DADOS ENVIADOS PELO CANAL DE DÚVIDAS DO ASSOCIADO APEPREM Nome: MARCELO AUGUSTO DE FREITAS SOARES E-mail: biritibaprev@ig.com.br Telefone: (11) 4692-1736 Entidade/Empresa: Instituto de Previdência dos Servidores Públicos Municipais de Biritiba Mirim CNPJ: 06.072.304/0001-40 Dúvida: RECEBEMOS UM REQUERIMENTO DOS PAIS DE UMA SERVIDORA QUE FALECEU NO DIA 13.01.2014 (FUNCIONÁRIA MUNICIPAL) INFORMANDO, QUE A MESMA NÃO POSSUÍA HERDEIROS E COM ISSO OS REQUERENTES (SEUS GENITORES) ALEGAM QUE ERAM DEPENDENTES ECONÔMICOS DA MESMA, PLEITEANDO ASSIM A CONCESSÃO DA PENSÃO POR MORTE DA FILHA, JUNTARAM DOCUMENTOS NECESSÁRIOS, TODAVIA, POR CAUTELA ESTE INSTITUTO SOLICITOU QUE FOSSE PELOS GENITORES FIRMADA/ELABORADA UMA DECLARAÇÃO PÚBLICA FEITA EM CARTÓRIO DE TAL DEPENDÊNCIA O QUE FOI FEITO, PORÉM RECENTEMENTE OS GENITORES DA EX-SERVIDORA APRESENTARAM UM EXTRATO INFORMANDO, QUE AMBOS RECEBEM UM SALÁRIO MÍNIMO DO INSS REFERENTES A SUAS APOSENTADORIAS POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, ASSIM INDAGAMOS SE É POSSÍVEL CONCEDER TAL PENSÃO POR MORTE AOS REQUERENTES, ESCLARECENDO QUE A PRINCÍPIO ATÉ HOUVE A ELABORAÇÃO DE UM PARECER JURÍDICO FAVORÁVEL, PORÉM COM A VINDA DOS EXTRATOS ONDE DEMONSTRAM QUE OS GENITORES DA FALECIDA POSSUEM RENDIMENTOS (UM SALÁRIO MÍNIMO PARA CADA UM) SURGIU A DÚVIDA, DA POSSIBILIDADE DO DEFERIMENTO OU NÃO DO PEDIDO. Assim aguardo de um posicionamento para melhor solução do caso, desde já agradecendo a atenção dispensada. Resposta: O art. 16 da Lei 8.213/91, que tem sido observado pelos RPPS, por força do disposto no art. 5º 1 da Lei 9.717/98 (dispõe sobre normas gerais de funcionamento dos regimes próprios), estabelece que: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) II - os pais; 1 Art. 5º Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão conceder benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, salvo disposição em contrário da Constituição Federal.
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. 2º. O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o 3º do art. 226 da Constituição Federal. 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. (g.n.) Assim, no caso de ser a mãe (ou o pai), ou ambos, os beneficiários do servidor falecido (à falta de esposa, companheira ou filho), a dependência econômica deve ser comprovada e deve ser regular e permanente. Alguns entes estabelecem em suas respectivas leis previdenciárias algumas condições para a concessão da pensão aos pais do segurado: comprovação da dependência econômica, sustento alimentar e renda do casal não superior a duas vezes o valor da menor remuneração paga pelo ente federado aos seus servidores. In casu, em se tratando de pais que recebem dois benefícios previdenciários, no valor de um salário mínimo cada um, é preciso redobrar a comprovação da dependência econômica dos pais em relação à segurada falecida. De qualquer forma, para essa comprovação, pode ser adotada a disciplina vigente sobre a matéria no âmbito do RGPS, consoante fazem ver as disposições contidas no Decreto 3.048/99 e na Instrução Normativa do INSS nº 45, de 2010. Confiram-se os seguintes dispositivos da IN 45: Art. 17-... 3º A dependência econômica pode ser parcial ou total, devendo, no entanto, ser permanente.
