AVALIAÇÃO DA DISPERSÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS DA BACIA DO RIO MURIAÉ EM ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ

Documentos relacionados
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO DISCIPLINA SEMINÁRIOS EM CIÊNCIA DO SOLO II

O meio aquático I. Bacia Hidrográfica 23/03/2017. Aula 3. Prof. Dr. Joaquin Bonnecarrère Garcia. Zona de erosão. Zona de deposição.

O meio aquático I. Aula 3 Prof. Dr. Arisvaldo Méllo Prof. Dr. Joaquin B. Garcia

45 mm DISPERSÃO GEOQUÍMICA E ISOTÓPICAS PB/PB NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO DOMINGOS (RJ) CONTROLADO PELA ESTRUTURAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM

CARGAS DIFUSAS URBANAS DE POLUIÇÃO

Categoria Trabalho Acadêmico\Resumo Expandido

VARIABILIDADE ESPACIAL DE PRECIPITAÇÕES NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE, BRASIL.

6 - Dados. TH036 - Gerenciamento de RH

CONTAMINAÇÃO NA ÁGUA SUBTERRÂNEA PROVOCADA PELO LIXIVIADO DE ATERRO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

1. INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

RISCOS DA APLICAÇÃO DE LAMAS DE DEPURAÇÃO/COMPOSTO NOS SOLOS ARDIDOS

PORTARIA FEPAM N.º 85/2014

Sumário. Apresentação I Apresentação II Apresentação III Prefácio Capítulo 1 Introdução... 37

ANÁLISE DOS INDICES PLUVIÓMETRICOS NO RESERVATÓRIO HIDRICO NO SEMIÁRIDO

GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA:ESTRUTURA GEOLÓGICA, TIPOS DE ROCHAS E RECURSOS MINERAIS. MÓDULO 04 GEOGRAFIA I

Adivane Terezinha Costa. Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas Departamento de Geologia

ÁREAS CONTAMINADAS: GERENCIAMENTO E ESTUDO DE CASO. Otávio Eurico de Aquino Branco Abril de 2013

GEOGRAFIA PROF. CARLOS 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM QUALIDADE DA ÁGUA

Uso de lodo de esgoto em solos: contribuições para a regulamentação no Brasil

Formação dos Solos. Fundação Carmelitana Mário Palmério - FUCAMP Curso de Bacharelado em Engenharia Civil. Disciplina: Geologia Básica de Engenharia

Uso de coberturas secas em resíduos

Análise da qualidade da água. Parâmetros inorgânicos e físico-químicos. Coleta 4 - dezembro Contrato n

Agricultura Familiar - Uso e manejo do solo e água na Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, RS, Brasil

BACIA HIDROGRAFICA. Governo do Estado de São Paulo Secretaria do Meio Ambiente

AVALIAÇÃO DA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS DA BACIA DO RIO PAQUEQUER, TERESÓPOLIS, RJ: UMA CONTRIBUIÇÃO AO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

NÍVEIS DE MICRONUTRIENTES EM SOLOS COM USO INTENSIVO DE FERTILIZANTES.

5 Caracterização Hidrogeológica

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, REGIÃO AGRESTE DA PARAÍBA

ANÁLISE DA PLUVIOMETRIA NO MUNICÍPIO DE AREIA- PB: I- ESTUDO DO INÍCIO DURAÇÃO E TÉRMINO DA ESTAÇÃO CHUVOSA E OCORRÊNCIA DE VERANICOS RESUMO

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL HIDROLOGIA APLICADA

GEOGRAFIA. Prof. Daniel San.

Eng. Agrônomo Ricardo Moacir Konzen Coordenador de departamento Departamento de Meio Ambiente de Vera Cruz

RUI MANGIERI A AGROPECUÁRIA NO MUNDO

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE JATAÍ-GO: Subsídios às atividades agrícolas

PHD-5004 Qualidade da Água

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

AVALIAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE METAIS TRAÇO EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE (RMR), PERNAMBUCO - BRASIL

SECRETARIA DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE PORTARIA N.º 05/89 - SSMA

CENTRAL DE COMPOSTAGEM DE LODO DE ESGOTO DA ETE LAVAPÉS

INFLUÊNCIA DO RIO SÃO FRANCISCO NA PLATAFORMA CONTINENTAL DE SERGIPE

Painel: Meio Ambiente

Material de apoio. Origem e Constituição. Origem e Constituição. Curso básico de mecânica dos solos (Carlos Souza Pinto, Oficina de Textos, 2006);

