A NOVA REDUÇÃO DAS COMPENSAÇÕES ASSOCIADAS À CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO LEI N.º 69/2013, DE 30 DE AGOSTO



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Transcrição:

19 de setembro 2013 A NOVA REDUÇÃO DAS COMPENSAÇÕES ASSOCIADAS À CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO LEI N.º 69/2013, DE 30 DE AGOSTO 1. REGRAS GERAIS A Lei n.º 69/2013, de 30 de agosto, estabeleceu uma nova redução do valor das compensações devidas em quase todos os casos de cessação do contrato de trabalho (não são abrangidas as indemnizações devidas nos despedimentos ilícitos). A redução, que tem efeitos a partir de 1 outubro de 2013, consiste na adoção de um novo parâmetro para o cálculo da compensação, agora fixado em 12 dias de retribuição-base e diuturnidades por ano de antiguidade. As novas regras aplicam-se quer aos novos contratos quer aos anteriores, estabelecendo-se para estes um complexo regime de direito transitório. Tal como na legislação anterior, o novo regime abrange os trabalhadores efetivos e os contratados a termo. Mas há agora regras próprias para o cálculo da compensação devida nos contratos a termo, que levam a que se analisem separadamente estes contratos.

2. TRABALHADORES EFETIVOS (CONTRATOS POR TEMPO INDETERMINADO) 2.1 Compensação nos novos contratos (celebrados a partir de 01.10.2013) Para os contratos sem termo celebrados de 01.10.2013 em diante, a compensação é de 12 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, calculando-se o montante proporcionalmente nas frações de ano. Assim, por exemplo, para um trabalhador que aufira uma retribuição-base mensal e diuturnidades de 1 500, cujo contrato dure seis anos (entre 01.10.2013 e 30.09.2019), a compensação resultante da Lei n.º 69/2013 será de 3 600, correspondendo ao produto da seguinte operação: (1500 / 30) x 12 dias x 6 anos. 2.2 Compensação nos contratos celebrados na vigência da Lei n.º 53/2011, de 14 de Outubro (entre 01.11.2011 e 30.09.2013) Porque estes contratos foram celebrados quando estava em vigor a lei que consagrava o parâmetro compensatório de 20 dias por ano e terminam na vigência da atual lei, que reduz o referencial para 12 dias por ano, estabeleceram-se regras transitórias. Estas visam não só salvaguardar o valor que resultava da lei anterior, mas também assegurar uma redução gradual. Para isso instituiu-se uma compensação que integra três parcelas: - A primeira (P1) abrange o período entre 01.11.2011 e 30.09.2013, sendo a compensação de 20 dias por ano ou fração; - A segunda (P2) cobre o tempo decorrido entre 01.10.2013 e a data em que o contrato completar três anos, sendo a compensação de 18 dias por ano; - A terceira parcela (P3) corresponde ao tempo de duração do contrato subsequente aos três primeiros anos e corresponde a 12 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade.

