PERFIL DO ESTUDANTE DE ENFERMAGEM DO UNISALESIANO LINS NURSING STUDENT PROFILE OF UNISALESIANO LINS Jéssica Aparecida Gregório Ferreira jeh_gregorio@hotmail.com Lais Daniele Lourenço da Silva laisdanii@hotmail.com Acadêmicas em Enfermagem Unisalesiano Lins Prof. Dr. Silvio Fernando Guideti Marques Unisalesiano Lins marquessfg@uol.com.br RESUMO Considerando as mudanças que vêm ocorrendo no mercado de trabalho em Enfermagem, torna-se importante identificar as expectativas dos estudantes quanto a sua formação e futura profissão. Este trabalho teve por objetivos conhecer o perfil do estudante do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium (UNISALESIANO) quanto aos aspectos sociodemográficos e suas perspectivas em relação à profissão. Foi realizado um estudo transversal de amostra aleatória simples com 119 alunos desta Instituição que responderam, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a um questionário précodificado, individual e confidencial com perguntas direcionadas para a caracterização sociodemográfica, características do curso escolhido e tendências para a pós-graduação. Os resultados encontrados permitiram identificar o perfil dos estudantes do Unisalesiano e suas perspectivas em relação à Enfermagem, podendo contribuir no processo ensino-aprendizagem nesta Instituição, no campo de estudo e na análise do crescimento da profissão. Palavras-chave: Perfil sociodemográfico. Enfermagem. Expectativas. INTRODUÇÃO Mediante ao avanço da tecnologia, a prática da Enfermagem deixou de ser baseada no misticismo e no senso comum e, juntamente com a evolução e desenvolvimento científico, aumentou de modo significativo a procura por cursos relacionados à área da saúde. Isto se deve, em grande parte à busca dos seres humanos por uma qualidade de vida melhor e mais saudável. No Brasil, o número de cursos de graduação em enfermagem aumenta a cada ano. Salienta-se que no ano 2000 existiam no país 183 cursos de graduação em Enfermagem, sendo 40% de instituições federais e 60% de instituições privadas. Este número teve um crescimento de 218% no período de seis anos, passando para 582 cursos, sendo 18% federais e 82% privados (BRITO; BRITO; SILVA, 2009). Além disso, conta atualmente, com 32 programas de pós-graduação credenciados pela CAPES, dos quais 14 possuem o nível de doutorado (ERDMANN; LANZONI, Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 766
2008). Figura 1 Número de cursos de Enfermagem no Brasil em 2000 e 2006 Fonte: Erdmann; Lanzoni, 2008. Outro fator muito importante para o crescimento do número de estudantes de Enfermagem é a amplitude e extensão do curso. A cada ano, novos cursos de especialização são criados e oferecidos aos graduados. Hoje, estão disponíveis mais de quarenta áreas para especialização como Urgência e Emergência, Obstetrícia, Geriatria, Centro Cirúrgico e Auditoria, por exemplo; e inúmeros cursos de atualização aumentando, consequentemente, a seletividade e a oferta de emprego. Apesar da imensa quantidade de profissionais enfermeiros formados todos os anos o mercado ainda continua sentindo a necessidade de mais profissionais, devido ao aumento exagerado da população e da expectativa de vida, assim como da construção de unidades de saúde como hospitais, Unidades Básica de Saúde (UBS), Unidades de Pronto-Atendimento (UPA s) e Estratégia de Saúde da Família (ESF). Para Villar (2002), a sociedade contemporânea tem sido desafiada a caminhar para a construção de uma universidade mais compatível com a exigência dos novos tempos, ou seja, melhora na qualidade do ensino, oportunidades de desenvolvimento das teorias aprendidas na sala de aula na prática, além da Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 767
constante atenção às novas tecnologias e avanço científico. A formação do pessoal de enfermagem iniciou-se no Brasil em 1890 na Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de Janeiro, cujo ensino centrava-se na assistência hospitalar predominantemente no aspecto curativo (SCHERER; SCHERER; CARVALHO, 2006). Atualmente, vive-se um período de mudança histórica, onde antigas respostas são inadequadas para as novas realidades, isto é, o serviço do enfermeiro não está mais limitado à assistência em âmbito hospitalar, mas expandiu-se para a área administrativa, às pesquisas e à docência. Tendo em vista o exposto e mediante a constatação da expansão dos cursos de Enfermagem nos últimos anos, com consequente aumento no número