III-178 EVOLUÇÃO DA GERAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE CAXIAS DO SUL ANÁLISE PRELIMINAR

Documentos relacionados
III CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: AVALIAÇÃO PRELIMINAR DAS COLETAS REGULAR E SELETIVA NO MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES RS.

Geração de Resíduos Sólidos Urbanos no município de Caxias do Sul: uma análise da eficiência da segregação em diferentes classes sociais.

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. 14 a 19 de Setembro Joinville - Santa Catarina

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA INCIDÊNCIA DE RESÍDUOS POLIMÉRICOS PROVENIENTES DA COLETA SELETIVA NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL

III A INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE NA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSSS)

EVOLUÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES, R.S.- NO PERÍODO DE 1993 A 2001.

III CENÁRIO ATUAL DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS GALVÂNICOS E DE PINTURA INDUSTRIAL NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL / RS

POTENCIAL ECONÔMICO DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS DE FORTALEZA-CEARÁ

DENSIDADE APARENTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS RECÉM COLETADOS

CARACTERIZAÇÃO GRAVIMÉTRICA DO RSU DO MUNICÍPIO DE SINOP MT PARA CLASSES DE BAIXA RENDA

III-008 COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA E VALOR ECONÔMICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EXCLUSIVAMENTE DOMICILIARES DE BAIRROS DE CLASSE MÉDIA ALTA EM JOÃO PESSOA

34ª assembléia Nacional da ASSEMAE 16 a 21 de maio de 2004 Caxias do Sul RS Brasil

HSA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

III AVALIAÇÃO DE METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM PARA CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS GERADOS NA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, CAMPUS FRANCISCO BELTRÃO

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares do bairro São Jorge, Uberlândia - Minas Gerais.

RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Profa. Dra. Wanda M. Risso Günther FSP/USP

ESTUDO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS DE LAJEADO/RS PELA CARACTERIZAÇÃO GRAVIMÉTRICA

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O CAMINHO PARA A CONSCIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO - AVALIAÇÃO DO TRABALHO DESENVOLVIDO PELA EEA/UEFS

Ana Paula Soares * Centro Mineiro de Referência em Resíduos - CMRR.

Vania Elisabete Schneider 1*, Verônica Casagrande 1, Denise Peresin 1, Sofia Helena Zanella Carra 1

II - Caracterização dos Resíduos Sólidos

ANÁLISE DOS HÁBITOS DA POPULAÇÃO PELOTENSE EM RELAÇÃO AO DESTINO DO LIXO RESIDENCIAL. NEBEL¹, Gitana C. S.; LANZETTA², Suzana. 1.

ESTUDOS PRELIMINARES 1- CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS GERADOS EM BITURUNA PR 2- BALANÇO DE MASSA E REINTEGRAÇÃO AMBIENTAL

Cenário dos RSU no Município de São Paulo. Fernando Morini TCM/SP

Implantação e Operação de Aterros para Pequenas Comunidades A Experiência de Catas Altas - MG

DISPOSIÇÃO INADEQUADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA MICROBACIA DO TIJUCO PRETO, MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS/SP.

III DIAGNÓSTICO E PROPOSTA DE MELHORIA DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUZIDOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO: CAMPUS CUIABÁ/UFMT

Disciplina: Manejo de Resíduos Sólidos. 6 Armazenamento, Coleta e Transporte. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Setembro de 2016

SEMINÁRIO DE ENGENHARIA GEOTECNIA DO RIO GRANDE DO SUL GEORS 2019

RESÍDUOS SÓLIDOS ESTUDO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFMT CAMPUS CUIABÁ

Análise comparativa de estudos sobre a caracterização física dos resíduos sólidos urbanos gerados em diferentes municípios brasileiros.

