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Transcrição:

SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GIA 04 14 a 17 Outubro de 2007 Rio de Janeiro - RJ GRUPO XI GRUPO DE ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS GIA METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDOS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA DE BACIAS HIDROGRÁFICAS Ricardo Cavalcanti Furtado (*), Carlos Frederico Menezes, Erika Borba Breyer, Flavia Pompeu Serran, Mírian Regini Nuti, Paulo Nascimento Teixeira e Ronaldo Câmara Cavalcanti EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE RESUMO Visando aprimorar seu processo de planejamento, o setor elétrico brasileiro iniciou estudos de Avaliação Ambiental Integrada (AAI) de Bacias Hidrográficas. A semelhança de estudos de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), a AAI é um estudo no nível estratégico de planejamento, diferenciando-se, portanto, de um estudo de impacto ambiental, voltado para um projeto específico. Este informe técnico apresenta uma discussão sobre a metodologia para o desenvolvimento de AAI de aproveitamentos hidrelétricos situados numa mesma bacia hidrografia, baseada na recente experiência adquirida na realização desses estudos. PALAVRAS-CHAVE Avaliação socioambiental, Avaliação Ambiental Integrada, Bacias Hidrográficas, Usinas hidrelétricas, Efeitos sinérgicos e cumulativos 1.0 - INTRODUÇÃO A Avaliação Ambiental Integrada de bacias hidrográficas constitui-se num novo instrumental técnico de planejamento incorporado recentemente, no nível mais estratégico, aos estudos de planejamento do setor elétrico. Visando tornar essa etapa permanente e regulamentada no seu processo, a revisão do Manual de Inventário, ora em desenvolvimento, deverá incluí-la nos estudos de inventário do potencial hidrelétrico de bacias hidrográficas. O roteiro de desenvolvimento do trabalho adotado para a realização dos primeiros estudos de Avaliação Ambiental Integrada (AAI) foi concebido com a participação de uma equipe interministerial, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e apresentado no bojo dos documentos licitatórios sob a forma de Termos de Referência (TRs), objetivando a licitação e contratação, pela Empresa de Pesquisa Energética EPE, dos estudos para as bacias hidrográficas definidas como prioritárias pelo Ministério de Minas e Energia MME. O caráter pioneiro desses estudos e a metodologia preliminar concebida para sua aplicação, reforçados pelo fato de que, até o momento, encontram-se ainda em elaboração os seis estudos contratados pela EPE a partir de março de 2006, levaram esta empresa a propor, desde já, um processo gradual de atualização de critérios e procedimentos que permitam aperfeiçoar a abordagem da AAI no âmbito do planejamento da expansão da oferta de energia elétrica. Este informe técnico apresenta uma análise da avaliação da experiência na realização dos estudos de Avaliação Ambiental Integrada das bacias dos rios Uruguai e Parnaíba, cujos estudos encontram-se em suas últimas etapas, e das bacias dos rios Tocantins, Paranaíba, Doce e Paraíba do Sul que se encontram nas etapas intermediárias dos estudos. (*) Avenida Rio Branco nº 1 11º andar CEP 20090-003 Rio de Janeiro, RJ Brasil Tel: (+55 21) 3512-3120 Fax: (+55 21) 3512-3199 Email: flavia.serran@epe.gov.br

2.0 - METODOLOGIA DE AAI CONCEITOS BÁSICOS 2 A Avaliação Ambiental Integrada visa identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes dos impactos ambientais ocasionados pelo conjunto de aproveitamentos em planejamento, construção e operação situados em uma mesma bacia hidrográfica, como uma estratégia de integração da dimensão socioambiental ao processo de planejamento do setor elétrico. São também objetivos da AAI: avaliar a situação ambiental da bacia; desenvolver indicadores de sustentabilidade para a bacia, tendo como foco os recursos hídricos e a geração de energia elétrica; delimitar as áreas de fragilidade e de restrições ambientais; identificar os conflitos e as potencialidades advindas dos aproveitamentos hidrelétricos; identificar diretrizes para subsidiar: estudos ambientais na