A Problemática da Contaminação de Solos na Saúde Pública. Os metais nas práticas agrícolas e cuidados a ter

NUTRIÇÃO MINERAL GÊNESE DO SOLO. Rochas da Litosfera expostas ao calor, água e ar. Alterações físicas e químicas (intemperismo)

Pressão antropogénica sobre o ciclo da água

LEVANTAMENTO DE ÁREAS AGRÍCOLAS DEGRADADAS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

AS ROCHAS E OS SOLOS MÓDULO 12

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA EM RIOS PRESENTES NA ÁREA DE ATUAÇÃO DA EMBRAPA TABULEIROS COSTEIROS

NORDESTE. by Your User Name

²Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Faculdade de Formação de Professores -

PERCURSO 27 A agricultura. Prof. Gabriel Rocha 6º ano - EBS

1. Considere os climogramas e o mapa a seguir.

MAPEAMENTO DAS FORMAS E DA DISSECAÇÃO DO RELEVO

CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA

Revisão: conceitos e generalidades

Avaliação das concentrações de Cd, Cr, Pb, Cu e Zn em água, sedimento e Neocorbicula limosa (Mollusca:Bivalvia) no sistema do Guaíba (RS)

Homem Ambiente. HOMEM PRIMITIVO para sobreviver. As forças da natureza. Vegetais e animais HOMEM NÔMADE. Agricultura HOMEM SEDENTÁRIO

SUBTROPICAL (SÃO GABRIEL - RS)

Fatores de Formação do Solo. Unidade III - Fatores de Formação do Solo

Estudos dos impactos da agricultura na quantidade e qualidade da água no solo e nos rios

Tipos e classificação FORMAÇÃO DOS SOLOS

VARIABILIDADE TEMPORAL DE PRECIPITAÇÕES EM CARUARU PE, BRASIL

Unidade 4 Perturbações no equilíbrio dos ecossistemas. Planeta Terra 8.º ano

Hidrologia Bacias hidrográficas

RELAÇÃO DA VARIABILIDADE TÉRMICIA E PLUVIOMÉTRICA NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO CAFÉ (COFFEA ARABICA), NO MUNICÍPIO DE CORUMBATAÍ DO SUL, PR

UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE CONTAMINAÇÃO POR TÓXICOS PARA AVALIAÇÃO TEMPORAL DAS ÁGUAS DO RESERVATÓRIO DE BARRA BONITA, SP

RAMBOLL ENVIRON BRASIL GERENCIAMENTO DE ÁREA CONTAMINADA POR METAIS

Brasil: diversidades regionais. Brasil Divisão regional segundo o IBGE A REGIÃO SUDESTE

RELATÓRIO DE MONITORIZAÇÃO AMBIENTAL ANUAL DE 2015 DA ZONA INDUSTRIAL E LOGÍSTICA DE SINES SUMÁRIO EXECUTIVO

PLANIFICAÇÃO A MÉDIO / LONGO PRAZO

GEOGRAFIA DO BRASIL Relevo e Solo

PLANIFICAÇÃO DE CIÊNCIAS NATURAIS 8º ANO

ELEMENTOS-TRAÇO NO AQUÍFERO MACACU, RIO DE JANEIRO BRASIL

PERFIL DE APRENDIZAGENS 7ºANO

PLANIFICAÇÃO ANUAL ANO LETIVO

DOMÍNIO/SUBDOMÍNIO OBJETIVOS GERAIS DESCRITORES DE DESEMPENHO CONTEÚDOS

III Workshop BIOTA/FAPESP-Araçá Distribuição de contaminantes orgânicos e inorgânicos em sedimentos marinhos na Baía do Araçá em São Sebastião, SP

Planificação Curricular Anual Ano letivo 2014/2015

MAPEAMENTO DA INSTABILIDADE GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PEQUENO/PR

EROSÃO EM ÁREAS URBANAS

CAPÍTULO 3 - AGROPECUÁRIA E AGRONEGÓCIO PROFESSOR LEONAM JUNIOR COLÉGIO ARI DE SÁ 7º ANO

Monitoramento Qualitativo das Águas do Rio Tega Caxias do Sul

AREA DE ESTUDllO. Fig. i- hreo de estudio. I c

EFEITO DA URBANIZAÇÃO SOBRE A FAUNA DE INSETOS AQUÁTICOS DE UM RIACHO DE DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Aquecimento global e agricultura tropical: Vulnerabilidades, Desafios, Oportunidades, Inovação