III ESTUDO DO STRIPPING DE AMÔNIA EM LÍQUIDO PERCOLADO

MÉTODO DE AMOSTRAGEM E CARACTERIZAÇÃO DESCENTRALIZADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM GEORREFERENCIAMENTO

PANORAMA ATUAL DO GERENCIAMENTO DE RESIDUOS SÓLIDOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFRB EM CRUZ DAS ALMAS

Ana Paula Soares (*) * Centro Mineiro de Referência em Resíduos - CMRR.

Produção e caracterização de resíduos da construção civil

EMPREGO DO BALANÇO DE MASSA NA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE UMA NOVA METODOLOGIA PARA A CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

III CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES DA CIDADE DE CAMPINA GRANDE/PB

IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DA DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NO ESTADO DA PARAÍBA

GRAVIMETRIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL (UEMS), UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE MUNDO NOVO

ANÁLISE GRAVIMÉTRICA DO LIXO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 2001

GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Caso para o Município de General Carneiro PR

Eixo Temático ET Gestão de Resíduos Sólidos ESTUDO GRAVIMÉTRICO DO ATERRO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE CARUARU-PE

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

DIAGNÓSTICO E COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM TRÊS BAIRROS DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS-BA

DIRETRIZES PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NAS CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS - CEASA / MG

AVALIAÇÃO DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DA CIDADE DE PARAISÓPOLIS - MINAS GERAIS

C O M O F U N C I O N A A C O L E T A S E L E T I V A N A U F S C A R?

IPES CESTA BÁSICA CAXIAS DO SUL. Outubro de Cesta Básica de Caxias do Sul. Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO O QUE É COLETA SELETIVA O QUE É RECICLAGEM CORES DA COLETA SELETIVA...04

DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA NA CENTRAL DE TRIAGEM LOCALIZADA EM ESTEIO/RS

07 - O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA. ESTUDO DE CASO: PEDRAS DE FOGO/PARAÍBA/BRASIL

AMUPE - Os Objetivos do desenvolvimento sustentável: Meta Global, Ação Municipal CISBRA

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

CARACTERIZAÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA- PARÁ

Relatório Anual da Reciclagem 2017

Módulo Resíduos Sólidos: Classificação e Características. Exercícios.

Relatório Anual da Reciclagem 2018

PEGADA ECOLÓGICA A PEGADA DE ALGUNS PAISES. Estados Unidos: 9,7 hectares / pessoa. Brasil: 2,2 hectares / pessoa. Etiópia: 0,47 hectares / pessoa

PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE SECAGEM DE BAGAÇO DE MAÇÃ PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

Geração percapita Resíduos Urbanos: (Kg/hab.dia)

SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS ECOPONTO RESIDENCIAL SPAZIO ÚNICO. Relatório de Controle Mensal - Nº 13

CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PROFESSORA: KAREN WROBEL STRAUB

Pesquisa Ciclosoft Radiografando a Coleta Seletiva

Sistemas de Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Vídeo. Contextualização. Soluções. Instrumentalização. Aula 5. Prof. Esp.

SISTEMAS DE RECICLAGEM para RESÍDUOS MUNICIPAIS

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

Disciplina: Resíduos Sólidos. 6 Armazenamento, Coleta e Transporte. Professor: Sandro Donnini Mancini. Sorocaba, Março de 2018

Relatório Anual da Reciclagem. Relatório Anual da Reciclagem

IPES CESTA BÁSICA CAXIAS DO SUL. Setembro de Cesta Básica de Caxias do Sul. Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

Eixo Temático ET Gestão Ambiental

ESTUDO DA LOGÍSTICA, MANEJO E GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO BAIRRO RODOVIÁRIA DE QUIXADÁ - CE

ESTUDO DE COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE CRICIÚMA

ANEXO II CURSOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS ECOPONTO RESIDENCIAL SPAZIO ÚNICO. Relatório de Controle Mensal - Nº 12

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

Aula 2 Resíduos Sólidos

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

IPES CESTA BÁSICA CAXIAS DO SUL. Dezembro de Cesta Básica de Caxias do Sul. Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

