TORRES DE LUZ: FARÓIS DE MOSTARDAS E TAVARES



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Transcrição:

TORRES DE LUZ: FARÓIS DE MOSTARDAS E TAVARES João Batista Cardoso 1 Manoel Luiz Ferreira Nunes 2 RESUMO Os Faróis exercem a importante função, ainda nos dias de hoje para a navegação e como atrativo turístico. Este instrumento surgiu com a necessidade do homem de se deslocar à noite sendo um ponto de referencia. No começo eram acesas fogueiras nos lugares mais altos da costa, mas a necessidade fez evoluir este sistema de iluminação náutica até chegar no que existe hoje: obras imponentes, de rara beleza e de suma importância. Os Faróis não eram somente estruturas, mas também uma demonstração da dedicação sem igual daquele que era seu companheiro infalível, o faroleiro. turístico. Palavras-chave: farol faroleiro sinalização navegante atrativo 1 Acadêmico do curso de Turismo ULBRA/Torres 2 Acadêmico do curso de Turismo ULBRA/Torres

2 INTRODUÇÃO Os Faróis sempre solitários vigiam as rotas marítimas e lacustres, são salvadores dos náufragos à deriva, protetores dos navegantes, além de sensibilizarem poetas e escritores e arrebentarem a imaginação de artistas. Os Faróis, atualmente, já não se encontram tão isolados, comparado com a data da edificação, pois alguns já estão envolvidos por casas e prédios e estão em meio a cidades, mas isso não mudou suas características e importância. Os Faróis, ainda são um marco seguro para os navegantes, têm-se hoje os GPS que podem guiar em qualquer parte do mundo, mas os Faróis com seus lampejos a cada tempo exato propiciam um conforto aos navegantes de uma maneira diferente. Quem viaja à noite sabe o que é isto. As embarcações não usam luz própria para iluminar o caminho, mas com todos os atuais apetrechos tecnológicos, a luz de um Farol é a confirmação mais segura do rumo a ser seguido, é a que traz mais alivio. Não há tela de radar, nem GPS que proporcione a enorme satisfação de se enxergar a primeira tênue piscada do Farol ainda longe, é algo real, está ali, aquela luz magnífica com seus lampejos rápidos, que se originam de um ponto exato, não deixando dúvidas, é o que faz às vezes o navegante ficar ali estático na proa do seu barco curtindo naquela escuridão, aquilo que o faz sorrir por dentro, aquela luzinha que aparece do nada, como se fosse uma coisa mágica, ou talvez seja, depende da inspiração poética de cada um. Ao determinar-se que o barco está aproximado-se da área de alcance do Farol, fica-se de olho na direção em que se presume que esteja, esperando a qualquer momento ver a piscada da luz na escuridão. O primeiro lampejo nem sempre convence, é preciso ver mais alguns para ter certeza de que não se está vendo apenas o que se deseja ver.

3 Nota-se a importância destas imponentes obras, até os dias de hoje, há Faróis construídos 2300 anos atrás, como o Farol de Alexandria que foi o primeiro do globo terrestre, e que era uma verdadeira obra de arte, com 135 metros de altura, constituído de mármore branco e distribuído em 35 andares. Só não tinha a tecnologia de iluminação que tem os Faróis mais modernos. Sua luz era obtida através de uma grande fogueira acesa em seu cume, mas que transmitia visibilidade ao navegante de 40 milhas de distância. Porém, este só restou a história, pois foi destruído por um terremoto no ano de 1302 da Era Cristã. O Farol de Alexandria é considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, tem-se como o mais alto do globo nos dias atuais o Farol Aveiro ou Farol da Barra que fica em Portugal. Foi construído no ano de 1885 a 1893 e tem uma altura de 66 metros acima do nível do mar, e com uma escadaria de 271 degraus.

