantir sua integração para o computo do tempo de trabalho do empregado. 25 2.4 PRAZO MÍNIMO DE DURAÇÃO E TERMO INICIAL A Consolidação das Leis do Trabalho em seu artigo 487 traz dois prazos de aviso prévio em razão do tempo de pagamento de salário: (i) de oito dias, se o pagamento for realizado semanalmente ou por tempo inferior; (ii) de 30 dias ao que receberem quinzenal ou mensalmente, ou que tiverem mais de doze meses de serviço na empregadora. Todavia, a Carta Maior, ao tratar do aviso prévio, em seu artigo 7º, XXI, dispõe que aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de trinta dias, nos termos da lei, revogou parcialmente o disposto nos incisos I e II do mencionado artigo 487. Portanto, a regra geral é que a duração do aviso prévio será de 30 dias corridos, independentemente da modalidade convencionada como periodicidade para pagamento dos salários, como por exemplo, os empregados quinzenalistas, semanalistas, diaristas e horistas. Cumpre ao empregador observar as normas coletivas da categoria, verificando se estas estabelecem prazo superior a trinta dias para a duração do aviso prévio, o que, existindo, deverá ser respeitado. No que tange à contagem do prazo do aviso prévio, ou seja, a partir de quando o aviso prévio deva começar a ser considerado, a Consolidação das Leis do Trabalho não trata do tema, somente prevendo que deva haver uma antecedência mínima de 30 dias do desligamento do empregado. O período de aviso prévio inicia-se com a efetiva notificação da parte, isto é, no dia em que for concedido, tanto pelo empregador quanto pelo empregado. Há, entretanto, algumas considerações a serem observados pelo empregador, quais sejam:

26 a) O formulário de aviso prévio deverá ser claro no que diz respeito ao prazo do aviso prévio, contendo as datas de início e término, a modalidade escolhida (trabalho ou indenizado) e, se trabalhado, e em se tratando de dispensa sem justa causa pelo empregador, a opção efetuada pelo obreiro concernente à redução da jornada no respectivo período. b) O início do aviso prévio será exatamente o dia da notificação realizada à parte contrária, mas, em se tratando de dispensa imotivada pelo empregador, e optando, portanto, o obreiro pela redução de sua jornada diária em duas horas, deverá ser observado que, caso a notificação ocorra no final do expediente, dada a impossibilidade de usufruir o trabalhador da opção pretendida, o início do aviso prévio deverá ocorrer no dia posterior, e não no dia exato da notificação. c) Tratando-se de aviso prévio indenizado pelo empregador, também não poderá ser considerada como início a data da notificação, eis que para tanto deverá encontrar-se o empregado trabalhando. Ora, o último dia trabalhado não pode ser o dia inicial, portanto, será o dia imediatamente posterior, ainda que não útil. Nessa esteira, a fim de pacificar a matéria, o Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula 380, segundo a qual aplica-se a regra prevista no caput do artigo 132 do Código Civil de 2002 à contagem do prazo do aviso prévio, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento. 2.5 MODALIDADES 2.5.1 Aviso prévio indenizado sejam: O aviso prévio indenizado poderá ocorrer em duas hipóteses, quais