Agentes Externos ou Exógenos

MÓDULO 03 GEOGRAFIA II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG - PPGA

MANEJO E INDICADORES DA QUALIDADE. Professores: ELIANE GUIMARÃES PEREIRA MELLONI ROGÉRIO MELLONI

Tipos e classificação FORMAÇÃO DOS SOLOS

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DA QUINTA DO CONDE Escola Básica Integrada/JI da Quinta do Conde Escola Básica 1/JI do Casal do Sapo Ano Letivo /2016

CHORUME DE ATERRO NÃO É ESGOTO PRECISA DE TRATAMENTO ADEQUADO

TÍTULO: ANÁLISE DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO CÓRREGO FUNDO ARAXÁ - MINAS GERAIS

Região Nordestina. Cap. 9

Planificação Anual. Professora: Rosa Fanico Disciplina: Ciências Naturais Ano: 8.º Turma: B Ano letivo:

SOLO FORMAÇÃO E UTILIZAÇÃO

Metas Curriculares. Ensino Básico. Ciências Naturais

Transcrição:

AVALIAÇÃO DA DISPERSÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS DA BACIA DO RIO MURIAÉ EM ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ 7. Manejo e conservação dos solos Gustavo Teixeira de Andrade*¹; Marilu de Meneses Silva*² *¹Universidade do Estado do Rio de Janeiro. gustavotda.geo@hotmail.com *²Universidade do Estado do Rio de Janeiro. marilums@uerj.br RESUMO O presente trabalho em desenvolvimento tem como objetivo conhecer as possíveis contribuições dos metais pesados na contaminação dos solos e águas da bacia do Rio Muriaé na zona rural do Município de Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense. Estes metais podem ser originários das atividades agrícolas locais e/ou da deposição de sedimentos de corrente e em suspensão trazidos pelas águas de vazão e durante as enchentes de verão do Rio Muriaé e/ou ainda, pelo intemperismo sofrido nas rochas in situ. Os metais pesados caracterizam-se por possuírem densidades maiores que 5g.cm -3, valência positiva, baixas concentrações, menores que 0,1% e por apresentarem um comportamento complexo devido à facilidade de inúmeras interações com o ambiente natural. Podendo ser acumulativos no organismo vivo, são capazes de interferirem no metabolismo, possibilitando ocasionar inclusive a morte. A metodologia a ser utilizada consiste em: a) levantamento e acompanhamento bibliográficos; b) coleta de amostras de solos e águas nas campanhas de campo; c) analise dos parâmetros físico-químicos das águas in situ, tais como: ph, Eh, condutividade elétrica e temperatura, utilizando aparelhos portáteis específicos da marca DIGIMED; d) em laboratórios serão realizadas a preparação física das amostras e análises dos metais pesados em solos e águas; e e) confecção de carta digital (utilizando o SAGA UFRJ) para localização dos pontos de amostragem e interpretação de dados. Os resultados parciais referentes aos parâmetros físico-químicos das águas da bacia do Rio Muriaé são: ph (6,7e 6,8), Eh (260 e 249 mv), condutividade elétrica (52 e 60 us) e temperatura (28 C), demonstrando que as águas estavam moderadamente ácidas, oxidantes e com presença de íons, possivelmente de metais. Palavras-chave: Metais Pesados, Bacia do Rio Muriaé, Zona Rural de Campos de Goytacazes. INTRODUÇÃO Este estudo tem como principal objetivo conhecer as possíveis contribuições na contaminação ambiental, desenvolvidas pela dispersão de metais pesados nos solos e águas da bacia do Rio Muriaé, na zona rural do município de Campos dos Goytacazes. Ainda em desenvolvimento, apresenta os resultados parciais referentes aos parâmetros físico-químicos das águas fluviais, tais como: ph (potencial hidrogeniônico), Eh (oxirredução) em mv, CE (condutividade elétrica) em µs e Temperatura em C. Esses parâmetros foram analisadas in situ, no momento da coleta. A expressão "metais pesados é usada para designar metais de densidades relativas maiores que 5g.cm -3, valência positiva e baixas concentrações (<0,1%). São amplamente usados nos processos industriais como matéria prima, nas atividades agropecuárias como insumos químicos e em outras atividades econômicas indispensáveis à vida moderna, provocando com isto maiores concentrações e dispersões desses metais,

