NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas

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Transcrição:

NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas 1

2

IRANY FERRARI NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas 3

Normas gerais sobre desporto_fc.pmd 1 26/3/2012, 10:50 R EDITORA LTDA. Todos os direitos reservados Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-001 São Paulo, SP Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br Março, 2012 Versão impressa - LTr 4567.8 - ISBN 978-85-361-2040-9 Versão digital - LTr 7311.8 - ISBN 978-85-361-2126-0 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ferrari, Irany Normas gerais sobre desporto : comentadas / Irany Ferrari. São Paulo : LTr, 2012. Bibliografia 1. Esportes Leis e legislação Brasil I. Título. 12-00684 CDU-34:796(81) Índice para catálogo sistemático: 1. Brasil : Direito desportivo 34:796(81)

SUMÁRIO Apresentação... 9 Prefácio... 11 Art. 1º... 13 Art. 2º... 14 Art. 3º... 15 Art. 4º... 16 Art. 5º... 17 Art. 6º... 17 Art. 7º... 18 Art. 8º... 18 Art. 9º... 19 Art. 10... 19 Art. 11... 20 Art. 12... 20 Art. 12-A... 20 Art. 13... 21 Art. 14... 22 Art. 15... 22 Art. 16... 23 Art. 17... 24 Art. 18... 24 Art. 19... 25 Art. 20... 25 Art. 21... 25 5

Art. 22... 26 Art. 23... 26 Art. 24... 27 Art. 25... 27 Art. 26... 28 Art. 27... 29 Art. 27-A... 31 Art. 27-B... 32 Art. 27-C... 32 Art. 28... 33 Art. 28-A... 42 Art. 29... 44 Art. 29-A... 45 Art. 30... 46 Art. 31... 46 Art. 32... 48 Art. 33... 49 Art. 34... 49 Art. 35... 49 Arts. 36 e 37... 50 Art. 38... 50 Art. 39... 50 Art. 40... 51 Art. 41... 51 Art. 42... 52 Art. 43... 53 Art. 44... 53 Art. 45... 54 Art. 46... 54 Art. 46-A... 55 6

Art. 47... 56 Art. 48... 56 Art. 49... 57 Art. 50... 58 Art. 51... 59 Art. 52... 59 Art. 53... 60 Art. 54... 60 Art. 55... 61 Art. 56... 62 Art. 56-A... 65 Art. 56-B... 67 Art. 56-C... 68 Art. 57... 68 Art. 82... 69 Art. 82-A... 69 Art. 83... 69 Art. 84... 70 Art. 84-A... 70 Art. 85... 71 Art. 86... 71 Art. 87... 71 Art. 87-A... 72 Art. 88... 72 Art. 89... 73 Art. 89-A... 73 Art. 90... 73 Art. 90-A... 73 7

Art. 90-B... 73 Art. 90-C... 74 Art. 90-D... 74 Art. 90-E... 74 Art. 90-F... 75 Art. 91... 75 Art. 92... 75 Art. 93... 76 Art. 94... 76 Art. 94-A... 76 Art. 95... 76 Art. 96... 76 8

APRESENTAÇÃO Não há mais nenhuma dúvida de que as várias modalidades de esporte, como vôlei, bola ao cesto, natação e atletismo, atraem números consideráveis de públicos. Contudo, é o futebol que conta com a maior atração do público no mundo inteiro, sobretudo no Brasil, considerado o país formador de jogadores excepcionais disputados pelo futebol, principalmente de países europeus. Esses fatos notórios são ainda incrementados pelo desejo de jogadores menores de idade de prepararem-se para jogar em clubes junto com jogadores adultos, sempre com a mesma esperança de aparecer para a mídia e para o público em geral, objetivando vencer na carreira e, assim, abocanhar um bom dinheiro para si e para a família. Essa é uma questão universal que não pode ficar ao sabor dos clubes ou dos dirigentes dessa modalidade esportiva. Por isso, é muito bom que os clubes empregadores e os jogadores-empregados ou autônomos e auxiliares conheçam seus deveres e seus direitos. Mas não é só desse aspecto do desporto que se serviu o legislador nesta Lei fixadora de normas gerais de interesse para todos os que lidam com essa tarefa atualmente, já que há um ordenamento sobre arbitragem, sobre luvas, sobre transparência e sobre princípios fundamentais do desporto, como direito individual. Trata-se de um autêntico Código do Desporto, disciplinando o Sistema Brasileiro do Desporto, dos recursos financeiros do Ministério do Esporte, para o desporto de criação nacional, da captação, dos dentistas, dos professores de educação física, etc. (arts 7ª, 8º, 9º e 10º). O Conselho Nacional Esportivo (CNE) é órgão colegiado de normatização e de assessoramento vinculado ao Ministério do Esporte, com várias e importantes atribuições, inclusive a de aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas alterações. O CNE é composto de 22 (vinte e dois) membros indicados pelo Ministro do Esporte. O Sistema Nacional do Desporto também está cuidando do assunto de forma clara e objetiva, até chegar à Confederação Brasileira de Clubes. Vale a pena ler com atenção todos os dispositivos desta Lei, sobretudo os do artigo 28 ao artigo 46, já que é uma alteração bem cuidada de leis anteriores e, segundo nos parece, completa em seus objetivos. 9