4 1. FAROL Farol é toda armação, torre ou coluna, construída na costa ou largo, tendo na sua parte superior um parelho capaz de emitir luz com alcance luminosos de dez ou mais milhas, servindo tanto para a navegação de alto mar, como a de cabotagem. Seus componentes essenciais permitem ao navegante determinar sua posição no mar, se constituindo de um importante dispositivo de auxilio a navegação. Os Faróis que dispõem permanentemente de pessoal em suas instalações, garantindo seu continuo funcionamento, são classificados como Faróis Guarnecidos e são indicados nos documentos náuticos pelo símbolo (G) após os seus nomes. Os Faróis que não dispõem de pessoal permanente em suas instalações, são classificados como Faróis Desguarnecidos e indicados nos documentos náuticos pelo símbolo (U) após os seus nomes.(http/www.mar.mil.br/camr/). A origem da palavra Farol: faron que é faro, faros é o nome de uma ilha do Delta do Nilo, perto de Alexandria, na qual erguem uma torre iluminada no topo. Desde que o homem navega, existem os sinais de auxílio à navegação. Navegadores primitivos que se lançavam ao mar em pequenas embarcações necessitavam de marcos visuais para que lhes fossem facilitada a entrada e saída dos portos, que mostrassem os perigos e orientassem a navegação ao longo da costa. 1.1 EVOLUÇÃO DOS FARÓIS Em 1784, Aimé Argond inventou um queimador a óleo adequado para os Faróis, que só foi ultrapassado no fim do século XIX, quando em 1882 foram empregadas as lentes que possibilitavam grande raio de ação, deve-se ao físico Fresnel a invenção desses vidros de aumento. No início do século XX, foram adaptados aos Faróis, os refletores parabólicos.

5 O radar, os satélites artificiais de comunicação e os sistemas telemétricos de controle de navegação tornaram mais seguras as rotas marítimas, relegando os Faróis de sinalização a um segundo plano. Atualmente, os grandes navios praticamente não recorrem a orientação por meios visuais, mas apesar da instalação de modernos sistemas de navegação, os Faróis continuarão a cintilar, fiéis a sua velha tradição de avisar aos navegantes os perigos do mar. Quanto ao sistema, os Faróis podem ser: rotativo automático; rotativo semiautomático e automático. 1.2 FARÓIS DO BRASIL O primeiro Farol a ser construído na costa brasileira foi o da Barra do Rio Grande de São Pedro do Sul, na capitania do Rio Grande, hoje estado do Rio Grande do Sul. Em 1820, o Farol foi erguido sobre uma velha torre existente no local e de propriedade do capitão Mor, não chegou a ser aceso, pois foi destruído por uma forte chuva de granizo, no mesmo ano de sua construção. No período em que o Farol não havia sido reconstituído era deslocada uma balsa, que todas as noites acendia um fogacho para guiar os navegantes. Em janeiro de 1952 foi inaugurada uma torre de ferro encomendada da Inglaterra, acompanhada de um bom aparelho de luz, a velha torre, a Atalaia, com mais de um século, continua erguida. Mas o que se sabe através de pesquisa é que o primeiro Farol a brilhar na costa brasileira é o do Picão em Recife, inaugurado em 1821. No Brasil, os Faróis são coordenados pelo Ministério da Marinha através do Centro de Sinalização Náutica Almirante Moraes Rego e em nível internacional pela IALA (Autoridade Internacional de Associação de Faróis).

6 1.3 TIPOS DE FARÓIS 1.3.1 ATERRAGEM São destinados à demanda de terra ou correção da posição dos navios que vem do alto mar, situados em pontos salientes da costa, devem possuir em alcance geográfico e luminosidade superior a 20 milhas. 1.3.2 NAVEGAÇÃO COSTEIRA São Faróis mais comuns, localizados em pontos que os navegantes têm interesse em reconhecer, como os instalados em ilhas, bancos e alguns locais da costa. 1.3.3 CABOTAGEM Servem à chamada navegação de cabo e, geralmente, são construídas em cabos, suas distribuições pela costa deverá ser de tal forma que permita ao navegante ter sempre meios de através deles, verificar sua posição. 1.4 SINAIS NAÚTICOS Entende-se por sinal náutico, o auxilio à navegação, externo a embarcação, estabelecido especificamente para transmitir informação ao navegante, de forma a possibilitar um posicionamento seguro. O sinal náutico pode ser uma estrutura fixa ou flutuante, com formas e cores legalmente definidas, dotado ou não de equipamento luminoso, sonoro, radioelétrico e de artefatos visuais, estes por sua vez, com características definidas, destinado a indicar uma posição geográfica e transmitir uma informação específica ao navegante.

