CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO

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Transcrição:

16 TÍTULO: COMPARAÇÃO DE ASPECTOS FENOLÓGICOS E DE FRUGIVORIA ENTRE EUTERPE EDULIS E ARCHONTOPHOENIX CUNNINGHAMIANA NO PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR NÚCLEO CARAGUATATUBA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO AUTOR(ES): AMANDA OLIVEIRA DA FONSECA ORIENTADOR(ES): KAROLINA M. A. B. VAN SEBROECK DÓRIA. COLABORADOR(ES): TIAGO SATURNINO DA SILVA

1. RESUMO A palmeira juçara (Euterpe edulis Mart.) é considerada de grande importância ecológica para a Mata Atlântica e atualmente encontra-se vulnerável a extinção. A palmeira Seafórtia (Archontophoenix cunninghamiana) foi introduzida na região pelo atrativo ornamental. O objetivo deste trabalho foi observar a fenologia, a formação de frutos e observar o comportamento da assembleia de aves visitantes. Foram demarcados 10 indivíduos adultos de cada espécie de palmeira e estes foram monitorados quinzenalmente entre agosto/2015 a agosto/2016, com observação focal, auxílio de binóculos 8x40 e registros fotográficos. As aves foram classificadas de acordo com o Comitê de Brasileiro de Registros Ornitológicos (2014). A A. cunninghamiana produziu cachos e ofertou frutos maduros no período de setembro/2015 a maio/2016, enquanto a E. edulis ofertou frutos maduros de fevereiro a maio. Entre as populações de palmeira estudada o índice de similaridade da assembleia de aves conforme Jaccard foi de 42%. Foram avistadas 141 aves, distribuídas em 8 famílias e 19 espécies. De acordo com o comportamento alimentar, 70% engolem a semente sem mascar (dispersores) e 30% é consumidora de epicarpo e mesocarpo. Palavras chave: Fenologia; Frugivoria; Juçara; Seafórtia; Dispersão. 2. INTRODUÇÃO A Mata Atlântica é um dos 25 hotspots mundiais de biodiversidade. Embora tenha sido em grande parte destruída, ela ainda abriga mais de 8.000 espécies endêmicas de plantas vasculares, anfíbios, répteis, aves e mamíferos (MYERS et al., 2000). Mesmo reduzida e muito fragmentada, a Mata Atlântica possui enorme importância, pois exerce influência direta na vida de mais de 80% da população brasileira que vive em seu domínio (PLANO DE MANEJO PESM, 2006). Com o nome inicial de Reserva Florestal de Caraguatatuba, a área passou a ser uma unidade de conservação integral do Parque Estadual da Serra do Mar em agosto de 1977, o primeiro do litoral norte e um marco na história da preservação da Mata Atlântica na região.

Segundo Donatti (2004), as palmeiras representam os maiores símbolos das florestas tropicais. Isto porque grande parte das espécies existentes ocorre exclusivamente nos trópicos, representando uma das maiores famílias de plantas, tanto em riqueza quanto em abundância, ocupando quase todos os habitas. O conhecimento dos padrões de florescimento e de frutificação de uma espécie, fornecido por levantamentos fenológicos, é básico para compreender, tanto o seu processo, quanto o seu sucesso reprodutivo (SIMEY, 2000). A Euterpe edulis Mart. encontra-se atualmente ameaçada de extinção. Seus frutos servem de alimento para mais de 70 espécies de animais e aves, sendo considerada espécie chave para a conservação de florestas. A Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl. & Drude é uma palmeira arborescente de origem australiana, conhecida popularmente como Seafórtia. Propaga-se por sementes e tem sido largamente usada para fins paisagísticos (LORENZI, 1996). 3. OBJETIVOS 3.1. Geral O objetivo geral deste trabalho foi comparar o comportamento fenológico e a formação dos frutos de Euterpe edulis Mart. e Archontophoenix cunninghamiana H.Wendl & Drude e identificar a assembleia de aves visitantes se alimentando de seus frutos. 3.2. Específicos Verificar aspectos fenológicos e reprodutivos das duas espécies de palmeira por um ano, observar e caracterizar quais espécies de aves se alimentam das palmeiras (atividade de zoocoria), quais espécies de pássaros adotaram a espécie exótica como fonte de alimento. 4. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no Parque Estadual Serra do Mar Núcleo Caraguatatuba, de acordo com a Figura 1. As observações foram realizadas com o auxílio de um binóculo (10x40 mm) e câmera COOLPIX L830. Quando possível, fotografias e gravações de áudio foram realizadas.

