PROPRIEDADE INDUSTRIAL E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL:



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Transcrição:

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA RODOLFO MAIA RANGEL PROPRIEDADE INDUSTRIAL E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL: um estudo sobre como o atraso na análise e concessão de pedidos de patentes, conhecido como backlog, influencia o desenvolvimento da indústria nacional. Rio de Janeiro 2012

1 RODOLFO MAIA RANGEL PROPRIEDADE INDUSTRIAL E O DESENVOLVIMENTO NACIONAL: um estudo sobre como o atraso na análise e concessão de pedidos de patentes, conhecido como backlog, influencia o desenvolvimento da indústria nacional. Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Prof. Arthur Câmara Cardozo Rio de Janeiro 2012

2 C2012ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG Rodolfo Maia Rangel Biblioteca General Cordeiro de Farias Rangel, Rodolfo Maia Propriedade Industrial e o Desenvolvimento Nacional: Um estudo sobre como o atraso na análise e concessão de pedidos de patentes, conhecido como backlog, influencia o desenvolvimento da indústria nacional/ Rodolfo Maia Rangel. - Rio de Janeiro: ESG, 2012. 58 f.: il. Orientador: Prof. Arthur Câmara Cardozo Trabalho de Conclusão de Curso - monografia apresentado ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012. 1. Backlog. 2. Propriedade Industrial. 3. Desenvolvimento. 4. Indústria I. Título.

Ao meu saudoso avô José Carneiro Maia, de quem sinto muitas saudades e que foi muito importante em minha vida. Aos meus pais, Lúcia e José Nicolau, sem os quais eu não teria conseguido sequer caminhar, quanto mais chegar até aqui. À minha querida mulher, Thaís, pela compreensão, pelo carinho e total apoio. E a meu filho Rodrigo, para que se estimule a estudar sempre. 3

4 A eficiência é uma relação técnica entre entrada e saída. Idalberto Chiavenato

5 RESUMO Esta monografia procura analisar como o atraso na análise e concessão de patentes pelo INPI pode prejudicar o desenvolvimento da indústria e dos inventores brasileiros, especialmente aqueles de pequeno porte. Para tanto, faz-se uma comparação, utilizando diversos indicadores relacionados à área de patentes, entre o INPI e os escritórios de patentes da tríade capitalista (Estados Unidos, Europa e Japão) e aqueles de países emergentes (China, Índia e Coreia do Sul). Atualmente, o número de pedidos de patentes pendentes por examinador no INPI é bastante superior àqueles observados no USPTO, EPO, JPO e SIPO, e comparável àqueles observados no KIPO e IPO. Não por acaso, o número de examinadores de patentes no KIPO e no IPO, assim como no INPI, tem aumentado muito pouco frente ao crescente número de pedidos depositados ano após ano. Procede-se também à elaboração de cenários para o INPI nos próximos 10 (dez) anos, além do levantamento dos óbices ao alcance das metas de produção do instituto. Caso não sejam tomadas ações efetivas para a superação do backlog de patentes, o tempo médio para a concessão de patentes passaria dos atuais 8 anos para cerca de 12 anos em 2022, embora a meta institucional do INPI, para 2015, seja a de decidir um pedido de patentes em 4 anos, em média, a partir de seu depósito. O diagnóstico realizado mostra a importância da redução do backlog para o desenvolvimento da cultura da propriedade industrial no Brasil, uma vez que as partes mais frágeis do sistema são as pequenas empresas e os inventores pessoa física brasileiros, exatamente aqueles que necessitam ser mais amparados pelo sistema. Permitir que o backlog permaneça elevado como tem sido historicamente em nosso país, é uma das maneiras mais eficazes de garantir que o sistema da propriedade industrial continue a ser praticamente exclusivo das grandes corporações multinacionais que atuam ou tem interesse em atuar em nosso mercado consumidor. Palavras chave: Backlog, propriedade industrial, desenvolvimento, indústria.

6 ABSTRACT This monograph seeks to analyze how the delay in analyzing and granting patents by INPI may hinder the development of Brazilian industry and inventors, especially those small businesses. Therefore, a comparison is made using several indicators related to the area of patents, among INPI and the patent offices of the capitalist triad (United States, Europe and Japan) and those of emerging countries (China, India and South Korea). Currently, the number of pending patent applications by examiner in INPI is much higher than those observed in USPTO, EPO, JPO and SIPO, and comparable to those observed in KIPO and IPO. Not coincidentally, the number of patent examiners in KIPO and in IPO, as well as in INPI has increased very little against the growing number of applications filed each year. We also proceed to develop scenarios for INPI in the next ten (10) years, and a survey of the obstacles to reach the production goals of the institute. If not taken effective action to overcome the "backlog" of patents, the average time for granting patents would change from 8 years, currently, to about 12 years in 2022, although the institutional goal of INPI, for 2015, is to decide a patent application in 4 years on average from the deposit. The diagnosis shows the importance of reducing the "backlog" for the development of the culture of industrial property in Brazil, once the weakest parts of the system are small companies and Brazilian individual inventors, exactly those who need to be the most supported by the system. Allow the "backlog" to remain as high as it has been historically in our country, is one of the most effective ways to ensure that the industrial property system remains almost exclusively of large multinational corporations that operate or have interest in working in our consumer market. Keywords: Backlog, industrial property development, industry.