7 Consideram-se sinais náuticos: os Faróis, os radiofaróis, as barcas-faróis, os faroletes, os alinhamentos luminosos ou cegos, as bóias luminosas ou cegas, as bóias e balizas articuladas, as balizas, as luzes ritmas estabelecidas em plataformas sobre o mar, pontes, cais, píeres, molites, dolfins, terminais e trapiches, os respondedores radar e as placas de sinalização complementar para emprego na navegação fluvial ou lacustre, em pontes sobre vias navegáveis, em cais de atracação e em estruturas sobre águas. Os sinais náuticos luminosos não empregam luz fixa atendendo a recomendação da AISM / IALA; no entanto, esse tipo de característica de uma luz pode ser empregado em um balizamento como auxilio a navegação, no caso de luzes de extremidades de cais, molhes ou trapiches, ou em luzes e alinhamento do tipo luz de setor. 1.5 COSTA DO CEMITÉRIO DOS NAVEGANTES É o local, ao longo da costa do Rio Grande do Sul, onde se encontram muitos navios naufragados, na época da colonização os navegantes enfrentaram grandes rochedos submersos. Segundo dados históricos, nenhum colonizador conseguia desbravar a costa, mas a expedição de Silva Paes foi decisiva neste processo. Os portugueses atravessaram o Oceano, franquearam a barra e foram os primeiros a chegar em 19 de fevereiro de 1737, fundando a fortaleza de Jesus-Maria-José. Repeliram índios e castelhanos e exploraram entre lagoas e mar, apoiado na infra-estrutura militar preparada por Cristóvão Pereira, pois lançam no areal da barra do Rio Grande os fundamentos da futura colonização portuguesa. Os primeiros habitantes da costa foram os índios, predominando depois os portugueses, aparecendo também alguns castelhanos, vindos da fronteira.

8 Até hoje, os caminhos que costeiam o mar são de difícil acesso, tanto a BR- 471, costa Sul, que vai de Rio Grande à Barra do Chuí, como a BR-101 que liga Porto Alegre a São José do Norte, mais conhecida como Estrada do Inferno, se tornam completamente inacessíveis na maior parte dos dias da estação de inverno. A situação se agrava na BR-101, quando a Lagoa do Peixe fica muito cheia se encontrando com o mar, época em que ocorrem muitas chuvas. A exceção se concentra no trecho onde estão localizados os Faróis de Torres, Capão da Canoa, Tramandaí e Cidreira. Para guiar os navegantes, nesta costa tão perigosa, como se cada percurso se constituísse numa aventura, estão os Faróis da Barra do Chuí, Albardão, Verga, Sarita, Barra do Rio Grande, Conceição, Mostardas, Capão da Marca, Cristóvão Pereira, Solidão, Cidreira, Tramandaí, Capão da Canoa, Torre e Itapuã da Lagoa. Coordenados pelo serviço de sinalização náutica do sul, os equipamentos para montagem destes Faróis e os que possuem torres de ferro foram fabricados pela BARBIER, BERNARD ET TURENNE, de Paris. Um dos mais belos exemplos da engenharia náutica é o Farol Mostardas. Esse farol chegou em 1890 ao estado do Rio Grande do Sul e ficou depositado na respectiva capitania aguardando oportunidade para sua colocação. Foi inaugurado no dia 11 de junho de 1894. No relatório do ano de 1887 o diretor de Faróis, Capitão-de-fragata Pedro Beijamim de Cerqueira Lima, pediu a aquisição de um Farol de 3 ordem, com torre sobre esteios de koscas, sistema Mitchell com altura de 33,50 metros acima do nível do solo, tendo na própria torre compreendida a casa dos faroleiros, para ser ereto na ponta de Mostardas. (relato obtido do Serviço de Sinalização Náutica do Sul, 09/09/2003). Destaca-se também a figura dos faroleiros. Um grande exemplo é a família Pereira de Lima, considerada quase lenda o Farol Mostardas, que foi guarnecido há 25 anos por Nelson Pereira de Lima, que morou 33 anos em Faróis, neto de

