DO OBI AO AXEXÊ : A PRESENÇA DA COMIDA NOS RITUAIS DO CANDOMBLÉ "OBI OF THE AXEXÊ": THE PRESENCE OF FOOD IN THE RITUALS CANDOMBLÉ



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Transcrição:

DO OBI AO AXEXÊ : A PRESENÇA DA COMIDA NOS RITUAIS DO CANDOMBLÉ "OBI OF THE AXEXÊ": THE PRESENCE OF FOOD IN THE RITUALS CANDOMBLÉ Janaina Couvo Teixeira Maia de Aguiar - Universidade Federal da Bahia janainacouvo@gmail.com RESUMO Este artigo apresenta uma análise sobre a presença da comida em alguns dos mais importantes rituais do candomblé. A partir de um estudo baseado em leituras sobre os significados da comida nessa religião e em pesquisa de campo, acompanhando os rituais um terreiro tradicional de Aracaju, este trabalho apresenta um olhar sobre a comida de forma mais ampla, ultrapassando a sua relação com as festas. Desta forma, o estudo contribuirá significativamente para a compreensão do universo sagrado do candomblé, a partir do simbolismo em torno do alimento, desde o primeiro momento em que o indivíduo adentra no mundo sagrado do candomblé, através do obi, até o momento em que ele morre quanto ocorre o axexê. Ressaltando que sem sacrifícios e alimentação não há festa e sem as celebrações festivas não relações diretas dos humanos com as divindades e a ancestralidade. Palavras-chave: Comida, Ritual, Candomblé. ABSTRACT This article presents an analysis of the presence of food in the rituals of Candomblé. From a study based on readings on the meanings of food in this religion and fieldwork, following the rituals of a traditional yard Aracaju, this work presents a look at the food more broadly, surpassing its relationship with the parties. Thus, the study will contribute significantly to the understanding of the sacred universe of Candomblé, from the symbolism around food, from the first moment the individual enters the sacred world of Candomblé through the obi, yet he die, as axexê occurs. And all the food is present in the form of offerings to the deities. KEYWORDS: Food, Ritual, Candomblé OS ESTUDOS SOBRE A COMIDA NO CANDOMBLÉ UMA BREVE ANÁLISE Os primeiros estudos sobre a presença africana no Brasil fazem referência aos rituais realizados pelos escravos, as oferendas destinadas às suas divindades, além das influências alimentares dos africanos na formação da gastronomia brasileira. CASCUDO (2004), em seu estudo clássico sobre a História da Alimentação no Brasil, apresenta uma reflexão sobre as 1

contribuições de índios, portugueses e africanos na formação desta gastronomia. Com relação a influência africana, ele faz uma reflexão sobre a alimentação na África, ressaltando sua dieta alimentar, além das permutas alimentares que resultam do intercâmbio de alimentos entre estas regiões. Um aspecto importante que é destacado pelo autor está relacionado aos elementos culinários presentes nos candomblés enquanto oferendas para os orixás e que saem dos terreiros e vão para o cotidiano das casas, ou fazem o caminho inverso. [...] É lógico que os escravos assim como incluíram a moqueca e o caruru na dieta de seus orixás, tivessem seus quitutes saboreados nas casas pobres, vatapá, caruru, acarajé, acaçá, independentes da função nos ocultos e defesos candomblés. Seria comida de deuses e também alimento dos devotos fieis, fora do santuário peji. Antes de Xangô, o seu amalá era prato comum.[...] (CASCUDO, 2004, p.235) Assim, a construção da dieta sagrada dos orixás teve uma relação com a própria alimentação cotidiana dos escravos, o que expressa as permutas alimentares que também foram necessárias ao processo de reelaboração e reorganização dos rituais africanos no Brasil. O estudo desenvolvido por Nina Rodrigues (2006) apresenta uma análise sobre a presença da comida nos rituais dos candomblés baianos, ressaltando o papel socializador exercido pelo alimento. Assim, percebe-se que as festividades dedicadas aos orixás tem enquanto elemento fundamental a comida, já que são durante estas festas que acontecem os rituais internos voltados a preparação das oferendas, ou seja, das comidas de santo e dos sacrifícios, que também estão relacionados a estes rituais. Sejam internos ou públicos, estes rituais expressam de maneira bastante significativa o papel importante que a comida exerce nestas religiões. Isto pode ser observado a partir das análises de RODRIGUES (2006): [...] Nos grandes terreiros como os do Engenho Velho e do Gantois nesta cidade, a comida é dada liberalmente a todos os visitantes. Tenho assistido a esses banquetes em que se expõem grandes gamelas, bacias de barro, pratos enormes com comidas variadíssimas aos convidados que delas se queiram servir [...] (2006, p.95) Este momento de socialização em torno da comida relatado pelo autor é algo que é perceptível em qualquer festa de candomblé, onde a comida distribuída aos iniciados e visitantes do terreiro é definida pelo orixá que está sendo homenageado. Assim, existe uma consagração do alimento, antes do mesmo ser distribuído aos participantes, pois quem recebe 2

