XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DA FOSSA DE EROSÃO A JUSANTE DE VERTEDOURO SALTO ESQUI



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Transcrição:

XIX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DA FOSSA DE EROSÃO A JUSANTE DE VERTEDOURO SALTO ESQUI Franco T. Buffon 1 ; Eduardo Marzec 2 ; Marcelo G. Marques 3 ; Cassius Palauro 4 ; Alba V. B. Canellas 5 Resumo Este documento apresenta a aplicação de diversos métodos de cálculo para estimativa da profundidade de fossas de erosão, provocadas pelo impacto do jato a jusante de vertedouro tipo salto esqui. Para tanto foi realizado um levantamento de informações sobre as fossas de erosão ocorridas na UHE Luiz Carlos Barreto de Carvalho (UHE LCBC), operada pela ELETROBRAS FURNAS, de onde foram obtidas as séries de vazões, níveis de jusante e montante, além de batimetrias da fossa ocorrida a jusante do vertedouro em diferentes anos. Buscou-se utilizar métodos clássicos e estudos mais recentes de previsão de profundidade de fossas de erosão, a partir das quais ficou definida a equação e coeficientes de Veronese como a que melhor representou a realidade. Também foi estimada, utilizando os dados de operação da UHE (inclusão de um parâmetro de tempo vertido), que a profundidade máxima da fossa de erosão no ano 2010 seria de 42m. Abstract This paper presents the application of different calculation methods to estimate the depth of erosion scour caused by the impact of the jet downstream of sky-jump spillway type. For this was made a survey of information on erosion scour occurred in the UHE Luiz Carlos Barreto de Carvalho (UHE LCBC), operated by ELETROBRAS FURNAS, from which were obtained the series of flows, downstream and upstream levels, besides bathymetry of the scour occurred downstream the spillway in different years. Sought to use traditional methods and most recent studies of prediction of erosion scour depth, from which was defined the equation and coefficients of Veronese as the ones that best represented the reality. It was also estimated, using the data from operation of the UHE (including a time parameter), that the maximum scour depth at 2010 would be 42m. Palavras-Chave Vertedouro Salto Esqui, Fossa de Erosão, Estimativa da Profundidade Máxima. 1 Mestrando do Programa de pós-graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental IPH/UFRGS. Av Bento Gonçalves, 9500. CEP: 90650-001. Porto Alegre, RS. Telefone: (51) 3308-6114. E-mail: francobuffon@gmail.com. 2 Graduando em Engenharia Civil - UFRGS. Av Bento Gonçalves, 9500. CEP: 90650-001. Porto Alegre, RS. Telefone: (51) 3308-6114. E-mail: eduardomarzec@hotmail.com. 3 Professor Adjunto IPH/UFRGS. Av Bento Gonçalves, 9500. CEP: 90650-001. Porto Alegre, RS. Telefone: (51) 3308-6114. E-mail: mmarques@iph.ufgrs.br. 4 Mestrando do Programa de pós-graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental IPH/UFRGS. Av Bento Gonçalves, 9500. CEP: 90650-001. Porto Alegre, RS. Telefone: (51) 3308-6114. E-mail: cassiuspalauro@gmail.com. 5 Gerente de projeto de P&D, LAHE/ELETROBRAS FURNAS Centrais Elétricas S.A.. Estrada do Pau da Fome, 839. CEP: 22723-490. Rio de Janeiro, RJ. Telefone: (21) 2446-9421. E-mail: alba@furnas.com.br. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