7 LISTA DE GRÁFICOS Figura 1 Número de depósitos de pedidos de patentes nos escritórios norteamericano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI...22 Figura 2 Número de patentes concedidas nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI...23 Figura 3 Número de examinadores de patentes nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI...24 Figura 4 Número de pedidos de patentes pendentes nos escritórios norteamericano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI...25 Figura 5 Número de pedidos de patentes pendentes por examinador nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI...26 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Número de depósitos de pedidos de patentes nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI...29 Número de patentes concedidas nos escritórios chinês, indiano, sulcoreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI...30 Número de examinadores de patentes nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI...31 Número de pedidos de patentes pendentes nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI...32 Figura 10 Número de pedidos de patentes pendentes por examinador nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro, Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI...33 Figura 11 Diagnóstico do backlog em função do resultado do exame no INPI...54

8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Número de primeiros exames e decisões calculadas pelo modelo para o backlog do INPI...39 Evolução do backlog do INPI considerando-se aumento nos depósitos em 5% ao ano...41 Tabela 3 Número de examinadores necessários para que quantidade total de pedidos pendentes no INPI permaneça inalterada, considerando-se aumento nos depósitos em 5% ao ano...42 Tabela 4 Número de examinadores necessários para que o tempo total para decisão dos pedidos de patentes seja de 4 anos, considerando-se aumento nos depósitos em 5% ao ano...43 Tabela 5 Evolução do backlog do INPI considerando-se manutenção da situação atual...44 Tabela 6 Número de examinadores necessários para que quantidade total de pedidos pendentes no INPI permaneça inalterada, considerando-se número de depósitos inalterado...45 Tabela 7 Número de examinadores necessários para que o tempo total para decisão dos pedidos de patentes seja de 4 anos, considerando-se depósitos inalterados...46 Tabela 8 Cenário mais provável para o backlog do INPI nos próximos 10 (dez) anos...48 Tabela 9 Cenário desejado para a evolução do backlog do INPI...49

9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS EPC European Patent Convention (Convenção Europeia de Patentes); EPO European Patent Office (Escritório Europeu de Patentes); IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística; INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Brasil); IPER International Preliminary Examination Report (Relatório de Exame Preliminar Internacional); IPO Indian Patent Office (Escritório Indiano de Patentes); ISR International Search Report (Relatório de Busca Internacional); JPO Japan Patent Office (Escritório Japonês de Patentes); KIPO - Korean Intellectual Property Office (Escritório Sul-Coreano de Patentes); PCT Patent Cooperation Treaty (Tratado de Cooperação de Patentes); PPH Patent Prosecution Highway (Via de Prosseguimento de Patentes); SIPO State Intellectual Property Office (Escritório Chinês de Patentes); UKIPO United Kingdon Patent Office (Escritório do Reino Unido de Patentes); USPTO United States Patent and Trademark Office (Escritório Norte-americano de Marcas e Patentes);

10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...11 2 O PROBLEMA DO BACKLOG NO BRASIL E NO MUNDO...14 2.1 O QUE É O BACKLOG?...14 2.2. CONSEQUÊNCIAS DO BACKLOG DE PATENTES...17 2.3 COMO O BACKLOG PODE AFETAR A QUALIDADE DAS PATENTES?...20 3 COMPARAÇÕES ENTRE O INPI E OS PRINCIPAIS ESCRITÓRIOS DE PATENTES...22 3.1 COMPARAÇÕES ENTRE O INPI E OS ESCRITÓRIOS DE PATENTES DA TRÍADE CAPITALISTA (USPTO, EPO E JPO)...22 3.2 COMPARAÇÕES ENTRE O INPI E OS ESCRITÓRIOS DE PATENTES DOS PAÍSES EMERGENTES (CHINA, ÍNDIA E COREIA DO SUL)...28 4 AÇÕES PARA REDUÇÃO DO BACKLOG NOS ESCRITÓRIOS DE PATENTES...34 5 CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PARA O BACKLOG NO INPI...38 5.1 MODELAMENTO DO BACKLOG DE PATENTES NO INPI...38 5.2 ESCOLHA DO CENÁRIO MAIS PROVÁVEL E DO CENÁRIO DESEJADO PARA O INPI...47 6 ÓBICES PARA A REDUÇÃO DO BACKLOG NO INPI...51 7 BACKLOG NO INPI E O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA NACIONAL...53 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...55 REFERÊNCIAS...57

11 1. INTRODUÇÃO Pode-se afirmar, sem medo de errar, que qualquer pessoa que milita na área da propriedade industrial no Brasil sabe do longo prazo para a concessão de uma patente em nosso país, mesmo quando o pedido de patente possui mérito técnico (novidade, atividade ou ato inventivo e aplicação industrial) e satisfaz todos os demais requisitos legais (Lei 9279/96) e formais (Ato Normativo 127/97). O artigo 33 da Lei 9.279/96 da Propriedade Industrial (LPI), estabelece que o exame de um pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado no prazo de 36 meses contados da data de depósito. De acordo com o INPI, o backlog seria o termo utilizado para designar o tempo decorrido entre o pedido de exame de um pedido de patente, que ocorreria, em média, 2,5 anos após o depósito, e a primeira ação substantiva de exame. No entanto, o artigo 40 da mesma lei estabelece que a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito, sendo que, de acordo com o parágrafo único do referido artigo, o prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior. Desse modo, quando o atraso na decisão de um pedido de patente, contado entre a data de seu depósito e a data de sua concessão, ultrapassa 10 (dez) anos para uma patente de invenção e 8 (oito) anos para uma patente de modelo de utilidade, a vigência total dessas patentes ultrapassará, respectivamente, os 20 (vinte) anos e 15 (quinze) anos previstos inicialmente na lei, o que significa um aumento, que poderá ser considerável no monopólio concedido ao depositante. Ou seja, o backlog institucional do INPI torna-se uma distorção ao inciso XXIX, do Artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o qual estabelece que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do