27 (i) quando o empregado optar por rescindir o pacto laboral demitindo-se e recusando-se a cumprir o aviso prévio trabalhando. Nesse caso, o empregador descontará do empregado o valor correspondente às verbas rescisórias; Nesse diapasão, traz-se à baila julgado do Tribunal Regional Federal da 3ª Região: Aviso prévio Desconto É facultado ao empregador o desconto do valor do aviso prévio não cumprido pelo empregado demissionário, nas verbas a ele devidas, relativamente ao acerto rescisório. (TRT 3ª Região, RO 12.862/94, Rel. Maria Laura Franco Lima de Faria). (ii) quando o empregador dispensar o empregado, sem justa causa, comunicando-lhe que não se faz necessário seu trabalho durante o período do aviso prévio e indenizando-lhe o valor correspondente. Nesse caso, o período deverá ser computado como tempo de serviço, gerando direito ao recebimento, por conseguinte, e na maioria das vezes, de mais 1/12 de 13º salário e 1/12 de férias proporcionais. a) Remuneração devida O artigo 487, 1º e 2º, da CLT determina que a falta de aviso prévio por parte do empregador nas rescisões sem justa causa, dá ao empregado o direito de receber os salários correspondentes ao período do aviso e, se em casos de pedido de demissão o trabalhador recusar-se a cumprir o aviso, o empregador, por sua vez, terá o direito de descontar deste os salários do mesmo período. Todavia, apesar da lei determinar o montante desta indenização como sendo o salário do período (trinta dias), é pacífico o entendimento de que também os proventos variáveis (horas extras, gratificações habituais, adicionais, insalubridade, etc. art. 487, 5º, CLT) deverão ser somados ao salário contratual para fins de obtenção de base de cálculo do aviso

28 indenizado. Cumpre salientar que a gratificação semestral não repercute, porém, no cálculo do aviso prévio, ainda que indenizado (Súmula 253, TST). 2 A indenização relativa ao período de aviso prévio, portanto, deverá ser calculada pelo valor vigente da tarefa, aplicado à medida de produção dos últimos doze meses de trabalho, ou da data de admissão até a rescisão contratual, quando inferior a doze meses. Toma-se, portanto, o número de tarefas dos últimos doze meses; divide-se por doze, encontrando-se a média mensal que deverá ser multiplicada pelo valor atual da tarefa. Tratando-se de empregados comissionistas, o cálculo da indenização relativa ao período de aviso prévio também será realizado através da média de comissões dos últimos doze meses de efetivo trabalho (ou números de meses trabalhados se o tempo de serviço for inferior a doze meses), ressalvado o caso de existir previsão diversa em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Ressalta-se que na hipótese de o empregado ser demitido no decorrer de determinado mês (16 de junho, por exemplo), as comissões devidas neste mesmo mês não deverão compor o cálculo da média. b) Prazo para pagamento das verbas rescisórias e data de baixa em CTPS No aviso prévio indenizado, o prazo para pagamento das verbas rescisórias é de dez dias corridos, contados da data da notificação da dispensa (motivada pelo empregador) ou da demissão (motivada pelo empregado), conforme o artigo 477, 6º, da CLT. No que diz respeito à data da baixa a ser consignada na CTPS do empregado, segundo a Orientação Jurisprudencial 82 da Seção de Dissídios Individuais do TST, a data da saída (baixa) a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado. 2 A gratificação semestral não repercute no cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda que indenizados. Repercute, contudo, pelo seu duodécimo na indenização por antiguidade e na gratificação natalina.

29 2.5.2 Aviso prévio trabalhado Caracteriza-se o aviso prévio trabalhado quando há a prestação de serviço pelo empregado durante este período, tanto na hipótese de ter sido o aviso concedido pelo empregador, quanto na de tê-lo sido solicitado pelo empregado. a) Redução de jornada empregados urbanos Durante o prazo do aviso prévio, e apenas quando a rescisão do pacto laboral tenha sido efetuada pelo empregador (dispensa sem justa causa), a duração normal da jornada de trabalho do empregado será reduzida em duas horas diárias, sem prejuízo do salário integral (artigo 488, caput, CLT). Esta redução diária de duas horas será devida qualquer que seja o número de horas trabalhadas pelo obreiro, ou seja, ainda que se trate de jornada reduzida, sem qualquer cálculo de proporcionalidade. Esta redução poderá ocorrer no início, no meio ou no fim da respectiva jornada de trabalho, estando a critério das partes. Apesar de não existir dispositivo legal obrigando a empresa a ter documentada tal opção, é aconselhável que assim seja feito para que se afaste definitivamente qualquer dúvida sobre a redução concedida. O empregador não tem permissão para substituir o período de redução do aviso prévio pelo pagamento de horas extras, compensações, ou até mesmo pelo pagamento do respectivo período em dinheiro (Súmula 230, TST). Caso o empregador insista no procedimento ilícito, estará descaracterizando o aviso prévio, sendo este considerado nulo (artigo 9º, CLT). (DALLEGRAVE NETO, 2001, p. 130). O obreiro poderá optar por trabalhar sem a redução das duas horas em sua jornada, caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, por sete dias corridos. Nessa hipótese, o empregado prestará serviços ao seu empregador somente por 23 dias, percebendo, contudo, salários