primeiro as comidas são as divindades. Somente depois que este ritual acontece é que os demais pratos são distribuídos entre os presentes nas cerimônias. É importante ressaltar que a comida não está presente apenas na festa, mas sim, em todos os rituais do candomblé. Pode ser considerado algo vital para a religião, ou seja, não existe candomblé sem comida, não existe comida ritual sem a festa que caracteriza o candomblé como relação direta entre deuses e homens e suas ancestralidades.. Desta forma, em todo o processo de mediação entre o iniciado e o orixá está presente a oferenda, que é composta por alimentos que são definidos de acordo com as características dos orixás. Ao visitar o espaço onde são colocadas as oferendas, o peji 1, BASTIDE (2001) descreve da seguinte forma: [...] não há nada de espantoso, quando penetramos no peji dos orixás, em ver ali a abundância de pratos, de cores ou de formas diversas, segundo os deuses, e contendo iguarias saborosas. São as oferendas das filhas de santo, realizadas num dia da semana dedicado a seu anjo da guarda e que permanecem no interior do peji toda a semana, até o dia consagrado em que elas poderão renová-las [...] (2001; p.331-332) Entretanto, é importante entender que existem as oferendas do cotidiano e aquelas que acontecem em períodos de comemorações, seja de tempo de iniciação, voltada aos orixás do terreiro, em comemoração ao orixá do mês ou mesmo para agradar a divindade ou criar um vínculo com a religião, ou seja, se tornar um iaô 2. Assim, para cada um desses rituais existem oferendas a serem preparadas, seguindo as prescrições para o orixá que irá receber a oferenda. Neste sentido, outro aspecto importante está relacionado a existência de uma diferenciação sobre o sacrifício e a oferenda. Segundo LIMA (2010), [...] O povo do santo, entre nós, sabe a diferença entre dar um agrado a seu santo e dar de comer a seu santo. E, mesmo aí, a comida não implica sempre uma matança. Afinal, é o jogo que prescreve o ebó, a qualidade do sacrifício. O povo de santo, na Bahia, mantém, em suas variáveis, o quadro original dos sacrifícios dos iorubás africanos, que separam os sacrifícios em duas amplas categorias: aqueles em que há festa, partilhados, em primeiro lugar, pelos seres naturais e depois pela comunidade, de fiéis; e aquelas festa para se evitar calamidades, doenças, conflitos e pedir perdão pelas ofensas que provocam esses sacrifícios [...] (2010; p.120) 1 Local do terreiro em que ficam guardados os assentamentos sagrados (ibás), aonde se realiza alguns rituais fechados e oferendas aos orixás. 2 Iniciado no candomblé, o noviço que está na fase de aprendizado. 3