INTRODUÇÃO As fossas de erosão a jusante dos vertedouros têm sido investigadas de forma intensa nos últimos anos. Elas ocorrem devido ao impacto do jato (figura 1) lançado pelo vertedouro, neste caso do tipo salto de esqui, com a formação rochosa característica do local. Esse tipo de estrutura de segurança de barragem (vertedouro salto esqui) tem sido largamente utilizado em barragens para geração de energia elétrica, pois possuem um baixo custo de implantação quando há condições topográficas e geológicas favoráveis. O presente trabalho está inserido no projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Análise dos Processos Físicos Envolvidos na Formação de Fossas de Erosão em Leito Coesivo a Jusante de Salto de Esqui, desenvolvido em parceria com o Laboratório de Obras Hidráulicas (LOH Instituto de Pesquisas Hidráulicas/UFRGS) e o Laboratório de Hidráulica Experimental e Recursos Hídricos (LAHE Departamento de Engenharia Civil/FURNAS). Neste projeto de P&D será ainda avaliada a evolução das pressões de acordo com a profundidade das fossas em 3 modelos físicos, sendo um destes tridimensional em escala 1:100, e os outros dois bidimensionais em escala 1:100 e 1:50. Figura 1 Formação do jato no vertedouro salto esqui da UHE LCBC, CBDB (2002) Na tabela 1 está apresentado um resumo com as principais características da UHE LCBC relevantes na operação do reservatório e comportas do vertedouro. Na figura 2 está presentado o XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2

arranjo geral da UHE LCBC, e na figura 3 está apresentado o perfil longitudinal da seção central do vertedouro. Tabela 1 Características do reservatório e vertedouro da UHE LCBC, HIDROESB (1991) Vazão de projeto do vertedor (m³/s) 13.000 Vazão máxima de operação do vertedor (m³/s) 8.000 Nível máximo maximorum no reservatório (m) 626,64 Nível máximo no reservatório (m) 622,50 Nível mínimo no reservatório (m) 618,50 Nível máximo maximorum no canal de fuga (m) 564,60 Nível mínimo no canal de fuga (m) 556,35 Cota de fundo do canal de aproximação (m) 600,50 Cota da soleira do vertedor (m) 606,30 Largura total do vertedor (m) 84 Largura do vão (m) 11,50 Largura do pilar (m) 3,00 Número de Pilares 5 Numero Vãos 6 Ângulo de lançamento (graus) 42 Figura 2 Arranjo geral da UHE LCBC, CEHPAR (1983) XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3

Figura 3 Perfil longitudinal da seção central do vertedouro, Manso et al. (2007) Neste trabalho, serão apresentadas tentativas de calcular a profundidade máxima da fossa de erosão a jusante do vertedouro salto esqui da UHE LCBC, com destaque para o trabalho de Mason e Arumugan (1985), além de alguns estudos mais recentes, como Bollaert e Schleiss (2003) e Liu (2002 e 2005). Será dada ênfase na importância nos dados de protótipo e nas limitações das generalizações analíticas. Após essa análise, será apresentada uma equação geral para estimar a profundidade da fossa de erosão, com base na avaliação dos dados da UHE LCBC. Serão utilizados novos parâmetros nesta equação, na tentativa de incluir principalmente o tempo de vazão vertida, ou seja, a frequência com que o jato colide com o contorno sólido da região. METODOLOGIA DE PESQUISA Para facilitar o entendimento do trabalho desenvolvido está seção será desmembrada na interpretação dos dados obtidos na análise documental da UHE LCBC (fossa de erosão e séries hidrológicas) e na aplicação de métodos para estimativa da profundidade máxima ocorrida na mesma. Séries hidrológicas Com os dados das vazões diárias desde 01/01/1969 até 14/06/2010, foram feitas algumas análises em relação aos dias vertidos. No dia 16/03/1969, a usina entrou em operação, portanto não há registro de vazão turbinada antes desta data. No primeiro cálculo realizado, foram considerados XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4

