XII MOSTRA NACIONAL DE TRABALHOS DA QUALIDADE NO PODER JUDICIÁRIO



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Transcrição:

XII MOSTRA NACIONAL DE TRABALHOS DA QUALIDADE NO PODER JUDICIÁRIO APRESENTAÇÃO Órgão: Tribunal de Justiça do Amazonas Unidade: Vara de Execuções de Medidas e Penas Alternativas da Comarca de Manaus - VEMEPA E-mail: vemepa@tjam.jus.br Projeto: TERAPIA COMUNITÁRIA NA JUSTIÇA Tema escolhido: Gestão do Processo Judicial (prestação jurisdicional efetiva e com responsabilidade social) Responsáveis: Telma de Verçosa Roessing Juíza Titular da VEMEPA Messi Elmer Vasconcelos Castro- Diretor de Secretaria Jaime Pires da Costa Júnior Assistente Social Kelly Mayane Medeiros Figueiredo- Psicóloga Darcy Izel Moreno Presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas do Amazonas - CONEN DELIMITAÇÃO DA AÇÃO A Vara de Execuções de Medidas e Penas Alternativas da Comarca de Manaus - VEMEPA, instalada por meio da Resolução n.º 009/2006-TJ/AM e tendo sua competência estabelecida pela Lei Complementar Estadual n.º 50/2006, consiste em Juízo de Execução Penal Especial. Ao executar as penas restritivas de direitos e acompanhar as medidas penais alternativas (transação penal e suspensão condicional do processo), a suspensão condicional da pena e o livramento condicional, promove a formação de rede entre o Poder Judiciário, a Sociedade Civil e Órgãos governamentais, todos voltados à garantia do caráter educativo, reparador e reabilitador das alternativas penais, assim como ao exercício da cidadania. Com a entrada em vigor da Lei n.º 11.343, de 23.08.2006, a qual instituiu, entre as sanções penais restritivas de direito, a medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo para os usuários de drogas que chegam ao Sistema de Justiça Penal (inciso III, artigo 28 da referida lei) e, tendo em vista a ausência de regras norteadoras para da execução da referida medida, a VEMEPA, por meio da parceria já existente com o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas CONEN, buscou atender a nova demanda oferecendo a técnica da Terapia Comunitária aos cumpridores de medidas alternativas sancionados com esse tipo de medida, oriundos dos Juizados Especiais Criminais, sendo implantado no âmbito da Vara o Projeto Terapia Comunitária na Justiça, em 2007. OBJETIVOS E METAS Dar cumprimento às sanções penais aplicadas em sede de Transação Penal nos Juizados Especiais Criminais da Comarca de Manaus, proporcionando aos cumpridores da medida educativa prevista no artigo 28, inciso III, da Lei nº 11.343 um espaço de escuta para superação de problemas do cotidiano e decorrentes do uso e abuso de álcool e outras drogas, reduzindo a reiteração criminosa.

DESENVOLVIMENTO IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA, ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CAUSAS E PLANO DE AÇÕES DE MELHORIAS E RESULTADO ESPERADO A sanção prevista no inciso III, do artigo 28 da Lei Antidrogas é bastante adequada à natureza do delito praticado, pois tem o objetivo de dissuadir o indivíduo em relação ao uso de drogas, facilitando a sua consciência social. Embora o legislador não tenha sido expresso quanto a isto, o curso ou programa citado na referida lei deve ser preferencialmente voltado à prevenção contra o uso de drogas e ao esclarecimento das consequências da narcodependência. Em 2007, ano seguinte ao da entrada em vigor da referida lei, a VEMEPA decidiu implantar a técnica da Terapia Comunitária para atender essa nova demanda, haja vista que o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas CONEN, contava com terapeutas comunitários em seu quadro de funcionários, resultando dessa parceria o Projeto Terapia Comunitária na Justiça. A Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa é técnica simples de trabalho em grupo, porém solidamente ancorada em cinco eixos teóricos: Pensamento Sistêmico, Teoria da Comunicação, Antropologia Cultural, Pedagogia de Paulo Freire e Resiliência. Estes pilares sintetizam a essência da técnica, ou seja, entender a pessoa como parte de um todo, em que cada parte influencia na outra por meio de relação de horizontalidade, com base em crenças e valores culturais, valorizando-se a experiência pessoal e a capacidade de aprendizado de cada um. A mencionada técnica foi desenvolvida pelo Prof. Dr. Adalberto de Paula Barreto, graduado em Medicina Social pela Universidade do Ceará, doutor em Psiquiatria pela Universidade René Descartes, Paris e doutor em Antropologia pela Universidade de Lyon, Paris, o qual trabalha com a técnica desde 1987. A realização da Terapia Comunitária com os cumpridores de medidas alternativas busca oferecer espaço de escuta e construção de vínculos, com o intuito de apoiá-los nas situações de estresse, uso de álcool e outras drogas, violência doméstica e sofrimentos psíquicos durante o cumprimento da sanção penal alternativa. Inicialmente os cumpridores são atendidos pela equipe psicossocial da Vara, a qual realiza avaliação buscando compreender o fato social, o perfil individual, a dinâmica familiar e o contexto social dos cumpridores, a fim de sugerir o número de encontros que os mesmos têm que participar. Posteriormente os cumpridores passam por audiência admonitória com a Juíza e são encaminhados para as rodas de Terapia Comunitária. Os encontros são realizados na Sala de Apoio da VEMEPA, no 3º Andar do Fórum de Justiça Henoch Reis, e acontecem quinzenalmente, com duração média de duas horas, conduzidos por técnico (a) do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas, capacitado (a) para coordenar o grupo (terapeuta), auxiliada por técnico (a) e estagiários da Vara (co-terapeutas). No caso dos usuários de drogas que chegam à VEMEPA, o mesmo motivo os trouxe para os encontros de Terapia Comunitária: o procedimento criminal. Assim, mediante a troca de experiências, o convívio com pessoas que passaram por problemas semelhantes, é possível aos mesmos entender o porquê da sua conduta, de se sentir compreendido e, a partir disso, ter vontade de mudar. A solução para cada indivíduo repousa no grupo como um todo. A

