ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO OSCIPs



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Transcrição:

ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO OSCIPs I- INTRODUÇÃO: A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP está disciplinada na Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 30 de junho de 1999. Trata-se de outra legislação que confere mais uma qualificação às entidades do Terceiro Setor, também conhecidas por Organizações Não Governamentais (ONGs). Mais uma, porque continuam em vigor uma série de títulos que, conforme o caso, a entidade poderá qualificar-se em todas ou em algumas delas, em troca de determinados benefícios. As qualificações em vigor, são: 1- Utilidade Pública Federal (Decreto 50.517/61); 2- *Utilidade Pública Estadual (Estado de São Paulo - inicialmente regulada pela Lei nº 3.198, de 28 de outubro de 1955, com as alterações dada pela Lei nº 9.324, de 12/05/66. Atualmente, a Lei nº 2.574, de 4 de dezembro de 1980, estabelece normas para declaração de utilidade pública no Estado); 3- *Utilidade Pública Municipal (Município de São Paulo - prevista nas seguintes legislações: Leis nºs. 4.819, de 21/11/55; 5.120, de 08/03/57; 6.915, de 24/06/66; 6.931, de 18/08/66; 6.947, de 14/09/66; 7.211, de 19/11/68; Decreto nº 16.619, de 14/04/80 e Lei nº 11.295 de 26/11/92); 4- Entidade Beneficente de Assistência Social - (art. 55 da Lei nº 8.212/91 - cuja redação foi alterada pela Lei nº 9.732/98); 5- Entidades ou Organizações de Assistente Social - (Lei nº 8.742/93); 6- Entidades de Fins Filantrópicos - (Decreto nº 2.536/98, que regulamentou determinadas entidades de Assistência Social prevista na Lei nº 8.742/93); 7- Organizações Sociais - Lei nº 9.637/98; E, finalmente a qualificação que estamos tratando neste trabalho.

8- Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Lei nº 9.790/99, regulamentado pelo Decreto nº 3.100/99). * Os interessados de outros Estados e Municípios em obter concessão de utilidade pública, devem verificar a legislação local (nem todos os municípios possuem essa legislação). Daqui por diante designaremos as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público como, simplesmente, OSCIP, quando citada no singular, ou OSCIP's, quando no plural. Não obstante este emaranhado de legislações esparsas vigentes dispondo sobre diferentes espécies de sociedades civis, sem fins lucrativos, confundindo, até mesmo alguns estudiosos do direito, o surgimento das OSCIP's é um marco importante para as entidades que obtiverem este título. Qualificada como OSCIP's, as entidades poderão firmar Termos de Parcerias com o Poder Público objetivando o fomento das atividades que desenvolvem no interesse público. Espera-se com isso que estas entidades possam desempenhar melhor seus objetivos sociais, visto que obterão mais recursos financeiros através da parceria com o Poder Público em âmbito Federal, Estadual ou Municipal. Outra medida inteligente adotada pela Lei nº 9.790/99, refere-se a possibilidade destas entidades remunerarem seus dirigentes. Por oportuno, ressalta-se que remunerar dirigentes não significa que a entidade possa distribuir lucros ou conceder quaisquer benefícios ou vantagens a eles, mas tão somente remuneração pelos serviços que prestam à associação. O valor da remuneração deve ser compatível com o praticado no mercado para o desempenho das mesmas funções. Além disso, as entidades detentoras de títulos de Utilidade Pública e do Certificado de Entidade Filantrópica que qualificarem-se como OSCIP's, manterão aqueles títulos por até 5 (cinco) anos, contados a partir de 24 de março de 1999. Portanto, após março de 2004, a entidade que possuir essas qualificações deverá optar por uma delas. Findo o prazo a entidade que desejar renovar sua qualificação como OSCIP, perderá