bacia; eventuais adequações de projetos e programas; a implantação de futuros aproveitamentos na bacia; e estabelecer diretrizes para reduzir riscos e incertezas para o desenvolvimento socioambiental e para o aproveitamento energético da bacia. A metodologia para o desenvolvimento dos estudos de AAI, à luz do que foi estabelecido no TR e nos programas de trabalho, é composta pelos seguintes componentes principais (ver Figura 1): Caracterização; Avaliação Ambiental Distribuída (AAD) e Conflitos; que incluem os cenários de desenvolvimento da bacia hidrográfica, e Avaliação Ambiental Integrada, e promoção da Participação Pública, cada uma delas considerando aspectos conceituais e metodológicos, técnicos, institucionais e operacionais. CARACTERIZAÇÃO Identificação das principais características ambientais, Identificação dos indicadores e caracterização dos efeitos ambientais por subdivisão da bacia e sinérgicos que extrapolam as subdivisões. CONFLITOS Identificação dos potenciais conflitos locais e os que podem ocorrer devido a mais de um empreendimento PARTICIPAÇÃO PÚBLICA SEMINÁRIOS para Consulta Pública AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA - AAI Avaliar efeitos sinérgicos e cumulativos resultantes dos impactos ambientais ocasionados pelo conjunto dos aproveitamentos PRODUTOS Diretrizes para subsidiar futuros estudos e a implementação de empreendimentos FIGURA 1 Roteiro Metodológico Geral Cumpre observar que os TRs para a elaboração das AAIs apresentam um roteiro para desenvolvimento do estudo. As AAIs contratadas pela EPE estão sendo desenvolvidas a partir de propostas metodológicas diferentes (propostas das empresas vencedoras da licitação), buscando atender o TR e alcançar os objetivos dos estudos, explicitados nos editais de licitação. Os aspectos institucionais e operacionais salientados em cada etapa são produto da observação direta da coordenação e gerenciamento dos estudos, pela equipe da EPE. 3.0 - ANÁLISE DAS AVALIAÇÕES AMBIENTAIS INTEGRADAS São apresentados, a seguir, os principais pontos observados nas análises, por etapas de desenvolvimento dos estudos. Conforme mencionado no item 2.0, essas análises basearam-se nas diretrizes e orientações

3 estabelecidas no Termo de Referência (TR), buscando destacar os seguintes aspectos: conceitos adotados, metodologias empregadas, aspectos institucionais e operacionais. 3.1 Caracterização A caracterização deve ser entendida como a identificação, no espaço e no tempo, dos principais aspectos socioambientais, incluindo os recursos hídricos, o ecossistema aquático, o meio físico e os ecossistemas terrestres e os aspectos de socioeconômica, que permitem uma visão abrangente dos efeitos cumulativos e sinérgicos dos aproveitamentos hidrelétricos e dos principais usos de recursos hídricos e do solo na bacia. Essa caracterização visa obter um panorama geral da bacia, de modo a permitir a identificação e espacialização dos elementos que mais se destacam na situação atual, bem como suas tendências evolutivas, tais como: as potencialidades da bacia: a base de recursos naturais; as principais atividades socioeconômicas associadas; as tendências de desenvolvimento dos setores produtivos; os usos dos recursos hídricos e do solo; aspectos cênicos e turísticos, e os principais conflitos entre os usos; e, os espaços preferenciais de gestão ambiental: as áreas mais preservadas com vegetação original; as áreas frágeis; as áreas degradadas; e as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, identificadas pelo MMA, em função da presença de espécies endêmicas, ameaçadas de extinção etc; as áreas com restrições e condicionantes de uso, como por exemplo, Unidades de Conservação e Terras Indígenas. A escala de estudo deverá permitir uma visão de conjunto dos aproveitamentos objeto da análise. Poderão ser utilizadas escalas diferentes destas para a análise temática e aspectos relevantes, a partir das cartas oficiais disponíveis, que subsidiarão uma visão de conjunto. Os dados e informações deverão ser compatíveis com a escala do estudo, devendo ser elaborados mapas temáticos, na escala adequada, para os aspectos socioambientais relevantes e de avaliação local (subdivisão de bacia, por exemplo). A metodologia de AAI indica que a escala a ser adotada para representação das informações ambientais deve ser 1:250.000 para uma visão de conjunto da bacia. Embora o TR constantes dos editais de licitação, assim como os Planos de Trabalho apresentados pelos proponentes vencedores, tenham tratado de forma detalhada as atividades a serem desenvolvidas, no que diz respeito aos estudos para a caracterização das bacias hidrográficas, algumas questões podem ser destacadas como passíveis de discussão e, se pertinente, aperfeiçoadas. 