As campanhas de frugivoria foram realizadas nos indivíduos marcados preferencialmente nas primeiras horas da manhã (06h00min as 09h00min) e no fim da tarde (16h00min as 18h00min), quando os frutos se apresentavam maduros. Nestes avistamentos, observaram-se quais aves interagiam com as palmeiras, particularmente quais consumiam seus frutos e qual o comportamento apresentado. Os comportamentos observados foram: se removiam os frutos do local original, se engoliam ou apenas consumiam a polpa. As espécies de aves foram identificadas através do guia de campo de Sigrist (2014). A classificação taxonômica das espécies registradas no presente estudo seguiu a taxonomia sugerida pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2014). Figura 1 - Delimitação geográfica do PESM no município de Caraguatatuba-SP. Fonte: Google Earth (2016) adaptado. 5. DESENVOLVIMENTO Os padrões fenológicos de 10 indivíduos adultos de cada espécie de palmeira foram acompanhados quinzenalmente entre agosto/2015 a agosto/2016. Cada indivíduo teve seu posicionamento geográfico (GPS) marcado, conforme a Figura 2. Figura 2 - Localização de A. cunninghamiana em vermelho e E. edulis em verde. Fonte: Google Earth (2016) adaptado.

O registro dos dados foi realizado em planilhas, para posterior análise dos resultados. Foram totalizadas 140 horas de esforço amostral da frugivoria, dividido por igual 70 horas entre as espécies de palmeiras. 6. RESULTADOS Para padronizar os dados referentes a maturidade fisiológica dos cachos, houve a necessidade de criar uma escala (Figura 3) para avaliar as espécies ao longo do ano. Da mesma forma procedeu-se para a avaliação da maturidade fisiológica dos frutos (Figura 4). A B C D Figura 3 - Classificação dos cachos quanto à maturidade fisiológica (A: cacho verde e B: cacho maduro de A. cunninghamiana; C: cacho verde e D: cacho maduro de E. edulis). A B C D Figura 4 - Classificação dos frutos quanto a maturidade fisiológica (A: Fruto verde e B: fruto maduro de A. cunninghamiana; C: fruto verde e D: fruto maduro de E. edulis). Tanto para A. cunninghamiana quanto para E. edulis a média de produção cachos foram de 3 três por palmeira. A espécie A. cunninghamiana apresenta cachos floridos ao longo de todos os meses do ano, tendo um pico de oferta no mês de setembro, com a produção de 13

cachos. A E. edulis apresenta sua floração entre os meses de setembro a janeiro, tendo seu máximo de produção no mês de novembro, ofertando 19 cachos entre os indivíduos monitorados, conforme demonstra a Figura 5. Estes dados corroboram com Lorenzi (2002) também se referiu a E. edulis como espécie de longo período de floração, iniciando no mês de setembro, prolongando-se até dezembro. Para Talora e Morellato (2000), a floração seria desencadeada pelo aumento do fotoperíodo, temperatura e umidade na transição da estação seca para a úmida. Figura 5 Quantidade de cachos floridos de A. cunninghamiana e E. edulis, no período de agosto de 2015 a agosto de 2016, no PESM Núcleo Caraguatatuba-SP. A quantidade de cachos com frutos verdes ofertados foi variável entre as espécies. A espécie A. cunninghamiana apresenta uma flutuação na quantidade de cachos com frutos verdes ao longo do ano, tendo um pico na produção no mês de setembro, com 29 cachos. Para a E. edulis a produção dos cachos com frutos verdes está concentrada entre os meses de novembro/2015 a abril/2016, tendo sua maior ocorrência no mês de dezembro/2015, com 34 cachos com frutos verdes, conforme a Figura 6. De acordo com Mikick e Silva (2001) o início da estação chuvosa também corresponde ao pico de insetos, representando grande oferta de polinizadores para as plantas. Desta forma, muitas espécies de plantas aproveitam para sincronizar sua floração com este período, pois é decisivo para a formação dos frutos. Isto pode justificar o comportamento observado pela espécie E. edulis, pois a oferta de frutos verdes ocorre justamente na estação chuvosa no município de Caraguatatuba. Fisch et al. (2000) observaram que o crescimento dos frutos de E. edulis é lento até a maturação, estendendo-se por até seis meses. O período de maturação nos frutos de A. cunninghamiana foi considerado curto com no mínimo quatro meses

