CURSO DE EPIDEMIOLOGIA BÁSICA PARA PNEUMOLOGISTAS



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Transcrição:

CURSO DE EPIDEMIOLOGIA BÁSICA PARA PNEUMOLOGISTAS Ana M.B. Menezes 1 e Iná da S. dos Santos 2 1 Prof a Titular de Pneumologia Faculdade de Medicina UFPEL 1 Presidente da Comissão de Epidemiologia da SBPT 1,2 Prof as do Curso de Pós-Graduação em Epidemiologia - UFPEL Este curso tem como objetivos gerais : 1) introduzir conhecimentos básicos de epidemiologia que permitam uma melhor interpretação de alguns dados e aspectos clínicos. 2) tornar compreensíveis determinados termos de epidemiologia usados tão frequentemente na ortografia médica atual. O curso constará de quatro módulos, assim divididos: I II III IV 1. Definições de Epidemiologia; 2. Usos da Epidemiologia; 3. Medidas de ocorrência ou frequência das doenças: 3.1. Medidas transversais 3.2. Medidas longitudinais 4. Medidas de efeito: 4.1. Risco Relativo 4.2. Odds ratio 4.3. Risco Atribuível 4.4. Risco Atribuível na População 1. Tipos de delineamento: 1.1. Estudos observacionais 1.1.1 Estudo tranversal 1.1.2 Estudo de coorte 1.1.3. Estudo de caso-controle 1.2. Estudos de intervenção 1.2.1. Ensaios clínicos 1.2.2. Estudos de intervenções 1. Epidemiologia clínica Esses módulos serão publicados sequencialmente nesta revista. No volume de hoje será abordado o 1 o módulo. 1

1. DEFINIÇÃO O QUE É EPIDEMIOLOGIA? 1 Todas as definições de epidemiologia ressaltam o estudo do grupo, do todo, do coletivo. Isso é facilmente obervado nas definições abaixo: - Epidemiologia é o estudo de doenças em relação a populações (Rose). - Epidemiologia é o estudo do processo saúde-doença em populações humanas (Kleinbaum). - Epidemiologia é o estudo dos padrões de ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores que influenciam estes padrões (Lilienfeld). 2. PRINCIPAIS USOS DA EPIDEMIOLOGIA 2 Os principais usos da epidemiologia incluem: - Diagnósticos de saúde comunitária. - Monitoramento das condições de saúde. - Identificação dos determinantes de doenças. - Validação de métodos diagnósticos. - Estudo da história natural das doenças e seu prognóstico. - Avaliação de intervenções médico-sanitárias. - Avaliações terapêuticas. A epidemiologia é aplicada tanto no contato com o paciente desde a primeira vez em que o vemos (diagnóstico da doença e escolha da melhor conduta terapêutica) como, de uma maneira mais abrangente, na metodologia do planejamento, gerenciamento e avaliação dos serviços de saúde. 3. MEDIDAS DE OCORRÊNCIA OU FREQUÊNCIA DAS DOENÇAS 3 - As medidas de ocorrência revelam a magnitude do problema a ser estudado. Há duas formas básicas de medir a ocorrência de doença: - examinando pessoas em um único momento (MEDIDAS TRANSVERSAIS ). - acompanhando pessoas durante um certo tempo (MEDIDAS LONGITUDINAIS). 3.1.MEDIDAS TRANSVERSAIS são as medidas obtidas quando os indivíduos são examinados apenas uma vez, como acontece, por exemplo, em estudos de PREVALÊNCIA. A prevalência é uma medida estática, apenas informa o número de casos de 2