3.1.1 Aspectos técnicos, conceituais e metodológicos Dentre o conjunto de objetivos da AAI, a avaliação da situação socioambiental da área de estudo, o desenvolvimento de indicadores de sensibilidade e a delimitação de áreas de fragilidades e restrições ambientais são os objetivos a serem cumpridos já na etapa de elaboração da Caracterização que busca, em última análise, o conhecimento da situação atual da área de estudo, conforme estabelecido no TR. Para tanto, torna-se necessária a adoção de procedimentos e o uso de instrumental técnico que permitam dimensionar, qualificar e delimitar, quando necessário, as áreas que servirão de base para a formulação de proposições voltadas para concepção de novos projetos de geração de energia elétrica e adequação dos existentes ou em implantação, visando alcançar o desenvolvimento sustentável da bacia. Observe-se, no entanto, que são freqüentes as críticas dirigidas às Caracterizações, que abordam aspectos socioeconômicos e ambientais. Tais críticas incidem principalmente na abundância de dados, nas extensas descrições e poucas análises, que levam ao comprometimento da objetividade e da clareza de seus resultados e, por conseqüência, de seu aproveitamento como base para o desenvolvimento de etapas posteriores. Neste sentido, alguns dos relatórios preliminares da Caracterização da Área de Estudo, resultado da primeira etapa do trabalho da AAI, podem ser também objeto dessas críticas, embora o TR indique que a etapa da Caracterização deve se desenvolver a partir de uma visão integrada dos processos socioambientais: Admite-se, por um lado, que existem diversas propostas metodológicas, procedimentos e instrumental técnico, todos consagrados, passíveis de serem adotados para a elaboração de uma Caracterização. Admite-se por outro lado, devido ao caráter pioneiro da AAI, que o conteúdo dos TRs dificultou aos proponentes apresentar outras opções metodológicas para a elaboração da AAI, devido a pouca clareza de alguns conceitos e definições ali encontrados e à tentativa de direcionar o encaminhamento metodológico e alguns procedimentos técnicos. Essa dificuldade de entendimento sobre os conceitos e métodos a serem considerados na Caracterização, momento de produção de conhecimento da situação atual da área de estudo, trouxe para algumas AAIs, dificuldades para a conclusão da etapa. Outra dificuldade freqüente na elaboração de Caracterizações é a reduzida interação entre as abordagens temáticas, ora pela visão exclusivista do especialista, ora pela dificuldade de se promover a integração interdisciplinar em busca de uma visão de conjunto, porém, sem prejuízo de atributos que destacam as particularidades dos temas e subespaços estudados. Este problema surge, principalmente, quando se trata da

4 análise de espaços regionais que requerem menores escalas de abordagem, dados e informações menos detalhados e visão abrangente e integrada da realidade. Assim, a integração das abordagens temáticas e a delimitação de unidades espaciais de análise são atividades essenciais para o atendimento a um dos objetivos das Avaliações Ambientais Integradas que é a identificação de áreas de fragilidades e de potencialidades. Outro aspecto que se destaca na etapa da Caracterização é a adoção de escalas de abordagem para a sistematização, análise e representação espacial das informações. Considerando que as variáveis e indicadores diferenciam-se no tempo e no espaço, as escalas adotadas devem ser adequadas às análises temáticas realizadas e a sua melhor representação. Nesse sentido, não