INSTRUÇÃO AMBIENTAL. Status: Aprovada COLETA SELETIVA

Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

IPES CESTA BÁSICA CAXIAS DO SUL. Janeiro de Cesta Básica de Caxias do Sul. Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS E SOCIAIS CESTA BÁSICA

IPES CESTA BÁSICA CAXIAS DO SUL. Março de Cesta Básica de Caxias do Sul. Publicação mensal do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais

GERAÇÃO DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS NO MUNICÍPIO DE CAÇADOR-SC

Disposição final e tratamento de resíduos sólidos urbanos

Panorama e Política Nacional de

Resíduos sólidos no município de Campos dos Goytacazes/RJ

GERÊNCIA DE PESQUISAS APLICADAS IGP. Determinação do Peso Específico de diversos tipos de resíduos sólidos

IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental

Utilização de garrafas PET na produção de tijolos de concreto: uma proposta sustentável para a indústria da construção civil

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Transcrição:

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina III-178 EVOLUÇÃO DA GERAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE CAXIAS DO SUL ANÁLISE PRELIMINAR Vania Elisabete Schneider (1) Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutoranda em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (IPH/UFRGS). Cláudia Teixeira Panarotto Bióloga pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Mestre em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Saneamento pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutora em Engenharia Civil pela Universidade de Sherbrooke Québec Canadá. Denise Peresin Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Habilitação Biologia (CARVI/UCS/RS). Fernanda Marcon Graduanda em Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Biológicas (UCS/RS). Delma Tânia Bertholdo Engenheira Química (UCS). Mestre em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (UFRGS). Josiane Nunes

Engenheira Química (UCS). Especialista em Projetos de Tratamento de Resíduos Sólidos, Líquidos, Gasosos e Industriais (PUC/RS). Luciara Bilhalva Corrêa Economista Doméstica (UFPEL). Especialista em Tecnologia de Alimentos (UCS). Endereço(1): Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 - Bairro Petrópolis - Cidade Universitária - Caxias do Sul - RS -CEP: 95001-970 - Brasil - Tel.: (54) 218 2100. e- mail: veschnei@ucs.br RESUMO A caracterização física e a composição gravimétrica dos resíduos e a análise de dados coletados em uma série histórica, demonstram existir variações na composição gravimétrica dos resíduos gerados por uma mesma comunidade ou por comunidades próximas geográficas e culturalmente (Pessin et al, 1991; Schneider e Lima, 1994 b; Pessin e Silva, 1995; Mandelli, 1997; De Conto et al 2002; Schneider et al, 2002).Convém salientar a necessidade de uma análise criteriosa quanto aos métodos, utilizados nestes estudos. Este trabalho apresenta uma análise preliminar dos resultados obtidos em uma caracterização levada a efeito em novembro de 2002, no Município de Caxias do Sul, frente a outros estudos realizados em anos anteriores por Pessin et al (1991), Mandelli (1997) e De Conto et al (2002). A unidade amostral foi definida a partir dos resíduos coletados em 3 bairros, classificados segundo a condição social, em classe baixa, média e alta. Pelo método de "quarteamento", foram extraídas duas amostras de 200 L, para cada bairro da coleta regular e 4 amostras para cada bairro da coleta seletiva. Alguns materiais como metais ferrosos e não-ferrosos, trapo/couro/borracha, madeira e papel/papelão e matéria orgânica putrescível, tiveram uma redução no seu percentual de geração, considerando os anos de 1991 e 2002. Outros materiais aumentaram o seu percentual de geração, entre eles estão o plástico, o vidro e os diversos. Dentre esses, os de maior significância, devido ao seu elevado consumo e descarte estão o plástico, o papel/papelão, diversos e a matéria orgânica putrescível. O percentual de papel/papelão reduziu significativamente nos anos de 1991 (21%) a 1995 (8%). De 1995 a 2002 o papel/papelão vem sofrendo um pequeno aumento apesar das embalagens produzidas com este material estarem sendo substituídas pelo plástico. A matéria orgânica putrescível significativamente e gradativamente diminuiu a sua representação na massa total de resíduos amostrados, de 58,8% em 1995 a 37,3% em 2002. Em 11 anos de estudos a geração de plásticos aproximadamente triplicou levando em conta os anos de 1991 (8,9%) e 2002 (17,3%).