uma determinada doença no momento. Matematicamente, o cálculo da prevalência pode ser obtido pela fórmula abaixo: TAXA DE PREVALÊNCIA = Número de casos existentes Número de pessoas estudadas na população Por exemplo, no ano de 1990, na cidade de Pelotas, estudou-se uma amostra representativa de base populacional de adultos acima de 40 anos para medir a prevalência de Bronquite Crônica 4. De 1053 pessoas estudadas (número de pessoas na população estudada), encontrou-se 133 pessoas que preenchiam o critério diagnóstico de Bronquite Crônica (número de casos existentes). Conforme a fórmula matemática acima descrita, a prevalência de Bronquite Crônica foi de 12,7%. No entanto, como estudou-se uma amostra da população e, não, todos os habitantes, essa medida não apresenta 100% de certeza, o que nos leva a aplicar um teste estatístico para a correção da mesma (Intervalo de Confiança de 95%). IC 95% = P 1.96 ( P ( 1 P ) / N ) A prevalência de Bronquite Crônica variou, portanto, de 10,6% a 14,7%, com um Intervalo de Confiança de 95% de certeza. 3.2. MEDIDAS LONGITUDINAIS são medidas obtidas quando os indivíduos são acompanhados durante um certo período de tempo, como acontece nos estudos de INCIDÊNCIA. A incidência implica em uma dimensão de tempo, ou seja, reflete a velocidade com que os casos novos aparecem. Poderia ser dito que a incidência reflete a força da morbidade ou da mortalidade (se o que está sendo medido é óbito). Em 1995 5, no Centro de Saúde de Pelotas acompanhou-se e registrou-se, durante 12 meses, todos os casos novos diagnosticados como Tuberculose. Foram registrados 192 casos novos em uma população de 265.193 habitantes. A medida da incidência calculada pela seguinte equação: TAXA DE INCIDÊNCIA = Número de casos novos em determinado período Número de pessoas expostas ao risco, no mesmo período mostrou 72,4 casos novos de Tuberculose por 100.000 habitantes (essa é a chamada incidência cumulativa). 3

3.3. RELAÇÃO ENTRE PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA - A incidência influi diretamente na prevalência. Conclui-se, portanto, que para diminuir a prevalência de determinada doença é preciso diminuir o aparecimento de novos casos (prevenção primária) ou encurtar a duração da doença (prevenção secundária). FIGURA 1 Relação entre prevalência e incidência. 3 3.4. USO DE INCIDÊNCIA VERSUS PREVALÊNCIA QUANDO USAR UMA OU OUTRA? 6 A escolha entre o uso da incidência ou prevalência depende de alguns fatores: para doenças agudas aplicam-se mais os estudos de incidência, enquanto que, para doenças crônicas, a determinação da prevalência está mais indicada. No que se refere ao planejamento e administração de serviços, os estudos de prevalência são os escolhidos. Para pesquisas etiológicas, estudos de prognóstico, verificação de eficácia de ações terapêuticas e preventivas, os estudos de incidência são os mais indicados. 4. MEDIDAS DE EFEITO 7 - As medidas de efeito, também chamadas medidas de associação, expressam a relação entre exposição e desfecho (doença, óbito, etc). Essas medidas são usadas para detectar quantitativamente essa relação. Indicam a magnitude do efeito de um fator de risco sobre a ocorrência do desfecho. 4

4.1. Risco Relativo (RR) é uma denominação frequentemente utilizada para medidas de efeito baseada em razão de ocorrrência. Indica quantas vezes maior é o risco de adoecer entre os expostos comparados aos não expostos. O cálculo para o RR é simples; é a razão entre duas taxas de incidência. Um risco relativo igual a 1 indica que a incidência do desfecho foi igual nos dois grupos comparados, ou seja, a exposição a determinado fator não causou maior risco de doença nos expostos comparativametne em relação aos não expostos. Um risco relativo de 1,5 significa que o risco entre os expostos foi 50% maior do que entre os não expostos [(RR 1 ) x 100%]. Por outro lado, um risco relativo menor do que 1 indica que a exposição foi um fator de proteção. Por exemplo, um risco relativo de 0,7 demonstra que houve uma proteção entre os expostos de 30%[(1 RR) x 100%] 3. 4.2. Odds Ratio (OR) é um outro tipo de medida de efeito. Odds em inglês significa chance e OR pode ser traduzido em português por diversas denominações: razão de chances, razão de probabilidades, razão de produtos cruzados, relação de chances, razão de chances, entre outras 3. O significado do OR é o mesmo do RR; entretanto, em estudos de caso-controle, o risco relativo não pode ser computado e porisso ele é estimado, indiretamente, através do OR. Odds ratio (OR) = ad bc No estudo de caso-controle (não emparelhado) de Victora 8 sobre fumo e câncer de esôfago, observou-se os seguintes resultados: FUMO E CÂNCER DE ESÔFAGO FUMO CASOS CONTROLES Fumantes Não fumantes e ex-fumantes 116 64 55 107 A probabilidade (OR) para os fumantes terem câncer de esôfago nesse estudo foi de 3,5 (ad / bc) comparados aos não fumantes. 4.3. Risco Atribuível (RA) é a parcela da incidência da doença decorrente da exposição a um determinado fator de risco. Risco Atribuível (RA) = Incidência nos expostos Incidência nos não expostos 5