Concretizando, para um contrato celebrado no dia 01.10.2012 e que termine em 30.09.2018 (atingindo, portanto, 6 anos de duração total), sendo a retribuição-base mensal no momento da cessação do contrato de 1 500, a compensação total será de 4 600, resultante da soma das seguintes parcelas: - P1: no período entre 01.10.2012 e 30.09.2013 aplica-se o parâmetro dos 20 dias por ano, perfazendo o valor de 1 000 *(1 500 / 30) x 20 dias x 1 ano+; - P2: no período entre 01.10.2013 e 30.09.2015 (ou seja, durante o tempo necessário para se completarem os três primeiros anos de contrato), a compensação é de 18 dias por ano, correspondente a 1 800 *(1 500 / 30) x 18 dias x 2 anos+; - P3: para o tempo subsequente aos três anos iniciais portanto, para o período entre 01.10.2015 e 30.09.2018, a parcela seria de 1 800 [(1 500 / 30) x 12 dias x 3 anos]. 2.3 Compensação nos contratos celebrados na vigência da versão original do Código do Trabalho de 2009 Quando o contrato de trabalho foi celebrado antes de 01.11.2011 ainda na vigência da versão original do Código do Trabalho de 2009 a relação de trabalho é abrangida por três regimes diferentes. O regime transitório, nestes casos, é paralelo ao anterior, assentando na salvaguarda das expetativas formadas na vigência das regras que estabeleciam compensações mais elevadas do que a atual, conjugada com uma solução que atenua os efeitos da transição para o parâmetro dos 12 dias. Para tal, quando necessário, assegura-se um período mínimo de três anos em que se aplicará o parâmetro intermédio dos 18 dias. Esta segunda solução obriga a que, dentro do universo dos contratos abrangidos pelo regime inicial do Código do Trabalho, se distinga o regime geral e o regime especial dos contratos celebrados após 01.10.2010. a) Regime geral: contratos celebrados até 01.10.2010 A compensação integra três parcelas, de acordo com os períodos em que a relação contratual esteve abrangida por cada um dos diferentes regimes: - A primeira (P1) cobre o período de duração do contrato decorrido até 31.10.2012, sendo a compensação de um mês de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade;

- A segunda (P2) abrange o tempo decorrido entre 01.11.2012 e 30.09.2013, sendo a compensação de 20 dias por ano ou fração; - A terceira parcela (P3) corresponde ao tempo de duração do contrato posterior a 01.10.2013 e corresponde a 12 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade. Concretizando com base num exemplo semelhante ao anterior, ou seja, para a hipótese de um contrato com duração total de seis anos (entre 01.11.2009 e 31.10.2015), sendo a retribuição-base quando o contrato termina de 1 500, o valor global da compensação será de 6 661, resultante da soma das seguintes parcelas: - P1: no período entre 01.11.2009 e 31.10.2012 aplica-se o parâmetro da retribuição mensal, perfazendo o valor de 4 500: (1 500 x 3 anos+; - P2: para o período entre 01.11.2012 e 30.09.2013 a compensação é de 20 dias por ano, sendo o valor desta parcela de 913: (1 500 / 30) x 20 dias x 0,913 anos - fração correspondente aos 11 meses incluídos neste período; - P3: para o tempo subsequente a 01.10.2013, até à data da cessação do contrato em 31.10.2015, a compensação será de 12 dias por cada ano, o que corresponde a 1 248: (1 500 / 30) x 12 dias x 2,08 anos fração correspondente a 2 anos e 1 mês. b) O caso especial dos contratos celebrados após 01.10.2010 e até 01.11.2011 Os contratos celebrados após 01.10.2010 (quando ainda vigorava o parâmetro dos 30 dias) e até 01.11.2011 (quando passou a vigorar o parâmetro dos 20 dias) têm a particularidade de só atingirem os três primeiros anos de duração quando já está em vigor a atual lei. Por isso, criou-se uma solução intermédia, adotando-se o parâmetro dos 18 dias antes de se aplicar a redução para os atuais 12 dias. Assim, nestes casos, a compensação inclui quatro parcelas: - A primeira (P1) cobre o período entre 01.10.2010 e 31.10.2012, aplicando-se o parâmetro da retribuição-base mensal e diuturnidades por ano; - A segunda (P2) abrange o período entre 01.11.2012 e 30.09.2013, sendo a compensação de 20 dias por ano ou fração;