de crescimento, considerando este período a partir do início da floração até o início da maturação, enquanto que para a E. edulis, o período foi de seis meses. Figura 6 Quantidade de cachos com frutos verdes de A. cunninghamiana e E. edulis, no período de agosto de 2015 a agosto de 2016, no PESM Núcleo Caraguatatuba-SP A oferta de frutos maduros ocorre entre os meses de setembro/2015 a maio/2016 para a A. cunninghamiana, teve seu ápice de oferta de 12 cachos com frutos maduros no mês de dezembro/2015, enquanto para a E. edulis esta oferta de frutos maduros ocorre entre março/2016 a maio/2016. Nesta última espécie, nota-se que há uma oferta maior e mais concentrada de frutos, pois no mês de abril/2016 foram monitorados 20 cachos com frutos maduros (aproximadamente 2 por indivíduos monitorado), conforme demonstra a Figura 7. Estes dados corroboram com os descritos por Fisch et al. (2000) que registraram em árvores monitoradas de E. edulis em São Paulo, a presença de no máximo dois cachos/indivíduo. A A. cunninghamiana pode estar se beneficiando da ausência de Euterpe edulis em áreas perturbadas como foi descrito por Christianini (2006). Nota-se a diferença no ciclo reprodutivo durante o ano de monitoramento, da palmeira exótica em relação à nativa.

Figura 7 Quantidade de cachos com frutos maduros de A. cunninghamiana e E. edulis, no período de agosto de 2015 a agosto de 2016, no PESM Núcleo Caraguatatuba-SP. Devido à oferta de frutos durante um longo período do ano, a A. cunninghamiana tornou-se fonte de alimentação para a avifauna, conforme demonstra a Figura 8. Nota-se que 49% das espécies avistadas estavam na A. cunninghamiana. Destes indivíduos 19% apresentam como característica o hábito consumidor e 30% de dispersora dos frutos. Para a E. edulis o comportamento observado foi de 11% como consumidores e 41% de dispersores. Reis e Kageyama (2000) acompanharam a dispersão secundária de frutos de E. edulis e encontraram 34% dos frutos com o uso da polpa, 59% dos frutos foram transportados ou predados (destino desconhecido) e 6,6% dos frutos mantiveram-se intactos. Figura 8 - Comparação do comportamento alimentar da amostra da assembleia de aves visitantes de A. cunninghamiana e E. edulis, no período de agosto de 2015 a agosto de 2016, no PESM Núcleo Caraguatatuba-SP. De acordo com a Tabela 1, a E. edulis apresentou as famílias Cotigidae e Momotidae com exclusividade, com destaque a Procnias nudicollis que atualmente

encontra-se vulnerável a extinção. O índice de similaridade de Jaccard entre as comunidades de aves visitantes das palmeiras foi de 42%. Os Traupidae em conjunto com a Turdiae foram famílias com o maior número de espécies (cinco), enquanto que os Ramphastidae (16,7%), Contigidae (11,1%) e Momotidae, Tityridae e Psittacidae (5,6% cada), contribuíram com as maiores abundâncias. Do total de aves observadas, Turdus flavipes (35,6%) e Turdus albicollis (33,3%) foram avistadas regularmente em E. edulis e foram classificadas de acordo com o hábito alimentar em dispersoras e Tangara palmarum (33,3%) e Selenidera maculirostris (19 %), sendo a primeira delas consumidora e a segunda dispersora em A. cunninghamiana. Tabela 1 Caracterização da assembleia de aves e o número de avistamentos por espécie de palmeira. Ordem, Família e Espécie A.cunninghamiana E. edulis C / D Momotidae CORACIIFORMES Juruva-verde - Baryphthengus ruficapillus 1 D Contigidae PASSERIFORMES Araponga - Procnias nudicollis 1 D Pavó - Pyroderus scutatus 1 D Thraupidae Tiê-sangue - Rhamphocelus bresilus 6 C Saíra-militar - Tangara cyanocephala 1 C Saíra-sete-cores - Tangara seledon 1 C Sanhaçu-de-encontro-amarelo - Tangara ornata 4 1 C Sanhaçu-do-coqueiro - Tangara palmarum 21 1 C Tityridae Anambé-branco-de-rabo-preto - Tityra cayana 3 D Turdidae Sabiá-coleira - Turdus albicollis 2 26 D Sabiá-poca - Turdus amaurochalinus 1 1 D Sabiá-una - Turdus flavipes 1 28 D Sabiá-laranjeira - Turdus rufiventris 6 D Turdus ssp. 3 9 D Ramphastidae PICIFORMES Araçari-banana - Pteroglossus bailoni 2 D Tucano-de-bico-verde - Rhampastos dicolorus 4 1 D Araçari-poca - Selenidera maculirostris 12 D Psittacidae PSITTACIFORMES Tiriba-de-testa-vermelha - Phyrrhura frontalis 2 D Total Geral 63 78