Art. 46. Para fins de comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados, no mínimo, três dos seguintes documentos: I - certidão de nascimento de filho havido em comum; II - certidão de casamento religioso; III - declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente; IV - disposições testamentárias; V - declaração especial feita perante tabelião; VI - prova de mesmo domicílio; VII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil; VIII - procuração ou fiança reciprocamente outorgada; IX - conta bancária conjunta; X - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do segurado; XI - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados; XII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária; XIII - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como responsável; XIV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente; XV - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou XVI - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar. 1º Os três documentos a serem apresentados na forma do caput, podem ser do mesmo tipo ou diferentes, desde que demonstrem a existência de vínculo ou dependência econômica, conforme o caso, entre o segurado e o dependente, na data do evento. É certo dizer, também, que a dependência econômica não exige comprovação de miserabilidade do dependente, bastando, para caracterização do vínculo, que se verifique a prestação de auxílio substancial entre os envolvidos, cuja falta acarreta desequilíbrio nos meios de subsistência do assistido. Importante registrar que pode ser realizada, por profissional devidamente habilitado, a pesquisa social junto aos interessados para verificar a existência da dependência econômica em relação à filha falecida, colhendo-se, inclusive, prova testemunhal, se necessário.
Aliás a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem dado ênfase à prova testemunhal, quando ausentes os elementos de prova material, consoante se verifica dos acórdãos proferidos no REsp 47681/RJ, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, DJ 07.04.2003; AgRg no REsp 720145/RS, Rel. José Amato da Fonseca, DJ. 16.05.2005. Interessante reproduzir excerto de decisão proferida na AC 200401990038750, pelo voto do juiz federal, Francisco Hélio, C. Ferreira, 1ª Turma suplementar, DJF1 14.02.2011, em que se apontam as seguintes condições para o exame e comprovação da dependência econômica dos pais em relação aos filhos: Especialmente em relação aos pais, a regra é os filhos serem por eles assistidos, de sorte que a situação inversa há de ser densamente caracterizada. Para tanto, deve-se tomar como parâmetros, dentre outros os seguintes aspectos: a) ausência de renda por parte dos genitores ou, no mínimo um desnível acentuado a justificar a dependência; b) o caráter permanente e/ou duradouro da renda auferida pelo instituidor; c) superveniência de dificuldades econômico-financeiras após o óbito (decesso econômico-social) etc. 3. "Para a comprovação de dependência econômica da mãe em relação ao filho, a legislação previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou restrição aos mecanismos de prova, sendo, pois, admissível prova testemunhal, ainda que inexista início de prova material" (AC 2006.01.99.007798-5/MG, Rel. Desembargadora Federal Ângela Catão) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça nem sempre é favorável ao pleito dos pais em relação à pensão por morte deixada pelo filho. Confira-se: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTES. PAIS. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. LEI 8.213/91. 1. Conforme firme jurisprudência desta Corte, a dependência econômica da mãe do segurado falecido, para fins de percepção de pensão por morte, não é presumida, devendo ser comprovada. 2. Agravo regimental não provido. (AREsp 136.451/MG, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, j. 19.06.2012) De igual modo, recentemente, em 08 de abril, o TRF3, negou a pensão à mãe de segurada falecida, sob a alegação de que para ter direito à pensão por morte de filho, os pais devem comprovar que são dependentes econômicos dele. O mero auxílio financeiro prestado pelo filho, no entanto, não é suficiente para demonstrar essa dependência. Seguindo esse entendimento, o desembargador Baptista Pereira, da 10ª Turma do referido Tribunal, negou pensão por morte a uma mãe que não comprovou sua dependência econômica em relação à filha morta. Baptista Pereira explicou que a pensão por morte é devida ao conjunto dos dependentes do segurado que morrer, independente de carência. "Para a concessão do benefício são requisitos a qualidade de dependente, nos
termos da legislação vigente à época do óbito, bem assim a comprovação da qualidade de segurado do falecido, ou, independentemente da perda da qualidade de segurado, o preenchimento dos requisitos para concessão da aposentadoria (Lei 8.213/91, artigos 15 e 102, com a redação dada pela Lei 9.528/97; Lei 10.666/03), apontou o desembargador. No caso analisado, o magistrado afirmou que não há provas da dependência econômica da autora em relação à filha morta. Consta da decisão que, conforme extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), a autora, à época da morte de sua filha, estava empregada e recebia aposentadoria por invalidez. O relator ressaltou que o auxílio financeiro prestado pela filha não significa que a autora dependesse economicamente dela, explicando que é certo que o filho solteiro que mora com sua família ajude nas despesas da casa, que incluem a sua própria manutenção. (Processo 0006930-35.2011.4.03.6109) Se mesmo diante da providências acima arroladas, restar dúvida quanto à existência da dependência econômica dos pais em relação à falecida, o pedido de pensão deve ser indeferido, abrindo-se para eles a oportunidade de ajuizamento de ação, onde poderão fazer valer seu eventual direito. É o parecer, sub censura, maio de 2014. Magadar Rosália Costa Briguet OAB/SP no. 23.925