apenas os dias vertidos, a fim de se obter o número total de dias vertidos, a porcentagem de dias vertidos, as vazões máxima, mínima e média e o desvio padrão da série. Algumas das informações obtidas estão apresentadas na tabela 2. Tabela 2: Informações das vazões vertidas na UHE LCBC Total de dias em funcionamento de 1969 a 2010 15.140 Total de dias com vertimento 1.574 Vazão máxima vertida (m³/s) 4.132 Vazão média vertida (m³/s) 1.316 Desvio padrão das vazões vertidas (m³/s) 872 Também foi feita uma análise mais específica, por períodos em que houve levantamentos batimétricos. Foi considerado o total de dias de funcionamento, o número de dias vertidos em cada período. Em cada intervalo foi calculada a média, o número de ocorrências de vertimento, a porcentagem em relação ao total de dias vertidos e a porcentagem em relação ao total de dias. No intervalo de 17/03/1969 até 09/1982, houve 604 dias vertidos num total de 4.946 dias de funcionamento. A vazão máxima registrada foi de 4.006m³/s. No período de 10/1982 até 16/04/1984 houve 344 dias vertidos num total de 564 dias de funcionamento da usina. A vazão máxima, 4.132m³/s, foi a maior entre todos os períodos considerados até o momento. No período de 10/1982 até 12/1988, verteram 425 dias num total 2.284 dias de funcionamento da UHE LCBC, sendo que apenas uma vez houve vazão maior que 4.000m³/s. A figura 4 apresenta a curvas de permanência das vazões vertidas, calculadas para os mesmos intervalos de tempo em que foram realizadas as topobatimetrias. Com isso é possível estimar a probabilidade de ocorrência de uma determinada vazão, com a finalidade de reproduzir vazões representativas de cada etapa da evolução da fossa de erosão durante os ensaios a serem realizados nos modelos físicos da UHE LCBC construídos no LOH/IPH e no LAHE/FURNAS. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5

Vazão vertida (m³/s) 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1969-1982 1982-1984 1984-1988 0 20 40 60 80 100 Probabilidade de não-excedência (%) Figura 4 Curvas de permanência das vazões vertidas por período entre batimetrias Na tabela 3 está apresentado um resumo dos valores encontrados paras as permanências em todos os períodos considerados. Tabela 3 Curvas de permanência das vazões vertidas na UHE LCBC PERÍODO 1969-1982 1982-1884 1982-1988 Permanência Vazão (m³/s) Vazão (m³/s) Vazão (m³/s) 10% 2.504,8 2.900 2.735,6 20% 1.860 2.660,4 2.100 30% 1.349,2 2.300 1.991,6 40% 1.180 2.000 1.600 50% 1.000 1.800 1.398 60% 799,2 1.320 700 70% 600 900 600 80% 465,2 650 499,2 90% 252,2 600 310,8 Também foram analisados os dados de níveis de água a jusante da UHE LCBC, no canal de fuga. A partir desses dados foi possível determinar uma curva-chave de jusante, analisando-se os níveis da água nos dias em que houve vertimento na barragem, e observando que sempre há uma vazão turbinada adicional a vazão vertida. Com isso, foi realizada uma regressão estatística para relacionar os níveis com a vazão efluente total, de forma a se obter a curva-chave que pode ser visualizada na figura 5. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6

563.0 562.0 Cota (m) 561.0 560.0 559.0 558.0 557.0 Calculado Observado 0 1000 2000 3000 4000 5000 Vazão efluente total (m³/s) Figura 5 Curva-chave a jusante do vertedouro salto esqui Fossa de erosão O jato lançado pelo vertedouro tipo salto esqui impacta sobre a o leito rochoso de jusante. O escoamento na região do impacto é extremamente complexo e turbulento, provocando altas pressões e grande oscilação das mesmas. O efeito desse escoamento nas juntas das fraturas do maciço rochoso provoca a desagregação de blocos de rocha e posterior carreamento dos mesmos para locais mais a jusante do leito do rio. A consequência desse processo são as chamadas fossas de erosão, além da formação de barras constituídas pelo material carregado do fundo da fossa de erosão que se deposita a jusante. Como o local onde a UHE LCBC foi construída é composto por quartzito estratificado e fraturado [IPT (1965) e CEHPAR (1983)], e sendo o jato confinado lateralmente por um bloco de rocha aparente, o efeito do escoamento turbulento sobre o maciço de rochoso provocou a evolução assimétrica da fossa de erosão a jusante do salto de esqui devido a correntes de retorno do escoamento ao pé da barragem. Na figura 6 está apresentado um esquema representativo dos componentes da evolução da fossa de erosão da UHE LCBC. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7