Terapia Comunitária oferecida pela VEMEPA busca restabelecer o equilíbrio social, familiar e mental do cumpridor da medida alternativa. MÉTODOS E TÉCNICAS ADOTADAS NO DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES A proposta metodológica é a de promover a reintegração social dos cumpridores, fortalecendo suas identidades, restabelecendo, principalmente, suas autoestimas por meio da possibilidade de expressão dos conflitos, medos e dúvidas, com valorização das diferenças individuais e experiências de vida. Em síntese, os encontros seguem seis etapas: o acolhimento, a escolha do tema, a contextualização, a problematização, a conclusão e a avaliação. a) Acolhimento: é o momento inicial da reunião, momento em que as pessoas devem estabelecer contato. O (a) co-terapeuta dá as boas vindas ao grupo, pergunta quem do grupo está aniversariando ou tem algum parente que faça aniversário naquele mês ou então quem deseja comemorar alguma conquista ou realização pessoal. Sugere, então, que se cante celebrando a vida. Em seguida, explica o objetivo e as regras da terapia comunitária (fazer silêncio, falar da própria experiência e, durante a fala do outro, evitar dar conselhos e fazer julgamentos, apenas ouvir), aquece o grupo, por meio de dinâmicas, convidando a todos para participarem ativamente da roda e, por fim, apresenta o (a) terapeuta. b) Escolha do Tema: consiste na escolha do tema a ser discutido no encontro. Para isso, a (o) terapeuta incentiva os participantes a falar de seus problemas, ou melhor, sobre preocupações do cotidiano, pois aquela é a hora certa para desabafar. Lembra provérbios populares, tais como: quando a boca cala, os órgãos falam, quando a boca fala, os órgãos saram ou quem guarda, azeda, quando azeda, estoura e quando estoura, fede. Assim aqueles que querem se voluntariam e expõem seus problemas. Após, a (o) terapeuta pergunta a cada participante qual o seu voto para a escolha do tema da reunião. Escolhido o tema, a (o) terapeuta agradece a compreensão de todos e coloca-se à disposição daqueles cujo tema não foi escolhido para, caso queiram, conversar com ela (e) ao final. c) Contextualização: nesta fase o expositor do tema escolhido irá discorrer mais sobre o seu problema, podendo os demais fazer perguntas para melhor entender a situação. d) Problematização: exposto o problema, a (o) terapeuta lança ao grupo uma pergunta (mote) que faz todos refletirem acerca daquele problema e, em seguida, ouve o que cada qual tem a dizer, a fim de que todos dividam alguma experiência. e) Conclusão: nesta etapa, forma-se uma roda com os componentes do grupo, fazendo-se movimento suave com o corpo de um lado para o outro. Enquanto todos estão neste estado de sincronia, a (o) terapeuta pergunta qual aprendizado cada um está levando daquele encontro. f) Avaliação: ao final, a (o) terapeuta e a (o) co-terapeuta avaliam o desenvolvimento da terapia, de que forma o grupo interagiu e como