poluindo ambientes terrestres, atmosféricos e aquáticos. Por apresentarem um comportamento complexo, podem ser acumulativos nos organismos vivos, sendo capazes de interferirem no metabolismo, ocasionando inclusive a morte. Esses metais podem estar presentes naturalmente em rochas, solos e em sistemas superficiais e subsuperficiais, mesmo não havendo perturbação antrópica. Dentre os metais pesados serão pesquisados o mercúrio (Hg), cádmio (Cd), chumbo (Pb), níquel (Ni), cromo (Cr), cobre (Cu), estanho (Sn) e zinco (Zn), que podem estar presentes nos fertilizantes e praguicidas (FELLENBERG, 1980, p.93). Destes, os potencialmente perigosos aos homens e aos animais são: Hg, Zn, Cu, Cd e Ni. Na região em estudo, os metais pesados dispersos podem ser provenientes da produção agroindustrial local, que sofreu modificações principalmente a partir da segunda metade da década de 70, com um aumento no uso de insumos químicos; e/ou da deposição dos sedimentos de corrente e em suspensão trazidos pelas águas de vazão e durante as enchentes de verão do Rio Muriaé; e/ou ainda, pelo intemperismo sofrido nas rochas in situ. Nos sistemas aquáticos, os metais pesados reduzem drasticamente a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), chegando a um grau de eutrofização, já que reduzem a capacidade autodepurativa das águas através de suas ações tóxicas sobre os microrganismos responsáveis por essa regeneração. Nos sedimentos de lagos e rios as concentrações de metais podem ser de 1.000 a 10.000 vezes maiores do que em suas águas. Essa distinção é justificada pela capacidade desses ficarem retidos nos sedimentos por processos físico-químicos como adsorção (argilominerais), sorção, precipitação (carbonatos), coprecipitação (óxi-hidróxidos de ferro e manganês), complexação/quelação/floculação (matéria orgânica). O solo, um dos depósitos geoquímicos finais de contaminantes, age também como um tampão natural que controla o transporte e dispersão dos elementos químicos e substâncias para a atmosfera, hidrosfera e biota. A presença de metais pesados no solo pode afetar a produtividade, biodiversidade e sustentabilidade dos ecossistemas, induzindo danos ao equilíbrio biológico, físico e químico desse. Quando os vegetais, presentes nesse ambiente contaminado desenvolvem resistência ao poluente metálico cria-se um risco, na medida em que, se enxerta um elo de contaminação na cadeia alimentar.

O Rio Muriaé nasce na serra da Mantiqueira no município de Mirai no Estado de Minas Gerais, a 900m de altitude, próximo à fronteira com o Estado do Rio de Janeiro; e deságua na margem esquerda do Rio Paraíba do Sul, sendo um dos seus principais afluentes Apresenta uma rede de drenagem bastante dendrítica e características, em geral, de rio de planície no seu curso inferior, em território fluminense (SEMAD- RJ, 2001, p.44). Possui extensão de 300 Km e forma uma bacia hidrográfica com uma área total de 8.200 Km² (AGEVAP, p.2). Do ponto de vista geológico, a Bacia Hidrográfica do Rio Muriaé está localizada em dois terrenos distintos. Sua maior parte, aproximadamente 85%, situa-se em terrenos formados por rochas de alto grau metamórfico podendo estar cobertas por solos residuais, colúvios ou aluviões, geralmente de pouca espessura. Regionalmente, essas rochas se caracterizam pela presença de falhamentos, causado por diversos eventos tectônicos, incluindo os que condicionaram o curso do rio Paraíba do Sul e Muriaé. Campo dos Goytacazes localiza-se na Mesorregião Norte do estado do Rio de Janeiro, estando aproximadamente a 279 km da capital estadual (Fig. 1). Com 4.037 km² de área, configura-se no município com maior extensão territorial do estado. Figura 1: Localização do município de Campos dos Goytacazes e da capital do Estado do Rio de Janeiro. Fonte: MS