Figura 6 Visão esquemática dos componentes da fossa de erosão, adaptado de Manso et al. (2007) Na figura 7 pode ser visualizado o efeito da erosão provocada pelas correntes de retorno (erosão regressiva) sobre o aterro paisagístico e laje no pé da barragem. Figura 7 Erosão provocada por correntes de retorno na UHE LCBC, CBDB (2002) Visando controlar a evolução das fossas de erosão, para manter a segurança da estrutura, foram realizados levantamentos topo-batimétricos a jusante do vertedouro da UHE LCBC nos anos de 1969 (ano de inauguração), 1982, 1984 e 1988. Na figura 8 podem ser vistos os perfis das batimetrias da seção central do vertedouro para os anos em que houve levantamentos. Na tabela 4 está apresentado um resumo das informações levantadas. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8

Cota (m) 565 560 555 550 545 540 535 530 1969 1982 1984 1988 0 50 100 150 200 250 300 350 Distância em relação ao vertedouro (m) Figura 8 Perfil da batimetria ao longo da seção central do vertedouro Tabela 4 Dados da fossa de erosão da UHE LCBC Batimetria Cota da Profundidade Máxima (m) Profundidade Máxima (m) 1969 563 0 1982 533,80 29,20 1984 532,80 30,20 1988 529,00 34,00 Na figura 9 pode ser vista a fossa de erosão obtida através do levantamento topo-batimétrico de 1988, no qual pode se observar que a profundidade máxima alcançada pela fossa de erosão chegou a 34m. Figura 9 levantamento topo-batimétrico de 1988 XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9

Com os levantamentos digitais das batimetrias foi possível gerar modelos numéricos do terreno (MNT, figuras 10 e 11) através da interpolação TIN (Triangular Irregular Network). Isso foi utilizado para estimar os volumes erodidos ao longo da operação da UHE LCBC e assim melhorar o entendimento da evolução da fossa de erosão. Figura 11 MNT do levantamento topo-batimétrico de 1988 Os volumes calculados por este método estão apresentados na tabela 5. Tabela 5 Volumes erodidos da UHE LCBC Batimetria Volume Erodido (m³) 1969 0 1982 108415,2 1984 213617,7 1988 132371,9 Nota-se que houve uma redução do volume erodido entre as batimetrias de 1984 e 1988. Julga-se que isto pode ter ocorrido em função das correntes de retorno, que provavelmente arrastam os blocos de rocha da barra de jusante novamente para dentro da fossa de erosão, reduzindo o volume das fossas de erosão. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10

Métodos clássicos As maneiras mais usadas para se avaliar a erosão a jusante dos vertedouros são: os modelos reduzidos (através de ensaios com fundo móvel ou com certo grau de coesão); os cálculos através de fórmulas deduzidas com dados de ensaios; e os esforços hidrodinâmicos. Principais fatores que intervém no fenômeno da evolução das fossas erosão são os seguintes, CBDB (1996): A forma do jato incidente; A energia do jato; A vazão específica; O grau de aeração do jato; A altura do tirante (colchão) de água a jusante; A matriz rochosa do leito do rio e o seu grau de homogeneidade; O grau de alteração e diaclasamento da rocha e a eventual existência de falhas geologias; A frequência de operação do vertedouro; e, A frequência de operações assimétricas de comportas. Nas primeiras tentativas de previsão da profundidade máxima da fossa de erosão provocadas por jatos oriundos de estruturas vertedouras, utilizavam-se fórmulas empíricas baseadas nos parâmetros físicos que estão apresentados na figura 12. Figura 12 Erosão em uma bacia de lançamento, grandezas características, CBDB (1996) No trabalho de Mason e Arumugan (1985), os autores avaliaram diversas fórmulas empíricas de previsão da profundidade de erosão e propuseram novas expressões para aplicação em modelos e em protótipos. As expressões sugeridas para modelos e protótipos. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11