12 País. Partindo-se do pressuposto de que o Estado confere tal benefício aos inventores que tiveram patentes concedidas pelo INPI, para que esses tenham tempo suficiente para explorarem com exclusividade seus inventos industriais, de modo que possam recuperar o capital investido e auferir lucros decorrentes de suas criações, tendo como contrapartida que, ao final da vigência das patentes, os conhecimentos contidos em tais patentes tornem-se de domínio público e possam ser explorados por terceiros sem quaisquer ônus, no que diz respeito ao pagamento de royalties (como, por exemplo, no caso dos medicamentos genéricos), o aumento do tempo de vigência das patentes, em função do atraso institucional do INPI, além de estender o monopólio dos inventores, freará o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, uma vez que tais conhecimentos demorarão mais tempo para tornarem-se de domínio público. No entanto, o problema do backlog não se restringe ao Brasil, sendo atualmente considerado crítico para os principais escritórios de patentes do mundo (EPO, USPTO e JPO), os quais vem se concentrando de maneira agressiva na solução do mesmo. O aumento do número de depósitos de pedidos de patentes nos principais escritórios de propriedade industrial do mundo está gerando um grande aumento no backlog, como também é chamado o estoque de pedidos de patentes não examinados. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 2009 e divulgada pela Câmara Americana de Comércio - Amcham Brasil (2010), mostra que 55% dos entrevistados são de opinião que o INPI não atende de maneira satisfatória as funções para as quais foi criado com relação ao setor de patentes, o pior desempenho dentre os campos de atuação dessa instituição. O presente trabalho será estruturado da seguinte maneira: o Capítulo 2 fará uma abordagem sobre o problema do backlog no Brasil e no mundo, procurando fornecer as diversas definições empregadas para esse indicador e indicando as conseqüências do backlog de patentes sobre o sistema de propriedade industrial, inclusive no que diz respeito à qualidade das patentes; o Capítulo 3 apresentará comparações, utilizando diversos indicadores relacionados à área de patentes, entre o INPI e os escritórios de patentes da tríade capitalista (Estados Unidos, Europa e Japão) e aqueles de países emergentes (China, Índia e Coreia do Sul), sendo que

13 tais indicadores serão levantados a partir de relatórios anuais de gestão publicados pelos diversos escritórios de patentes e disponíveis ao público em seus sítios na rede mundial de computadores; o Capítulo 4 apresentará ações que vem sendo desenvolvidas pelos escritórios de patentes para a redução do backlog ; o Capítulo 5 proporá um modelamento do backlog de patentes no INPI, além da construção de cenários para esse indicador, com a escolha do cenário mais provável e do cenário desejado para o Instituto; o Capítulo 6 identificará os óbices para a redução do atraso institucional do INPI na área de patentes; o Capítulo 7 relacionará o backlog de patentes no INPI com o desenvolvimento da indústria nacional; e o Capítulo 8 apresentará as considerações finais do estudo.

14 2. O PROBLEMA DO BACKLOG NO BRASIL E NO MUNDO 2.1. O QUE É O BACKLOG? Embora muito se fale sobre o termo backlog, na área da propriedade industrial, tal termo ainda não é empregado de maneira uniforme entre os diversos escritórios de patentes e mesmo entre os estudiosos do assunto, o que, sem dúvida, dificulta a comparação entre os indicadores de atraso no exame de pedidos de patente, entre os diversos escritórios. Um estudo da consultoria London Economics (2010) sugere três diferentes maneiras de dimensionar o backlog dos escritórios de patentes: - o estoque de pedidos depositados pendentes, que seria a medida mais intuitiva do backlog, por ser o número de pedidos depositados que necessitam de processamento por um escritório de patentes. Entretanto, seria de uso limitado na avaliação se os escritórios estão sob pressão da carga de trabalho, uma vez que não considera como a capacidade de exame varia através dos escritórios de patentes (ou no mesmo escritório de patentes ao longo do tempo). Por exemplo, o mesmo número de pedidos depositados pendentes significaria uma carga de trabalho muito maior para o INPI do que para o USPTO, devido à diferença de tamanho dos escritórios de patentes; - a relação entre o estoque de pedidos depositados pendentes e o número de examinadores, que seria uma medida atrativa, já que é simples de entender e representa o número médio de pedidos depositados por membro da força de trabalho de exame. Entretanto, não leva em consideração diferenças na produtividade (tanto através do tempo, quanto entre escritórios de patentes). Consequentemente, pode ser menos útil na comparação entre escritórios de patentes; - a relação entre o estoque de pedidos depositados pendentes e o trabalho completo, que estimaria o número de anos que levaria para o escritório de patentes acabar com o estoque atual de pedidos depositados pendentes, na taxa atual de busca e exame, sem que novos depósitos sejam recebidos. Para Abrantes (2011), backlog é o tempo médio para decisão de um pedido de patente pelo INPI. De acordo com o autor, não há, contudo, um critério exato para

15 se definir o que seria um prazo normal de exame e o que seria computado como backlog ou atraso. Outras maneiras de se definir o backlog seriam pelo estoque quantitativo de pedidos a serem examinados, ou seja, pedidos depositados ainda não decididos (deferidos/indeferidos/arquivados/extintos); pedidos com solicitação de exame ainda não decididos; pedidos com solicitação de exame mas ainda sem a primeira ação (first action) expedida pelo escritório de patente; etc. De acordo com o estudo da London Economics (2010), há inúmeras questões que devem ser consideradas para o desenvolvimento de um indicador apropriado do backlog. Em primeiro lugar, os pedidos depositados podem estar pendentes em diversos estágios do processamento de um pedido de patente, incluindo antes que o pedido de exame tenha sido solicitado; após o pedido de exame ter sido solicitado, mas antes do exame substantivo; após o exame substantivo, mas aguardando ação do examinador; após exame substantivo, mas aguardando ação do depositante; ou aguardando deferimento. O número de pedidos depositados pendentes variará em cada estágio e, particularmente, através dos escritórios de patentes, devido a diferenças no sistema de patentes. Por exemplo, uma grande proporção dos pedidos depositados no Japão está aguardando solicitação para exame, ao passo que tal estágio nem mesmo existe no USPTO (á medida que a solicitação para exame está implícita pelo depósito). O estudo acredita que a medida mais apropriada para pedidos depositados pendentes seriam todos os pedidos depositados para os quais o trabalho foi solicitado, mas o qual ainda não foi completado, em que o trabalho inclui busca e exame. Isso incluiria pedidos depositados que estão aguardando uma ação do depositante como a que conduzirá (assumindo que o depositante complete aquela ação) a posterior trabalho para o escritório de patentes em um estágio subsequente. Pode ser interessante considerar o número de pedidos depositados pendentes entre a solicitação de exame e a primeira ação de exame, já que durante esse período, os depositantes são menos capazes de influenciar estrategicamente o período de decisão para um pedido de patente. Entretanto, informações a respeito do número de pedidos nesse estágio não estão normalmente disponíveis e, ao invés disso, utilizam-se informações a respeito do número total de pedidos depositados pendentes sob exame. O aumento do estoque de pedidos depositados pendentes não implica