automaticamente os títulos de Utilidade Pública e do Certificado de Entidade Filantrópica. Caso não renove, perderá a sua qualificação como OSCIP. De acordo com a Medida Provisória nº 2113-32 de 2001 (finalmente reeditada sob o número 2158-35, de 24 de agosto de 2001), artigos 59 e 60, a lei nº 9.249/95 passou a permitir que as pessoas jurídicas (tributadas pelo Lucro Real) que efetuem doações a entidades qualificadas como OSCIP possam deduzir tais doações até o limite de 2% sobre o lucro operacional no Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ. Desta forma, devemos aguardar que as legislações em vigor que concedem benefícios fiscais às entidades portadoras dos títulos de Utilidade Pública e do Certificado de Entidade Filantrópica, também passem a contemplar as OSCIP's como beneficiárias. Em seguida analisaremos as disposições trazidas pela Lei nº 9.790/99 e seu Decreto nº 3.100/99. II- DISPOSIÇÃO LEGAL: A Lei nº 9.790/99, dispõe sobra a qualificação de determinadas pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO e institui o TERMO DE PARCERIA a ser firmado entre estas entidades e o Poder Público. III- CONCEITOS FORNECIDOS PELA LEGISLAÇÃO: A Lei nº 9.790/99 e o seu Decreto nº 3.100/99, trazem algumas definições que facilitam a interpretação de frases e termos citados no corpo da legislação em comento, são eles: a) ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO: são sociedades civis constituídas sob a forma de associação ou fundação de direito privado, sem fins lucrativos, cuja atuação esteja voltada, predominantemente, às atividades de interesse público nos campos mencionados no item IV: b) SEM FINS LUCRATIVOS: Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a

pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social. c) TERMO DE PARCERIA: trata-se de instrumento destinado a formação de vínculo de cooperação entre as OSCIP's e o Poder Público (Federal, Estadual, Distrito Federal e Municipal), no sentido de fomentar e executar projetos, previamente aprovados, que estejam relacionados às atividades mencionadas acima. d) ASSISTÊNCIA SOCIAL - é o desenvolvimento das atividades previstas no art. 3º da Lei nº 8.742/93 - Lei Orgânica da Assistência Social; "Art. 3º Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus direitos." Objetivos previsto na Lei Orgânica da Assistência Social: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. e) PROMOÇÃO GRATUITA DA SAÚDE E EDUCAÇÃO - é a prestação destes serviços realizada pela OSCIP mediante financiamento com seus próprios recursos. Não são considerados recursos próprios aqueles gerados pela cobrança de serviços de qualquer pessoa física ou jurídica, ou obtidos em virtude de repasse ou arrecadação compulsória.

O condicionamento da prestação de serviço ao recebimento de doação, contrapartida ou equivalente não pode ser considerado como promoção gratuita do serviço. f) BENEFÍCIOS OU VANTAGENS PESSOAIS - entende-se como benefícios ou vantagens obtidos: I - pelos dirigentes da entidade e seus cônjuges, companheiros e parentes colaterais ou afins até o terceiro grau; II - pelas pessoas jurídicas das quais os mencionados acima sejam controladores ou detenham mais de dez por cento das participações societárias. IV- RELAÇÃO DAS ATIVIDADES PASSÍVEIS DE QUALIFICAÇÃO COMO OSCIP's. A qualificação instituída por esta lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das OSCIP's, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: I- promoção da assistência social; II- promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III- promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; IV- promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; V- promoção da segurança alimentar e nutricional; VI- defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII- promoção do voluntariado; VIII- promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; IX- experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; X- promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de Interesse suplementar;

XI- promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; XII- estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo. A dedicação às atividades mencionadas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins. Não serão qualificadas como OSCIP's as entidades, associações ou fundações, cuja atividade não esteja relacionada acima (ver relação das sociedades não passíveis de qualificação no item a seguir). V- RELAÇÃO DAS SOCIEDADES E ATIVIDADES NÃO PASSÍVEIS DE QUALIFICAÇÃO COMO OSCIP's. Não são passíveis de qualificação como OSCIP's, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no item IV: I- as sociedades comerciais; II- os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional; III- as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; IV- as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; V- as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; VI- as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; VII- as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; VIII- as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; IX- as Organizações Sociais; X- as cooperativas; XI- as fundações públicas;