Segundo o artigo de Doll e Hill 9 sobre a mortalidade por câncer de pulmão em médicos ingleses, sabe-se que os achados foram os seguintes: Mortalidade por câncer de pulmão em não fumantes: 7 por 100.000 Mortalidade por câncer de pulmão em fumantes: 70 por 100.000 Portanto, o RA foi 63 (70 7), o que significa que 63 óbitos em 100.000 pessoas foram decorrentes do fumo. 4.4. Risco Atribuível na População (RAP) - significa a redução a nível populacional da ocorrência de uma doença se fosse possível eliminar totalmente a exposição. Considerando novamente o exemplo acima: Mortalidade por câncer de pulmão em não fumantes: 7 por 100.000 Mortalidade por câncer de pulmão em fumantes: 70 por 100.000 Frequência do fumo na população (exposição): 50% Risco relativo:10 (70 7) Aplicando a fórmula para o cálculo do Risco Atribuível na População : Risco Atribuível na População = Prevalência do fator de risco (Risco relativo 1) Prevalência do fator de risco (Risco relativo 1) + 1 Ou RAP= 0,5 (10-1) = 0,82 0,5(10-1) +1 Conclui-se que o RAP é de 82%, ou seja, ocorreria uma redução de 82% na mortalidade por câncer de pulmão na população se os indivíduos não estivessem expostos ao fumo. O objetivo desse primeiro módulo não foi demonstrar fórmulas ou equações a serem memorizadas; muito menos definições e conceitos a serem guardados em secretos compartimentos de nossas mentes (a esses nunca temos acesso, pois as chaves são perdidas). A pretensão deste texto é a de que, algum dia, ao se depararem com formulismos epidemiológicos e as dúvidas surgirem, os leitores possam lembrar que, talvez, aqui, algumas das respostas sejam encontradas. 6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1 Evans AS. Definitions of epidemiology. Amer J Epidemiol 1979; 109:379-82. 2 Almeida N, Rouquayrol MZ. Introdução a Epidemiologia Moderna. Salvador:Apce Produtos do conhecimento 1990: 1-11. 3 Pereira MG. Epidemiologia Teoria e Prática. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan SA 1995:76-80. 4 Menezes AMB, Victora CG, Rigatto M. Prevalence and risk factors for chronic bronchitis in Pelotas, RS, Brazil: a population-based study. Thorax 1994;49:1217-1221. 5 Menezes AMB, Costa JD, Gonçalves H, Morris S, Menezes M, Lemos S, Oliveira RK, Palma E. Incidência e fatores de risco para tuberculose em Pelotas, uma cidade do sul do Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia 1998; vol 1 (1):50-60. 6 Fletcher RH, Fletcher SW, Wagner EH. Clinical Epidemiology. Williams & Willians 1988:77-90. 7 Kirkwood BR. Essentials of Medical Statistics. Oxford: Blackwell Scientific Publications 1988:106-116. 8 Victora CG, Muñoz N, Day NE, Barcelos LB, Peccin DA, Braga NM. Hot beverages and oesophageal cancer in southern Brazil: a case-control study. Int J Cancer 1987; 39:710-716. 9 Doll R & Hill AB. Mortality in relation to smoking: 10 year s observations of British doctors.british Medical Journal 1964; 1:1399-1410: 1460-1467. 7