deve ser adotada uma escala cartográfica única para a representação dos resultados da Caracterização, como proposto nos Termos de Referência (TRs). Cumpre ainda mencionar a questão relativa à utilização preferencial de dados secundários. Considerando que os estudos de AAI consistem de uma etapa do planejamento mais estratégico, que as bacias selecionadas para a elaboração dessas avaliações já dispunham de estudos de inventário e que a escala de análise está referida à bacia hidrográfica e não a empreendimentos individuais, optou-se por desenvolver as AAI com base em dados secundários, só se buscando dados primários em situações especiais que pudessem prejudicar a qualidade dos estudos. 3.1.2 Aspectos institucionais e operacionais Na caracterização não deve ser apresentada uma descrição socioambiental exaustiva da bacia hidrográfica. Ao contrário, ela deve ser analítica, buscando apresentar uma subdivisão preliminar, em áreas de características socioambientais homogêneas e indicadores que retratem a situação atual da bacia. 3.2 Avaliação Ambiental Distribuída (AAD) 3.1.3 Aspectos técnicos, conceituais e metodológicos Tendo como referência os resultados obtidos na etapa de Caracterização, desenvolve-se a Avaliação Ambiental Distribuída AAD, que, conforme estabelecido no TR: tem como finalidade definir as áreas que se assemelham ou que se distinguem das demais, de modo a permitir a identificação e avaliação dos impactos associados a um ou mais aproveitamentos em cada uma dessas áreas, bem como daqueles que extrapolam essas área. A etapa da AAD procura identificar no tempo e no espaço, os aspectos socioambientais importantes e comprometidos com o desenvolvimento sustentável da bacia hidrográfica. Esses aspectos são geralmente identificados pela combinação de efeitos locais, porém, distribuídos na bacia (p.ex., as áreas degradadas por erosão, que podem ser identificadas a partir do uso do solo, relevo ou tipo de solo, mas suas conseqüências poderão se refletir a jusante pelo aumento de sedimentos e redução de seções de escoamento). Nesse sentido, a AAD deverá permitir a avaliação dos impactos e captar seus efeitos sinérgicos e cumulativos, no tempo e no espaço. Assim, um aspecto importante da AAD refere-se à construção dos cenários temporais que deverão ser construídos a partir de um cenário referencial, que considera o estágio atual do desenvolvimento socioeconômico da bacia, com ênfase na dinâmica socioambiental e na avaliação das fragilidades e potencialidades. A partir do cenário atual, são construídos cenários prospectivas para os anos 2015 e 2025, conforme estabelecido no TR. 1) Cenário atual (A): configuração com aproveitamentos, contemplando os empreendimentos em operação, em instalação e com estudos de viabilidade aprovados e licenças prévias obtidas, considerando o estágio atual do desenvolvimento socioeconômico, incluído os usos e impactos existentes, construído com base nos resultados da Caracterização.. 2) Cenário de médio prazo (B): considerar o cenário A adicionando os empreendimentos hidrelétricos em processo de licenciamento prévio e com estudos de inventário hidrelétrico aprovados, considerando o desenvolvimento socioeconômico previsto para os próximos dez anos (2015). 3) Cenário de longo prazo (C): considerar o cenário B com o eventual potencial hidrelétrico remanescente e o desenvolvimento socioeconômico para os próximos vinte anos (2025). Como primeira etapa da AAD, o TR estabelece a necessidade de subdividir a área de estudo em áreas com características semelhantes dos ecossistemas terrestres, aquáticos e dos aspectos socioeconômicos. Essa subdivisão poderia ser resultante, preliminarmente, da caracterização, uma vez que nessa etapa foi possível conhecer a situação atual da bacia, e desse modo, identificar processos semelhantes e situações diferenciadas espacialmente. Assim, a subdivisão da bacia deve ser construída, tendo como referência a identificação de sua dinâmica socioambiental. Observa-se que o estabelecimento de áreas com características socioambientais similares é uma das atividades que merecem maior atenção no desenvolvimento dos estudos de AAI.