PALAVRAS-CHAVE: resíduos sólidos urbanos; caracterização de resíduos; composição gravimétrica. INTRODUÇÃO A composição da massa de resíduos, a quantidade dos diferentes materiais presentes nesta, a massa e o volume total de resíduos gerados sofre modificações a cada dia, em função de variáveis econômicas, políticas, sazonais e climáticas, bem como as questões de natureza cultural. O cenário é variável, não só no aspecto temporal, mas também local. Estudos vêm demonstrando que as variações na composição e quantidade de resíduos podem variar, por exemplo de um município a outro ainda que estes tenham características culturais semelhantes (Schneider, 1994 b, Mandelli, S.M.D.C., 1997; Pessin, 1999). Lima (1991) apresenta vários fatores que influenciam a origem e geração dos resíduos sólidos no meio urbano, citando ainda o número de habitantes do local; área relativa de produção; hábitos e costumes da população; nível educacional; poder aquisitivo; tempo de coleta; eficiência da coleta; tipo de equipamento de coleta; disciplina e controle de pontos de produtores; leis e regulamentação, ressaltando que um dos fatores mais importantes é a componente econômica. Variações na economia de um sistema, refletem-se imediatamente nos locais de disposição e tratamento de resíduos. A caracterização em termos de uma adequada identificação dos materiais que compõem os resíduos é a primeira atitude a ser tomada a fim de tornar possível a segregação, o acondicionamento diferenciado, a coleta, transporte, tratamento e disposição final. A base para uma caracterização correta é a coleta de amostras representativas. Estes estudos fornecem informações necessárias para um correto gerenciamento dos resíduos. A caracterização é importante para enquadrar corretamente o resíduo na legislação relativa ao transporte de materiais perigosos, se os mesmos tiverem que ser transferidos para um aterro ou uma unidade externa de tratamento (Valle, 1995). A obtenção de uma série histórica de dados, à exemplo do que vem sendo feito em Caxias do Sul e Bento Gonçalves, demonstram existir variações na composição gravimétrica dos resíduos gerados por uma mesma comunidade ou por comunidades próximas geográficas e culturalmente (Pessin et al, 1991; Schneider e Lima, 1994 b; Pessin e Silva, 1995; Mandelli, 1997; De Conto et al 2002; Schneider et al, 2002). Convém solicitar a necessidade de uma análise criteriosa quanto aos métodos utilizados nestes estudos. Este trabalho apresenta uma análise preliminar dos resultados obtidos em uma caracterização realizada em novembro de 2002, no Município de Caxias do Sul, frente a outros estudos realizados em anos anteriores por Pessin et al (1991), Mandelli (1997) e De Conto et al (2002). Objetiva-se através desta análise, estabelecer um comparativo dos resultados obtidos em caracterizações realizadas no município de Bento Gonçalves, nos anos de 1993, 1994, 1995, 2000 e 2001, com os resultados dos estudos realizados nos anos de 1991, 1995, 1999/2000 e 2003 em Caxias do Sul.