- A terceira (P3) cobre o tempo decorrido entre 01.10.2013 e a data em que o contrato completar três anos, sendo o parâmetro compensatório de 18 dias por ano; - A quarta parcela (P4) corresponde ao tempo de duração do contrato subsequente aos três primeiros anos e corresponde a 12 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade. Voltando a usar como base para ilustrar a aplicação deste complexo regime transitório a situação de um contrato que dure seis anos, celebrado em 01.01.2011 e que termine em 31.12.2016, auferindo o trabalhador uma retribuição-base mensal de 1 500 quando o contrato cessa, o valor global da compensação será de 5 687,50, resultante da soma das seguintes parcelas: - P1: no período entre 01.01.2011 e 31.10.2012 aplica-se o parâmetro da retribuição mensal, perfazendo o valor de 2 749,50: 1 500 x 1,833 anos (fração correspondente ao ano e dez meses incluídos neste período); - P2: para o período entre 01.11.2012 e 30.09.2013 a compensação é de 20 dias por ano, sendo o valor desta parcela de 913: (1 500 / 30) x 20 dias x 0,913 (fração correspondente aos 11 meses de contrato neste período); - P3: no período entre 01.10.2013 e 31.12.2013, ou seja, durante o tempo que faltava para se completarem os três primeiros anos de contrato, a compensação é de 18 dias por ano, correspondendo a 225: (1 500 / 30) x 18 dias x 0,25 (fração relativa aos três meses que o contrato durou neste período); - P4: para o tempo subsequente, entre 01.01.2014 e 31.12.2016, a compensação seria de 12 dias por cada ano, ascendendo a 1 800: (1 500 / 30) x 12 dias x 3 anos. 2.4 Limites da compensação Desde 2011 que a lei estabelece os seguintes limites máximos para o valor da compensação: - O valor de referência da retribuição-base e diuturnidades a considerar não pode ser superior a 20 vezes o salário mínimo, ou seja, atualmente, a 9 700;

- O montante total da compensação não pode ultrapassar o correspondente a 12 retribuições base e diuturnidades do trabalhador em causa; - Quando o trabalhador auferir mais de 9 700 mensais a título de retribuição-base e diuturnidades, o montante máximo da compensação é o correspondente a 240 salários mínimos, o que aos valores atuais equivale a 116 400. Na legislação anterior a 2011 existia também um limite mínimo correspondente a três meses de retribuição-base e diuturnidades. Embora revogado, este limite continua a valer para os contratos antigos, tendo aplicação em algumas hipóteses marginais. Nos novos contratos, celebrados a partir de 01.10.2013, a aplicação dos limites máximos é relevante para os trabalhadores com remunerações muito elevadas, ou seja, cuja retribuição-base e diuturnidades ultrapasse os 9 700. Nos demais casos, como a base de cálculo é apenas de 12 dias por ano, o limite máximo das 12 retribuições mensais só é atingido quando o contrato dure 30 anos, o que não será muito frequente. Para os contratos antigos (celebrados antes de 01.11.2011), a aplicação do limite máximo não afasta a atribuição de uma compensação de valor superior, se tal corresponder à primeira parcela decorrente da legislação anterior. A consequência é a exclusão, total ou parcial, das parcelas relativas aos períodos de tempo abrangidos pelas novas leis quando o valor decorrente da lei anterior já ultrapassar aqueles limites. Por isso, a limitação atinge sobretudo os trabalhadores que em 31.10.2012 já completaram 12 anos de antiguidade ou cuja duração do contrato esteja próxima desse limite. E poderá também ter implicações significativas no caso de trabalhadores que aufiram retribuições muito elevadas, acima dos 9 700 mensais, o que será extremamente raro. A aplicação aos contratos antigos do limite mínimo equivalente a três meses de retribuição-base e diuturnidades abrangerá apenas os trabalhadores admitidos antes de 01.11.2011.