Assim, percebe-se que o que define como dever ser a oferenda, o que pode ou não ser preparado para o orixá é o jogo de búzios. Após a consulta é que todas as orientações para o ritual são definidas, como devem ser preparadas as oferendas, que comidas serão oferecidas aos orixás. Neste processo de preparação das oferendas surge um cargo importante nos terreiros: a Iábassé, a senhora da cozinha. É ela quem assume toda a responsabilidade no preparo e organização de cada comida que deve ser ofertada às divindades, tendo todo o cuidado com os preceitos alimentares, desde a compra dos alimentos até a elaboração da oferenda, esta iniciada assume toda a responsabilidade pela comida dedicada aos orixás. É auxiliada por outros iniciados, porém, nos momentos essenciais na elaboração das iguarias sagradas, a Iabassê está à frente. Isto porque a comida votiva segue dentro de uma dieta determinada pelas especificidades de cada orixá, onde alguns podem receber oferendas preparadas com dendê, outros com azeite doce. O uso do sal e da pimenta segue algumas restrições, assim como os demais temperos utilizados para o preparo da comida. Desta forma, SOUZA JÚNIOR (2009) ressalta que, [...] Quando o povo de santo é questionado sobre os de comer, tem em mente um universo alimentar que estabelece diferenças entre aquilo que se come, aquilo que não se come, o não comer. E ainda, os modos diferenciados de comerem em determinadas ocasiões: como se come, quando e com quem se come. Além de saber diferenciar tudo isso de noções sobre temperos e bebidas. O que não se come, diz respeito a tabus alimentares, chamada ewó, proibições, coisas ruins, que fazem passar mal, as famosas quizilas e estão associadas diretamente ao orixá e ao destino individual de cada pessoa [...]. (2009; p.91) Estas questões relacionadas às interdições alimentares nos terreiros de candomblé é algo que é bastante significativo, a partir do momento em que determina os modos de fazer e o que deve ser evitado no preparo das oferendas. Assim, os responsáveis pela preparação das comidas devem ter o conhecimento das quizilas 3 dos orixás, evitando desta forma que os mesmos não fiquem satisfeitos com o presente. AS REGRAS PARA O BANQUETE DOS ORIXÁS 3 Interdições alimentares. 4

Durante os rituais do candomblé, existem regras para o momento onde ocorre a socialização do alimento entre os adeptos e as divindades. Dependendo do tipo de ritual no qual ocorre a comensalidade coletiva, nem sempre o alimento é servido em pratos com talheres, pois trata-se de uma comida de obrigação, que geralmente deve ser servida em pratos ou folhas, para se comer com as mãos. As sobras são colocadas em um recipiente e levadas juntamente com a oferenda maior, para ser colocada em algum local guardado em segredo pelos responsáveis dirigentes do rituais do terreiro. Como exemplo temos o Olubajé, ritual dedicado ao orixá Obaluaiê, estudado por BARROS (2009). Este ritual envolve diversas oferendas, organizadas num grande banquete para os deuses, descrito pelo autor: [...] As esteiras são desenroladas e sobre elas é colocado um tecido branco e imaculado. Um após outro, os alguidares e potes são colocados sobre a toalha e formam sobre o chão a grande mesa. A mãe-de-santo incumbe a três dos mais velhos iniciados de servir, sobre as folhas de mamona, utilizados como pratos, um pouco de cada alimento contido nos recipientes. Ela mesma se encarrega de oferecer os primeiros aos convidados mais importantes, aconselhando a todos a não ficarem imóveis, mãos a danças ou a sem mover sem parear e a comer com as mãos (...). As folhas que servem de pratos para as comidas dos orixás devem ser fechadas, juntamente com os restos não consumidos, e passadas ao longo do corpo [...] (2009; p.84-85) Sendo assim, percebe-se como os rituais do candomblé em que ocorre a socialização do alimento possuem um comportamento cerimonioso com relação ao comer. Não se come de qualquer jeito, e sim, seguindo certas orientações de cada momento ritual realizado. Na tradição do Tambor de Mina do Maranhão, segundo FERRETI (1996), também encontramos esta relação ritualística com o momento da comida sagrada. Durante certos rituais, existe uma hierarquia na hora de servir o alimento, respeitando as pessoas mais antigas na casa. Isto pode ser observado na descrição da festa de Acossi, apresentada pelo autor: [...] A comida é oferecida na sala da frente ao lado do altar católico, por dois voduns sentados no chão sobre esteiras. As pessoas são chamadas em ordem de precedência, primeiro os tocadores, depois os voduncis por antiguidade, depois os assissis ou amigos, colaboradores e parentes e os devotos em geral. Cada pessoa se ajoelha e se serve dos líquidos e depois recebe uma cuia contendo alimentos sólidos. (...) A comida da obrigação de Acossi é para dar vida e saúde e quando se come, deve-se fazer pedido para a libertação de qualquer mal ou epidemia [...]. (1996; p.67) 5