de alunos matriculados, surgiu o interesse de se investigar as características sociodemográficas e acadêmicas de discentes do curso de Enfermagem de uma universidade particular. Os objetivos do presente estudo foram identificar o perfil dos discentes matriculados na Instituição de Ensino Superior escolhida, bem como, saber quais são suas expectativas em relação ao curso e ao futuro profissional, além de verificar quais são as áreas de maior afinidade para uma possível pós-graduação. METODOLOGIA Para o desenvolvimento do estudo, realizou-se revisão bibliográfica em estudos anteriores semelhantes ao tema nas diversas áreas da saúde, seguido pela elaboração do questionário e da submissão à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de Ensino, merecendo aprovação. Assim, motivados pelo anseio de conhecer melhor o perfil dos discentes desta profissão, foi realizado um estudo transversal de amostra aleatória simples em uma universidade particular, mediante a um questionário pré-codificado, individual e confidencial elaborado com questões objetivas e dissertativas, ao qual descreveu quem é este estudante, como ele se sente ao longo de sua formação e suas expectativas para o futuro profissional. Os elementos destacados para análise sobre o grupo pesquisado foram: sexo predominante, idade média, estado civil, a moradia, exercício de atividade Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 768
remunerada, a naturalidade, a trajetória escolar precedente à graduação, satisfação das condições oferecidas universidade, as disciplinas que pontuaram estar mais preparado, as disciplinas mais estressantes, a pretensão de dar continuidade à formação, qual carreira seguir e as expectativas para o mercado de trabalho. Foram entrevistados um total de cento e dezenove alunos do curso de Enfermagem do UNISALESIANO de Lins, no período de 2013/2014. O questionário foi aplicado durante o período de aula, dentro da instituição, com o consentimento dos docentes, após explicação do contexto da pesquisa e seus respectivos objetivos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao longo da pesquisa observou-se a predominância do gênero feminino (82%) correspondendo a conservação da força de trabalho feminina segundo o contexto histórico da profissão. Figura 2 Gênero 18% Feminino Masculino 82% Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014. Para a maioria dos jovens, o ingresso na vida acadêmica acontece no momento de uma mudança de fase do ciclo da vida (Scherer; Scherer; Carvalho, 2006), ou seja, na transição da adolescência para a vida adulta, evidenciando assim, ser uma população jovem, com idade média de 24 anos, onde 78% eram solteiros e Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 769
moram com os pais (72%). Destes, 40% não exercem qualquer espécie de atividade remunerada. Figura 3 Idade média, estado civil, condição de moradia e atividade remunerada Idade média: 24 anos Estado Civil: Solteiros (78%) Morando com os pais (72%) Não exercem atividade remunerada (40%) Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Grande parte da população (67%) é advinda de cidades vizinhas, como Cafelândia, Promissão e Getulina, por exemplo; contra 33% de alunos naturais da cidade de Lins. Figura 4 Naturalidade Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Analisando a trajetória escolar precedente à graduação, notou-se que a maioria dos discentes (82%) concluiu o Ensino Médio em Instituições Públicas e apenas 18% em Instituições Privadas. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 770
Figura 5: Trajetória escolar precedente à Graduação Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Erdmann e Lanzoni (2008) argumentam ainda que, o processo de construção de conhecimentos passe pela possibilidade de dispor de recursos humanos competentes no domínio dos diferentes métodos de investigação e das bases teórico-filosóficas que sustentam o saber da Enfermagem, justificando por sua vez que, 59% dos entrevistados têm o hábito de ler livros, sendo que 31% mencionaram ler livros referentes à Enfermagem e a área da saúde. Questionados sobre a satisfação das condições oferecidas pela universidade, 85% dos discentes consideram-se satisfeitos, justificando-se pelo fato da Instituição contar com uma equipe de professores qualificada. Figura 6 Satisfação pelas condições oferecidas pela universidade Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014. Em relação às disciplinas que pontuaram estar mais bem preparados, destacam-se Introdução à Enfermagem, Semiologia e Semiotécnica e Saúde do Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 771