Fundado em 1835, atualmente é formado pelos distritos de Campos dos Goytacazes, Dores de Macabu, Ibitioca, Morangaba, Morro do Coco, Mussurepe, Santa Maria, Santo Amaro de Campos, Santo Eduardo, São Sebastião de Campos, Serrinha, Tocos, Travessão e Vila Nova de Campos. Sua população total de 426.154 hab é a oitava maior do estado (IBGE, 2007). Entre os anos 1970 e 2000, verificou-se um forte processo de urbanização, tendo a população residente urbana passado de 55,1%, em 1970, para 89,5%, em 2000. No que se refere ao clima, o município localiza-se numa região Tropical, sendo quente e úmido, com estação chuvosa no verão e estiagem no inverno. Sua temperatura média anual varia entre 19 a 23 C, e suas médias anuais de precipitações pluviométricas variam entre 1.100 e 1.300 mm. Não são registrados períodos mensais em que haja excedente hídrico. No município foram formados pela ocorrência geomorfológica-geológica três ambientes, relacionados à evolução dos processos de intemperismo, erosão e deposição de sedimentos: 1) ambiente caracterizado por áreas com ocorrência de terras planas de várzeas e terraços antigos, instalados na Planície Quaternária do rio Paraíba do sul, sendo compostas por sedimentos de origem aluvionar e deltaica que representam à feição dominante no Município. A pedogênese sobre esses sedimentos possibilitou a formação de solos jovens que estão sujeitos a encharcamentos e inundações; 2) áreas do Embasamento Cristalino no quais os condicionantes climáticos agindo sobre as rochas granito-gnássicas proporcionaram a formação de relevo movimentado; e 3) ambiente assinalado por áreas dos Tabuleiros da Formação Barreiras com suave declividade para o mar, sendo constituídos por sedimentos argilosos e argilo-arenosos (COSTA, 2006, p. 1-2). MATERIAL E MÉTODO As etapas a serem utilizadas neste trabalho consistem em: a) levantamento e acompanhamento bibliográficos; b) coleta de amostras de solos e águas nas campanhas de campo; c) analise dos parâmetros físico-químicos das águas in situ, tais como: ph, Eh, condutividade elétrica e temperatura, utilizando aparelhos portáteis específicos da marca DIGIMED; d) em laboratórios serão realizadas a preparação física das amostras e as análises dos metais pesados nos solos e águas; e e) confecção de carta digital, utilizando o programa SAGA - UFRJ, para localização dos pontos de amostragem, plotação e interpretação de dados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES O rural campista, no ano de 2006, era composto por 8.163 estabelecimentos agropecuários com uma área correspondente a 323.825 hectares. No mesmo ano, havia uma diversidade das lavouras permanentes (Tab. 1). No que diz respeito às lavouras temporárias, existia uma dominância da cana-de-açúcar diante dos demais cultivos (Tab. 2) (IBGE,2006). Tabela 1 - Lavoura Permanente. Município de campos dos Goytacazes (2006) Cultivo Área plantada (em Hectares) Porcentagem em relação à área total Coco-da-baía 400 2,40% Banana 328 1,97% Maracujá 108 0,65% Laranja 91 0,55% Café 71 0,43% Outros 15.585 93,80% Total 16.622 100% Tabela 2 - Lavoura Temporária. Município de campos dos Goytacazes (2006) Cultivo Área plantada (em Hectares) Porcentagem em relação à área total Cana-de-açúcar 94.201 92,10% Mandioca 615 0,60% Milho 558 0,55% Feijão 131 0,13% Abacaxi 130 0,13% Outros 6.636 6,50% Total 102.271 100% Nos últimos anos a agroindústria canavieira de Campos, anteriormente fragilizada pela extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool em 1991, foi recuperada devido à valorização do preço do álcool combustível, incentivos governamentais, investimentos privados e ao aumento de vendas de carros biocombustíveis. Os resultados parciais encontrados referentes aos parâmetros físico-químicos das águas da bacia do Rio Muriaé são: ph (6,7 e 6,8), Eh (260 e 249 mv), condutividade elétrica (52 e 60 us) e temperatura (28 C) CONCLUSÃO A partir da análise dos resultados parciais, é possível identificar quase um caráter monocultor em Campos, modelo este de produção que exige grande uso de insumos químicos tais como fertilizantes e praguicidas, que podem vim a aumentar a dispersão e concentração de metais pesados nos solos e águas do município. Analisando os parâmetros físico-químicos das águas fluviais é possível afirmar que essas encontravam-se ligeiramente ácidas, com uma tendência a neutralidade. Esta faixa de variação encontra-se dentro daquela