Contudo, como toda norma legal, vai estar sujeita a estudos, a contrariedade, para que se chegue à aspiração maior de fazer justiça e de se aprimorar o regramento dos vários aspectos que o desporto do país estava a exigir. A leitura das normas contidas na Lei n. 9.615, alterada com o espírito de completá-la pela Lei n. 12.395/11, dará ao leitor a visão por inteiro das atividades profissionais do desporto nacional, esmiuçando a respeito dos direitos e deveres dos atletas e dos pontos estruturais de um ordenamento jurídico específico e muito importante para um grande número de pessoas afeiçoadas aos esportes como profissão, como saúde, como educação. O autor. 10

PREFÁCIO Na leitura deste livro, presenciei a erudição notável do jurista Irany Ferrari, atributo afeto àqueles que possuem vasta experiência e inúmeras obras significativas ao estudo do Direito. Em excelente trabalho doutrinário, Irany Ferrari soube interpretar, com distinta propriedade, os aspectos relevantes da Lei n. 9.615/98, com as alterações carreadas pela Lei n. 12.395/11. O conteúdo da qualificada obra merece intensos aplausos, pois atende aos anseios dos operadores do Direito Desportivo, que buscam a mens legis da norma em estudo para aplicá-la ao caso concreto. A cada dispositivo da Lei seguem-se as valiosas anotações do jurista, levadas a efeito com surpreendente didática e coesão, de modo a tornar evidente a essência do comando normativo estudado. Aliam-se, aos comentários do autor, os seletos precedentes jurisprudenciais, bem como as remissões à legislação correlata. Faculta- -se assim, ao leitor, interpretar com serenidade o texto e dele extrair o seu exato entendimento. De realçar a irrepreensível abordagem feita pelo autor acerca dos contratos de trabalho dos atletas. Sendo sui generis, tais relações contratuais são, com frequência, alvo de objeções e discussões técnicas. O especial enfoque dado pelo autor às peculiaridades das aludidas avenças desata importantes controvérsias sobre o tema, evidenciando que a expertise do autor também se estende ao Direito do Trabalho. Enfim, posso afirmar que esta obra digna de figurar entre as melhores da especialidade é indispensável para todos os profissionais e estudantes que desejam explorar o Direito Desportivo à luz das normas aqui tratadas. São Paulo, dezembro de 2011. Marco Polo Del Nero Advogado em São Paulo Presidente da Federação Paulista de Futebol 11

12

NORMAS GERAIS SOBRE DESPORTO Comentadas Desporto é uma denominação genérica de todos os esportes individualmente considerados. Daí porque as leis pertinentes foram unificadas, em primeiro lugar, pela de n. 9.615, de 24/03/98, pela Lei n. 10.891, de 09/07/04 (bolsa atleta), pelos programas Atleta Pódio e Cidade Esportiva, e pela revogação da Lei n. 6.354, de 02/09/76. A Lei atual é a de n. 9.615/98, alterada pela de n. 12.395, de 2011, como veremos no decorrer dos comentários, a partir do capítulo I, e dedica-se às disposições iniciais, sendo composta por um só artigo, a saber: Art. 1º O desporto brasileiro abrange práticas formais e não formais e obedece às normas gerais desta Lei, inspirado nos fundamentos constitucionais do Estado Democrático de Direito. 1º A prática desportiva formal é regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática desportiva de cada modalidade, aceitas pelas respectivas entidades nacionais de administração do desporto. 2º A prática desportiva não formal é caracterizada pela liberdade lúdica de seus praticantes. Como se lê nessa norma legal, o DESPORTO (práticas esportivas diversas) pode ser praticado de forma profissional e de forma não profissional. A primeira forma é regida por contratos formais de trabalho entre o atleta e a instituição esportiva regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática esportiva de cada modalidade. A forma não profissional é a da liberdade do atleta sem contrato de trabalho, em que a percepção do trabalho se faz por meio de incentivos ou patrocínios. É, digamos assim, a parte lúdica dos praticantes. 13