XII- as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; XIII- as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal. VI- DISPOSIÇÕES OBRIGATÓRIAS DOS ESTATUTOS DAS OSCIP's: Atendido ao disposto no item IV, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos, cujas normas expressamente disponham sobre: I- a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência; II- a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no respectivo processo decisório; III- a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade. IV- a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social da extinta. V- a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto social; VI- a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade, que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente à sua área de atuação; VII- as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão no mínimo:

a. a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade; b. que se dê publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão; c. a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do Termo de Parceria, conforme previsto em regulamento; d. a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal. VII- ALTERAÇÕES DOS ESTATUTOS DAS OSCIP's: Qualquer alteração da finalidade ou do regime de funcionamento da organização, que implique mudança das condições que instruíram sua qualificação, deverá ser comunicada ao Ministério da Justiça, acompanhada de justificativa, sob pena de cancelamento da qualificação. VIII- REQUERIMENTO DE QUALIFICAÇÃO COMO OSCIP's: O pedido de qualificação da entidade como OSCIP's será dirigido ao Ministério da Justiça por meio do preenchimento de requerimento escrito e apresentação de cópia autenticada dos seguintes documentos: I - estatuto registrado em Cartório; II - ata de eleição de sua atual diretoria; III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício; IV - declaração de isenção do imposto de renda; e V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CGC/CNPJ). Após o recebimento do requerimento, o Ministério da Justiça terá o prazo de trinta dias para

deferir ou não o pedido de qualificação, ato que será publicado no Diário Oficial da União no prazo máximo de quinze dias da decisão. Se for deferido, o Ministério da Justiça emitirá, no prazo de quinze dias da decisão, o certificado da requerente como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Se indeferido, deverão constar da publicação as razões pelas quais o pedido foi denegado. Neste caso a entidade poderá reapresentar o pedido a qualquer tempo. IX- PERDA DA QUALIFICAÇÃO COMO OSCIP's: Qualquer cidadão, vedado o anonimato e respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, desde que amparado por evidências de erro ou fraude, é parte legítima para requerer, judicial ou administrativamente, a perda da qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. A perda da qualificação dar-se-á mediante decisão proferida em processo administrativo, instaurado no Ministério da Justiça, de ofício ou a pedido do interessado, ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público, nos quais serão assegurados a ampla defesa e o contraditório. X- FORMAÇÃO DO TERMO DE PARCERIA: O Poder Público e as OSCIP's poderão firmar Termo de Parceria destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no item III letra "a". O Poder Público também poderá escolher a OSCIP, para a celebração do Termo de Parceria, através de publicação de edital de concursos de projetos para obtenção de bens e serviços e para a realização de atividades, eventos, consultorias, cooperação técnica e assessoria, conforme as disposições contidas no Decreto nº 3.100/99. O órgão estatal responsável pela celebração do Termo de Parceria verificará previamente o regular funcionamento da organização.

O órgão estatal firmará o Termo de Parceria mediante modelo padrão próprio, do qual constarão os direitos, as responsabilidades e as obrigações das partes e as cláusulas essenciais. O extrato do Termo de Parceria, conforme modelo constante do Anexo deste trabalho, deverá ser publicado pelo órgão estatal parceiro no Diário Oficial, no prazo máximo de quinze dias após a sua assinatura. XI- CLÁUSULAS ESSENCIAIS DO TERMO DE PARCERIA: São cláusulas essenciais do Termo de Parceria: I- a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público; II- a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução ou cronograma; III- a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado; IV- a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos com recursos oriundos ou vinculados ao Termo de Parceria, a seus diretores, empregados e consultores; V- a que estabelece as obrigações da Sociedade Civil de Interesse Público, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados, independente das previsões mencionadas no Inciso IV; VI- a de publicação, na imprensa oficial do Município, do Estado ou da União, conforme o alcance das atividades celebradas entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, de *extrato do Termo de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado estabelecido no regulamento desta Lei, contendo os dados principais da documentação obrigatória do Inciso V, sob pena de não liberação dos recursos previstos no Termo de Parceria.