Desta forma, existem regras não somente associadas ao momento da partilha do alimento nos rituais públicos, como também às pessoas que irão participar, sendo respeitada a hierarquia, algo muito representativo nas religiões afrobrasileiras. É importante destacar que existem particularidades rituais quando os terreiros possuem além do culto aos orixás, também o culto aos caboclos, como os de tradição angola, e neste caso, a dieta alimentar não segue as mesmas orientações para estes últimos. Não só a dieta alimentar, mas também todos os rituais dedicados ao culto aos caboclos são bastante específicos, o que resulta na realização dos mesmos em dias específicos. Ao analisar as comidas de santo no Recife, MENDONÇA (1996) destaca a diferenciação entre comida de orixás e de caboclos: As sequências rituais e a gastronomia votiva adquirem sentidos próprios de acordo com as cerimônias. Nos rituais dos orixás o azeite de dendê é indispensável; nas práticas de caboclos, muitas frutas irão compor os alimentos sagrados e para os mestres do catimbó a aguardente e os pratos À base de farinha não podem faltar. (1996; p.64) Esta diferenciação está presente também na própria estrutura do ritual, ou seja, no momento em que ocorre a socialização do alimento, como, por exemplo, num ritual chamado Mesa de Jurema, aspecto estudado por SANTOS (1995). Ao desenvolver sua pesquisa nos candomblés de caboclo da Bahia, o autor encontra aspectos muito específicos no que diz respeito ao momento da socialização da comida votiva: [...] Um fato sobressaiu na Mesa de Jurema. Depois de pegar uma abóbora cozida que estava sobre um alguidá, o Caboclo encheu-a com tiras de fumo e bastante mel, e serviu tanto aos seus companheiros Caboclos quanto aquelas pessoas da audiência que quisessem comer. Este foi um detalhe muito curioso, pois a expressão que o povo do santo usa, dar comida ao Caboclo, ou dar comida ao santo, até então possuía um sentido metafórico, indicando as oferendas dadas a essas entidades. Para além da metáfora, ela adquiria um significado concreto, indicando ademais, uma dimensão essencial envolvida no rito, a reciprocidade [...] (1995; p.113-114) Assim, a comida votiva voltada aos caboclos apresenta particularidades ritualísticas que diferem daquelas dedicadas aos orixás, tendo uma relação de proximidade entre a entidade e os participantes, mediada por comidas e bebidas, já que a jurema é uma bebida compartilhada durante o ritual. O que difere da relação com os orixás nas festas públicas, que é solene, onde os participantes estão ali para reverenciar as divindades, e o momento da 6

socialização da comida ocorre entre os participantes da festa, sejam iniciados ou da comunidade. Desta forma, é possível perceber, a partir das observações dos rituais do candomblé, que as relações entre dar, receber e retribuir, discutidas por Mauss (2008) em seu Ensaio Sobre a Dádiva, está muito presentes nos terreiros, tendo a comida o papel de mediadora entre iniciados e divindades. Dos rituais mais simples aos mais complexos, as oferendas estão constantemente aos pés dos orixás e demais divindades, sendo o caminho para que os devotos possam alcançar as dádivas solicitadas. Assim, nas coisas permutadas, existe uma virtude que obriga a dádiva a circular, a serem dadas e a serem retribuídas (MAUSS, 2008, p. 116). AS COMIDAS E AS FESTAS Durante a realização das festas religiosas, a alimentação é preparada e ofertada aos orixás em um ritual interno, anterior ao dia da festa pública. Desse ritual só participam os iniciados. No dia da festa pública é que a comida é distribuída como todos os visitantes e demais adeptos da religião, em um momento de confraternização e comunhão em torno da comida. Desta forma, a festa se transforma no momento em que a socialização em torno do alimento acontece, envolvendo adeptos e a comunidade que participa do ritual público, pois as divindades já receberam suas oferendas. Segundo CORRÊA (1995), que faz uma análise sobre o Batuque do Rio Grande do Sul, destaca que o alimento é considerado como fator mediador por excelência das relações entre o mundo dos homens e o sobrenatural (1995,52), podendo ser observado desde o momento em o indivíduo adentra ao mundo sagrado do candomblé, tornando-se iaô, quando em todos os rituais necessários para a sua preparação, existe a presença constante do alimento sagrado, assumindo um papel de comunicação e firmando o pacto entre o homem e o Orixá. O terreiro de candomblé onde foi feito o trabalho de campo para esta pesquisa realiza anualmente, no mês de dezembro, um grande banquete para Iansã, principal festa da casa. O Abaçá São Jorge, liderado pela Ialorixá Mãe Marizete, reúne iniciados de várias partes do país, que vem participar dos rituais, renovar seus laços com o sagrado e contribuir com as festividades, que duram 4 dias. No dia de Iansã, que acontece dia 4 de dezembro, é importante ressaltar que é a comida sagrada do candomblé o ponto principal, o que atrai muitos dos que estão presentes, pois querem partilhar do acarajé de Iansã. Neste ritual 7