Para modelos: q 0,60 H 0.05 h 0,15 D = 3,27 (1) g 0,30 d 0,10 Para protótipos: y q x H h 0,15 D = K (2) g 0,30 d 0,10 Onde D é a profundidade de erosão medida a partir do nível de jusante (m); q é a vazão por unidade de largura (m³/s/m); H é a queda bruta do reservatório ao nível de restituição a jusante (m); h é a profundidade de água a jusante (m); d é o diâmetro médio representativo do material de fundo (m) e g é a aceleração da gravidade (m/s²). Neste método, os coeficientes das fórmulas propostas foram encontrados por tentativas dos autores, visando minimizar os coeficientes de variação. Sendo os parâmetros K, x e y os coeficientes de variação são ajustados de acordo com as seguintes relações com a queda bruta no reservatório: 0,10 K = 6,42 3,10 H (3) x = 0,60 H 300 (4) y = 0,05 H 200 (5) Segundo CBDB (1996), na prática, h e d têm uma relevância menor em relação a vazão q e a queda H. O diâmetro d é o parâmetro mais difícil de se obter, quase sempre os autores usam 0,25. Há de se levar em conta também a simplicidade do modelo matemático em termos hidráulicos. As equações de Mason e Arumugan apresentadas anteriormente foram baseadas no trabalho de vários autores, que utilizavam diferentes tipos de equações no cálculo da profundidade máxima. Sendo que dos diversos autores analisados por eles, os melhores resultados foram obtidos pelo grupo de autores apresentados na tabela 6, e que utilizam a expressão apresentada na equação (6). y q x H D K (6) d z XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 12

Tabela 6: Valores dos parâmetros dos autores pesquisados por Mason e Arumugan (1985) Autores K x y z d Schoklitsch 0,521 0,57 0,2 0,32 0,25 Veronese (A) 0,202 0,54 0,225 0,42 0,25 Veronese (K) 1,9 0,54 0,225 0 0,25 Patrasaev 3,9 0,5 0,25 0,25 0,25 Eggenburger 1,44 0,6 0,5 0,4 0,25 Hartung 1,4 0,64 0,36 0,32 0,25 Damle (A) 0,652 0,5 0,5 0 0,25 Damle (B) 0,543 0,5 0,5 0 0,25 Damle (C) 0,362 0,5 0,5 0 0,25 Chee e Padivar 2,126 0,67 0,18 0,063 0,25 Wu 1,18 0,51 0,235 0 0,25 Chee e Kung 1,663 0,6 0,2 0,1 0,25 Martins (B) 1,5 0,6 0,1 0 0,25 Taraimovich 0,663 0,67 0,25 0 0,25 Machado 1,35 0,5 0,3145 0,0645 0,25 SOFRELEC 2,3 0,6 0,1 0 0,25 INCYTH 1,413 0,5 0,25 0 0,25 Também nesse grupo de equações estudadas foi incluído o trabalho de Bizas e Tischopp, que utiliza uma expressão diferente, equação (7), para K = 2,76, x = 0,5, y = 0,25, z = 1 e d = 0,25. x y D = K q H K' d (7) Pela análise de Mason e Arumugan (1985), os autores pesquisados parecem ter derivado suas fórmulas de experimentos, modificando os parâmetros a fim de traduzir os efeitos observados. Veronese (1937) analisou em seus experimentos a erosão exercida por um jato em queda livre sobre material sem coesão, tal como seixos, por considerar que a maioria dos vales da Itália, para os quais sua fórmula se aplicava, tem fundo aluvionar. Ele recomendava a utilização do diâmetro médio do material que fosse obtido a partir de amostras do leito do rio, ou vale, em estudo. E recomendava a doção do valor de K em função das características da rocha na bacia de lançamento do jato. Sua segunda fórmula (K) surgiu da constatação, em seus ensaios, que a partir de um certo diâmetro para baixo, a erosão tornava-se independente desse fator. A expressão de Martins (1975) é baseada em uma análise de dados de 18 protótipos, não sabendo se o material do leito era coesivo ou não. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 13