5 Um outro aspecto relevante da AAD refere-se à avaliação, qualificação e quantificação dos impactos ambientais. Para tanto, são construídos indicadores de impacto. Estes deverão ser qualificados e quantificados no tempo e no espaço e, posteriormente, hierarquizados, conforme define o TR: 1) a área de abrangência do estudo deverá ser subdividida para a realização da AAD. A subdivisão poderá ser realizada de acordo com subáreas considerando as características semelhantes dos ecossistemas terrestres e aquáticos e dos aspectos socioeconômicos, devendo-se evitar uma grande fragmentação, utilizando no mínimo 3 (três) e no máximo 6 (seis) subdivisões. 2) para cada subdivisão deverão ser identificados indicadores ambientais que permitam a quantificação e qualificação dos efeitos de pressões sobre os ecossistemas terrestre, aquático e sobre as interações socioeconômicas, devido à implementação dos aproveitamentos hidrelétricos, considerando os usos do solo e dos recursos hídricos da bacia [...]; 3) avaliação dos indicadores: qualificar e quantificar os indicadores no espaço e nos cenários temporais; 4) hierarquização dos indicadores e mapeamento: hierarquizar os indicadores das subdivisões para a análise de conjunto e multi-critério, atribuindo pesos aos indicadores. O mapeamento relativo a cada subdivisão deve apontar as áreas mais críticas/frágeis; 5) identificação dos potenciais efeitos sinérgicos e cumulativos: avaliar quais os efeitos locais identificados que podem apresentar efeitos sinérgicos e cumulativos ao longo das subdivisões. De um modo geral, tendo em vista que as metodologias para avaliação de impactos ambientais são consagradas, na elaboração da AAI a dificuldade se concentra na construção dos indicadores, em particular no que se refere à definição das variáveis que melhor expressem os aspectos mais relevantes a serem considerados na análise e que permitam identificar e avaliar as fragilidades e potencialidades da bacia hidrográfica. Nas metodologias adotadas nos estudos em desenvolvimento, foram construídos indicadores de impacto associados a cada aspecto socioambiental recursos hídricos e ecossistemas aquáticos; ecossistemas terrestres e meio físico; e aspectos socioeconômicos. Com base na avaliação dos impactos, os indicadores ambientais são qualificados e quantificados no espaço e nos horizontes temporais, e, posteriormente, hierarquizados dentro das subdivisões da bacia. Considerando que a avaliação dos impactos ambientais, assim como a identificação dos potenciais efeitos sinérgicos e cumulativos dos aproveitamentos hidrelétricos devem ser realizados com base nas subdivisões da bacia, ressalta-se a importância de adotar conceitos e critérios para a divisão da bacia em áreas homogêneas. A definição desses critérios deve ter como referência as análises a serem efetuadas, pois devem explicitar tanto os impactos ambientais quanto os efeitos sinérgicos e cumulativos, no espaço e nos horizontes temporais considerados na análise. Nos estudos de AAI em andamento, especialmente nessa etapa de avaliação e hierarquização dos indicadores, foram utilizados procedimentos similares, quais sejam: mensuração, avaliação e normalização dos indicadores. A adoção desses procedimentos mostrou-se extremamente satisfatória, principalmente, para as análises prospectivas, baseadas nos cenários futuros. Da mesma forma, para a hierarquização dos indicadores, foram adotados métodos semelhantes nos estudos em desenvolvimento. Essa etapa da AAD foi realizada com base na adoção da técnica multicritério e na ponderação dos indicadores, conforme proposto no TR, e não tem apresentado dificuldades na sua execução. As dificuldades existentes consistem no estabelecimento dos limites para as fragilidades e potencialidades, quando não existem referências bibliográficas ou valores estabelecidos na legislação ambiental. Nesses casos, esses limites são arbitrados com base na experiência da equipe técnica responsável pelo estudo. Na etapa da AAD devem ser identificados e analisados, ainda, os potenciais conflitos da bacia, conforme definido nos TR: Os potenciais conflitos devem ser entendidos como os problemas que de alguma forma se agravariam ou surgiriam com a introdução dos empreendimentos hidrelétricos e estão relacionados com a socioeconomia, e os ecossistemas terrestres e aquáticos. Na subdivisão estabelecida devem ser identificados os possíveis conflitos dos usos dos recursos hídricos e do solo, existentes e potenciais, a necessidade de conservação da biodiversidade e manutenção dos fluxos gênicos, em função da implementação dos novos empreendimentos [...]. De um modo geral, nos estudos de AAI em andamento, foram identificados e analisados os conflitos existentes, que podem ser entendidos como aqueles inerentes à dinâmica socioambiental da bacia. Os conflitos potenciais são referenciados à implantação dos aproveitamentos e, portanto, aos cenários prospectivos. Além disso, também são considerados nessa análise os conflitos potenciais entre os planos e programas existentes para a região, que possam interferir na implantação dos aproveitamentos. 3.1.4 Aspectos operacionais