30 correspondentes aos trinta dias de aviso (artigo 488, parágrafo único, CLT). Tendo optado por esta condição, é permitida ao empregado a realização de horas extras durante o período dos 23 dias trabalhados. b) Redução da jornada empregado rural Tratando-se de rescisão de contrato de trabalho promovida pelo empregador, durante este período do aviso prévio trabalhado o empregado rural terá direito a ausentar-se um dia por semana, sem prejuízo do salário integral, para procurar outro emprego (artigo 15, da Lei 5.889/73). Sendo a rescisão motivada pelo empregado (demissão), não há que se pretender qualquer ausência remunerada, devendo o período de aviso prévio ser trabalhado integralmente. c) Redução da jornada empregado doméstico Os trabalhadores domésticos não têm direito à redução da carga horária, embora lhe seja assegurado o aviso prévio, em face da inexistência de período mínimo ou máximo de jornada de trabalho para esse tipo de trabalhador. d) Remuneração devida A remuneração do período deverá obedecer normalmente à forma contratual, percebendo o obreiro os dias trabalhados como saldo salário, sendo inclusive devido o pagamento de adicionais ou outras vantagens contratuais. Tratando-se de empregados comissionistas, o aviso prévio trabalhado corresponderá ao valor das comissões auferidas no período mais os repousos semanais, somando-se a parte fixa dos salários, se existente. Devido à redução da jornada, deverá ser calculado à parte o valor das comissões (e reflexo no repouso semanal remunerado) destas horas (ou dias) não trabalhadas, visto não poder haver qualquer prejuízo salarial ao empregado.

31 Na hipótese de empregado contratado para receber salários por tarefa, este deverá receber por aviso prévio a remuneração concernente às tarefas realizadas no período, acrescida do valor correspondente ao reflexo destas nos repousos semanais. Também neste caso, devido à redução de duas horas na jornada, e não sendo permitida a ocorrência de prejuízo salarial, o valor correspondente à remuneração destas duas horas deverá ser calculado com base na produção dos últimos doze meses de trabalho (ou desde a data de admissão), considerando-se o valor atual da tarefa. No caso de o empregado deixar de comparecer ao serviço durante o aviso prévio, tais dias serão considerados faltas injustificadas, podendo o desconto correspondente ser realizado quando do pagamento da rescisão contratual. e) Prazo para pagamento das verbas rescisórias e data de baixa em CTPS O prazo para o pagamento das verbas rescisórias, tratando-se de aviso trabalhado, será o primeiro dia útil imediatamente posterior à data do término do aviso. A data a ser consignada como baixa na CTPS do empregado deverá ser a do último dia trabalhado. Se o empregado optar por ausentar-se durante sete dias corridos, será o aviso prévio contado integralmente, isto é, em seus trinta dias completos. Assim, o pacto laboral considera-se estendido até o término do respectivo período do aviso, considerando-se os sete dias como de efetivo trabalho. Logo, o prazo para pagamento das verbas rescisórias deverá ser também o primeiro dia útil imediatamente posterior ao 30º dia. A data de baixa em CTPS deverá ser a do 30º dia do aviso prévio.