O desporto, como direito individual, tem como base os princípios: Art. 2º I da soberania, caracterizado pela supremacia nacional na organização da prática desportiva; II da autonomia, definido pela faculdade e liberdade de pessoas físicas e jurídicas organizarem-se para a prática desportiva; III da democratização, garantido em condições de acesso às atividades desportivas sem quaisquer distinções ou formas de discriminação; IV da liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-se ou não a entidade do setor; V do direito social, caracterizado pelo dever do Estado em fomentar as práticas desportivas formais e não formais; VI da diferenciação, consubstanciado no tratamento específico dado ao desporto profissional e não profissional; VII da identidade nacional, refletido na proteção e incentivo às manifestações desportivas de criação nacional; VIII da educação, voltado para o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante, e fomentado por meio da prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional; IX da qualidade, assegurado pela valorização dos resultados desportivos, educativos e dos relacionados à cidadania e ao desenvolvimento físico e moral; X da descentralização, consubstanciado na organização e funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos para os níveis federal, estadual, distrital e municipal; XI da segurança, propiciado ao praticante de qualquer modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou sensorial; XII da eficiência, obtido por meio do estímulo à competência desportiva e administrativa. Parágrafo único. A exploração e a gestão do desporto profissional constituem exercício de atividade econômica sujeitando-se, especificamente, à observância dos princípios: (Incluído pela Lei n. 10.672, de 2003) I da transparência financeira e administrativa; (Incluído pela Lei n. 10.672, de 2003) II da moralidade na gestão desportiva; (Incluído pela Lei n. 10.672, de 2003) III da responsabilidade social de seus dirigentes; (Incluído pela Lei n. 10.672, de 2003) IV do tratamento diferenciado em relação ao desporto não profissional; e (Incluído pela Lei n. 10.672, de 2003) V da participação na organização desportiva do País. (Incluído pela Lei n. 10.672, de 2003) Esse dispositivo reúne em si os princípios fundamentais do Desporto, como direito individual, em 12 itens e 1 parágrafo único, como segue: I princípio da soberania significando supremacia nacional no que toca à organização de prática desportiva. 14

II princípio da autonomia, que é o da liberdade de as pessoas físicas e jurídicas se organizarem para a prática desportiva. III princípio da democratização com a garantia de acesso às atividades desportivas sem restrições ou descriminações. IV princípio da liberdade como expressão da livre prática do desporto, para se associar ou não a entidade do setor. V princípio do direito social em razão do Estado ter o dever de prestar auxílio considerável ao desporto em geral, como um direito do desportista. VI princípio da diferenciação com o dever de ser dado tratamento específico aos esportes formais e não formais. VII princípio da identidade nacional com incentivos ao desporto de criação brasileira. VIII princípio da educação pelo desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante; com recursos públicos voltados para o aspecto educacional. IX princípio da qualidade tendo em vista a valorização dos resultados esportivos, educativos e de cidadania, para o desenvolvimento físico e moral. X princípio da descentralização, que é o do funcionamento harmônico dos sistemas desportivos diferenciados no tocante aos níveis federal, estadual, distrital e municipal. XI princípio da segurança como proteção à integridade física, mental e sensorial do atleta. XII princípio da eficiência relativa ao estímulo à competência desportiva e administrativa. O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações: Art. 3º I desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; III desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado: I de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva; II de modo não profissional, identificado pela liberdade de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. (Redação dada pela Lei n. 9.981, de 2000) O Capítulo III da lei trata da natureza e das finalidades do Desporto, o qual pode ser reconhecido como tal em qualquer das manifestações elencadas nos incisos I a III e no parágrafo único, para o desporto de rendimento, nos incisos I e II. 15

Nessa conformidade, o Desporto pode ser educacional (praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação); de participação (voluntário, como contribuição para integração do participante na plenitude da vida social); de rendimento (praticado com a finalidade de obtenção de resultados e de integração de pessoas e comunidades do País e com outras nações). Esse desporto de rendimento pode ser organizado e praticado de modo profissional (caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal) e de modo não profissional (caracterizado pela liberdade da prática e pela ausência de contrato de trabalho, permitindo o reconhecimento de incentivos materiais e de patrocínios). O Sistema Brasileiro do Desporto compreende: Art. 4º I o Ministério do Esporte; (Redação dada pela Lei n. 10.672, de 2003) II (Revogado pela Lei n. 10.672, de 2003) III o Conselho Nacional do Esporte CNE; (Redação dada pela Lei n. 10.672, de 2003) IV o sistema nacional do desporto e os sistemas de desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, organizados de forma autônoma e em regime de colaboração, integrados por vínculos de natureza técnica específicos de cada modalidade desportiva. 1º O Sistema Brasileiro do Desporto tem por objetivo garantir a prática desportiva regular e melhorar-lhe o padrão de qualidade. 2º A organização desportiva do País, fundada na liberdade de associação, integra o patrimônio cultural brasileiro e é considerada de elevado interesse social, inclusive para os fins do disposto nos incisos I e III do art. 5º da Lei Complementar n. 75, de 20 de maio de 1993. (Redação dada pela Lei n. 10.672, de 2003) 3º Poderão ser incluídas no Sistema Brasileiro de Desporto as pessoas jurídicas que desenvolvam práticas não formais, promovam a cultura e as ciências do desporto e formem e aprimorem especialistas. O Sistema Brasileiro do Desporto é composto pelo Ministério do Esporte, pelo Conselho Nacional do Esporte (CNE) e pelos sistemas de desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, organizados com autonomia, mas em regime de colaboração. O objetivo do Sistema Brasileiro é o de garantir a prática desportiva regular na busca sempre de melhorar o padrão de qualidade. Esse sistema, fundado na liberdade de associação, pertence ao patrimônio cultural brasileiro e é relevante por seu interesse social. Importante notar que podem integrar esse sistema pessoas jurídicas que desenvolvam práticas não formais e que se dediquem a formar e a aprimorar especialistas do esporte. 16