MATERIAIS E MÉTODOS Considerando-se que vários estudos já foram anteriormente realizados por pesquisadores da UCS, em anos anteriores, os dados obtidos foram organizados, seguindo o mesmo critério utilizado para o estudo feito por Pessin et al em 1991, em termos de agrupamento por categorias e sistematização em tabelas, buscando-se analisar a evolução da geração de resíduos neste município. Para efeito de análise da tabela 01, deve-se levar em consideração que: Os bairros caracterizados em 1991, representando respectivamente as classes A, B e C, foram Bairro Cinqüentenário, Santa Catarina e Santa Fé. Nos outros anos os bairros de classe B e C, passaram a ser Bairro Floresta e Reolon. Em 1991, ficaram incluídos no grupo denominados diversos, materiais que não são freqüentes ou estão em proporções bastante reduzidas em relação aos demais. Agrupam-se aqui pilhas, esponjas, pedras, isopor, entre outros (Pessin et al, 1991). Em 1995 foram considerados como resíduos diversos, os seguintes itens: absorvente higiênico, fralda descartável, cotonete, ossos, papel higiênico, embalagens multicamadas e de medicamentos, fibra de vidro, isopor, esponja de aço, cerâmica, pilha, restos de tinta e refil de inseticida. Em 1999/2000 esta classe de materiais incluiu: contaminantes biológicos e químicos, pedra, terra e cerâmica. No ano de 2002, foram classificados como diversos materiais como: multicamadas, cerâmica, embalagens metalizadas*, perigosos (contaminantes químicos e biológicos) papel higiênico, fralda descartável e absorvente higiênico. Em 1991 os resíduos foram coletados por caminhão compactador o que favorece a impregnação de matéria orgânica, principalmente nos resíduos de papel/papelão e plástico, aumentando o peso específico dos mesmos e em conseqüência o seu percentual o que não ocorreu em 1995, quando foi utilizado caminhão-caçamba. Os resíduos amostrados nas quatro caracterizações sofreram alguma variação, quanto a sua origem. No ano de 1991, foram amostrados os resíduos oriundos da coleta regular (que era a única nesta época). Em 1995 foram amostrados os resíduos oriundos apenas da coleta regular, apesar de já ter sido implantada a coleta seletiva. Em 1999/2000 e 2002 foram caracterizados os resíduos de ambas as coletas regular e seletiva. RESULTADOS Na tabela 1, foram sintetizados Tabela 1: Evolução da geração dos resíduos sólidos domésticos, no município de Caxias do Sul de 1991 a 2002. Materiais

1991 * 1995 ** 1999/2000 *** 2002 **** Matéria orgânica putrescível 53,4 58,8 43,7 37,3 Papel e papelão 21,0 8,0 14,6 14,9 Plástico 8,9 6,6 13,2 17,3 Metais ferrosos 5,0 2,8 3,5 3,1

Metais não-ferrosos 0,4 0,1 0,5 0,2 Trapo, couro e borracha 6,6 5,8 4,6 4,0 Vidro 2,6 1,3 5,2 4,1 Madeira 1,1 0,3 0,6 0,4 Diversos 1,0 16,3