32 2.5.3 Aviso prévio: parte trabalhado e parte indenizado Esta modalidade de aviso prévio pode ocorrer tanto quando se tratar de dispensa sem justa causa (promovida pelo empregador) quanto na demissão (promovida pelo empregado), ocorrendo todas as vezes que o empregado cumprir apenas uma parte do aviso trabalhado, sendo a restante indenizada. Nota-se que nessa modalidade, o cálculo da remuneração deverá ser realizado proporcionalmente ao tempo trabalhado e ao tempo indenizado. O prazo para pagamento das verbas rescisórias, tendo em vista a inexistência de lei específica a respeito, deverá ser o primeiro dia útil imediatamente posterior ao último dia trabalhado pelo empregado. A data a ser consignada como baixa na CTPS do empregado será a do último dia efetivamente por este trabalhado. 2.5.4 Aviso prévio cumprido em casa Esta modalidade diz respeito à situação em que o obreiro não comparece ao emprego, aguardando em casa o decorrer do período de aviso prévio, para então, completos os trinta dias correspondentes, apresentar-se à empresa para efetuar sua rescisão contratual. O parágrafo 1º do artigo 487 da CLT estabelece que o pagamento dos salários correspondentes ao prazo do aviso prévio é devido, ainda que o empregador não tenha concedido o aviso prévio. Isso demonstra que a obrigação de pagar o período do aviso prévio é um dos fatores fundamentais. Ademais, nesta modalidade de aviso prévio o trabalhador não terá somente duas horas para buscar um novo serviço, mas período integral, logo a situação é mais benéfica ao empregado. Nada impede que durante o aviso

33 prévio, o empregador o reconsidere e o contrato laboral continue normalmente, de acordo com o artigo 489, da CLT. Inclusive, os Tribunais Superiores têm se posicionado favorável a esta modalidade: Aviso prévio cumprido em casa Não é ilegal o aviso prévio cumprido em casa, eis que benéfico ao trabalhador, não havendo falar em pagamento dos títulos rescisórios em atraso se a quitação ocorreu no primeiro dia útil após o vencimento do prazo. (TRT 2ª Região, 7ª Turma, RO 02970467113/98, Rel. Gualdo Formica). Acrescenta Sergio Pinto Martins (2006, p. 391): Mesmo nos casos em que o empregado ganhe por produção, por peça ou tarefa, ou por comissão, o aviso prévio cumprido em casa não importará prejuízo ao empregado, desde que assegura ao obreiro a maior remuneração que este já percebeu no período ou o salário do mês anterior; do contrário haveria prejuízo ao trabalhador, pois, para obter sua remuneração, teria de trabalhar. Tal ato poderia configurar uma dispensa indireta, se demonstrado prejuízo ao operário. O aviso prévio cumprido em casa não se contrapõe ao disposto no artigo 444 da CLT, eis que não traz nenhum prejuízo ao trabalhador, pelo contrário, permite ao empregado disponível para buscar novo emprego. O pagamento das verbas rescisórias, nessa forma de aviso prévio, deve ser realizado no prazo de 10 dias contados da data em que houve a concessão do aviso prévio e não do 1º dia útil imediatamente posterior ao término dos trinta dias do aviso, conforme OJ 14 da SDI do TST. 3 3 Aviso prévio cumprido em casa. Verbas rescisórias. Prazo para pagamento. Até o 10º dia da notificação da demissão.

