CADERNO DE PLANEJAMENTO DO PIBID: DISPOSITIVOS DE REFLEXÃO E RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS BOLSISTAS DE PEDAGOGIA



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Transcrição:

CADERNO DE PLANEJAMENTO DO PIBID: DISPOSITIVOS DE REFLEXÃO E RESSIGNIFICAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS BOLSISTAS DE PEDAGOGIA RESUMO: Camila Palmeira Ferreira Arouca Bolsista de Supervisão PIBID / UNEB no DEDC I Eliane Silva Souza Bolsista de Supervisão PIBID / UNEB no DEDC I Ana Cristina Castro do Lago Coordenadora de Área PIBID/UNEB no DEDC I Este texto apresenta o dispositivo "Caderno de Planejamento" construído para o Subprojeto de pedagogia "Entre a Universidade e a Escola: a mediação do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) potencializando a práxis pedagógica" do PIBID de Pedagogia que funciona no Departamento de Educação - Campus I, da Universidade do Estado da Bahia UNEB em parceria com a Escola Municipal Deputado Gersino Coelho. Tal dispositivo surgiu da necessidade da supervisora do referido Subprojeto de organizar tempos, espaços, discursos e narrativas em um único documento que desse conta de refletir sobre a experiência formativa dos participantes do Subprojeto em questão. Busca-se discutir o alcance deste organismo no desenvolvimento do Subprojeto, referente aos tempos, com a composição de arranjos que ofereçam uma visão mais abrangente dos processos nas ações formativas do Subprojeto, a exemplo do calendário anual que envolve as atividades da universidade e da escola parceira; referente aos espaços, a partir da disposição do referido Caderno para o acompanhamento da prática pedagógica e envolvimento dos bolsistas de iniciação à docência no desenvolvimento do Subprojeto; no que diz respeito aos discursos, o Caderno de Planejamento permite a sistematização dos registros dos encontros semanais do Subprojeto e seus alinhamentos; e, referente às narrativas, dispõe de campo para o bolsista de iniciação à docência desenvolver suas reflexões sobre suas vivências ao longo do ciclo formativo do referido Subprojeto. Ao utilizar uma abordagem qualitativa de relatos de experiência, busca-se com esta discussão ampliar a reflexão sobre os elementos crítico-criativos para a ressignificação da prática pedagógica dos sujeitos envolvidos no Subprojeto em questão. Palavras-chave: Caderno de Planejamento. PIBID, Práxis Pedagógica. INTRODUÇÃO O presente texto cumpre a tarefa de oportunizar a reflexão acerca de uma das práticas gestora de acompanhamento das atividades e ações do Subprojeto: Entre a Universidade e a Escola: a Mediação do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Potencializando a Práxis Pedagógica, do PIBID (BRASIL, 2010 e 2014), do Curso de Pedagogia, a saber: a criação, uso e problematização dos efeitos e potenciais de um Caderno de Planejamento que vem sendo utilizado sistematicamente como dispositivo

de reflexão e ressignificação da prática pedagógica dos bolsistas do referido Subprojeto de Pedagogia. Convém explicitar que o Subprojeto, objeto deste estudo, está organizado por ciclos formativos que se integralizam anualmente. Sua dinâmica é constituída por variados momentos em rotinas semanais de trabalho, tais como: encontros de produção de aulas e materiais, plenárias de estudo, atividades na sala de aula da escola parceira, acesso e postagens ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Todas as atividades acima discriminadas contam com os participantes deste Subprojeto da Licenciatura em Pedagogia: os estudantes bolsistas de ID (Iniciação à Docência), a coordenadora, as supervisoras bolsistas professoras da Educação Básica e, alguns convidados. Vale ressaltar que o Caderno de Planejamento é uma produção crítica desenvolvida neste Subprojeto por iniciativa da professora bolsista de supervisão, que encaminhou a sugestão de sua elaboração, considerando a necessidade de um dispositivo que promovesse a sistematização dos múltiplos processos desencadeados nos ciclos de atividades do citado Subprojeto. Tal iniciativa tinha, inicialmente, a finalidade de alinhar e registrar as ações desenvolvidas ao longo dos encontros formativos que compõem a agenda já mencionada do Subprojeto, sabendo-se que o Caderno de Planejamento não tem um caráter meramente funcionalista, antes tudo, consiste em um dispositivo comunicativo e criativo de cocriação da realidade, impulsionando as reflexões e a ampliação dos repertórios de concepções e experiências os processos formativos. Assim, neste artigo são apresentadas e problematizadas algumas cenas que retratam o percurso da concepção à experimentação do Caderno de Planejamento. CENAS DO PERCURSO: NO PRINCÍPIO... MUITO SE FALAVA; POUCO SE ESCREVIA.... Nos primeiros ciclos existia a primazia da oralidade que marcava os encontros entre professores, supervisoras bolsistas e estudantes bolsistas de ID, especialmente, quando abordavam aspectos do cotidiano da escola, suas necessidades e possibilidades pedagógicas, assim como, os modos de aprender e de ensinar (FREIRE, 1996); (NÓVOA, 2002) implementados nas fronteiras entre a Universidade e a Escola Básica. Afora as sistemáticas pautas, textos e relatório produzidos pela coordenação do Subprojeto, as demais elaborações oriundas das observações realizadas na escola, os estudos de textos teóricos, como também, os desafios e reflexões propositivas