9 faroleiro João Pedro Pereira, que doou o terreno para construção do Farol do Chuí. Este criou uma verdadeira dinastia de faroleiros, pois tinha 30 filhos, isso não quer dizer que todos seguiram a profissão do pai. Seu Nelson, neto deste pioneiro diz que o fato de ser faroleiro foi uma conseqüência da sua vida familiar: o mundo que eu conhecia era dos Faróis. Nelson deixou alguém de sua família em seu ligar que seguisse essa tradição lendária de faroleiros, que é seu filho Sanger Nelson de Lima, que ingressou na Marinha em 1980. O sargento Sanger viveu até os 18 anos com os pais e os sete irmãos no isolamento dos Faróis. O pai lhe ensinou a escrever as margens da Lagoa do Farol Capão da Marca, na Laguna dos Patos. A falta de contato com outras pessoas reforçou os laços de família. Dois dos irmãos nasceram no Farol do Albardão, os Faróis foram marcantes na infância, sendo que o filho mais velho, sempre ajudava o pai no ofício de faroleiro. Conforme Sanger: Naquela época se usava queronese para acender meu lampião para iluminar o Farol. O Farol era a vida de meu pai. Trabalhei uns anos na Ilha da Paz em São Francisco. Em 1992 ganhei de presente da Marinha a transferência para o Farol Mostardas, para trabalhar com meu pai, foi uma experiência muito boa. (relato de Sanger tirado do jornal A Noticia, de Santa Catarina, n 23.324, 13/02/2005). 1.6 CURIOSIDADES HISTÓRICAS Os Faróis são obras importantes, imponentes e históricas. As regiões de Tavares e Mostardas possuem o privilegio de contar com uma série de Faróis históricos. Algumas dessas obras, há mais de um século brilham para iluminar o navegante. Na Laguna dos Patos um dos faróis mais interessantes, mais alto e mais antigo é o Farol Cristóvão Pereira, inaugurado em 1886, hoje um pouco desestruturado, mas com uma arquitetura digna de um castelo, outro é o Farol

10 Capão da Marca que se reveste de interesse histórico, uma vez que foi o primeiro farol da então Província, inaugurado pelo próprio Imperador D. Pedro II (1840-1889), construído de metal e pintado inteiramente de branco. Todos os Faróis têm sua data de fundação ou inauguração, mas cabe lembrar que nem todos foram construídos com a estrutura atual. Muitos deles foram inaugurados com torres provisórias, sendo algumas de ferro outras de madeira. Entre as de ferro pode-se citar: Farol Mostardas, Sarita, Conceição. E de madeira: o Farol Capão da Marca, Cristóvão Pereira. Os registros mais antigos de Faróis de madeira estão no Rio Grande do Sul. Em 1849, foram construídos quatro Faróis de madeira: Capão da Marca, Bujuru, Barba Negra e Estreito. Todos foram custeados pela Província até 1852, quando passaram a pertencer ao Ministério da Marinha. Em 1858, foi construída também em madeira, a torre do Farol Cristóvão Pereira. Quando se fala sobre os Faróis mais antigos da Laguna dos Pato, Capão da Marca e Cristóvão Pereira há conflitos de datas, o que ocorre é o seguinte: o Farol Capão da Marca é o mais antigo na sua construção em torre de madeira, foi custeado pela Província, em 1846. Já o Farol Cristóvão Pereira foi construído em madeira em 1858, mas nesta época já era administrado pelo Ministério da Marinha. Já em relação às torres atuais, ocorre que o Farol Cristóvão Pereira foi inaugurado em 1886 e o Farol Capão da Marca em 1894, mas seja qual for o mais antigo, o importante é que estes monumentos continuam aí, sendo testemunho do tempo, em pleno funcionamento e ainda servindo de belos pontos turísticos. CONCLUSÃO

11 Observa-se que os Faróis não apareceram por acaso, mas sim pela necessidade que o homem tem para desbravar outros pontos da terra e mar. Hoje, os Faróis não e restringem somente como apoio à navegação. São também magníficos trabalhos de arte gráfica, fotográfica e literária, desenvolvendo um leque cultural que os recomendam e os credenciam como atrativos turísticos. A história de Faróis, não é uma história de um só personagem. Muito pelo contrário, eles são hoje mais de uma centena de monumentos vivos, com um índice de eficácia de 99,8%. Com o avanço da tecnologia, poucos Faróis, atualmente são guarnecidos por faroleiros, devido a automatização e contensão de despesas. É impossível imaginar o universo misterioso que guarda um Farol, seus segredos e as descobertas deste protagonista tão singular que é o faroleiro. Para muitos, um solitário. Observando de perto, salta aos olhos a sua coragem, a constatação do encontro consigo mesmo e o privilégio de desfrutar do que está ao seu redor, tendo como cenário a ampliação da natureza. Os faroleiros desenvolvem, sem dúvida nenhuma uma forma de vida peculiar. As torres dos Faróis são seu corpo, os aparelhos luminosos são sua vida, e os faroleiros, sua alma.