público, o que predomina são as comidas de azeite, elementos gastronômicos característicos das oferendas para Iansã. O azeite é a base do cardápio votivo do ritual. É em torno destas comidas que as relações de sociabilidade se expressam e se constroem. Na festa de Iansã, a comida está presente de maneira bastante expressiva, ou seja, a fartura é algo que marca a sua presença nos terreiros. Foi observado que, durante os preparativos para a festa pública, o número de pessoas no terreiro era bem maior do que de costume, havendo uma integração entre aqueles com melhores condições financeiras visando à manutenção da alimentação do grupo. Assim, não somente durante os rituais, o banquete dos orixás também se estendeu para os iniciados e para a comunidade. Os terreiros de candomblé têm na comida um importante elemento sagrado, configurando a construção de laços entre eles e os orixás. Percebemos ainda particularidades envolvendo o preparo das oferendas que são característicos de cada terreiro. Alguns elementos encontrados em algumas outras casas de santo de Aracaju não foram encontrados no Abaçá São Jorge, como o uso da pimenta no preparo das oferendas. Isto nos levou a refletir sobre a construção destas oferendas a partir de elementos locais, das próprias características do terreiro. Além disso, as regras em torno da comida também foram observadas durante esta pesquisa. Na realização dos rituais, o comportamento diante das oferendas era diferenciado, ou seja, os iniciados tinham um comportamento de acordo com o tempo de iniciação e os cargos que ocupam no terreiro. Assim, comer com as mãos, sentados no chão, comer com talheres, o que pode estar ou não no prato, tudo isto é definido de acordo com o iniciado, o seu orixá, sendo que as interdições ocupam aí lugar decisivo. Assim, as festas de candomblé começam a ser organizadas a partir da cozinha, espaço importante nos terreiros, onde são preparadas as oferendas dos orixás, e que possuem uma dinâmica específica durante a realização dos rituais públicos e privados. Definições e interdições são aspectos bastante significativos durante os trabalhos neste espaço, pois o equilíbrio é fundamental para a realização efetiva dos rituais. DO OBI AO AXEXÊ EM TUDO ESTÁ PRESENTE A COMIDA Adentrar no mundo sagrado do candomblé é entrar em contato com uma religião marcada por rituais, hierarquias, oferendas, entre tantos elementos que fazem parte do 8

cotidiano dessa religião. E para um observador mais detalhado, a presença da comida nos rituais é um elemento constante. Assim, os primeiros contatos do indivíduo com o candomblé, seja aquele que necessita passar pelo ritual de iniciação para se tornar um iaô, ou aquele que precisa de apenas uma limpeza espiritual, ambos serão submetidos a rituais onde a comida se faz presente. Através da obrigação denominada obi 4, primeiro ritual do candomblé, a cabeça, que é a morada do orixá, recebe a sua primeira comida. Obi é uma semente de noz de cola, muito utilizada nos rituais dedicados às divindades africanas. Este ritual, apesar da simplicidade, é o primeiro vínculo que se constrói com o candomblé, sendo renovados a partir da realização do bori, onde a oferenda é mais complexa, até o momento em que o indivíduo se torna iaô e passa por todos os preceitos da religião. A sua relação com o orixá que comanda a sua cabeça será renovada a cada ano, com as obrigações religiosas, que consistem em dar comida ao orixá. Sejam Iaôs, Ekedis 5, Ialorixás ou Babalorixás, todos necessitam periodicamente renovar seus laços com o sagrado, fortalecer suas energias, e isto só acontece mediante a organização de oferendas, que são comidas preparadas para as suas divindades. Neste sentido, entendendo que a alimentação é algo presente em todos os rituais dos cultos afro-brasileiros, é importante ressaltar que um dos rituais em que este elemento também é fundamental é o axexê, ou seja, o ritual fúnebre. Neste a comida é inserida em todas as suas fases, inclusive fora do espaço sagrado, pois, para aqueles que estão presentes na cerimônia, é servida a comida que o morto mais gostava. Assim, durante todo o desenvolvimento deste ritual existe uma série de detalhes, seguidos de preceitos religiosos 4 O obi é um fruto africano, também popularmente conhecido como noz de cola, a Sterculia Acuminata ou a Cola nitida, é um fruto sagrada de uso comum em toda a costa ocidental africana e amplamente usada em rituais de religiões de presenças africanas no Brasil e nas Américas. O primeiro contato ritual no candomblé se dá através de um rito pouco complexo no qual o neófito recebe sobre a sua cabeça o fruto do obi aberto em duas ou quatro partes, simbolizando o contato do iniciado com o mundo dos deuses/ancestrais e o mundo dos homens. Nestes ritual primeiro cria-se um pequeno laço de religação do humano com o sobrenatural. 5 Tal expressão no candomblé passa a designar um dos postos mais altos na hierarquia religiosa, já que, pelo fato de não entrar em transe, tem por atribuições zelar pelos orixás quando estes encontram-se em estado de transe, orientá-los, vesti-los, dançar com eles, auxiliar na criação dos iniciados durante o período de reclusão e durante as demais obrigações ritualísticas. O termo tornou-se genérico para esse posto feminino, em várias tradições do candomblé, ainda que, nos chamados candomblés de Angola, tenha a sua equivalência expressa na terminologia Makota. 9