6 Tendo em vista que, de um modo geral, as técnicas e métodos de avaliação de impacto ambiental encontram-se consagradas, na elaboração da AAD, a avaliação dos impactos e a construção dos indicadores não se constitui, conforme já mencionado, numa etapa que apresenta maiores dificuldades para o desenvolvimento dos estudos. Uma questão que tem causada muita discussão nas reuniões técnicas e seminários para consulta pública, contudo, é a seleção das fragilidades, potencialidades e impactos a serem considerados na análise. Os conceitos adotados para fragilidades e potencialidades são os seguintes: Potencialidades e Fragilidades são recursos (naturais, humanos, institucionais entre outros) disponíveis, mas não utilizados total ou parcialmente e que, por seus atributos quantitativos e/ou qualitativos, locacionais ou qualquer outra vantagem, podem interagir com afluxos de capitais produtivos/investimentos que podem desencadear ciclos virtuosos de crescimento. Em outro sentido, em situações de fragilidade, esse mesmo afluxo pode induzir manifestações adversas e, assim, ao contrário, configurar um ciclo vicioso. Trata-se de uma tentativa de focar com mais transparência os mecanismos de transformação que podem ser desde já antevistos e avaliados a partir da entrada dos aproveitamentos hidrelétricos e assim sensibilizar melhor os impactos decorrentes. Ou seja, procura-se antever o potencial de transformação rumo a situações benéficas ou adversas que pode ser desencadeado ao longo do tempo, materializando eventuais ganhos ou perdas para as diversas dimensões de sustentabilidade da bacia. Em outros termos, pode-se identificar o potencial de transformação dos recursos da Bacia, sejam de ordem natural, econômica, social, institucional, estimulado pelo afluxo de novos capitais físicos, produtivos e humanos representado pelas UHEs, levando a geração de benefícios (potencialidades). Por outro lado, esse mesmo afluxo pode, ao interagir com situações de fragilidade presentes na ambiência, induzir transformações que, ao contrário, podem contribuir para gradativamente causar efeitos adversos (fragilidades). No caso dos impactos, embora analisando-se toda a gama de impactos causados por usinas hidrelétricas, foram selecionados aqueles que atendam aos seguintes critérios: Identificação dos Impactos Permanentes ou de longa duração. Houve, neste sentido, o descarte de impactos temporários na medida em que estes se mostram poucos relevantes na escala temporal usada que é de, no mínimo, 10 anos; Identificação dos Impactos que têm abrangência espacial diferenciada dentro da bacia, já que os que têm uma abrangência que extrapola a bacia não permitem uma diferenciação comparativa; Identificação dos Impactos que podem ser objetivamente distinguíveis, ou seja, que possam ser mensurados na escala de trabalho exigida para o estudo. Assim Impactos de incidência local sem nenhum tipo de representação, seja por cumulatividade ou sinergia, com outros espaços, foram também descartados. Com esses procedimentos, buscou-se atingir o objetivo central do estudo, ou seja, avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos do conjunto de aproveitamentos da bacia. 3.3 Avaliação Ambiental Integrada A etapa da Avaliação Ambiental Integrada é desenvolvida a partir da integração das informações geradas nas etapas anteriores do estudo, em particular na AAD, tendo em vista subsidiar a compreensão da dinâmica socioambiental da bacia, explicitando os requisitos básicos para a sustentabilidade dos recursos naturais. Considerando que os estudos de AAI em desenvolvimento ainda não consolidaram essa etapa, a análise aqui efetuada tem como referência principal os requisitos estabelecidos no TR e os Planos de Trabalho apresentados pelas contratadas para a execução dos estudos. A Figura 2 apresenta os procedimentos metodológicos adotados nos estudos de AAI da Bacia do rio Uruguai. Observa-se que a etapa da Avaliação Ambiental Integrada tem como referência os resultados da AAD e os conflitos identificados anteriormente. No entanto, enquanto a AAD busca identificar e analisar a dinâmica socioambiental subáreas da bacia, a AAI busca a sua reintegração para obter uma visão da totalidade do território da bacia, com ênfase nos recursos hídricos, sua importância na dinâmica socioambiental, considerando a implantação dos aproveitamentos hidrelétricos nos cenários prospectivos. Essa etapa se desenvolve com base na utilização de modelos matemáticos que vão permitir: (i) avaliar o comportamento dos indicadores nos cenários temporários considerados; (ii) consolidar os índices de fragilidades e potencialidades nas subdivisões da bacia e; (iii) avaliar os impactos cumulativos e sinérgicos nos cenários atual e prospectivo (ver Figura 2). 