prevista para águas de rios. Os valores de Eh (oxiredução) mostraram um ambiente oxidante, o esperado para o trecho do rio estudado, que ainda apresenta energia suficiente para provocar o revolvimento de suas águas, colaborando assim para sua oxigenação. A condutividade elétrica, que pouco variou, indicou a presença de alguns íons em solução, possivelmente de metais pesados. A temperatura das águas do rio estava de acordo com as características climáticas do município e com a época do ano em que foram coletadas as amostras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AROUCA, M. C. O Programa Nacional do Álcool e seus impactos sócio-econômicos. In: SEMINÁRIO EVOLUÇÃO RECENTE NA AGRICULTURA NA REGIÃO DE CAMPOS (RJ). 1987, Campos, Anais... Campos: 1987. 13 p ASSOCIAÇÃO PRÓ-GESTÃO DAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAÍBA DO SUL. Plano de Recursos hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul Resumo. Caderno de Ações Bacia do Rio muriaé. Relatório contratual R-10 Elaboração Fundação COPPETEC. Disponível em: http://www.ceivap.org.br/downloads/cadernos/caderno%206%20-%20muriae.pdf. Acesso: Fev/ 2009 BIZERRIL, C.R.S.F; TOSIN, P.C; AQUINO,L. C. S.;PRIMO, P.S. A Bacia do Rio Paraíba do Sul: uma análise do meio físico e da paisgem fluvial. In: Bizerril, C.R.S.F.; Araujo, L.M. N. ;Tosin, P.C. (Org.) Contribuição ao Conhecimento da Bacia do Rio Paraíba do Sul Coletânea de Estudos.: ANEEL/CPRM/ Cooperação Brasil-França. Rio de Janeiro. p 01-14. 1998 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA Nº 020/86. Disponível em: http://www.lei.adv.br/020-86.htm Acesso: jan / 2008 COSTA N. L; SILVA, G. B. Zoneamento da Potencialidade Agroflorestal das Terras do Município de Campos dos Goytacazes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS, 6., 2006, Rio de Janeiro, Anais... Rio de Janeiro: 2006. 4 p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. SPI. Brasília: 1999. 412 p.

. EMBRAPA. Diagnóstico do meio físico da bacia hidrográfica do rio Muriaé. EMBRAPA Solos. Rio de Janeiro: 2005. (Embrapa Solos. Documentos, n. 83). Disponível em: http://www.cprm.gov.br/publique/media/doc83_2005_diag_muriae.pdf. Acesso: mar / 2008 FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Manual Técnico de Pedologia. 2ª. ed. Rio de Janeiro: 2005. 300 p. il. (Manuais técnicos em geociências, 4). Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursosnaturais/pedologia/manual_tecnico_pedologia.pdf. Acesso: out / 2008. IBGE. Produção Agrícola Municipal. Malha municipal digital do Brasil: situação em 2006. Rio de Janeiro: 2007. FELLENBERG, G. Introdução aos problemas ambientais da poluição ambiental. São Paulo: Ed. EPU Ltda, Universidade de São Paulo, 1980. 196 p. FUNDAÇÃO CENTRO DE INFORMAÇÕES E DADOS DO RIO DE JANEIRO - CIDE. Anuário estatístico do Estado do Rio de Janeiro: 2000. Rio de Janeiro: 2001. 1CD-ROM. LANNI, O. A era do Globalismo. Rio de Janeiro. Ed. Civilização Brasileira, 3ª ed, 1997. 304 p. MARAFON, G. J. Industrialização da Agricultura e Formação do Complexo Agroindustrial no Brasil. Revista do Departamento de Geografia. Rio de Janeiro: Ed UERJ, n.3, 1998. 21 p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Mapa de localização do município de Campos dos Goytacazes. Disponível em http://189.28.128.100/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=24680. Acesso: fev/2009 SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Bacia Hidrográficas e Rios Fluminenses Sínteses Informativas por Macrorregião Ambiental. Rio de Janeiro: Cooperação técnica Brasil-Alemanha, Projeto Planágua SEMADS/GTZ. 2001. 73 p.

TAMANINI, C. R.; ANDREOLI, C. V.; MOTTA, A. C. V.; CARNEIRO, C. Teor de metais pesados no solo e absorção pelo milheto em área degradada tratada com altas doses de biossólido. Curitiba: 2005. 15p. TEDESCO, J. C. Velhas práticas, novas linguagens em horizontes mercantis. In Agrodiversidade, Agroecologia e Agricultura Familiar: Velhas e Novas Faces de Um Processo de Desenvolvimento na Região de Passo Fundo Pós-Anos 90. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo; Porto Alegre. 2006. 206p