14,1 18,5 * Fonte: Pessin et al, 1991. ** Fonte: Pessin e Silva, 1995. *** Fonte: De Conto, 1999/2000. **** Fonte: dados obtidos no presente trabalho de pesquisa em novembro de 2002. A tabela 01, evidencia algumas variações de percentual na geração de resíduos em cada classificação. Alguns materiais como metais ferrosos e não-ferrosos, trapo/couro/borracha, madeira e papel/papelão e matéria orgânica putrescível, tiveram uma redução no seu percentual de geração, considerando os anos de 1991 e 2002. Outros materiais aumentaram o seu percentual de geração, entre eles estão o plástico, o vidro e os diversos. Dentre esses, os de maior significância, devido ao seu elevado consumo e descarte estão o plástico, o papel/papelão, diversos e a matéria orgânica putrescível. O percentual de papel/papelão reduziu significativamente nos anos de 1991 (21%) a 1995 (8%). Isto poderia ser explicado pelo fato de não ter sido analisada a geração destinada à coleta seletiva, considerando-se apenas a coleta regular. Sendo assim, a parcela destinada a coleta seletiva desvia a geração de recicláveis, a exemplo do papel. O papel higiênico em 1991 era classificado como material celulósico, o que o incluiria no item papel/papelão, uma vez que neste estudo os autores consideravam a composição química do resíduo na caracterização, sendo portanto todo material celulósico agrupado no item papel/papelão, explicando possivelmente a alta quantidade deste resíduo, neste ano. De 1995 a 2002 o papel/papelão vêm sofrendo um pequeno aumento apesar das embalagens produzidas com este material, estarem sendo substituídas pelo plástico, considerando que a coleta seletiva passa a integrar os estudo de 1999/2000 e agora 2002, o aumento na geração deste está associada à segregação pela coleta seletiva. Em relação ao papel/papelão, Bento Gonçalves apresentou uma queda de 21,0% em 1993, para 14,9% em 2002. A redução dos resíduos celulósicos em ambos os municípios deve-se em função desse material ser preferido pelos coletores informais. Essa situação é refletida na tendência de aumento dos resíduos poliméricos. A matéria orgânica putrescível significativamente e gradativamente diminuiu a sua representação na massa total de resíduos amostrados, de 58,8% em 1995 a 37,3% em 2002. Esse mesmo processo foi verificado na cidade de Bento Gonçalves de 1993 a 2001. Em 1993, Bento Gonçalves produzia 73% de material orgânico, em 2001 este percentual passou para 45% (Schneider et al, d, 2002). A diminuição do percentual de matéria orgânica no município de Caxias do Sul é resultado de mudanças culturais e de consumo e praticidade sugeridos pelo mundo moderno. O

fenômeno da descartabilidade aliado à mudanças de padrões de consumo leva a geração em maior escala de embalagens, recicláveis ou não, refletindo-se percentualmente na diminuição dos resíduos orgânicos.na atualidade um dos materiais que tem assumido maior importância nos resíduos sólidos urbanos, são as embalagens a base de polímeros, ou seja os plásticos. Desconsiderando a matéria orgânica impregnada nos plásticos no ano de 1991 em função da coleta ter sido efetuada por caminhão compactador, pode-se dizer que o plástico aumentou a sua presença freqüentemente nos anos em que realizaram-se caracterizações. Em 11 anos de estudo a geração de plástico aproximadamente triplicou levando em conta os anos de 1991 (8,9%) e 2002 (17,3%). Em Bento Gonçalves observou-se a mesma situação, em 1993 gerava 5,3% e em 2001 gerava 14,1%, apesar das variações ocorridas neste período. O aumento crescente deste material está possivelmente relacionado, as diversas aplicações em que pode ser empregado. Não foi possível observar uma tendência na geração de resíduos classificados como materiais diversos, devido não haver uma uniformidade de resíduos neste item. Por exemplo, o papel higiênico é incluído nesta categoria nos anos de 1995, 1999/2000 e 2002 e em 1991 foi classificado como material celulósico. Todavia, pode-se destacar: A quantidade de resíduos sanitários aumentou de 12,4% em 1995 a 14,2% em 2002. Em 2002 os resíduos destinados à coleta seletiva, sofreram compactação o que leva a crer que estes tenham agregado maior umidade, que é refletida em um maior percentual. Existe uma diversidade de tipos de materiais muito maior atualmente do que em 1991 e estes acabam sendo incluídos no item diversos. CONCLUSÕES A caracterização dos R.S.U. oferece um "Raio X" desta problemática permitindo analisar o sistema de gerenciamento como um todo e subsidiar a formulação de políticas mais efetivas de intervenção, educação e gestão voltadas para esta problemática. A caracterização serve ainda como "ferramenta" para analisar a eficiência ou a ineficiência dos sistemas e por isto mesmo deve ser realizada com uma certa periodicidade. Evidenciou-se a partir da análise da evolução dos resíduos sólidos domésticos de Caxias do Sul, gerados de 1991 a 2002, que a matéria orgânica teve seu percentual reduzido de maneira significativa. Este fato pode ser analisado de duas maneiras: a massa de resíduos orgânicos não sofre significativas alterações; enquanto que ocorre um aumento maior dos recicláveis (papel/papelão, plástico) o que eleva o índice percentual destes em detrimento da matéria orgânica. O outro fato, possivelmente, deve-se a massa de resíduos orgânicos ter sofrido realmente uma redução, em função das mudanças de hábitos alimentares e culturais, com um incremento no consumo de produtos industrializados em detrimento dos consumidos "in natura", com conseqüente aumento de embalagens. Em oposição, o item plástico praticamente triplicou, desconsiderando as questões metodológicas e a coleta informal do papel/papelão, que mascara os resultados reais, destes materiais.