16 necessariamente que os backlogs dos escritórios de patentes tenham aumentado, uma vez que ele não leva em consideração mudanças na capacidade dos escritórios de patentes de lidar com um número aumentado de pedidos depositados, ou seja suas capacidades de exame. A medida mais crua da capacidade de exame em cada escritório de patentes seria o número de examinadores empregado. Todos os escritórios de patentes estudados aumentaram o número de examinadores entre 2001 e 2007. O número de pedidos depositados pendentes por examinador varia de cerca de 50 (no UKIPO) até aproximadamente 600 (no caso do JPO), o que parece resultar provavelmente das diferenças nos sistemas e também na coleta de dados nos diferentes escritórios. Dessa maneira, parece mais apropriado comparar os resultados ao longo do tempo dentro de escritórios individualmente, do que entre os diferentes escritórios. Enquanto que a estimativa do número de pedidos depositados pendentes por examinador fornece uma medida intuitiva da carga de trabalho enfrentada pelos escritórios de patentes, ela é de uso limitado na comparação entre escritórios de patentes se houver diferenças substanciais na produtividade. Uma medida que parece mais apropriada, sugerida por diversos especialistas dos escritórios de patentes que foram entrevistados, é comparar o estoque de pedidos depositados pendentes ao trabalho real feito pelo escritório de patentes, que é o número de exames realmente conduzidos a cada ano. Isso pode ser interpretado como uma estimativa do intervalo de tempo que levaria realmente para acabar com o estoque de pedidos depositados pendentes, sem que novos pedidos depositados fossem recebidos. Mais uma vez, vale ressaltar que a comparação entre diferentes escritórios de patentes não é apropriada, já que os dados não são consistentes entre os mesmos. Outra maneira de avaliar o impacto do crescente número de pedidos depositados é examinando os efeitos associados aos depositantes através do período de pendência de um pedido de patente, pendência essa que pode ser estimada nos vários estágios do processamento do pedido. Mais comumente se avalia a pendência para que haja a primeira ação de exame (pendência de primeira ação) ou para a decisão (pendência total).

17 Além de dissuadir o depósito de pedidos de patente legítimos, o aumento na pendência de um escritório de patentes também impõe custos ao prover proteção para patentes pendentes e consequentemente (quasi) poder de monopólio para depositantes com invenções não-patenteáveis. Isso pode conduzir a preços mais elevados para os respectivos produtos, à medida que os competidores são desestimulados de entrar no mercado. 2.2. CONSEQUÊNCIAS DO BACKLOG DE PATENTES O estudo da London Economics (2010) buscou indicadores dos dez principais escritórios de patentes do mundo: Canadá (CIPO, sigla em inglês), Alemanha (DPMA), Europeu (EPO), Índia (IPO), Austrália (IIPO), Japão (JPO), Coreia (KIPO), China (SIPO), Grã-Bretanha (UKIPO) e Estados Unidos (USPTO). O custo de US$ 9,2 bilhões representaria o valor do desestímulo ao desenvolvimento de novos produtos e processos acarretado por sistemas de exame de patentes que demorem na análise e concessão dos pedidos. O cálculo foi feito apenas para os três principais escritórios USPTO, EPO e JPO respectivamente, EUA Europa e Japão. Esse desestímulo, segundo o estudo, se daria porque a demora na análise causa insegurança jurídica. Para os inventores, seria difícil comercializarem suas patentes pela falta de concessão. Além disso, teriam dificuldades em conseguir recursos vindos de fontes, tais como fundos de venture capital e agentes financeiros, para colocarem a tecnologia no mercado, pois os investidores provavelmente não aportariam dinheiro em tecnologia não protegida. Além disso, outros inventores trabalhando em tecnologias semelhantes ficariam receosos em pedir proteção e explorar algo que, posteriormente, poderia ser considerado uma infração ao direito de propriedade intelectual. De alguma maneira, dado que a proteção de uma patente inicia-se na data de depósito do pedido, o incentivo para inovação incluído na patente não deveria ser afetado pelo fato de que a concessão é mais demorada. Entretanto, tal visão não considera a incerteza que paira sobre um pedido de patente antes da concessão. Sem essa certeza, os depositantes podem achar difícil tomar decisões apropriadas sobre o uso da invenção, tais como licenciamento, criação de joint ventures ou mesmo para proteger sua invenção de infrações (JENSEN, et al., 2008).