Wu (1973) chegou a sua fórmula com base em dados de 5 protótipos e um modelo reduzido, executados em Taiwan. Segundo esse autor, os dados analisados são de rios de grande declividade em que o regime é, praticamente supercrítico e o tirante de água a jusante muito baixo, comparado com o desnível total. As três expressões de Damle representam o valor máximo de erosão para modelo e protótipo, o valor médio para erosão em modelo e o valor médio para erosão em protótipo. Os resultados dos protótipos parecem sugerir a expressão (8) a seguir, válida para basaltos. 0,54 0,225 D = 0,6 q H (8) No modelo do impacto do jato submerso, Yu (1963) propõe, através de análises teóricas e experimentais, calcular a máxima profundidade da fossa em uma zona de água rasa, conforme a equação (9). 1,172 q H D = (9) k r 3 4 1 8 Onde kr é o coeficiente de resistência do leito de rocha (0,85 < kr < 2,1). Hartung e Haustler (1973) também propuseram a inclusão de parâmetros de pressão em sua equação. Com isso, estes tentaram melhor representar os efeitos hidrodinâmicos envolvidos nos processos físicos de formação das fossas de erosão provocadas por jatos. Novos Métodos Um novo modelo de estimativa da profundidade máxima da fossa foi proposto por Liu (2005), chamado de Modelo Mecânico, baseia-se na análise das forças agindo nos blocos de rocha na bacia de dissipação. Foram medidas as cargas agindo sobre os blocos de rochas articuladas. Yuditskii (1971) derivou um método para estimar a profundidade da fossa na bacia de dissipação. De acordo com os resultados experimentais de elevação de flutuação nos blocos de rocha, Liu propôs a equação (10): 2 / 3 1/ 3 q H T = kc (0,41+ 0,082 d) (10) 1/ 3 d Onde kc é o coeficiente de resistência a erosão do leito de rocha (0,62 < kc < 1) e d é tamanho característico do bloco de rocha principal. Uma tendência em outros métodos recentemente desenvolvidos para a estimativa da profundidade máxima da fossa de erosão é a inclusão de mais parâmetros representativos dos processos físico-mecânicos (figura 13). Uma diversidade de fatores estão envolvidos na formação XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 14

das fossas de erosão, Bollaert e Scheleiss (2003) fizeram uma revisão dos parâmetros utilizados nas equações de estimativa da profundidade máxima, os quais estão resumidos simplificadamente a seguir: Características Hidráulicas: o Hidrostáticas: vazão específica; nível d água a jusante; queda bruta do reservatório aceleração da gravidade; velocidade do jato no impacto; ângulo de impacto do jato; o Hidrodinâmicas: fenômeno de oscilação de pressões desvio padrão da flutuação de pressão; espectro de potências da flutuação de pressão. Características Geomecânicas: o Grãos do solo: diâmetro médio; velocidade de arrasto da partícula; massa específica. o Massa da rocha fraturada: tensões de resistência e compressão; qualidade da rocha; quantidade de falhas da rocha; tamanho do bloco de rocha; ângulo de mergulho da rocha; ângulo residual de atrito. Características da Aeração: coeficiente de redução de ar; taxa volumétrica ar-para-água; turbulência na saída do jato; comprimento do jato. Características do Tempo: frequência das vazões vertidas; proporção de tempo vertido. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 15

Figura 13 Principais parâmetros e processos físico-mecânicos na formação de fossas de erosão, adaptado de Bollaert e Schleiss (2003) Com isso, na tentativa de agregar parâmetros de tempo na previsão da fossa de erosão ocorrida na UHE LCBC, a equipe dos autores deste trabalho utilizou os valores médios das vazões e níveis de jusante levantados, aliado a frequência acumulada de ocorrência dos mesmos, em conjunto com outros parâmetros como queda bruta, e diâmetro médio do material de fundo. A expressão proposta para estimar a profundidade máxima da fossa de erosão, com os parâmetros que melhor representaram a profundidade das erosões ocorridas é a equação (11). D a b c d e = K Qmed. ac. H med. ac. hmed. ac. T ac. vert. d (11) Onde, Q med.ac. é a vazão média vertida do inicio da operação até a data considerada (datas em que houve batimetrias); H med.ac. é a queda bruta média do inicio da operação até a data considerada; h med.ac. é a altura de água média de jusante do inicio da operação até a data considerada; T ac.vert. é o tempo vertido sobre o tempo total do inicio da operação até a data considerada; e d é o diâmetro médio do bloco de rocha, igual a 0,25m. Os valores calculados para essas variáveis estão apresentados na tabela 7. Tabela 7 Valores dos parâmetros utilizados PERÍODO Q med.ac. (m³/s) H med.ac. (m) h med.ac. (m) T ac.vert. 1969 1982 1176 62,2 3,65 0,1221 1969-1984 1376 62,05 3,79 0,1713 1969-1988 1373 62,05 3,78 0,1450 1969-2010 1322 62,09 3,75 0,0999 XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 16