2.5 Quadro síntese Resumindo as diferentes situações-tipo que se acabam de explicar, verifica-se que a compensação varia em função da data da celebração do contrato de trabalho, integrando entre uma e quatro parcelas diferentes, consoante a data da admissão do trabalhador, nos moldes sintetizados no quadro seguinte: Data da admissão Compensação / Parcelas De 01.10.2013 em diante Parcela única: 12 dias/ano Entre 01.11.2011 e 30.09.2013 P1 20 dias/ano De 01.11.11 a 30.09.13 P2 18 dias/ano Entre 01.10.13 e o final dos 3 anos iniciais P3 12 dias/ano Após completar os 3 anos iniciais Até 01.10.2010 P1 1 mês/ano Da admissão até 31.10.12 P2 20 dias/ano De 01.11.12 a 30.09.13 P3 12 dias/ano Após 01.10.13 Após 01.10.2010 e até 01.11.2011 P1 1 mês/ano Da admissão até 31.10.12 P2 20 dias/ano De 01.11.12 a 30.09.13 P3 18 dias/ano De 01.10.13 até completar os 3 anos iniciais P4 12 dias/ano Após completar os 3 anos iniciais 3. TRABALHADORES CONTRATADOS POR TEMPO LIMITADO (CONTRATOS DE TRABALHO A TERMO E CONTRATOS DE TRABALHO TEMPORÁRIO) A compensação pela cessação dos contratados por tempo limitado foi também alterado pela Lei n.º 69/2013. A explicação do novo regime exige que se diferenciem os novos contratos dos anteriores, para os quais se prevê um regime transitório.

3.1 Novos contratos a termo e de trabalho temporário (celebrados a partir de 01.10.2013) A compensação associada à caducidade por verificação do termo e promovida por declaração do empregador varia consoante o contrato tenha um termo certo ou incerto, nos seguintes moldes: - Nos contratos a termo certo, a compensação corresponde a 18 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano de duração; - Para os contratos a termo incerto a compensação integra duas parcelas: a primeira (P1), relativa aos três primeiros anos de duração do contrato, de 18 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano de duração; e a segunda (P2), de 12 dias de retribuição-base e diuturnidades por cada ano de duração subsequente aos três iniciais. Concretizando, se o trabalhador auferir por mês 1 500 de retribuição-base e diuturnidades, a compensação será: - Para um contrato a termo certo celebrado em 01.10.2013, pelo prazo de seis meses, renovado duas vezes por igual período, e que assim termine em 31.03.2015, perfazendo 18 meses de duração: a compensação de caducidade seria de 1 350, correspondendo ao resultado da seguinte operação: (1500 / 30) x 18 dias x 1,5 anos; - Tratando-se de um contrato a termo incerto que dure quatro anos, entre 01.10.2013 e 30.09.2017, a compensação total será de 3 300, correspondente à soma das seguintes parcelas: P1 Nos primeiros três anos, aplicava-se o refencial dos 18 dias por ano, o que daria 2 700 *(1500/ 30) x 18 dias x 3 anos]; P2 No ano subsequente, decorrido entre 01.10.2016 e 30.09.2017, o referencial baixava para 12 dias por ano, sendo o valor da parcela de 600 *1 500/ 30) x 12 dias x 1 ano+. 3.2 Contratos antigos Para a contratação por tempo limitado ocorrida antes da Lei n.º 69/2013 também se preveem regras transitórias, semelhantes às instituídas para os trabalhadores efetivos, com vista a salvaguardar o valor das compensações estabelecidas na legislação anterior. A explicação desse complexo regime requer que se distingam diversas situações, consoante o momento em que o contrato foi celebrado. a) Contratos a termo celebrados entre 01.11.2011 e 30.09.2013