18 Longos tempos de espera podem retardar o lançamento de produtos e, à medida que invenções futuras são baseadas nas anteriores, impedir a inovação posterior. Isto afeta particularmente as menores companhias, que podem ter que lutar para atrair investimentos (por exemplo, a partir de empresas de capital de risco) sem uma patente confirmada, ou aquelas companhias que operam em indústrias com ciclos de produto curtos (PINKOS, 2005). Além disso, em função do atraso na análise dos pedidos de patentes, as empresas podem cada vez mais afastarem-se do sistema de patentes e confiarem em outros métodos de apropriação, tais como segredos comerciais. Isso por sua vez significa uma perda da disseminação de conhecimento que é conseguida através do patenteamento (Pinkos, 2005). Barros e Stoneman (2002) afirmam que, para certas tecnologias, o custo direto para os depositantes do backlog de patentes pode não ser significativo, uma vez que os pedidos seriam depositados bem no início do processo de P&D, antes que a maior parte do investimento seja feito, e que os depositantes utilizariam o tempo durante o qual o pedido está em análise (pendente) para atender aos diversos aspectos de desenvolvimento da inovação. Palangkaraya, Jensen e Webster (2008) também sustentam a visão de que alguns depositantes podem ficar bastante satisfeitos com longos períodos de espera. Johnson e Popp (2003) alegam que quando patentes levam muito tempo para serem concedidas, outras formas de difusão de conhecimento são disponíveis e reduzem o impacto potencial de períodos de pendência mais longos sobre a inovação. Outro modo pelo qual um longo tempo de espera antes que o pedido depositado seja examinado pode ter um impacto positivo é por encorajar o abandono de pedidos nos quais os depositantes perderam o interesse. Abrantes (2011) analisa que a demora para decisão de um pedido de patente é prejudicial para a sociedade porque a incerteza quanto à decisão, se de fato o depositante possui uma patente válida, acarreta problemas ao depositante e aos concorrentes. O depositante que sofre contrafação não se sente seguro em mover uma ação contra o suposto contrafator, quando o que ele tem em mãos, na

19 verdade, é uma expectativa de direito e não propriamente o direito de um titular de patente. O concorrente, por outro lado, trabalha na incerteza de conhecer qual o escopo final da patente, que poderá ser mais restritivo do que o originalmente depositado. O atraso na concessão de patentes pelo INPI teria impacto negativo no licenciamento de tecnologias desenvolvidas pelas universidades. Alguns incentivos fiscais que a empresa pode usufruir dependem da existência de uma patente concedida. A lei 11196, de 21 de novembro de 2005 (conhecida como Lei do Bem), referente aos incentivos à inovação tecnológica nas empresas, estabelece no artigo 19 3º que a pessoa jurídica poderá excluir do lucro líquido, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, o valor correspondente a até 20% da soma dos dispêndios ou pagamentos vinculados à pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica objeto de patente concedida ou cultivar registrado. O artigo 17, VI estabelece a isenção da empresa de pagar os 25% de imposto de renda retido na fonte sobre a remessa de dinheiro gasto para o depósito de patentes no exterior. Por essa Lei (artigo 17, I), os gastos das empresas com custos e despesas operacionais incorridos na execução de um projeto de P&D serão deduzidos do lucro, no exercício em que tiverem sido incorridos, computando-se um valor de 20% adicionais, caso este mesmo projeto seja objeto de patente concedida (artigo 19 3º). Como o tempo médio de concessão de patentes no INPI é superior a 8 anos, esse benefício torna-se de pouco efeito prático, pois um gasto feito hoje teria que permanecer nos registros durante esse período de oito anos antes de resultar em 20% adicionais de dedução do lucro tributável. Segundo Malwina Mejer (2011), as estratégias de solução do backlog devem ser adequadas às situações específicas de cada escritório de patentes. O backlog nos Estados Unidos é cerca de três vezes superior ao da EPO em grande parte por conta da estratégia do USPTO de manter os custos para o requerente relativamente baixos, procurando dessa forma, atrair um número maior de depósitos, assim como adotando menos rigor no exame, ampliando o escopo das matérias consideradas patenteáveis e, por conseguinte, aumentando o número de depósitos. Para a autora, o tempo de exame na EPO é maior por conta da estratégia das empresas que tendem a atrasar a concessão, por exemplo, pela apresentação de

20 inúmeros pedidos divisionais. Estima-se que 50% dos pedidos com tempo de exame superior a 10 anos são pedidos divisionais. Ainda segundo a autora, esses atrasos se enquadram dentro das estratégias de algumas empresas em adiar os gastos com traduções e anuidades após a concessão da patente. O Artigo 67 da EPC prevê a possibilidade de indenização por contrafação a partir da publicação do pedido, o que proporciona certa garantia jurídica mesmo antes da concessão. Para a autora, o exame acelerado impactaria desnecessariamente na redução de qualidade do exame europeu. 2.3. COMO O BACKLOG PODE AFETAR A QUALIDADE DAS PATENTES? Em campos onde a evolução tecnológica é muito rápida, pode tornar-se cada vez mais caro para os escritórios de patentes manterem os recursos necessários para a condução da busca e exame, em que os mesmos incluem o treinamento dos examinadores e os bancos de dados de informações do estado da técnica nos quais eles possam basear-se. Depositantes podem ter objetivos estratégicos quando depositando alguns pedidos de patente. Os depositantes podem, particularmente, não desejar um processo de exame completo, rápido e eficiente, em cujo caso eles podem depositar pedidos que sejam de qualidade duvidosa, com reivindicações obscuras e acompanhados por táticas destinadas a atrasar (adiar) o exame propriamente dito o maior tempo possível. Quando a qualidade das patentes concedidas é baixa e/ou é considerada baixa pelos depositantes e terceiros, o balanço entre custos e benefícios de um sistema de patentes é desfavoravelmente afetado. Desenvolvedores de invenções dignas de proteção sentem dúvidas quanto à força que a patente terá no mercado. Isso pode impedir pesquisa de boa qualidade e incentivar aqueles que utilizam o sistema de patentes principalmente por motivos meramente estratégicos. Adicionalmente, patentes de baixa qualidade podem acarretar em maiores despesas de contencioso para as empresas, desviando recursos de atividades mais produtivas. Backlogs de patentes podem também impor custos ao implicarem na redução da qualidade das patentes concedidas, à medida que examinadores lutam