3.1.5 Aspectos técnicos, conceituais e metodológicos Muito embora os procedimentos dessa etapa sejam iniciados com base nas etapas anteriores, a etapa da Avaliação Integrada não deve ser entendida como o somatório de todos os efeitos das subdivisões da bacia,

7 porque o conjunto das subdivisões é mais do que a soma das subdivisões anteriormente analisadas. Este entendimento tem como base os efeitos sinérgicos e cumulativos que funcionam como fatores de integração entre os múltiplos processos atuantes na bacia. Essa etapa do estudo constitui-se num processo de análise que permite compreender a dinâmica socioambiental do conjunto da bacia e dos aproveitamentos hidrelétricos existentes e planejados, numa perspectiva da sustentabilidade. Considerando que essa etapa não foi finalizada nos estudos em andamento, os resultados que consolidam as análises realizadas, conforme TR, devem apresentar: avaliação espacial e temporal dos efeitos integrados dos aproveitamentos hidrelétricos nos diferentes cenários; diretrizes gerais para a implantação de usinas hidrelétricas, considerando o resultado dos estudos de bacia realizados, as áreas de fragilidades, o uso e ocupação do solo e o desenvolvimento regional; diretrizes técnicas gerais a serem incorporados nos futuros estudos ambientais de aproveitamentos hidrelétricos, para subsidiar o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos em planejamento/projeto na área de abrangência dos estudos, a serem licenciados pelos órgãos ambientais competentes; base de dados gerada pelo projeto em SIG, contendo todas as informações produzidas e obtidas ao longo do estudo para incorporação ao banco de dados georreferenciado. Avaliação Ambiental Distribuída Conflitos Unidades Hidrográficas (DBR/ANA 2003) Cenário de Avaliação dos Empreendimentos Atual - 2005 Médio Prazo -2015 Longo Prazo -2025 Seleção de Indicadores Avaliação Ambiental Integrada e Diretrizes Perspectivas Macroeconômicas e Ambientais Caracterização dos Ecossistemas Sub-Bacias - PNRH Modelos Matemáticos Simulação de Operação dos Aproveitamentos nos três Cenários Modelagem de Qualidade da Água dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Avaliação do Efeito de Operação sobre o Regime de Cheias Programa de Aproveitamentos Hidrelétricos Projeções Macroeconômicas Evolução da Situação Ambiental e Socioeconômica Cálculos dos Índices de Fragilidade, Potencialidade e Impactos Cumulativos para os Cenários Atuais e Futuros subdivisões 5 t Consolidação Diretrizes e Recomendações da Avaliação Integrada Avaliação dos Impactos Cumulativos e Sinérgicos para os Cenários Atuais e Futuros subdivisões 5 setores. Produto Final FIGURA 2 - Detalhamento da metodologia de avaliação ambiental integrada O estudo também deverá apresentar recomendações para: as avaliações que apresentarem grandes incertezas quanto aos dados disponíveis e quanto à profundidade e dos estudos, devem ser apresentadas recomendações quanto ao seu detalhamento e coleta de dados, para realização de futuros estudos ambientais de aproveitamentos hidrelétricos; as atividades integradoras na bacia para os empreendimentos existentes e planejados que visem à redução dos impactos; e os estudos de viabilidade dos futuros empreendimentos. 3.1.6 Aspectos institucionais e operacionais Os resultados dos estudos de AAI devem constituir-se num referencial técnico de grande relevância tanto para o setor elétrico, contribuindo para o planejamento da expansão da geração elétrica, como para as Instituições e órgãos ambientais envolvidos com o licenciamento de empreendimentos hidrelétricos. Para o setor elétrico os resultados da AAI permitem aperfeiçoar os estudos de Inventário Hidrelétrico, fornecendo subsídios para a tomada de decisão relativa à seleção da melhor alternativa de partição de quedas de uma bacia