alimentares, pois tudo deve ser organizado para que nada possa atrapalhar o andamento da cerimônia. Um estudo clássico sobre a morte foi desenvolvido por SANTOS (2008), que analisa a complexidade dos rituais fúnebres entre os nagôs. Tratando-se de um dos rituais mais complexos desenvolvidos no candomblé, existe a presença de oferendas voltadas a exercer a comunicação do indivíduo com o ayê 6 e o orun 7, assim como também manter o equilíbrio da vida, evitando as mazelas proporcionadas pela negligência para com o orixá, restituindo o axé. Assim, segundo a autora, [...] Se bem que a oferenda seja efetuada para beneficiar seres ou unidades em circunstâncias diversas, o mecanismo em essência é sempre o mesmo e ambos os tipos de oferendas se complementam. (...) Da mesma forma como a oferenda é uma restituição propiciatória ou expiatória, que garante a continuação da vida, também o morto é uma restituição da mesma ordem, que garante o eterno renascimento. Ambos reintegram o grande útero mítico; desintegrados como unidades individualizadas, suas substâncias se reintegram em suas massas de origem. (2008; p. 224-225) Assim, é perceptível o papel que as oferendas exercem nas relações entre o indivíduo e o orixá, expressando a grande importância da comida no candomblé. A sua dimensão neste espaço religioso é bastante ampla, sendo um dos principais elementos de intermediação em todos os processos ritualísticos. Sob forma de ebó, obrigação, presente ou mesmo em forma de oferenda, o alimento passa por inúmeros processos na cozinha do santo, marcando consideravelmente a religião dos orixás, vodun 8 e inkice 9. CONSIDERAÇÕES... Desta forma, o comer para esta religião é tão amplo quanto o próprio significado da comida. Segundo LODY (1998), [...] Comer além da boca, contudo, é uma ampliação sobre o conceito de comer nas religiões afrobrasileiras. Tudo está na permanente lembrança e ação de que tudo come. Come o chão, come o ixé, come a cumeeira, come a porta, come o portão, comem os assentamentos, árvores comem; enfim, comer é contatar e estabelecer 6 Corresponde à terra habitada. 7 Corresponde ao espaço que serve enquanto morada dos ancestrais africanos. 8 Divindades Gege 9 Divindades Angola-Congo 10

