Registr o: 2018.0000491954 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2107501-52.2018.8.26.0000, da Comarca de Jundiaí, em que são agravantes ADRIANA SILVA SANTOS ARCANJO e ARENA BEACH TENNIS JUNDIAÍ LTDA, é agravada RAQUEL IOTTE. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao recurso, com observação. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MAURÍCIO PESSOA (Presidente), CLAUDIO GODOY E ARALDO TELLES. São Paulo, 29 de junho de 2018. Maurício Pessoa Relator Assinatura Eletrônica
Voto nº 11681 Agravo de Instrumento nº 2107501-52.2018.8.26.0000 Agravantes: Adriana Silva Santos Arcanjo e Arena Beach Tennis Jundiaí Ltda Agravado: Raquel I otte Comarca: Jundiaí Juiz (a): Marcio Estevan Fernandes Ação de exclusão de sócio de sociedade empresária c.c. apuração de haveres de sócio, com pedido de tutela antecipada de apuração de haveres Sócia afastada liminarmente da administração da sociedade que detém senhas de acesso às redes sociais da sociedade Determinação de compartilhamento das senhas a quem administra ou venha administrar a sociedade Recurso provido, com observação. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão que, em ação de exclusão de sócio de sociedade empresária c.c. apuração de haveres de sócio, com pedido de tutela antecipada, após concessão de liminar para determinar o imediato afastamento da ré (RAQUEL IOTTE) da administração da sociedade, indeferiu pedido para que esta apresente as senhas de acesso das redes sociais (Facebook e Instagram) da sociedade. Recorrem as autoras a sustentar, em síntese, que se trata de ação de exclusão de sócio de sociedade empresária c.c. apuração de haveres de sócio em razão da impossibilidade de manutenção da sociedade da forma como foi composta; que por decisão liminar obtiveram o afastamento da ré da administração da sociedade, mantendo-se a administração, exclusivamente, com a sócia Adriana; que não obstante o afastamento liminar da ré da sociedade, as senhas das redes sociais pertencentes à sociedade (Facebook e Instagram) estão em poder da
ré que, inadvertidamente, vem fazendo uso das redes sociais mesmo afastada da administração da sociedade; que a questão não se refere ao conteúdo das postagens, mas, sim, que a administração das redes sociais também está inserida no poder geral de administração que a ré, por ora, não detém; que a sócia autora desconhece o conteúdo de referidas senhas e a ré não as fornece mesma instada para tal fim. Pugnam pela concessão da tutela recursal e, ao final, pelo provimento do recurso. Recurso processado com tutela recursal (fls. 181/184). Contraminuta com informação de que a agravante também foi afastada da administração da sociedade tendo sido nomeado administrador judicial, por ocasião de tutela antecipada em sede de reconvenção (fls. 187/189). Sem oposição ao julgamento virtual. É o relatório. enuncia: A r. decisão recorrida assim se Vistos. A liminar foi deferida precipuamente porque a sócia RAQUEL IOTTE ingressou na sociedade com capital representado pelo sua projeção na seara esportiva, ao passo que a outra sócia teve acesso aos quadros sociais pela sua capacidade empresarial e administrativa.
Assim, se na decisão concessiva de liminar se tomou em consideração o testemunho da ré quanto à capacidade empresarial e administrativa da autora, aqui levar-se-á em consideração o testemunho da autora quanto à competência da ré na área esportiva, sua influência e no seu know how. Observo que a matéria postada, nesse aspecto, não pode ser qualificada como grave ou pueril e eventual pedido para transmissão das senhas, fundado na gravidade ou irresponsabilidade da sócia somente será apreciado se instruído com demonstração convincente do caráter irracional do uso das redes sociais citadas. Posto isso, indefiro o pedido retro, sem prejuízo de oportuna análise caso demonstrado, a olhos desarmados, o uso prejudicial de citadas redes sociais. Intime-se. (fls. 16) Por ocasião da distribuição do presente agravo de instrumento, em sede de cognição sumária, e considerando o quanto já deliberado nos autos principais concessão de liminar para afastar a agravada da administração da sociedade foi deferida a tutela recursal (CPC, art. 1.109, I c.c. art. 995, pár. ún.). Isto porque, uma vez afastada a
agravada da administração da sociedade, por força de provimento judicial, nada justifica que ela mantenha, com exclusividade, as senhas das redes sociais pertencentes à sociedade da qual, por ora, não mais é titular dos poderes de administração. Dessa forma, foi imposta à agravada a obrigação de fornecer as senhas de acesso ao Facebook e Instagram à sócia administradora, compartilhando-as, ainda que as postagens por ela inseridas nas redes sociais não tenham conteúdo grave ou pueril. Não obstante, a agravada informa que a agravante já dispõe da senha de acesso para o Facebook e quanto ao Instagram a conta é gerenciada por empresa de marketing juntando documentos. Aduz, ainda, que obteve tutela antecipada em sede de reconvenção que afastou a agravante da administração da sociedade, com nomeação de administrador judicial (fls. 190/193). Assim e considerando o quanto já decidido em sede de tutela recursal que passa a fazer parte integrante deste voto para todos os fins e efeitos de direito, o recurso é provido, sem prejuízo das deliberações levadas a efeito pelo D. Juízo de origem. É que neste recurso se discute a liberação da senha de acesso às redes sociais a quem administra a sociedade. Daí porque subsistente a obrigação independentemente da inovação relativamente à administração ter passado a ser exercida por administrador judicial. Ante o exposto, DÁ-SE
PROVIM ENTO ao recurso, com observação. MAURÍCIO PESSOA Relator