Adulto. Quanto às disciplinas que sentiram-se mais estressados, pontuou-se Fisiologia Humana, Urgência e Emergência e UTI. Figura 7 Disciplinas que pontuaram estar mais bem preparados Introdução à Enfermagem Semiologia e Semiotécnica Saúde do Adulto Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014. Figura 8 Disciplinas que pontuaram mais estressante Fisiologia Humana Urgência e Emergência UTI Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014. Avaliando as expectativas profissionais, observou-se que 95% dos discentes pretendem dar continuidade à sua formação em cursos de pós-graduação, mesmo 21% ainda não estarem totalmente decididos sobre qual área seguir. Figura 9 Dar continuidade à formação Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 772
Dar continuidade à formação 5% SIM NÃO 95% Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014. Porém, 18% já decididos, desejam seguir carreira em serviços de Urgência e Emergência e 10% em Obstetrícia. Figura 10 Qual carreira seguir 25% 20% 15% 10% Não decididos Urgência e Emergência Obstetrícia 5% 0% Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014. Sobre o mercado de trabalho, predominou o desejo de conseguir um emprego público (63%) e trabalhar em programas de Estratégia de Saúde da Família (ESF), totalizando 12%. Figura 11 Expectativas para o mercado de trabalho Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 773
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2014. CONCLUSÕES Ao longo da pesquisa, foi possível analisar uma população jovem entre os universitários matriculados na instituição, predominando o sexo feminino, solteiros, onde a maior parte mora com os pais e destes, uma pequena porção não exerce atividade remunerada. Analisou-se também que a maioria é advinda de cidades vizinhas, onde uma grande parte concluiu o Ensino Médio em instituição pública. Notou-se também que mais da metade dos entrevistados tem o hábito de ler livros, predominando a leitura de livros focados na Enfermagem e na área da saúde. Por contar com uma equipe de professores qualificada, a maior parte dos alunos referiram estar satisfeitos com as condições oferecidas pela universidade. Sendo assim, pontuaram estar mais preparados nas disciplinas de Introdução à Enfermagem, Semiologia e Semiotécnica e Saúde do Adulto. Entretanto relataram estresse diante das disciplinas de Fisiologia Humana, Urgência e Emergência e UTI. Prevaleceu o desejo de dar continuidade à formação nos cursos de pósgraduação, onde os cursos de Urgência e Emergência e Obstetrícia foram os mais citados. Quanto ao futuro profissional, a maior parte pretende conseguir um emprego público e outra parte seguir a carreira na Estratégia de Saúde da Família. Sendo assim, não há dúvidas de que a Enfermagem está cada vez mais presente em nosso cotidiano, isto porque a profissão vem crescendo a cada dia e conquistando a tão sonhada autonomia, tornando o profissional enfermeiro parte Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 774
essencial e indispensável na equipe multiprofissional. Por fim, o presente estudo permitiu conhecer os estudantes e suas expectativas, podendo subsidiar futuras discussões entre os docentes, os discentes e a Instituição visando à melhora da qualidade de ensino do curso, atraindo consequentemente, novos alunos. REFERÊNCIAS BRITO, A.M.R; BRITO, M.J.M; SILVA, P.A.B. Perfil sociodemográfico de discentes de enfermagem de instituições de ensino superior de Belo Horizonte. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 13 (2), p. 328-33, 2009. ERDMANN, A.L.; LANZONI, G.M.M. Características dos grupos de pesquisa da enfermagem brasileira certificados pelo CNPq de 2005 a 2007. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 12 (2), p. 316-22, 2008. GOMES, A.M.T; OLIVEIRA, D.C. Estudo da estrutura da representação social da autonomia profissional em enfermagem. Rev Esc Enferm USP, v. 39 (2), p. 145-53, 2005. SCHERER, Z.A.P.; SCHERER, E.A.; CARVALHO, A.M.P. Reflexões sobre o ensino da Enfermagem e os primeiros contatos do aluno com a profissão. Rev Latino-am Enfermagem, v. 14 (2), p. 285-91, 2006. VILLAR, R.M.S. Produção de conhecimento em ergonomia na enfermagem. 2002. Tese (Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 775