Estes contratos foram celebrados quando já vigorava a lei de 2011, que reduziu o parâmetro da compensação para 20 dias, pelo que apenas é necessário salvaguardar a aplicação desse parâmetro pelo tempo que o contrato durou na vigência daquela lei, aplicando-se, daí em diante, o parâmetro dos 18 dias previstos para os três anos iniciais de duração e depois os atuais 12 dias, estabelecidos na Lei n.º 69/2013. Assim, as parcelas que compõem a compensação nestes casos são: - P1: cobrindo o período entre 01.11.2011 e 30.09.2013, com aplicação do parâmetro dos 20 dias e a nova fórmula de cálculo do valor diário assente na divisão por 30 do montante mensal; - P2: abrangendo o tempo que, após 01.10.2013, faltar para se perfazerem os três anos iniciais de duração do contrato, com aplicação do parâmetro dos 18 dias; - P3: cobrindo o período subsequente aos três primeiros anos do contrato, aplicando-se o parâmetro compensatório dos 12 dias. Concretizando, num contrato a termo incerto celebrado a 01.01.2012 e que termine a 31.12.2016, auferindo o trabalhador 1 500 de retribuição-base mensal e diuturnidades, a compensação por caducidade ascenderá a 4 073, resultante da soma das seguintes parcelas: - P1: para o período decorrido entre 01.01.2012 e 30.09.2013, a compensação será de 20 dias de retribuição, correspondendo a 1 748: (1 500/30) x 20 dias x 1,748 (fração correspondente ao ano e 9 meses incluídos neste período); - P2: no período que faltava para se completarem os três primeiros anos do contrato portanto, entre 01.10.2013 e 31.12.2014 aplicava-se o parâmetro dos 18 dias, sendo a compensação de 1 125: (1 500/30) x 18 dias x 1,25 (fração correspondente ao ano e 3 meses incluídos neste período); - P3: no tempo remanescente, entre 01.01.2015 e 31.12.2016, o parâmetro de cálculo da compensação será o dos 12 dias, correspondendo esta parcela a 1 200: (1 500/30) x 12 dias x 2 anos. b) Contratos a termo celebrados após 01.10.2010 e até 31.10.2011 Nestes casos, quando o contrato foi celebrado ainda vigorava a lei que concedida uma compensação equivalente a dois dias de retribuição-base e diuturnidades por cada mês de contrato, sendo o valor da retribuição diária apurado pela aplicação da fórmula do artigo 271.º do Código do Trabalho. Em seguida, o contrato foi abrangido pela lei que passou o parâmetro compensatório para os 20 dias anuais. E,

finalmente, a partir de 01.10.2013, o contrato fica sujeito à atual lei que fixa esse parâmetro nos 12 dias. Porém, nestas hipóteses, sucede que ainda não se completaram os três primeiros anos de duração do contrato no dia 01.10.2013, pelo que a Lei n.º 69/2013 prevê uma compensação de 18 dias para o período compreendido entre esta data e os três anos de duração de contrato. Assim, a compensação integra quatro parcelas, de modo a assegurar que nos três primeiros anos a compensação não seja inferior à que seria devida se se aplicasse apenas a nova lei, ou seja, o parâmetro dos 18 dias fixados: - P1: para o período após 01.10.2010 e até 31.10.2012, equivalendo a dois dias de retribuiçãobase e diuturnidades por cada mês de contrato, com aplicação da fórmula de cálculo do valor da retribuição estabelecida no artigo 271.º do CT; - P2: para o período temporal entre 01.11.2012 e 30.09.2013, aplicando-se o parâmetro dos 20 dias e a nova fórmula de cálculo do valor diário assente na divisão por 30 do montante mensal; - P3: abrangendo o tempo que faltar para se perfazerem os três anos iniciais de duração do contrato, com aplicação do parâmetro dos 18 dias; - P4: cobre o período subsequente aos três primeiros anos do contrato, aplicando-se o parâmetro compensatório dos 12 dias. Aplicando ao caso de um contrato a termo incerto celebrado a 01.01.2011 e que termine a 31.12.2015, sendo de 1 500 a retribuição-base mensal e diuturnidades, a compensação por caducidade ascenderia a 5 384,12, resultante da soma das seguintes parcelas: - P1: no período entre 01.01.2011 e 31.10.2012, a compensação é de dois dias de retribuição-base por cada um dos 22 meses de duração. Sendo a retribuição diária de 69,23 (correspondente à fórmula do artigo 271.º), o montante de P1 corresponderia a 3046,12 (69,23 x 2 dias x 22 meses); - P2: para o período decorrido entre 01.11.2012 e 30.09.2013, a compensação seria de 20 dias de retribuição, correspondendo a 913: (1 500/30) x 20 dias x 0,913 (fração correspondente aos 11 meses incluídos neste período); - P3: no período que faltava para se completarem os três primeiros anos do contrato portanto, entre 01.10.2013 e 31.12.2013 aplicava-se o parâmetro dos 18 dias, sendo a compensação de 225: (1500/30) x 18 dias x 0,25 (fração correspondente aos 3 meses incluídos neste período);