Além disso, evidencia-se a necessidade de padronização de metodologias de caracterização de RSU para que estudos comparativos possam ser realizados. A revisão da literatura tem evidenciado o uso de diferentes critérios de classificação, bem como, diferenças nos aspectos temporais e no número de amostras caracterizadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIMA, L.M.Q. Tratamento do lixo. 2ª ed., São Paulo (SP), Editora Hemus, 1991, 240p. SCHNEIDER, V. E.; RÊGO, R.C.E.; CALDART, V.; ORLANDIN, S.M. Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde. 1ª ed., São Paulo (SP), Editora Balieiro, 2001, 173. D ALMEIDA, M.L.O.; VILHENA, A. Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado. 2ª ed. São Paulo (SP), IPT/CEMPRE, Editora Páginas e Letras, 2000, 370p. SCHNEIDER, V.E.; LIMA, L.M.Q. Characterization of Domestic solid Wasted in Definig of Managemente Models. Case Study Bento Gonçalves, RS Brasil. In: III Congresso Internacional de Química de La Anque Resíduos Sólidos Líquidos: Su Mejor Destino (II). Puerto de La Cruz, 1994 b. PESSIN, N. Determinação da Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Domésticos da cidade de Caxias do Sul RS. In: Anais do II Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental Gerenciamento de Resíduos e Certificação Ambiental. 1999. Porto Alegre (RS). MANDELLI, S.M.D.C. Variáveis que interferem no Comportamento da População Urbana no Manejo de Resíduos Sólidos Domésticos no âmbito das residências. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Carlos (UFSCAR). São Carlos (SP), Universidade Federal de São Carlos, 1997. VALLE, C.E. do Qualidade Ambiental: O desafio de ser competitivo protegendo o meio ambiente. São Paulo (SP). Editora Pioneira, 1995. DE CONTO, S. M.; ZATERRA, A. J.; CARVALHO, G. de A.; MATTÉ, L. L. Composição Gravimétrica de Resíduos Sólidos Domésticos um estudo de caso. In: Anais do VI Seminário Nacional de Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Urbanos Especiais. Gramado: ABES, 2002. PESSIN, N; MANDELLI, S. M. De C. e SLOMPO, M. Determinação da composição física e das características físico-químicas dos resíduos sólidos domésticos da Cidade de Caxias do Sul. In: MANDELLI, S. M. De C.; LIMA, L. M. e OJIMA, M. K. (Org). Tratamento de resíduos sólidos: compêndio de publicações. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1991. p. 67-99.

SCHNEIDER, V. E.; PANAROTTO, C. T.; TEIXEIRA, E. N.; PERESIN, D.; MATTOS, M. R.; MARCON, F. - Caracterização de Resíduos Sólidos Urbanos: Avaliação Preliminar das coletas Regular e Seletiva no Município de Bento Gonçalves Rs. In: VI SIMPÓSIO ÍTALO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. 2002, Vitória- Espírito Santos. SCNHEIDER, V. E.; PANAROTTO, C. T.; REGINATO, P. A. R.; PERESIN, D.; MARCON, F. - Evolução da Geração de Resíduos Sólidos no Município de Bento Gonçalves, R.S., no período de 1993 a 2001. In: XXVIII SIMPÓSIO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. 2002 d, Cancun - México. * Mesmo que multi-filme como foram chamadas em 1995.