(TARDIF, 2002); (SERRANO, 2007) ficavam, exclusivamente, na memória (SOUZA, 2006) imaterial dos participantes. Derivavam desses encontros muitas ideias, críticas e propostas para atuação na Escola, mas, careciam, ainda, de rituais de registros e apontamentos acerca desses saberes, sobretudo, para possibilitar as reflexões que subsidiam as tomadas de decisões que embasam os projetos considerados importantes para a Escola (ALVES e GARCIA, 1999) e para a iniciação profissional dos licenciandos bolsistas. Percebendo essa incômoda lacuna, a responsável pela supervisão do citado Subprojeto partilhou suas inquietações com a coordenação e iniciaram a elaboração do Caderno. Ao longo desta trajetória receberam muitas contribuições de outros sujeitos participantes, a exemplo das partilhadas por alguns bolsistas de ID, por meio de seus relatos, pois, eles se queixavam de um suposto traço verbalista vigente nas Licenciaturas, desse modo, suas narrativas explicitaram a pouca familiaridade com rotinas de escrita, construção de agendas e elaboração sistemática de planejamentos (PIMENTA, 2002 e 2007). Assim, diante da efervescência dos acontecimentos desse processo formativo foram construídas ações de planejamento e registradas no Caderno, gerando alguns efeitos de capilarização de novas iniciativas didáticas na prática docente, na Escola, por meio das intervenções dos bolsistas de ID na sala de aula das séries iniciais. NO INÍCIO... OLHARES, ANGÚSTIAS E ENCANTAMENTOS. Rememorando as ações e atividades desenvolvidas nos primeiros ciclos deste Subprojeto do PIBID sugiram muitas inquietações referentes aos tempos didáticos, pois, naquele momento não se tinha elucidado detalhes de ações potencialmente formativas no Subprojeto. Mas, elas foram sendo aprendidas e apreendidas no decorrer deste percurso. No que se refere ao uso dos espaços na Escola e na Universidade, fazia-se necessário a criação de um elemento sistematizador que gerasse processos metacognitivos nos participantes do citado Subprojeto, em especial, nos bolsistas de iniciação à docência, visando a autonomia nas práticas pedagógica (FREIRE, 1996) e o envolvimento no desenvolvimento do próprio Subprojeto. Já sobre a cultura de registros, desde o início do Subprojeto se buscou a sistematização das ações e atividades pensadas, com, na e para a escola, pois, se entendia que práticas espontaneístas seriam um impedimento ao funcionamento eficaz