- P4: no tempo subsequente, entre 01.01.2014 e 31.12.2015, o parâmetro de cálculo da compensação será o dos 12 dias, correspondendo esta parcela a 1 200: (1500/30) x 12 dias x 2 anos. c) Contratos a termo celebrados até 01.10.2010 Sendo estes contratos abrangidos pelos três regimes diferentes, mas tendo já completado os três anos iniciais de duração em 01.10.2013, para eles a compensação integra três parcelas, de acordo com os períodos em que a relação contratual esteve abrangida por cada um dos regimes: - A primeira (P1) cobre o período de duração do contrato decorrido até 31.10.2012 e equivale a dois dias de retribuição-base e diuturnidades por cada mês de contrato. Note-se que para calcular o valor da retribuição diária neste primeiro período se aplica a fórmula do artigo 271.º do CT; - A segunda parcela (P2) abarca o período temporal entre 01.11.2012 e 30.09.2013, aplicando-se o parâmetro dos 20 dias e a nova fórmula de cálculo do valor diário assente na divisão por 30 do montante mensal; - A terceira parcela (P3) cobre o período que se inicia em 01.10.2013, passando o parâmetro compensatório para os 12 dias. Nestes casos, a transição faz-se diretamente do parâmetro dos 20 dias para o de 12 dias, estando aqui abrangidos apenas os contratos celebrados até 01.10.2010, uma vez que os três primeiros anos de duração do vínculo já estarão completos em 01.10.2013. Assim, no caso de um contrato a termo incerto celebrado a 01.10.2010 que termine a 30.09.2015, auferindo o trabalhador 1 500 de retribuição-base mensal e diuturnidades, a compensação por caducidade seria de 5 574,50, resultante da soma das seguintes parcelas: - P1: no período entre 01.10.2010 e 31.10.2012, a compensação era de dois dias de retribuiçãobase por cada um dos 25 meses de duração. Sendo a retribuição diária de 69,23 (correspondente à fórmula do artigo 271.º), o montante de P1 corresponderia a 3 461,50 (69,23 x 2 dias x 25 meses); - P2: para o período decorrido entre 01.11.2012 e 30.09.2013, a compensação seria de 20 dias de retribuição, correspondendo a 913: (1 500/30) x 20 dias x 0,913 (fração correspondente aos 11 meses incluídos neste período); - P3: para o período entre 01.10.2013 e 30.09.2015, a montante seria de 12 dias por ano, equivalendo a 1 200: (1 500/30) x 12 dias x 2 anos.

3.3 Quadro síntese O quadro seguinte resume as diferentes situações-tipo de contratação temporalmente limitada a partir da data da celebração do contrato de trabalho a termo ou do contrato de trabalho temporário: Novos contratos Compensação / Parcelas Termo certo Parcela única de 18 dias/ano Termo incerto P1 18 dias/ano Nos três primeiros anos P2 12 dias/ano Após os três anos iniciais Contratos antigos Compensação / Parcelas Entre 01.11.2011 e 30.09.2013 P1 20 dias/ano De 01.11.12 a 30.09.2013 P2 18 dias/ano De 01.10.13 até completar os 3 anos iniciais P3 12 dias/ano Após os 3 anos iniciais Após 01.10.2010 e até 30.10.2011 P1 2 dias/mês Da admissão até 31.10.2012 P2 20 dias/ano De 01.11.12 a 30.09.2013 P3 18 dias/ano De 01.10.13 até completar os 3 anos iniciais P4 12 dias/ano Após os 3 anos iniciais Até 01.10.2010 P1 2 dias/mês Da admissão até 31.10.2012 P2 20 dias/ano De 01.11.12 a 30.09.2013 P3 12 dias/ano Após 01.10.2013 Pedro Furtado Martins pfm@servulo.com