8 hidrográfica e conferindo maior consistência aos resultados dos estudos de Inventário. Os empreendimentos selecionados passarão a portar graus de incerteza mais reduzidos, em função da adoção de indicadores de sustentabilidade e da avaliação dos efeitos sinérgicos e cumulativos na composição das alternativas de partição de quedas. Os resultados do estudo de AAI, traduzidos em Diretrizes e Recomendações, fornecerão subsídios ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos hidrelétricos, constituindo-se numa referência para a elaboração dos Termos de Referência que vão orientar a execução dos Estudos de Impacto Ambiental, ou ainda, para a análise desses estudos, fundamentando as decisões quanto às necessidades de complementações e aperfeiçoamentos que se constituirão em condicionantes para sua aprovação. 4.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise dos estudos de Avaliação Ambiental Integrada AAI, em desenvolvimento pelas empresas contratadas pela EPE, permitiu destacar alguns aspectos metodológicos que poderão ser relevantes na consolidação de uma metodologia para estudos de AAI e sua incorporação aos estudos de Inventário Hidrelétrico. Inicialmente, destaca-se a relevância da etapa da Caracterização da bacia no desenvolvimento do estudo. Os resultados obtidos nessa etapa vão subsidiar todas as etapas posteriores do estudo, norteando a subdivisão da bacia em áreas homogêneas, e a compreensão da dinâmica socioambiental atual da bacia hidrográfica, além de constituir-se na principal referência para a construção dos cenários temporais. Nesse sentido, a etapa da Caracterização deve ser direcionada para a produção do conhecimento sobre a área de estudo. Essa etapa deve produzir uma visão da bacia hidrográfica no que se refere aos recursos naturais e seus usos, bem como os aspectos relevantes da dinâmica econômica e social, e às tendências do desenvolvimento. Outro aspecto a destacar, reside no fato de que os estudos em desenvolvimento estão sendo executados por diferentes empresas contratadas pela EPE. Assim, para cada bacia hidrográfica em estudo, está sendo adotada uma metodologia diferente, todas contemplando os requisitos dos Termos de Referência e os objetivos a serem alcançados com a realização do estudo. Diante de diferentes opções metodológicas, impõe-se a consolidação de uma metodologia específica para os estudos de Avaliação Ambiental Integrada de bacias hidrográficas. Nesse sentido, propõe-se, ao final dos estudos de AAI que estão em andamento, a realização de um seminário de avaliação dos resultados, com a participação de todas as instituições e empresas envolvidas no processo de elaboração, análise e acompanhamento dos estudos, para levantar e debater os principais aspectos relativos aos estudos de Avaliação Ambiental Integrada de bacias hidrográficas objetivos conceitos e metodologias empregados. Nessa oportunidade, poderão ainda ser debatidos os procedimentos a serem adotados para a incorporação da AAI nos Estudos de Inventário, fornecendo subsídios para planejamento do setor elétrico, como também para as análises que vão orientar o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos hidrelétricos. 5.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) MMA - SECRETARIA DE QUALIDADE AMBIENTAL NOS ASSENTAMENTOS HUMANOS, 2005. Termo de referência para o estudo de Avaliação ambiental integrada dos aproveitamentos hidrelétricos na bacia do rio Uruguai (2) ANA, 2003. Plano Nacional de Recursos Hídricos. Bacia do Rio Uruguai. Agência Nacional de Águas. (3) EPE - Atualização de Metodologia para Avaliação Ambiental de Bacias Hidrográficas. (Relatório 149/2006-r1), 2006 (4) PARTIDÁRIO, M.R. 2003. Curso de Formação em Avaliação Ambiental Estratégica prática existente, procura futura e necessidade de capacitação. Lisboa. (5) EPE - Compatibilização das Recomendações da AAI com os Estudos Socioambientais dos Aproveitamentos Hidrelétricos Relatório Analítico 1. Estudos Socioambientais. Estudos Relativos a Insumos para o Processo de Planejamento (Produto 5.8.4.1), 2006 (6) EPE, Consórcio THEMAG /Andrade &Canellas/ BOURSCHEID. 2006 Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do Rio Uruguai. Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do rio Uruguai. www.epe.gov.br (7) EPE, Consórcio CNEC / PROJETEC, 2006. Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do rio Parnaíba. www.epe.gov.br (8) ELETROBRÁS. 1997. Manual de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas, Versão 2.0.. (9) MMA. Avaliação Ambiental Estratégica, 2002. (10) MMA. Plano Nacional de Recursos Hídricos., 2006. Ministério do Meio Ambiente Secretaria de Recursos Hídricos, Agência Nacional de Águas. (11) TUCCI, C. e MENDES, C.A. Curso de Avaliação Ambiental Integrada de Bacia. MMA, PNUD, setembro 2006.