dos ciclos formativos deste Subprojeto; e, sobre a manifestação das narrativas (SOUZA, 2006), desde os ciclos iniciais, várias sinalizações foram feitas no sentido de possibilitar aos bolsistas de ID a criação um dispositivo que oportunizasse a construção de uma memória suas vivências e reflexões, como tônus vital da formação dos participantes do PIBID. COMEÇOU O NAMORO: VAMOS FAZER UM CADERNO JUNTOS?! De certo, a ação de planejar faz parte da vida de todo o sujeito. Esta ação exige um espaço particular que atenda todas as suas demandas, propostas, metas e, porque não, sonhos e desejos pessoais. No trecho a seguir há um breve relato sobre a origem do Caderno: Surgiu há um ano, o primeiro Caderno de Preposições com o intuito de sistematizar e centralizar (organizar) em um único espaço todo o encaminhamento anual do Subprojeto, minimizando os entraves e propiciando mobilidade, autonomia e alinhamento das falas às especificidade didáticas de cada segmento. Assim, ele foi feito numa tentativa de diálogo entre as ideias dos sujeitos e o a realidade da Escola. (Supervisora do Subprojeto). O Caderno de Planejamento é compreendido como dispositivo de acompanhamento das vivências formativas de iniciação profissional à docência já foi reeditado três vezes, injetando mudanças no início de três ciclos de atividades do Subprojeto, em três anos consecutivos, por conseguinte, atendendo às necessidades de organizar o encaminhamento das práticas desenvolvidas na gestão das informações mediadas pelos integrantes da equipe, com propostas de ações e de modos de acompanhamento. O Caderno é um espaço que materializa os tensionamentos que subjaz a aprendizagem da docência. Por isso, a Supervisora constrói a seguinte reflexão: Assim como eu, a professora do ensino regular reserva um espaço permanente para ali despejar todas as ideias, propostas e, também, frustrações a respeito do meu processo de convívio e aprendizagem em sala de aula, junto com meus alunos, senti a necessidade de ter outro espaço destinado ao registro das ações didáticas do PIBID. Vale ainda destacar que este Caderno é customizado, atendendo às necessidades e especificidades de cada segmento, ou seja, o Caderno do Coordenador de Área tem na sua composição elementos específicos para a sua prática, diferentes dos Cadernos do

Supervisor e dos Bolsistas de Iniciação a Docência que possuem outros componentes de organização de layout e distribuição de espaços de registro e de construção. VIVENDO E NARRANDO NAS TEIAS DA EXPERIÊNCIA O exercício de elaboração e de reelaborações do Caderno de Planejamento a cada novo ciclo do PIBID tem consolidado este dispositivo como uma bússola, um referente das atividades e ações que organiza os tempos, espaços e a memória do Subprojeto e das bolsistas participantes do mesmo. Quanto aos tempos didáticos, o Caderno de Planejamento contribuiu para a composição de arranjos que possibilitam uma visão mais abrangente dos processos nas ações formativas do Subprojeto, sejam as práticas dos gestores do próprio projeto ou sejam as ações das bolsistas, no delinear das atividades que envolvem os subsídios da universidade e as demandas da escola parceira, a exemplo do calendário anual de atividades que agrega ações conjuntas, articulando universidade e escola. Referente aos espaços, o referido Caderno de Planejamento aponta para um acompanhamento da prática pedagógica desenvolvido no ciclo formativo do subprojeto, como um sistematizador das atividades de organização do ensino, execução e avaliação das aulas e como articulador do envolvimento dos bolsistas de iniciação à docência na trajetória das atividades acima descritas, ao longo do percurso formativo do Subprojeto. No que diz respeito aos registros (LUDKE, 1986); (FREIRE, 1996), o Caderno de Planejamento possibilita a sistematização dos acontecimentos dos encontros semanais do Subprojeto, desde a perspectiva dos bolsistas, sejam eles de ID, Supervisores ou Coordenador. Os alinhamentos que o Caderno de Planejamento propicia aos participantes bolsistas compreendem itens orientadores das atividades de cada um desses sujeitos. Dessa forma, o dispositivo foi confeccionado considerando as necessidades inerentes ao acompanhamento de ações específicas de cada fase dos ciclos, tais como, o calendário anual para orientação das atividades semanais, mensais e de culminância, de cada fase, ademais de eventos nacionais de formação, mapeamento das visitas à escola parceira; referencial bibliográfico sempre em ampliação; calendário de eventos de formação; acompanhamento individual das bolsistas de ID em atividades na escola, como observação e intervenção. Referente às narrativas considera-se as contribuições de Serrano (2007) e Souza (2006) sobre o entrelaçamento entre histórias de vida e formação de professores, e a