A equação (11) não é dimensionalmente homogênea. Os parâmetros K, a, b, c, d, e e foram obtidos estatisticamente (tabela 8) através de um regressão matemática não-linear, cuja função objetivo é minimizar a diferença entre os valores observados da profundidade máxima de erosão e os valores calculados. Tabela 8 Valores dos parâmetros estatísticos K a b c d e Valor 3,183 1,306-2,440 1,885-0,734 0,663 RESULTADOS E DISCUSSÃO Aplicando as equações dos métodos de previsão da fossa de erosão para os dados da UHE LCBC, obtivemos as cotas da fossa de erosão em função da vazão vertida (figura 14). A vazão mínima considerada foi de 1.000m³/s, pois esta é a vazão mínima para que haja formação de jato. A máxima vazão vertida adotada foi de 13.000m³/s, por ser a vazão de projeto para o vertedouro. Cota da Fossa de Erosão (m) 560 550 540 530 520 510 500 490 480 Mason INCYTH Veronsese 1,2 Veronsese 1,5 Damle (B) Xia Yu-Chang 1,4 Taraimovich Liu Fossa máxima 0 5000 10000 15000 Vazão Máxima Vertida (m³/s) Figura 14 Cota da fossa máxima em função da vazão vertida Na figura 14 foram plotados somente os métodos que forneceram os melhores resultados. Visto que a vazão máxima realmente vertida na UHE LCBC está em torno de 4.000m³/s e a profundidade máxima observada (1988) foi de 34m, os métodos que melhor aproximaram esta condição foram alcançados com as equações de Veronese 1.2, Veronese 1.5, Damle (B), Mason, Incyth, Xia Yu-Chang 1.4, Taraimovich e Liu. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 17

A partir da equação proposta (11) foi estimado que a profundidade máxima da fossa de erosão provocada pelo jato do vertedouro salto esqui que provavelmente deverá ter ocorrido na UHE LCBC até o dia a próxima batimetria deve ser de aproximadamente 42 m (41,72m). Isto se deve a inclusão do fator de tempo, visto que a vazão máxima vertida permanece a mesma e o que mudou foi a frequência de vertimento na UHE LCBC. CONCLUSÕES Analisando os métodos de previsão da profundidade máxima da fossa de erosão devido ao impacto do jato formado a jusante do vertedouro salto esqui, concluiu-se que os melhores resultados foram obtidos com a equação de Veronese, com coeficiente de resistência da rocha igual a 1,5. Nenhum outro autor conseguiu chegar a um método capaz de calcular com maior precisão a profundidade da fossa de erosão desenvolvida a jusante do vertedouro da UHE LCBC. É necessário um melhor entendimento dos fatores que influenciam no processo, com o objetivo principal de acrescentar mais parâmetros nas equações. Na equação proposta, a presença dos valores acumulados de tempo, vazão, queda de projeto e altura da lâmina de água resultou em resultados muito próximos dos ocorridos na fossa de erosão da UHE LCBC. A profundidade máxima da fossa de erosão em torno do valor de 42m (cota de 521m) para 2010 foi considerada uma boa previsão, devendo ser confirmada através de um novo levantamento batimétrico. AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer aos funcionários do Laboratório de Obras Hidráulicas (IPH/UFRGS), especialmente a João Gerdau de Borja e Luciano Faustino da Silva pelo suporte e apoio técnico. Ao Prof. Mauricio Dai Prá da UFPel, pelo fornecimento de dados e pelo esclarecimento de dúvidas. E ao Laboratório de Hidráulica Experimental e Recursos Hídricos de FURNAS Centrais Elétricas S. A. (LAHE/FURNAS), pelo fornecimento das bolsas a equipe deste trabalho. XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 18

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