* Ver Anexos I e II - Extrato do Termo de Parceria e Extrato de Relatório de Execução Física e Financeira. XII- ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO DO TERMO DE PARCERIA: A execução do objeto do Termo de Parceria será acompanhada e fiscalizada por órgão do Poder Público da área de atuação correspondente à atividade fomentada, e pelos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível de governo. Os resultados atingidos com a execução do Termo de Parceria devem ser analisados por comissão de avaliação, composta de comum acordo entre o órgão parceiro e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. A comissão encaminhará à autoridade competente relatório conclusivo sobre a avaliação procedida. Os Termos de Parceria destinados ao fomento de atividades nas áreas de que trata essa Lei estarão sujeitos aos mecanismos de controle social previstos na Legislação. Os responsáveis pela fiscalização do Termo de Parceria, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública pela organização parceira, darão imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária. Sem prejuízo da medida prevista no parágrafo anterior, havendo indícios fundados de malversação de bens ou recursos de origem pública, os responsáveis pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-Geral da União, para que requeiram ao juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e o seqüestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público, além de outras medidas previstas na legislação em vigor.

A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público, observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4º desta Lei. Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade. XIII- OUTRAS DISPOSIÇÕES: É vedada às entidades qualificadas como OSCIP a participação em campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas. O Ministério da Justiça permitirá, mediante requerimento dos interessados, livre acesso público a todas as informações pertinentes às OSCIP's. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, qualificadas com base em outros diplomas legais, poderão qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, desde que atendidos aos requisitos para tanto exigidos, sendo-lhes assegurada a manutenção simultânea dessas qualificações, até dois anos contados da data de vigência desta Lei. - Findo o prazo de dois anos, a pessoa jurídica interessada em manter a qualificação prevista nesta Lei deverá por ela optar, fato que implicará a renúncia automática de suas qualificações anteriores. - Caso não seja feita a opção mencionada, a pessoa jurídica perderá automaticamente a qualificação obtida nos termos desta Lei. XIV Sites Interessantes - Conselho da Comunidade Solidária www.comunidadesolidaria.org.br - Ministério da Justiça - OSCIP http://www.mj.gov.br/snj/oscip.htm

- Rede de Informações para o Terceiro Setor RITS www.rits.org.br - Programa Voluntários - www.programavoluntarios.org.br - Programa Capacitação Solidária - www.pcs.org.br - Secretaria da Receita Federal www.receita.fazenda.gov.br ANEXO I (Nome do Órgão Público)... Extrato de Termo de Parceria Custo do Projeto:... Local de Realização do Projeto:... Data de assinatura do TP:.../.../... Início do Projeto:..../.../... Término:.../.../... Objeto do Termo de Parceria (descrição sucinta do projeto): Nome da OSCIP:... Endereço:...... Cidade:... UF:... CEP:... Tel.:... Fax:... E-mail:... Nome do responsável pelo projeto:... Cargo / Função:... ANEXO II (Nome do Órgão Público)... Extrato de Relatório de Execução Física e Financeira de Termo de Parceria Custo do projeto:... Local de realização do projeto:... Data de assinatura do TP:.../.../...Início do projeto:.../../.. Término :.../.../... Objetivos do projeto: Resultados alcançados: Custos de Implementação do Projeto Categorias de despesa Previsto Realizado Diferença........................ TOTAIS:......... Nome da OSCIP:... Endereço:... Cidade:... UF:... CEP:... Tel.:... Fax:... E-mail:... Nome do responsável pelo projeto:... Cargo / Função:...

Fontes consultadas: Legislação mencionada. Paulo Melchor Consultor Jurídico Orientação Empresarial SEBRAE-SP Texto elaborado em setembro de 1999 (revisado em 04/05)