34 2.6 EFEITOS 2.6.1 Integração ao tempo de serviço Conforme estabelece o artigo 487 da CLT, o período do aviso prévio, ainda que indenizado pelo empregador, integra o tempo de serviço para todos os efeitos legais, inclusive para o cálculo de mais 1/12 de 13º salário e férias em razão da sua projeção. Não haverá a integração ao tempo de serviço apenas quando o aviso prévio for indenizado pelo empregado (rescisão promovida pelo empregado demissão e falta de cumprimento do aviso). Dessa forma, o empregado demissionário que não cumpre o aviso prévio não terá direito ao cômputo do referido período para qualquer efeito legal, como também não fará jus a qualquer complementação salarial ou rescisória, salvo disposição em contrário, expressamente prevista em cláusula de acordo ou convenção coletiva. 2.6.2 Reajuste salarial no curso do aviso prévio O reajuste salarial coletivo (artigo 487, 6º, CLT) ou determinado por norma legal, em decorrência da integração do aviso prévio no pacto laboral, beneficiará o empregado pré-avisado, ainda em se tratando de aviso prévio indenizado, e também em face do princípio da isonomia (artigo 5º, I, CF). Assim sendo, na hipótese de ser o aviso prévio indenizado, tendo o empregado já recebido as verbas rescisórias, estas deverão ser recalculadas com base no salário corrigido, sendo pagas pelo empregador através da rescisão complementar.

35 Quanto à verba correspondente ao saldo de salário, a correção salarial incidirá apenas em relação aos dias que recaírem no mês da concessão do referido reajuste. Outro fator do aviso prévio integrar o tempo de serviço refere-se ao cômputo do respectivo prazo para efeito da indenização adicional de que trata o artigo 9º da Lei 7.238/84. Mesmo em se tratando de aviso prévio indenizado, haverá o cômputo do respectivo prazo para efeito de averiguar-se se o trabalhador foi dispensado nos 30 dias que antecederam a data-base da categoria, dando-lhe direito à indenização adicional de um salário mensal (Súmula 182, TST). 4 2.6.3 Aviso prévio e férias impossibilidade de concessão cumulativa Não é possível a concessão cumulativa de aviso prévio e férias em face da distinção de finalidade existentes entre os dois institutos. O período de aviso prévio tem por finalidade permitir ao empregado a procura de uma nova colocação no mercado de trabalho, enquanto que o período de férias tem por objetivo permitir ao empregado a recuperação e o descanso de sua capacidade física e mental para o trabalho. 2.6.4 Prazo prescricional Uma vez determinado pelo artigo 487 da CLT que o período do aviso prévio, ainda que indenizado pelo empregador, integra o tempo de serviço do obreiro para todo e qualquer fim, também será considerado para efeito de contagem do prazo prescricional. Ocorrendo, então, dispensa sem justa causa com aviso prévio indenizado, inicia-se a contagem do prazo prescricional dos 4 O tempo do aviso prévio, mesmo indenizado, conta-se para efeito da indenização adicional prevista no artigo 9º da Lei nº 6.708, de 30.10.1979.

créditos trabalhistas a partir do último dia da projeção do respectivo aviso (OJ 83 da SBDI-1 do TST 5 ). 36 2.6.5 Reconsideração De fato os efeitos do contrato de trabalho encerram-se somente após o término do aviso prévio, por ser este contado como tempo de serviço. Assim, é lícita a reconsideração do ato pela parte que o notificou, sendo facultado à parte contrária aceitá-la ou não (art. 489, CLT 6 e Súmula 212, TST). 7 A reconsideração, portanto, poderá ocorrer por duas formas: a) manifestação expressa (por escrito) da parte notificante antes do término do prazo do aviso, isto é, a parte que concedeu o aviso prévio resolve reconsiderar, desejando continuar o vínculo empregatício, fazendo-o através de documento escrito, que será apresentado à parte contrária para sua aceitação ou não. Aceita a reconsideração, o aviso prévio deverá ser anulado. b) manifestação tácita quando há continuidade do trabalho além do prazo do aviso prévio, estando, desta maneira, o aviso descaracterizado. Nota-se que em qualquer destas situações (reconsideração expressa ou tácita), o pacto laboral continuará a vigorar como se o aviso prévio não tivesse sido concedido. 5 A prescrição começa a fluir no final da data do término do aviso prévio. 6 Art. 489 - Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes de seu termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração. 7 O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.