partir de destas referências, entende-se que o Caderno de Planejamento se constitui para as bolsistas participantes do referido Subprojeto em um dispositivo privilegiado para as suas reflexões sobre suas vivências ao longo dos ciclos formativos. Em síntese, o Caderno de Planejamento revela ações e problematizações desenvolvidas pela universidade em direção á escola parceira; bem como, de ações da escola que afetam o Subprojeto do PIBID, de Pedagogia, da UNEB. Em especial, a experiência com a elaboração e produção deste Caderno de Planejamento explicita o quanto a Universidade e a Escola podem se entrelaçar, produzindo exitosamente o conhecimento (TARDIF, 2002) a que os participantes bolsistas, sujeitos em formação podem se beneficiar. REFLEXÕES CAMINHANTES A experiência de elaboração do Caderno de Planejamento, aqui abordada, articula a iniciação a docência com iniciativas de sistematização da organização do ensino, aproximando as pontas deste Subprojeto, tanto no ensino Superior como na escola pública da Educação Básica. Ela expressa uma abordagem científica ao discutir acerca da profundidade e alcance deste organismo chamado Caderno de Planejamento, assim como, suas implicações no desenvolvimento do Subprojeto aqui relacionado, gerando condições para a reflexão sobre os elementos crítico-criativos que alimentam a ressignificação da prática pedagógica dos sujeitos envolvidos no Subprojeto em questão. O Caderno não tem caráter funcionalista, envolve construções e desconstruções, especialmente, permite identificar as lacunas e necessidades inerentes às ações de cada participante bolsista do Subprojeto em estudo, neste artigo. Ele consiste em um dispositivo comunicativo, criativo de cocriação de oportunidades de reinvenção da prática a partir das inquietações, além de instrumento de ampliação de repertórios para pensar aulas. A riqueza deste dispositivo se dá no exercício de reflexão sobre a própria prática, possibilitando ressignificar a própria formação docente, ou seja, propicia subsídios para o desenvolvimento de intensas mudanças na formação profissional do educador. Trata-se de um dispositivo que, referenciado por Tardif (2002), pode gerar atividade construtiva e interpretativa ao dar sentido às situações concretas de trabalho e, ao mesmo tempo, conceber e construir as situações que possibilitem a realização de

novos modos de ensinar e de aprender. Constitui-se num aliado do processo formativo do professor, seja ele em iniciação ou seja ele em processo de continuidade. Ele estimula o processo colaborativo, pois, os participantes tendem a usá-lo em momentos coletivos, bem como, estimula os processos formativos. Nesse sentido, o citado Caderno corrobora com o desenvolvimento dos sujeitos participantes deste Subprojeto de iniciação à docência. Assim, esse texto apresenta as evidências que possibilitarão a socialização de práticas pedagógicas registradas, em âmbito pessoal e coletivo, ressignificando o processo de tornar-se docente. REFERÊNCIAS OU TRILHAS DEIXADAS PELOS QUE CHEGARAM ANTES... ALVES, N. e GARCIA, R. L. (Orgs.). O Sentido da Escola. Rio de Janeiro: DP& A, 1999. BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Portaria nº 260, de 30 de dezembro de 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, 2014. Disponível em: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid Acesso em: 19 março 2014. FREIRE, Paulo. A Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 21 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 168 p. (Coleção Leitura). IMBERNÓN, F. A Educação no Século XXI: os desafios do futuro imediato. Porto Alegre: Artmed, 2005. LUDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. NÓVOA, António. Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: EDUCA, 2002. PIMENTA, G. S. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. PIMENTA, S. G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2007. SANTOS, Boaventura de Sousa. A universidade no século XXI. Para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2005.

SERRANO, J. A. Hacer Pedagogia: sujeitos, campo y contexto. México: UPN, 2007. SOUZA, Elizeu Clementino (Org.). Autobiografias, histórias de vida e formação: pesquisa e ensino. Porto Alegre: EDPUCRS; Salvador: EDUNEB, 2006, 372 p. TARDIF, M.. Saberes docentes e Formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. EVOLUÇÃO DOS CADERNOS DE PLANEJAMENTO 2012 2013 2014