vínculos fundamentais com a existência da vida, do axé, dos princípios ancestrais e religiosos do terreiro (...) Comer é acionar o axé energia e força fundamentais á vida religiosa do terreiro, à vida do homem. (1998; p. 27) Assim, por apresentar uma simbologia complexa e bastante ampla para o candomblé, a comida é um elemento fundamental no desenvolvimento dos rituais nos terreiros, promovendo o elo entre indivíduos e divindades, em busca de renovar o axé, a força vital. A partir da contribuição de Mauss (2008), baseada na relação entre dar, receber e retribuir, afirmamos que, no universo sagrado do candomblé, o alimento tem o papel de intermediar as relações entre os devotos e seus orixás, seguindo a ideia apresentada por Mauss. Em todos os rituais do candomblé, de forma mais evidenciada ou mais discreta, com ostentação ou discrição, transformada em oferenda, a comida está presente enquanto um importante elemento de troca. Nestes rituais, os laços entre os devotos e os orixás, iniciados na religião ou não, são construídos mediante a presença da oferenda, que está centrada na comida, onde cada orixá tem uma dieta alimentar determinada. É importante destacar que esta relação de reciprocidade em torno da comida é fundamental para a própria comunidade religiosa, que mantém os laços sagrados com suas divindades protetoras renovadas a cada festividade, a cada obrigação onde a oferenda é preparada e destinada aos orixás. Assim, através da comida, percebe-se que o dar, receber e retribuir, na circularidade desta relação, é algo muito presente nesta religião. Portanto, para o candomblé, como diz um cântico sagrado, quem me dá de comer, também come. BIBLIOGRAFIA BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. CASCUDO, Luís da C. História da Alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2004. CORRÊA, Norton F. A cozinha é a base da religião: a culinária ritual no batuque o Rio Grande do Sul. In.: Revista Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, Ano I, n 1, 1995. O Batuque do Rio Grande do Sul. 2ª Ed. Porto Alegre: Editora Cultura & Arte, 2006. FERRETTI, Mundicarmo Maria Rocha. Desceu na Guma: o caboclo do Tambor de Mina em um terreiro de São Luis a Casa Fanti-Ashanti. 2ª Ed. São Luis: EDUFMA, 2000. 11

FERRETTI, Sérgio Figueiredo. Festa de Acossi e o Arrambã: elementos do simbolismo da comida no tambor de Mina. In.: Revista Horizontes Antropológicos. Ano I, n 1, 1995,63-4. Comida ritual em festa de Tambor de Mina do Maranhão. Horizonte. Belo Horizonte, v.9, n. 21, p.242-267, abr/jun, 2011. LIMA, Vivaldo da Costa. A Anatomia do Acarajé e outros escritos. Salvador: Corrupio, 2010. Cosme e Damião: o culto aos santos gêmeos no Brasil e na África. Salvador: Corrupio, 2005. As dietas africanas no sistema alimentar brasileiro. In.: CAROSO, Carlos, BACELAR, Jeferson. Faces da Tradição Afrobrasileiro: religiosidade, sincretismo, anti-sincretismo, reafricanização, práticas terapêuticas, etnobotânica e comida. Rio de Janeiro: Pallas, 1999. LODY, Raul. Brasil Bom de Boca: temas de antropologia da alimentação. São Paulo: Ed. Senac, 2008. Santo Também Come. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2004. O Rei come quiabo e a Rainha come fogo: temas da culinária sagrada do candomblé. In.: MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. Leopardo dos Olhos de Fogo. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998. MAUSS, Marcel. Ensaio Sobre a Dádiva. Portugal: Edições 70, 2008. MENESES, Ulpiano T. Bezerra de, CARNEIRO, Henrique. História da Alimentação: balizas historiográficas. Anais do Museu Paulista. São Paulo, V.5, P. 9-91, jan/dez, 1997. RODRIGUES, Nina. Oanimismo fetichista dos negros baianos. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional/ Editora UFRJ, 2006 SANTOS, Carlos Roberto Antunes dos. A alimentação e seu lugar na História: os tempos da memória gustativa. In.: História: Questões e Debates. Curitiba, n.42, p.11-31, 2005. A comida como lugar de História: as dimensões do gosto. In.: História: Questões e Debates. Curitiba, n.54, p.103-124, jan/jun, 2011. SANTOS, Eufrázia Cristina Menezes. 2005. Religião e espetáculo (análise da dimensão espetacular das festas públicas do candomblé). São Paulo: FFLCH/USP. Tese de Doutorado em Antropologia (mimeo). SANTOS, Jocélio Teles. O dono da terra: o caboclo nos candomblés da Bahia. Salvador: Sarah Letras, 1995. SANTOS, Juana Elbein dos. Os nagô e a morte. 13º Ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 2008. SANTOS, Lígia Amparo da Silva. A questão alimentar na trajetória do pensamento antropológico clássico. In.: OLIVEIRA, Nice de (Org.) Escritas e narrativas sobre alimentação e cultura. Salvador: EDUFBA, 2008, p. 277-303. SOUZA JÚNIOR, Vilson Caetano de. O Banquete Sagrado: notas sobre os de comer em terreiros de candomblé. Salvador: Atalho, 2009. 12