21 para processar os pedidos depositados mais rapidamente, em face da crescente carga de trabalho. Como os escritórios de patentes procuram contratar mais examinadores em resposta ao crescente número de depósitos, a proporção de examinadores experientes diminui, e esses examinadores gastam mais tempo treinando os novos examinadores (PINKOS, 2005). Nos últimos anos, muito tem sido falado a respeito da perda de qualidade das patentes, embora ainda haja pouca evidência empírica desse efeito (HEDLUND, 2007). Para Hedlund (2007), uma redução da qualidade das patentes, se isso realmente resultar do backlog, pode ser custoso por três razões principais: - se os examinadores estiverem concedendo patentes indevidamente, isso pode encorajar firmas a buscarem patentes para invenções que não são merecedoras da proteção, uma vez que elas sabem que há possibilidade de concessão. O problema do backlog seria então exacerbado, já que seriam atraídos mais depósitos; - um sistema de patentes de baixa qualidade cria um ambiente onde infração e contencioso são mais prováveis, à medida que a validade das patentes é questionável. Novamente, isso pode criar um incentivo para o depósito de mais pedidos de patente de baixa qualidade, na tentativa de tirar proveito disso; - se patentes são concedidas incorretamente, poderá haver imposição de um monopólio, com elevados preços associados, sem os benefícios de incentivar a verdadeira inovação. Isso pode também restringir posterior inovação, se os verdadeiros inovadores forem, como resultado, incapazes de entrar em um campo tecnológico em particular.

3. COMPARAÇÕES ENTRE O INPI E OS PRINCIPAIS ESCRITÓRIOS DE PATENTES 22 3.1. COMPARAÇÕES ENTRE O INPI E OS ESCRITÓRIOS DE PATENTES DA TRÍADE CAPITALISTA (USPTO, EPO E JPO) A figura 1 compara, entre os anos de 1995 e 2011, o número de depósitos de pedidos de patentes nos seguintes escritórios: USPTO (EUA), EPO (Europa), JPO (Japão) e INPI (Brasil). 600000 500000 400000 300000 200000 USPTO EPO JPO INPI 100000 0 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 1 Número de depósitos de pedidos de patentes nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI. A partir dos dados utilizados na figura 1, obtém-se que o número de depósitos, no período entre 1995 e 2011, aumentou 127% no USPTO, 208% no EPO e 66% no INPI, ao passo que reduziu 14% no JPO. A figura 2 mostra, entre os anos de 1995 e 2011, o número de patentes concedidas no USPTO, EPO, JPO e INPI.

23 Os dados apresentados na figura 2 indicam que, entre os anos de 1995 e 2011, o número de patentes concedidas aumentou 114% no USPTO, 49% no EPO, 65% no JPO, ao passo que reduziu 17% no INPI. A priori, quanto maior o número de depósitos, maior o número de patentes concedidas, considerando-se que a qualidade e/ou mérito dos pedidos de patentes mantenha-se uniforme ao longo do tempo. Dessa maneira, uma primeira análise indicaria que o backlog do USPTO aumentou levemente ao longo dos últimos anos, ao passo que o backlog do EPO aumentou mais pronunciadamente do que o do USPTO. Quanto ao JPO, uma primeira análise indicaria que o backlog do escritório japonês reduziu-se nos últimos anos, ao passo que o backlog do INPI teria crescido fortemente. Posteriormente, ao examinar o backlog propriamente dito nesses escritórios, ao longo dos últimos anos, poderemos constatar se isso de fato ocorreu. 300000 250000 200000 150000 100000 USPTO EPO JPO INPI 50000 0 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 2 Número de patentes concedidas nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI. A figura 3 apresenta o número de examinadores de patentes no USPTO, EPO, JPO e INPI, entre os anos de 1998 e 2011.

24 Os dados apresentados na figura 3 indicam que, entre os anos de 1998 e 2011, o número de examinadores de patentes aumentou 131% no USPTO, 87% no EPO, 62% no JPO e 112% no INPI. Uma primeira análise indica que todos os escritórios aumentaram o número de examinadores nos últimos 15 anos. No entanto, USPTO, EPO e JPO contrataram mais examinadores de patentes de maneira contínua ao longo dos anos, ao passo que o número de examinadores do INPI ficou praticamente inalterado entre 1998 e 2006, quando houve um concurso público para a contratação de aproximadamente 120 examinadores de patentes. No entanto, desde 2006, o número de examinadores de patentes do INPI permanece estagnado. Ou seja, se por um lado o número de examinadores do USPTO, EPO e JPO aumentou continuamente ao longo dos últimos 15 anos, no caso do INPI esse aumento foi na forma de um degrau, basicamente no ano de 2006. Outra questão a ser analisada posteriormente, é se esses aumentos no número de examinadores de patentes são suficientes para fazer frente ao maior número de depósitos e à maior complexidade dos pedidos de patentes atualmente. 8000 7000 6000 5000 4000 3000 USPTO EPO JPO INPI 2000 1000 0 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 3 Número de examinadores de patentes nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI.

25 A figura 4 mostra o número de pedidos de patentes pendentes, entre os anos de 1998 e 2011, no USPTO, EPO, JPO e INPI. Os dados apresentados na figura 4 indicam que, entre os anos de 1998 e 2011, o número de pedidos de patentes pendentes aumentou 208% no USPTO, 312% no EPO, 63% no JPO e 106% no INPI. 1400000 1200000 1000000 800000 600000 USPTO EPO JPO INPI 400000 200000 0 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 4 Número de pedidos de patentes pendentes nos escritórios norte-americano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI. Para poder avaliar melhor o que esse aumento no número de pedidos de patentes pendentes em todos os escritórios considerados representa, é importante levar em consideração a força de trabalho de cada escritório, ou seja, o número de examinadores, de modo a especificar o número de pedidos pendentes por examinador, o que, em última instância, indicará o tempo total que o escritório levará para eliminar a pendência. A figura 5 apresenta o número de pedidos de patentes pendentes por examinador, entre os anos de 1998 e 2011, no USPTO, EPO, JPO e INPI.

26 Uma análise rápida dos dados apresentados na figura 5 indica que o número de pedidos de patentes pendentes por examinador, ao final de 2011, era de 175 no USPTO, 90 no EPO, 560 no JPO e 700 no INPI. Ou seja, embora USPTO, EPO e JPO tenham um maior número de pedidos de patentes pendentes, ao se analisar o indicador per capita, percebe-se que a situação do INPI está mais próxima daquela do JPO, ao passo que USPTO e EPO estão em uma situação muito mais confortável. Esta é uma das razões pelas quais o prazo médio de concessão de uma patente (equivalente ao período desde o depósito do pedido de patente até sua decisão final) ser de 3,5 anos no USPTO; 4,5 anos no EPO; 6,0 anos no JPO; e 10,0 anos do INPI. O Japão, até 2001, manteve pendências de exame de quase dez anos, uma vez que sua Lei à época facultava ao requerente a possibilidade de solicitar o pedido de exame decorridos sete anos do depósito. Desde então o Japão estabelece, tal como o Brasil, um prazo limite de 3 anos para o pedido de exame. 1.200 1.000 800 600 400 USPTO EPO JPO INPI 200 00 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 5 Número de pedidos de patentes pendentes por examinador nos escritórios norteamericano, europeu, japonês e brasileiro. Fontes: USPTO, EPO, JPO e INPI.

27 Apenas por uma questão de normalização, o tempo de pendência do exame no USPTO refere-se ao intervalo entre o depósito do pedido e a decisão final. Nos casos japonês (JPO) e europeu (EPO), esse número leva em conta o pedido de exame até a decisão, sendo o pedido de exame solicitado em 18 e 36 meses na EPO e JPO, respectivamente. No que diz respeito ao INPI, os dados dos Relatórios de Gestão anuais, disponíveis no site do Instituto, estimam o número de pedidos depositados e ainda não examinados até aquele ano. Ao analisarmos o número de pedidos novos (depósitos de pedidos de patentes) por examinador, verificamos que tal indicador, em 2011, é de 80 para o USPTO, 62 para o EPO, 235 para o JPO e 131 para o INPI. Para Abrantes (2012), a situação atual do INPI não seria muito diversa dos demais escritórios, em termos de número de pedidos novos por examinador. Levando-se em consideração que para 30% dos pedidos não seria solicitado exame, a média do INPI de 120 pedidos por examinador cairia para 80 pedidos por examinador e se aproximaria de outros escritórios como EUA e Inglaterra. Ainda de acordo com Abrantes (2012), a necessidade de novos examinadores para se analisar o estoque pendente de pedidos do passado existe; porém o fato da situação atual, no que diz respeito aos pedidos novos, indicar uma tendência de aumento de backlog, mostraria que a produção dos examinadores não está compatível com a produtividade observada em outros escritórios de patentes; o que exigiria uma adequação para que o problema de backlog não se agrave. Esta adequação passaria por problemas de estrutura (erros na digitalização de documentos, por exemplo), metodologia de exame (formas de exame colaborativo poderiam otimizar o tempo de exame, com aproveitamento de busca e exame estrangeiro como subsídio ao exame) e propriamente de produtividade do examinador. Outro indicador muito interessante da capacidade de exame dos diversos escritórios de patentes é a chamada First Action, ou seja, a primeira ação que o escritório desempenha na análise de um pedido de patente, por examinador. Para se ter uma ideia, em 2011, o referido indicador (primeiras ações por examinador) era de 76 para o USPTO, 51 para o EPO, 204 para o JPO e 33 para o INPI. Um dos motivos para o número de primeiras ações por examinador ser tão

28 baixa no caso do INPI, é que o número de etapas em que os exames são feitos no Brasil é muito elevado. Ou seja, considerando-se que a capacidade de exame de um examinador de patentes é finita e estabelecida através das metas de produção de cada divisão técnica, quanto mais exames o examinador tiver que fazer para o mesmo pedido de patente, menos exames de pedidos ainda não examinados (primeiro exame ou primeira ação, no caso do INPI) ele poderá fazer, o que aumenta ainda mais o backlog do INPI. É importante buscar-se um maior equilíbrio entre o número de etapas do exame de um pedido de patente e a qualidade do exame. Espera-se que quanto mais demorado o exame, maior sua qualidade. No entanto, o atraso institucional aumenta com o aumento do número de etapas de exame. Desse modo, faz-se mister encontrar o ponto ótimo entre qualidade e quantidade, de maneira a se estabelecer um número máximo de etapas de exame por pedido, de sorte que o aumento no número de etapas traria um incremento em qualidade desprezível em relação ao atraso provocado pela etapa adicional. Entendemos que o número máximo de etapas para a decisão de um pedido de patente (deferimento ou indeferimento) deveria ser três, ou seja, caso o examinador faça um bom primeiro exame, ele terá condições de decidir o pedido no segundo exame (etapa) ou, na pior das hipóteses, no terceiro exame (etapa). 3.2. COMPARAÇÕES ENTRE O INPI E OS ESCRITÓRIOS DE PATENTES DOS PAÍSES EMERGENTES (CHINA, ÍNDIA E COREIA DO SUL) De acordo com o relatório da London Economics (2010), o número de pedidos de patentes depositados na China, Índia e Coreia aumentou rapidamente nos últimos anos. Apesar disso, os depósitos feitos em escritórios de patentes estrangeiros por depositantes chineses e indianos permanecem uma proporção muito pequena do backlog total mundial. Segundo o estudo, embora o impacto do rápido crescimento nos pedidos de patente depositados nos escritórios de patentes nos mercados emergentes seja limitado nos próximos cinco anos, é importante notar que pode haver um efeito de longo prazo. Em particular, se os pedidos de patentes depositados a partir desses escritórios permanecerem em um elevado nível ano após ano, eles continuarão a contribuir para o estoque de pedidos depositados

29 pendentes e, consequentemente, para o backlog dos escritórios de patentes. A figura 6 compara, entre os anos de 1995 e 2011, o número de depósitos de pedidos de patentes nos seguintes escritórios: SIPO (China), IPO (Índia), KIPO (Coreia do Sul) e INPI (Brasil). A partir dos dados utilizados na figura 6, obtém-se que o número de depósitos, no período entre 1995 e 2011, aumentou 925% no SIPO, 301% no IPO, 66% no INPI e 16% no KIPO. 900000 800000 700000 600000 500000 400000 300000 SIPO IPO KIPO INPI 200000 100000 0 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 6 Número de depósitos de pedidos de patentes nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI. A figura 7 mostra, entre os anos de 1995 e 2011, o número de patentes concedidas no SIPO, IPO, KIPO e INPI. Os dados apresentados na figura 7 indicam que, entre os anos de 1998 e 2011, o número de patentes concedidas aumentou 1142% no SIPO e 243% no IPO, reduzindo-se em 7% no KIPO e em 17% no INPI. Esses dados parecem indicar que o INPI está tomando um caminho oposto ao dos demais escritórios de patentes, uma vez que o aumento no número de depósitos ao longo do tempo não corresponde a um conseqüente aumento no

30 número de patentes concedidas. Uma explicação para tal fenômeno, considerandose que o número de examinadores no INPI também vem aumentando ao longo dos últimos anos (embora de maneira não suficiente para atender à crescente demanda no número de pedidos depositados), seria o aumento no rigor do exame dos pedidos de patentes no Brasil, com crescimento na emissão de exigências para os depositantes e também no incremento na quantidade de indeferimentos. O aumento no rigor do exame, pela emissão de uma maior quantidade de exigências para os depositantes, embora signifique, em princípio, uma melhoria na qualidade do exame, por outro lado acarreta um aumento no tempo total do mesmo e, consequentemente, um acréscimo no backlog de patentes. 500000 450000 400000 350000 300000 250000 200000 SIPO IPO KIPO INPI 150000 100000 50000 0 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 7 Número de patentes concedidas nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI. A figura 8 apresenta o número de examinadores de patentes no SIPO, IPO, KIPO e INPI, entre os anos de 1998 e 2011. Os dados apresentados na figura 8 indicam que, entre os anos de 1998 e 2011, o número de examinadores de patentes aumentou 344% no SIPO, 30% no KIPO e 112% no INPI, ao passo que reduziu-se em 5% no IPO.

31 Fica claro que o escritório chinês de patentes adotou uma política de contratação contínua de examinadores, ao longo dos últimos dez anos, ao passo que o número de examinadores do INPI ficou praticamente inalterado entre 1998 e 2006, quando houve um concurso público para a contratação de aproximadamente 120 examinadores de patentes. Já o escritório sul-coreano, vem aumentando lentamente o número de examinadores de patentes ao longo da última década, enquanto o escritório indiano tem registrado uma leve redução em sua força de trabalho. 2250 2000 1750 1500 1250 1000 750 SIPO IPO KIPO INPI 500 250 0 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 8 Número de examinadores de patentes nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI. A figura 9 mostra o número de pedidos de patentes pendentes, entre os anos de 1998 e 2011, no SIPO, IPO, KIPO e INPI. Os dados apresentados na figura 9 indicam que, entre os anos de 1998 e 2011, o número de pedidos de patentes pendentes aumentou 379% no SIPO, 328% no IPO, 69% no KIPO e 106% no INPI. Fica claro assim que todos os escritórios de patentes aqui analisados tem sofrido com o aumento do backlog de patentes, sendo que o SIPO e IPO foram os que tiveram maior crescimento percentual no número de pedidos pendentes, uma

32 vez que foram também os dois escritórios que apresentaram maior aumento percentual no número de pedidos depositados no mesmo período de tempo considerado. O escritório indiano de patentes (IPO) tem sofrido um problema adicional em relação ao aumento no número de pedidos depositados, que é a redução no número de examinadores, combinação essa responsável pelo grande incremento em seu backlog de patentes nos últimos dez anos. 800000 700000 600000 500000 400000 300000 SIPO IPO KIPO INPI 200000 100000 0 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 9 Número de pedidos de patentes pendentes nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI. Para poder avaliar melhor o que esse aumento no número de pedidos de patentes pendentes em todos os escritórios considerados representa, é importante levar em consideração a força de trabalho de cada escritório, ou seja, o número de examinadores, de modo a especificar o número de pedidos pendentes por examinador, o que, em última instância, indicará o tempo total que o escritório levará para eliminar a pendência. A figura 10 apresenta o número de pedidos de patentes pendentes por examinador, entre os anos de 1998 e 2010, no SIPO, IPO, KIPO e INPI. Uma análise rápida dos dados apresentados na figura 10 indica que o número de pedidos de patentes pendentes por examinador, ao final de 2010, era de

33 309 no SIPO, 637 no IPO, 1013 no KIPO e 700 no INPI. Percebe-se, ao longo do tempo, que a situação do INPI está mais próxima daquela do KIPO, no que diz respeito ao número de pedidos pendentes por examinador. 1200 1000 800 600 400 SIPO IPO KIPO INPI 200 0 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Figura 10 Número de pedidos de patentes pendentes por examinador nos escritórios chinês, indiano, sul-coreano e brasileiro. Fontes: SIPO, IPO, KIPO e INPI. Os dados parecem indicar que o aumento no backlog de patentes do SIPO deve-se principalmente ao acréscimo no número de pedidos depositados, ao passo que aquele observado no IPO seria resultado do crescimento no número de depósitos associado à diminuição no número de examinadores. Por outro lado, o fato do backlog no INPI manter-se extremamente elevado ao longo dos últimos dez anos, mesmo com o aumento no número de examinadores, seria resultado do aumento no número de depósitos, em conjunto com um maior rigor no exame dos pedidos de patentes, o que aumentaria o número de exigências emitidas e, consequentemente, o tempo para exame. Finalmente, no caso do escritório sulcoreano de patentes (KIPO), tem-se observado uma quase manutenção, ao longo dos anos, nos números de pedidos depositados e de examinadores, o que, em conjunto com a redução no número de patentes concedidas, explicaria assim o crescimento do backlog no KIPO.