se deu a evolução das etapas anteriores e, também, como ficaram as pessoas que externaram seus problemas. O intuito da terapia comunitária não é aconselhar, dar soluções prontas aos problemas ou impor condutas às pessoas, pelo contrário, a força da Terapia Comunitária está justamente no acolhimento e na união do grupo, no estreitamento de laços, na divisão de experiências. RESULTADOS E BENEFÍCIOS ALCANÇADOS A equipe psicossocial da VEMEPA e a terapeuta comunitária do CONEN envolvida no trabalho de Terapia Comunitária fazem análises dos encontros para identificar a valorização e a aceitação das informações técnicas, o melhor entendimento e a adoção de hábitos saudáveis em saúde, a transformação do cumpridor em multiplicador das informações recebidas. Essas análises evidenciam o fortalecimento das relações interpessoais e o aumento da confiança e do apoio entre os participantes. Para melhor engajamento na proposta da Terapia Comunitária no âmbito do Tribunal de Justiça do Amazonas, no ano de 2012, a Juíza da Vara, Dra. Telma de Verçosa Roessing e o Assistente Social, Jaime Pires da Costa Jr., foram capacitados pelo Polo Formador de Terapia Comunitária do Amazonas e se formaram terapeutas comunitários, com intuito de entender melhor a técnica e apoiar do Conselho na realização do trabalho. COMPARAÇÃO ATRAVÉS DE DADOS ESTATÍSTICOS DE MANEIRA A COMPROVAR A EFICÁCIA DAS AÇÕES NO ALCANCE DOS OBJETIVOS RESULTADOS ANO QUANTIDADE DE PESSOAS ATENDIDAS 2007 89 2008 86 2009 118 2010 161 2011 160 2012 376 2013 (até julho) 287

400 350 300 250 200 150 100 50 0 89 86 118 161 160 376 287 2007 2009 2011 2013 (Julho) Acompanhando os participantes da Terapia Comunitária dos anos de 2010, 2011 e 2012 identificou-se que 77% não se envolveram em novos delitos. 23% Novos delitos sem delitos 77%

CONCLUSÃO Com a entrada em vigor da Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 foi instituída a medida educativa de comparecimento ou participação em curso educativo para os usuários de drogas que chegam ao sistema de justiça penal. Na Comarca de Manaus a competência legal para o acompanhamento dessa medida, decorrente dos acordos de transação penal efetuados nos Juizados Especiais Criminais, é da Vara de Execução de Medidas e Penas Alternativas - VEMEPA. Diante da ausência de normas reguladoras para o cumprimento da referida sanção penal, idealizou-se, em conjunto com o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas - CONEN, no ano de 2007, a sua viabilização pelo oferecimento da técnica da Terapia Comunitária, já difundida no Brasil, na época, principalmente no segmento dos programas comunitários de saúde. Naquele ano mostrou-se prática inovadora no âmbito do Poder Judiciário. Atualmente, dentro do Sistema de Justiça tem-se notícia de experiências semelhantes à da VEMEPA no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro, as quais foram implantadas posteriormente ao projeto da VEMEPA. Durante os seis anos ininterruptos que se seguiram à sua implantação, a Terapia Comunitária oferecida pela VEMEPA fortaleceu a parceria da Vara com o referido Conselho no sentido de dar melhor acolhimento aos usuários de drogas envolvidos em delitos. O Projeto Terapia Comunitária na Justiça implantado na VEMEPA foi reconhecido nacionalmente como contribuição significativa nas ações de implementação e fortalecimento da Política Nacional sobre Drogas, valendo à Vara de Execuções de Medidas Alternativas da Comarca de Manaus (VEMEPA), o diploma de Mérito pela Valorização da Vida, no ano de 2008, conferido pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD).

ANEXOS I. Termo de Audiência do 18º Juizado Especial Criminal

II. Termo de Audiência da VEMEPA

III. Momentos da Terapia Comunitária Fase do Acolhimento.

Acolhimento Dinâmica da Bola de Papel a pessoa que recebe se apresenta a todos. Escolha do Tema terapeuta incentiva a apresentação de temas pelos participantes.

Escolha do Tema pelos Participantes (votação) Contextualização pergunta dos participantes sobre o tema debatido. A força da Terapia Comunitária está no acolhimento e na união do grupo!

4. O reconhecimento pelo trabalho realizado veio ainda em 2008, quando a VEMEPA foi premiada pela Secretaria Nacional Antidrogas, conforme o certificado abaixo: