INSERÇÃO PROFISSIONAL DE JOVENS EGRESSOS DE UM CURSO DE ENFERMAGEM: REVISITANDO A LITERATURA
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1 02548 INSERÇÃO PROFISSIONAL DE JOVENS EGRESSOS DE UM CURSO DE ENFERMAGEM: REVISITANDO A LITERATURA CUNHA, Mayara Ana da. Universidade do Vale do Itajaí. RAITZ, Tania Regina. Universidade do Vale do Itajaí. Resumo: Este texto apresenta resultados parciais de uma dissertação de mestrado em educação que tem como objetivo investigar sobre a transição acadêmica e laboral de exalunos do curso de Enfermagem de uma universidade em Santa Catarina. Observou-se por meio de diversas pesquisas sobre o tema que todo semestre jovens trabalhadores são lançados ao mercado de trabalho, alguns muito temerosos quanto a imensa responsabilidade do profissional de enfermagem. As dúvidas e angústias se fazem presentes para estes profissionais quando passam a atuar em sua área no mercado de trabalho após sua formação. Ainda durante o curso vivem a ansiedade, muitas vezes, de falta de trabalho, pois nem todos que se formam conseguem se inserir em sua área profissional. Essa pesquisa em andamento tem como metodologia a abordagem qualitativa, jovens egressos do curso de enfermagem foram entrevistados por meio de um roteiro de entrevistas com uso do gravador. A análise de conteúdo foi significativa no tratamento dos dados. Um primeiro movimento foi a revisão da literatura que ajudou a encontrar outras investigações sobre a problemática apresentada e revelou que a discussão sobre a inserção profissional no mercado de trabalho na perspectiva do enfermeiro ainda é pouco discutida no interior da área. Nestes trabalhos também se constatou que temas como a integração direta da profissão (área de atuação) com o mercado de trabalho necessita de maior discussão para sua profissionalização, além da necessidade de enfermeiros qualificados desenvolverem competências baseadas nos quatro pilares de atuação: ensino, pesquisa, assistência e gerência. Diante dos resultados conclui-se que as universidades devem ter como preocupação oferecer serviços de orientação profissional ou um espaço para desenvolver projetos profissionais que venham contribuir para uma melhor inserção no mercado de trabalho destes profissionais. Palavras-chave: Inserção profissional, Egresso Enfermagem, Mercado de Trabalho. Introdução A inserção profissional pode ser o motivo de preocupação para muitos jovens brasileiros, Guimarães (2006) nos alerta para a mudança no perfil exigido no mercado de trabalho na atualidade, se constituindo como um momento de muita incerteza para o jovem trabalhador que é lançado nele, já que não possui experiência alguma e tem que competir com pessoas de níveis diferentes. Silva (2000, APUD, GUIMARÃES, 2006) chama atenção para passagem à vida adulta e as expectativas dos jovens que nelas se inserem, pois as abordagens geralmente examinam esta passagem do ponto de vista da inserção profissional, associando frequentemente as expectativas ao ingresso no
2 02549 trabalho a um outro evento da trajetória individual. Neste sentido, o final da formação escolar está associado com o alcance das credenciais e de uma formação que funcione como um visto à obtenção da ocupação. Portanto, ingressar no mercado de trabalho se constitui na continuidade de uma trajetória de saída do sistema escolar, facetas do processo de individualização ou autonomização do jovem em relação à família. Este autor explica que cada vez mais o mercado de trabalho parece estar estruturado de forma a ameaçar os trabalhadores jovens com a reprodução duradoura da instabilidade e a recorrência do desemprego. O diploma de um curso superior não representa mais a garantia de trabalho. Segundo Variguini et. all (2010) a perspectiva profissional dos recém-graduados, muitas vezes, não é boa, acabam por trabalhar numa área diferente daquela que se formaram. Assim, na busca constante por um posto de trabalho acabam numa atividade laboral que exija menor qualificação do que a que possuem. Desta forma, este estudo traz reflexões de uma investigação de Mestrado em Educação que tem como objetivo investigar sobre a transição acadêmica e de trabalho de ex-alunos do curso de Enfermagem. Diante das preocupações com a inserção profissional nesta área que é a Enfermagem temos como entendimento que os quatro pilares que o jovem enfermeiro deve basear sua atuação: ensino, pesquisa, assistência e gerencia, são essenciais para sua profissionalização e atuação qualificada. Nesta perspectiva, este estudo tem como preocupação também analisar se estes enfermeiros conseguem ter uma percepção crítica sobre o ambiente para atuar dentro dos quatro pilares. Portanto, a perspectiva é investigar se os enfermeiros generalistas estão realmente preparados para o mercado de trabalho. Participarão jovens egressos do curso de enfermagem de uma Universidade de Santa Catarina, turma escolhida julho de Até o momento foram entrevistados 7 (sete) egressos, sendo destes os resultados parciais do estudo. Revisitando a literatura: breves reflexões sobre a temática No site de busca de artigos online Scielo foram encontrados com as palavraschave enfermagem e mercado de trabalho 14 artigos, quando se utiliza apenas a palavra-chave enfermagem encontrou-se artigos. Entre os principais achados encontramos alguns que são expressivos quanto às considerações da problemática inserida. Barbosa et all (2011) nos traz que a maior força de trabalhadores na área da saúde é da enfermagem representados por cerca de 50% da força de trabalho. O autor vê
3 02550 ainda que a participação da enfermagem é imprescindível na consecução das metas institucionais, a partir das reformulações propostas, tanto no setor público, como no privado. Rodrigues (2000, APUD, PERES, 2008) considera que existem alternativas possíveis para superar os limites dos dois lados, ensino e mercado de trabalho. Barbosa et all (2011) nos chama a atenção que o mercado de trabalho prefere profissionais que já tenham o conhecimento acabado e que venham com conhecimento aplicável a ser consumido no momento da sua produção, sem que se façam investimentos institucionais no processo de capacitação. Uma das entrevistadas reforça essa ideia quando a entrevistamos, relata que encontrou dificuldades no primeiro emprego, exigência do empregador que ela já soubesse da rotina do setor, bem como deveria realizar todas as técnicas de enfermagem, sem auxílio de outro enfermeiro. Puschel, Inácio e Pucci (2009) em sua pesquisa com egressos de enfermagem da Escola de Enfermagem da USP, revela que a inserção do mercado de trabalho para o enfermeiro leva-se em conta uma média de 3 (três) meses e o vínculo principal destes enfermeiros são as instituições hospitalares. Além de que existe, segundo o autor, a tendência da rotatividade no primeiro emprego, que pode ser ocasionada pela busca por uma especialização ou melhores oportunidades de emprego. Nas entrevistas que realizamos verificamos que os egressos, em sua maioria, já estão empregados, entretanto, dois deles não estão, motivo foi o ingresso em uma instituição de pósgraduação em outra cidade. Nesta perspectiva, o estudo de Santos e Sana (2003) sobre a inserção dos egressos no mercado de trabalho mostra que esta se deu de forma rápida, logo após a conclusão do curso, muitos já tendo experimentado mais de um emprego, a oportunidade surgiu através do contato com colegas na própria faculdade. O acesso ao emprego aconteceu por meio de concurso público tendo estes bons resultados. Puschel, Inácio e Pucci (2009) nos exemplificam algumas das facilidades e dificuldades de inserção no mercado de trabalho encontradas em sua pesquisa. Quanto às facilidades encontram uma boa rede social, o reconhecimento do nome da faculdade que cursou e a realização de cursos de pós-graduação. Já no que diz respeito às dificuldades aparecem alguns motivos como: não ter cursos de pós-graduação, falta de prática profissional durante a graduação e não dominar língua estrangeira. Em relação a essa problemática observamos no perfil de nossos entrevistados que quatro continuam em seus empregos, se mantém, pois já trabalhavam na instituição como técnico de enfermagem. Mattosinho et al (2010, APUD, JESUS, 2013) aponta outra importante dificuldade de inserção e manutenção no mercado de trabalho em enfermagem, a pouca
4 02551 idade. Também ocorre uma evasão da profissão, Scaf e Rodrigues (1998) em sua pesquisa construíram um quadro com os principais motivos de evasão da profissão da enfermagem: a não remuneração adequada ao a profissional, a falta de estímulo ao crescimento e ao aperfeiçoamento e falta de perspectivas futuras. Erdman et al (2009) retratam a enfermagem como um profissão direcionada aos estudos e pesquisas para a formação de um corpo teórico específico que proporcione a viabilidade e a projete como ciência. As pesquisas e os campos de atuação na enfermagem têm crescido substancialmente nos últimos anos, abrindo perspectivas de conhecimento em múltiplas direções e espaços. Portanto, é importante o reconhecimento como uma das profissões essenciais da área da saúde e que tenha uma agenda política própria que expresse os saberes da profissão (saber ser e saber fazer). Considerações finais: Qualquer jovem após completar um curso de graduação espera que o mercado esteja de portas abertas para recebê-lo, porém na maioria dos casos, não é isto que ele encontra, levando a procurar emprego até mesmo em outras áreas. Nestas pesquisas há casos também que o jovem não tem certeza do curso que foi escolhido, relembrando as universidades que devem ter projetos de apoio ainda na fase da graduação. Por meio da literatura observamos que a discussão sobre o mercado de trabalho, na perspectiva do enfermeiro ainda é pouco discutida no interior da área, bem como as preocupações com o jovem enfermeiro que é lançado ao mercado de trabalho ou de sua inserção profissional. Nestes artigos constataram-se problemáticas que deveriam ser discutidas na enfermagem como avaliações contínuas e integração direta da profissão com o mercado de trabalho, portanto, principais tendências; a necessidade de conversar com o egresso no intuito de visualizar as principais dificuldades encontradas e adequar os currículos; a necessidade da participação do enfermeiro nos assuntos relacionados ao tema profissão e mercado de trabalho; destacou-se também a necessidade de enfermeiros qualificados no assunto para realização das competências esperadas por estes enfermeiros que são lançados ao mercado de trabalho.
5 02552 Referencias BARBOSA, Thiago Luis de Andrade; GOMES, Ludmila Mourão Xavier; REIS, Tatiana Carvalho ; LEITE, Maisa Tavares de Souza. Expectativas e percepções dos estudantes do curso técnico em enfermagem com relação ao mercado de trabalho. In: Texto contexto - enferm. 2011, vol.20, pp ERDMANN, Alacoque Lorenzini et al. A visibilidade da profissão de enfermeiro: reconhecendo conquistas e lacunas. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 4, Aug GUIMARÃES, Nadya Araújo. Trajetórias inseguras, autonomização incerta: os jovens e o trabalho em mercados sob intensas Transições ocupacionais. Camarano. A.A. (Org). Transição para a vida adulta ou vida adulta em transição?. Rio de Janeiro: Ipea, JESUS, Bruna Helena de et al. Inserção no mercado de trabalho: trajetória de egressos de um curso de graduação em enfermagem. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, June PERES, Aida Maris; CIAMPONE, Maria Helena Trench; WOLFF, Lillian Daisy Gonçalves. Competências gerenciais do enfermeiro nas perspectivas de um curso de graduação de enfermagem e do mercado de trabalho. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 5, n. 3, Nov PUSCHEL, Vilanice Alves de Araújo; INACIO, Mariana Pereira; PUCCI, Patrícia Prici Agustini. Inserção dos egressos da Escola de Enfermagem da USP no mercado de trabalho: facilidades e dificuldades. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 43, n. 3, Sept SANTOS, Carlos Eduardo dos; SANNA, Maria Cristina. Inserção dos egressos do curso de graduação em enfermagem de uma universidade particular do Grande ABC no mercado de trabalho. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 56, n. 6, Dec SECAF, Victória; RODRIGUES, Antonia Regina Furegato. Enfermeiros que deixaram de exercer a enfermagem: por que?. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 2, Apr Veriguine et all. Da formação superior ao mercado de trabalho: percepções de alunos sobre a disciplina orientação e planejamento de carreira em uma Universidade Federal. Revista Electrónica de Investigación y Docencia (REID), 4, Julio, 2010, Disponível em acesso em 15 de out. de 2013.
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