Legenda: C Consumidor do mesocarpo e epicarpo dos frutos; D Dispersor ingere o fruto inteiro. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O evento fenológico da população de Archotophoenix cunninghamiana no Parque Estadual Serra do Mar Núcleo Caraguatatuba pode ser classificado como contínuo. A floração aconteceu durante todos os meses do ano. O período de frutificação, considerando-se frutos verdes e maduros, foi extenso, estando presente em todos os meses de acompanhamento. A fase de frutos verdes mostrou-se persistente em todos os meses, com picos de agosto/2015 a maio/2016. Já a presença de frutos maduros aconteceu no período de setembro/2015 a maio/2015, período correspondente a primavera, verão e outono na região. A fenologia da população de Euterpe edulis no PESM núcleo Caraguatatuba pode ser classificado em um padrão anual, ocorrendo apenas um ciclo reprodutivo por ano. A floração ocorreu entre os meses de setembro/2015 a janeiro/2016. A frutificação, considerando-se frutos verdes e maduros, foi extenso, estando presente em oito meses do monitoramento. A fase de frutos verdes mostrou-se longeva, estando presente entre os meses de setembro/2015 a abril/2016. A presença dos frutos maduros aconteceu num curto período, apenas entre os meses de março/2016 a maio/2016. A Archotophoenix cunninghamiana apresentou estratégia de alto investimento na produção de frutos e sementes, disponibilizando-os maduros durante nove meses do monitoramento, enquanto a Euterpe edulis disponibilizou os frutos maduros em apenas três meses. Foram registradas 63 avistamentos de 12 espécies de aves na Archotophoenix cunninghamiana, isto representa 49% das espécies avistadas. Destes indivíduos 19% apresentam como característica o hábito consumidor e 30% de dispersor dos frutos. Em Euterpe edulis foram anotados 78 avistamentos de 13 espécies, o que corresponde a 51% das espécies avistadas. Destes indivíduos o comportamento alimentar foi de 11% como consumidores e 41% de dispersores. 8. FONTES CONSULTADAS CBRO. Comitê Brasileiro de Regras Ornitologicas. 2014. Disponível em: < http://www.cbro.org.br/cbro/pdf/avesbrasil2014.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2015.

CHRISTIANINI, A. V. Fecundidade, dispersão e predação de sementes de Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl. & Drude, uma palmeira invasora da Mata Atlântica. Revista Brasileira da Botânica, v. 29, n. 4, p.587-594, out.-dez. 2006. DISLICH, R.; KISSER, N.; PIVELLO, V. A invasão de um fragmento florestal em São Paulo (SP) pela palmeira australiana Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl. & Drude. Revista Brasileira de Botânica, v. 25, n. 1, p. 55-64, 2002. DONATTI, C. I. Consequências da defaunação na dispersão de sementes e no recrutamento de plântulas da palmeira brejaúva (Astrocarium aculeatissimum) na Mata Atlântica. Dissertação mestrado, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004. 102 p. FISCH, S. T. V. NOGUEIRA, L. R.; MONTOVANI, W. Fenologia reprodutiva de Euterpe edulis Mart. na Mata Atlântica (Reserva Ecológica do Trabiju, Pindamonhangaba SP). Revista de Biociência de Taubaté, v.6, n. 2, p. 31-37, jul.-dez. 2000. LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 4. ed.,v. 1, Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 368 p. MIKICH, S. B.; SILVA, S. M. Composição florística e fenologia das espécies zoocóricas de remanescentes de floresta estacional semidecidual no centro-oeste do Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 15, n.1, p. 89-113, 2001. TABARELLI, M.; PINTO, P.L.; SILVA, J.M.C.; HIROTA, M.M.; BEDÊ, L.C. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade, v.1, n.1, 2005. TALORA, D. C e MORELLATO, L. P. C. Fenologia de espécies arbóreas em floresta de planície litorânea do sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 23, n. 1, p. 13-26, 2000. PLANO DE MANEJO PESM. 2006. Disponível em: < http://iflorestal.sp.gov.br/files/2013/03/plano_de_manejo_pe_serra_do_mar.pdf>. Acessado em: 18 ago 2016. SIGRSTH, T. Guia de campo: Avifauna Brasileira. 4. ed. Vinhedo: Avisbrasilis, 2014. 608p.